
Programa - Comunicação Oral Curta - COC27.2 - PICS e Saberes Populares e Tradicionais
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
AURICULOTERAPIA COMO PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR: PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR E CUIDADO HUMANIZADO NA ATENÇÃO À SAÚDE.
Comunicação Oral Curta
1 UNB
Período de Realização
Janeiro de 2025 a Maio de 2025.
Objeto da experiência
Atuação da LASFAC-UnB com auriculoterapia (PICS) na UBS 01 Sol Nascente.
Objetivos
Visa promover bem-estar, cuidado humanizado, escuta e vínculo na Atenção Primária à Saúde, integrando saberes populares e fortalecendo a formação acadêmica. Destaca a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, MTCI e protagonismo comunitário no SUS.
Descrição da experiência
A Liga Acadêmica de Saúde da Família e Comunidade, realizou mais de cem atendimentos em Aurículoterapia na UBS N°1, território Sol Nascente, utilizou-se dos saberes da Medicina tradicional chinesa para promover bem-estar em saúde, fortalecendo o vínculo com os pacientes através de uma escuta qualificada e cuidado humanizado. A ação também reforçou o papel das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) na formação acadêmica e na efetivação da Política Nacional de Práticas Integrativas no SUS.
Resultados
Usuários relataram alívio de sintomas como ansiedade, dores e insônia, além de valorizarem o espaço de escuta como componente terapêutico. Houve alta adesão e retorno voluntário às sessões. A prática contribuiu para ampliar o acesso ao cuidado, diversificar as estratégias utilizadas na APS e fortalecer a relação entre comunidade e serviço de saúde.
Aprendizado e análise crítica
A auriculoterapia trouxe aos usuários alívio de sintomas físicos e emocionais, com cuidado integral e humanizado. Para os estudantes, a experiência fortaleceu competências como escuta ativa, acolhimento e manejo emocional, resultado de capacitação prévia que os preparou para os desafios vivenciados. Os casos de maior risco tiveram encaminhamento para a equipe da UBS, o que garantiu a continuidade do cuidado. A vivência evidenciou o valor das PICS no SUS e na formação em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Ao inserir a auriculoterapia na APS de um território marcado por desigualdades, a experiência respondeu a uma demanda concreta por cuidado acessível e humanizado. Ao promover vínculo, escuta e protagonismo dos usuários, contribui para fortalecer o SUS como espaço de equidade e respeito às múltiplas racionalidades. Afirma-se, assim, como prática política e transformadora.
CUSTO-BENEFÍCIO DA OFERTA DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CUIDADO À DOR MUSCULOESQUELÉTICA A PARTIR DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Comunicação Oral Curta
1 IFPE Campus Abreu e Lima
2 UFPE
3 Fiocruz/IAM
Apresentação/Introdução
No cuidado a condições crônicas, reconhece-se o benefício das Práticas Integrativas e Complementares (PIC), em especial na dor musculoesquelética (DME), uma das principais causas de atendimento na Estratégia de Saúde da Família (ESF).
Inseridas na ESF por meio de suas equipes de saúde, espera-se que as PIC contribuam na redução do consumo de analgésicos e opioides dos usuários com DME crônica.
Objetivos
Estimar o custo-benefício da oferta de práticas integrativas e complementares pelas equipes da Estratégia de Saúde da Família para o cuidado à dor musculoesquelética em relação ao consumo de analgésicos.
Metodologia
Foram coletados relatórios de prontuário eletrônico de 3.070 usuários atendidos com DME em 2019 em quatro Centros de Saúde (CS) de Florianópolis, Santa Catarina, a fim de verificar os registros de diagnóstico, atendimentos e medicamentos para os grupos tratados com e sem integração de PIC.
Os custos por atendimento foram calculados por custeio por atividade, e dos medicamentos analgésicos por informações disponíveis no portal da transparência do município.
Os cálculos foram realizados pelo Microsoft Excel® e Stata®, a partir de regressão linear com mil repetições (bootstrapping), para ambos os grupos sem e com ajustes por características demográficas (sexo, idade e CS do atendimento).
Resultados
Os usuários atendidos com PIC receberam mais atendimentos e analgésicos. Após ajustes, houve diferença positiva na redução do gasto de analgésicos no grupo com PIC sem significância estatística. Logo, a relação de custo-benefício foi desfavorável à integração de PIC ao cuidado de DME na ESF.
Ainda que se considere a indicação das PIC para usuários com dor moderada a severa, e que o maior consumo de serviços demonstre adesão terapêutica, seria esperada a redução do consumo de analgésicos.
Na literatura, as sessões de PIC devem ser semanais por semanas ou meses, cenário divergente da média encontrada em Florianópolis, onde 98% dos usuários atendidos com PIC receberam até 5 sessões em 2019.
Conclusões/Considerações
O baixo registro de sessões de PIC por usuário da ESF contribuiu na manutenção do consumo elevado de analgésicos pelos usuários com DME. Mais sessões de PIC ou a ampliação do público com DME indicado às PIC (dor leve) poderiam alterar o resultado.
Espera-se que esse estudo possa colaborar na elaboração da linha de cuidado para DME na ESF, com a oferta regular de PIC, bem como instigar novas avaliações econômicas dentro do contexto brasileiro.
INTEGRAÇÃO DA AURICULOTERAPIA EM GRUPO DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR
Comunicação Oral Curta
1 FMB-UNESP
2 Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto
Período de Realização
Início em abril de 2023 e segue até o momento
Objeto da experiência
Integrar a prática da auriculoterapia ao grupo de atividade física, promovendo uma abordagem mais integrativa do cuidado com a saúde.
Objetivos
Compartilhar a experiência de aplicar a auriculoterapia após o grupo de atividade física, evidenciar os efeitos positivos, reforçar a importância de práticas complementares no cuidado e destacar a relevância de políticas públicas que incentivem a integração das PICs na promoção da saúde comunitária.
Descrição da experiência
Antes das sessões de auriculoterapia, os participantes realizam os exercícios propostos, e logo após, é aplicado a auriculoterapia em pontos específicos para alívio de dores musculares, redução do estresse e melhora do sono. Essa intervenção ajuda os participantes a se sentirem mais relaxados, com disposição e menos desconforto após os exercícios. Contribui para a diminuição da ansiedade e aumento da motivação para manter a rotina de atividades físicas, promovendo um efeito positivo no bem-estar .
Resultados
Durante as rodas de conversa ao final das sessões, os participantes relatam uma sensação de bem-estar, além de uma maior consciência corporal e emocional. Essa troca de experiências reforça a importância de integrar práticas complementares ao movimento, promovendo uma abordagem mais completa e humanizada do cuidado em saúde.
Aprendizado e análise crítica
Percebemos que a combinação de atividade física seguida de auriculoterapia pode ser uma estratégia eficaz para ampliar o alcance dos benefícios do exercício, especialmente para pessoas que lidam com dores crônicas, ansiedade ou dificuldades de motivação. Ressaltamos a necessidade de que a aplicação da auriculoterapia seja sempre feita por profissional qualificado e que essa prática seja vista como um complemento, nunca substituindo os cuidados convencionais ou a orientação de profissionais de saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Essa experiência reforça a importância de políticas públicas que incentivem a integração de práticas integrativas e complementares às ações de promoção da saúde, especialmente em contextos de atenção básica e grupos comunitários. Assim, podemos oferecer uma atenção mais humanizada, acessível e efetiva, promovendo o protagonismo dos indivíduos em seus processos de autocuidado e bem-estar.
O OUTRO EM MIM: NARRATIVAS TRANSFORMADORAS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS EM CONTOS E DRAMATURGIAS
Comunicação Oral Curta
1 USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul
Apresentação/Introdução
O projeto transmuta narrativas de pacientes oncológicos em contos e dramaturgias (peças poéticas), unindo medicina narrativa (Rita Charon); a oralidade como forma de transmissão de experiência (Walter Benjamin); e o documentário participativo (Bill Nichols). A proposta integra cuidado humanizado, escuta ativa e criação artística como prática integrativa. Período de setembro/24 a junho/25.
Objetivos
Ressignificar histórias de vida de pacientes oncológicos por meio da escuta ativa e da transposição literária, promovendo cuidado humanizado e formação crítica de profissionais da saúde.
Metodologia
A metodologia baseia-se na medicina narrativa, na oralidade como transmissão de experiência (Benjamin) e no documentário participativo (Nichols). Pacientes oncológicos são convidados a três encontros gravados com escuta ativa, nos quais compartilham memórias significativas. As narrativas são transcritas, analisadas e transmutadas em contos e dramaturgias, preservando a autoria simbólica dos participantes. As obras resultantes são divulgadas em plataformas digitais e espaços formativos. Avaliações qualitativas e escalas validadas (WHOQOL-BREF e HADS) mensuram o impacto subjetivo e terapêutico da experiência.
Resultados
As peças poéticas resultaram em alívio emocional, reconhecimento e valorização simbólica dos pacientes. Profissionais e estudantes relataram ampliação da empatia e do olhar humanizado. As obras foram exibidas em redes sociais, aulas e mesas redondas, promovendo debate interdisciplinar. A “Clínica de Anamnese Expandida” mostrou-se potente como dispositivo terapêutico, ao ressignificar o sofrimento, e como inovação epistemológica, ao deslocar o saber biomédico para a potência do encontro, da arte e da narrativa como formas de cuidado e formação.
Conclusões/Considerações
A proposta articula escuta, arte e subjetividade como recursos clínicos e formativos, reposicionando o paciente como sujeito ativo de sua história. A Clínica de Anamnese Expandida revela um cuidado ético e afetivo, integrando saúde, cultura e resistência a algum reducionismo biomédico. Oferece um modelo sensível e replicável para ensino, pesquisa e práticas tanto no SUS quanto na saúde suplementar.
PERFIL DA OFERTA DE AURICULOTERAPIA NO BRASIL: UM ESTUDO ECOLÓGICO COM BASE NOS DADOS SIA-SUS, 2019-2023.
Comunicação Oral Curta
1 UFSC
Apresentação/Introdução
A auriculoterapia, baseada na Medicina Tradicional Chinesa, tem se mostrado como um recurso terapêutico seguro, boa aceitação, de baixo custo, fácil manuseio e eficaz para diversos problemas de saúde, tais como: alcoolismo, ansiedade, cefaleia, depressão, dor crônica, insônia, obesidade, tabagismo, entre outros. Incorporada ao SUS desde 2006, tornou-se a PICS mais ofertada do país.
Objetivos
Analisar o perfil da oferta de auriculoterapia no Brasil, entre 2019 e 2023, por estados e regiões, com taxa de oferta a cada mil habitantes.
Metodologia
Estudo ecológico, com base nos dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS). Foram analisadas as variáveis: Auriculoterapia, sessão de auriculoterapia, caráter de atendimento (Eletivo, urgência e informação inexistente), complexidade (Atenção Básica, Média e Alta complexidade); macrorregiões, unidades da federação e municípios com oferta consolidada de auriculoterapia (aqueles que ofertaram, pelo menos, 20 procedimentos por ano). Os dados são apresentados por meio de frequências absolutas e relativas; e pela estimativa das taxas de oferta (a cada mil habitantes), considerando os dados populacionais do censo de 2022 do IBGE.
Resultados
No período foram ofertados 3.432.545 de procedimentos de auriculoterapia no Brasil. Houve aumento de 94% na oferta, passando de 2,42 em 2019, para 4,70 procedimentos (a cada 1.000) em 2023. O sudeste apresentou a maior taxa (8,99/1.000), enquanto o norte mostou a menor (0,53/1.000). São Paulo (n=1.242.517) e Santa Catarina (n=905.112) lideraram em números absolutos, mas Rio de Janeiro (14,97) e São Paulo (10,88) apresentaram as maiores taxas, a cada 1.000 habitantes. Sete estados tiveram menos de 2.500 procedimentos no período (Espírito Santo, Tocantins, Alagoas, Pará, Rondônia, Roraima e Piauí). A região sul destacou-se com maior número de municípios com oferta consolidada (n=198) em 2023.
Conclusões/Considerações
A oferta de auriculoterapia tem aumentado consideravelmente no país, entretanto o estudo revelou desigualdades na oferta entre regiões, estados e municípios. Apesar da queda de 50% na oferta durante a pandemia de COVID-19, houve aumento expressivo na oferta no período pós-pandemia, em número de procedimentos e de municípios que, indicando a expansão da prática no SUS.
PLANTAS AMAZÔNICAS COMO RECURSOS PARA AVANÇOS NO TRATAMENTO DE DEMÊNCIAS: REVISÃO DA LITERATURA
Comunicação Oral Curta
1 Universidade Federal do Amapá
Apresentação/Introdução
Apesar de estimar-se mais de 10 milhões de novos casos de demências no mundo por ano, estas seguem como um grande desafio. Para a Doença de Alzheimer (DA), que corresponde a cerca de 70% das demências, há apenas 6 medicamentos aprovados, dos quais apenas 1 tem origem natural. A Amazônia é o bioma de maior biodiversidade de flora no mundo, mas aparentemente pouco explorado para o tratamento da DA.
Objetivos
Verificar quanto das pesquisas sobre o potencial terapêutico de plantas para as demências tem estudado espécies amazônicas, se estas espécies estudadas são nativas, naturalizadas ou cultivadas no bioma e quais as famílias mais e menos investigadas.
Metodologia
Revisão integrativa da literatura, realizada entre Setembro de 2024 e Maio de 2025, nas bases de dados PubMed, SciELO, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Cochrane e Science Direct, a partir da combinação, em inglês e português (para a base de dados BVS), dos DeCS/MeSH [“alzheimer disease” AND (plants OR “plants, medicinal”) AND (brazil OR “amazonian ecosystem”)] e todos os seus respectivos termos alternativos associados, adaptados conforme a base de dados. Foram incluídos estudos in vitro, in vivo ou revisões que abordassem a DA ou outras demências, ou ação anticolinesterásica, e que analisassem efeito de extratos de plantas com distribuição na Amazônia brasileira, e não de compostos isolados.
Resultados
31 artigos foram analisados na íntegra, com 202 plantas: 98 não identificadas no Brasil; 45 não distribuídas na Amazônia; 59 (29,2%) com distribuição na Amazônia (19 artigos). Dentre as plantas amazônicas, 31 (52,54%) eram nativas, 15 (25,42%) cultivadas e 13 (22,03%) naturalizadas. 31 famílias botânicas foram encontradas, sendo as mais prevalentes: Fabaceae (n=10 espécies, 16,95%), Lamiaceae (n=5, 8,47%), Apocynaceae (n=4, 6,78%) e Euphorbiaceae (n=4, 6,78%). As espécies mais estudadas foram Paullinia cupana (n=3), Lippia alba (n=2), Cassia alata / Senna alata (n=2), Euterpe oleracea (n=2), Morus alba (n=2), Phyllanthus amarus (n=2), Ptychopetalum olacoides (n=2) e Senna obtusifolia (n=2).
Conclusões/Considerações
O percentual tão baixo de plantas amazônicas (29,2%), de apenas 31 famílias botânicas, com mais de 70% investigada por 1 só estudo, com apenas 52,54% das espécies sendo nativa do bioma, indica quanto que, apesar da Amazônia possuir mais de 45 mil plantas nativas conhecidas, de 250 a 280 famílias diferentes, seu potencial terapêutico para as demências tem sido pouco explorado e merece mais atenção.
RACIONALIDADES MÉDICAS, PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES E, MEDICINAS TRADICIONAIS: UMA EXPERIÊNCIA DE AÇÃO MULTIPROFISSIONAL DA APLICAÇÃO DE AURICULOTERAPIA
Comunicação Oral Curta
1 UFSC
Período de Realização
A ação foi realizada no período dos meses de Março à Junho.
Objeto da experiência
Usuários que frequentam o grupo de atividades físicas da UBS Serraria - São José - SC
Objetivos
Descrever a experiência da aplicação da auriculoterapia como prática integrativa e complementar em saúde (PICS) em usuários de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), com ênfase na medicina integrativa como estratégia de cuidado e promoção da saúde.
Descrição da experiência
A atividade é desenvolvida semanalmente por residentes da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A prática se baseia em protocolos com evidências científicas da própria universidade. A auriculoterapia é aplicada em usuários que participam do grupo de atividades físicas da UBS que apresentam queixas compatíveis com o tratamento, como dores musculares, ansiedade e distúrbios do sono.
Resultados
Os usuários demonstraram alta adesão à prática, relatando melhora significativa nos sintomas tratados, especialmente em relação à dor, ansiedade e qualidade do sono. Além dos benefícios clínicos, observou-se uma maior interação entre os residentes e os usuários do serviço, contribuindo para um cuidado mais humanizado e contínuo.
Aprendizado e análise crítica
A prática permitiu fortalecer o vínculo com os usuários e ampliar a visão dos residentes sobre as PICS, promovendo um cuidado mais integralizado. Houve melhora na escuta qualificada e maior acolhimento das demandas. A adesão da equipe da UBS, que passou também a aplicar a auriculoterapia como forma de cuidado, reforça a importância do trabalho multiprofissional e da inserção das PICS na atenção primária.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidenciou os benefícios da auriculoterapia na atenção primária, tanto na melhora de sintomas quanto no fortalecimento da relação entre os profissionais e usuários, reconhecendo a prática da medicina tradicional. Recomenda-se ampliar o uso das PICS e capacitar as equipes na APS.
SABERES POPULARES E MANEJO DAS DCNT‘S NA AMAZÔNIA PARAENSE: PRÁTICAS FITOTERÁPICAS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Comunicação Oral Curta
1 Instituto Líbano
2 UEPA
Apresentação/Introdução
Reconhecendo a riqueza da biodiversidade brasileira e o conhecimento tradicional, foi criada, em 2006, a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O cenário epidemiológico brasileiro, indica predominância elevada de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), o que se torna desafio às equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF).
Objetivos
Identificar estratégias de manejo das DCNTs utilizadas por profissionais da ESF na comunidade de Vila do Conde, município Barcarena-PA, por meio dos protocolos da medicina ocidental e de práticas fitoterápicas.
Metodologia
Estudo qualitativo, descritivo-exploratório. Conduzido com membros de 3 equipes da ESF, de 2 Unidades Básicas de Saúde. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Realizado a partir de entrevistas semiestruturadas, conduzidas no ambiente de trabalho. Amostra composta por 15 profissionais. Realizou-se a análise através do software de acesso livre IRaMuTeQ, para a codificação dos dados. Para análise dos dados, aplicou-se a técnica de análise de conteúdo de Bardin (2016), auxiliando na análise textual. Identificou-se 445 segmentos de texto com aproveitamento de 80,67% do corpus textual. Neste recorte são trabalhados os resultados da categoria: Saberes e manejo das DCNTs na APS.
Resultados
A produção de dados envolveu Enfermeiros, Médicos, Técnicos de Enfermagem, Odontólogos e Farmacêuticos. A pesquisa mostrou que entre os participantes falta conhecimento sobre fitoterápicos e sua interação com medicamentos alopáticos. Contudo, não relatam resistência às preferências de uso entre os usuários com DCNTs. Para assegurar a continuidade do tratamento, o acolhimento por parte dos profissionais é essencial, principalmente pela preferência de fitoterápicos pelos usuários dos serviços. Na realidade pesquisada, o conhecimento sobre interações medicamentosas de alopáticos e fitoterápicos torna-se necessário, integrando os saberes científicos e tradicionais.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam a importância de se compreender os saberes e práticas relacionados às DCNTs e o uso da fitoterapia na ESF, na região Amazônica, onde o uso de plantas medicinais tem uma forte tradição cultural. Há valorização do conhecimento popular, muitas vezes transmitido de geração em geração, sobre o uso de fitoterápicos e a necessidade de integrar esses saberes ao cuidado formal de saúde, sem desconsiderar as evidências científicas.
ESCREVIVÊNCIAS DE MULHERES NEGRAS QUE CUIDAM ATRAVÉS DAS ERVAS E PLANTAS CURATIVAS: UM RELATO DE PESQUISA
Comunicação Oral Curta
1 UFBA
Apresentação/Introdução
O uso de ervas e plantas curativas é categorizado pelo racismo, colonialismo e pela normatização dos corpos como subalterno, popular e/ou não-científico. Ainda assim, mulheres negras erveiras seguem exercendo seus saberes, perpassam e honram suas memórias, reinventam espaços de liberdade e propõem novas epistemologias que criam outras possibilidades de existência, relação com a natureza e cuidado.
Objetivos
Analisar as trajetórias de vida, cuidado e as resistências de mulheres negras erveiras frente às opressões coloniais, racistas e das racionalidades médicas.
Metodologia
A pesquisa utilizará a experiência como método, o que Conceição Evaristo define como Escrevivência, na Pesquisa Centrada em Sujeitas e na Abordagem Sensorial. Serão utilizados diários de campo e realizadas entrevistas não estruturadas. As participantes serão 12 erveiras que desempenham atividades de cuidado individual/comunitário e residem em um quilombo no Baixo Sul da Bahia. Importante mencionar que estas erveiras podem atuar enquanto rezadeiras, curandeiras, parteiras, lideranças religiosas etc. Além da diversidade quanto aos campos de atuação, alguns classificadores sociais são importantes na definição das participantes como a raça/cor, classe social e faixas etárias/gerações.
Resultados
O projeto de tese que direciona esse relato foi qualificado e está na fase de apreciação ética para o início da pesquisa de campo. Esta pesquisa está vinculada ao ISC/UFBA. Considerando o referencial teórico em construção e as experiências pré-campo, aponta-se como resultados prévios: memórias grafadas no corpo de mulheres negras e a transmissão de saberes pela oralidade, são ferramentas de resistência ao machismo, as lógicas utilitárias dos seres/natureza, ao racismo e a biomedicina, através dos valores civilizatórios afro-brasileiros. Além da criação de outros modelos de atenção à saúde, que não são complementares ou alternativos, mas constitutivos das práticas ancestrais comunitárias.
Conclusões/Considerações
Práticas de cuidado afro-indígenas de curandeiras, raizeiras, parteiras etc antecedem a colonização e resistem à criminalização, epistemicídio, descredibilidade e invisibilidade. Logo, como reparação histórica, é fundamental que mulheres negras narrem sobre si, suas resistências, saberes, sonhos, trajetórias de vida e que a academia, e neste caso, a saúde coletiva, compreenda a urgência do conhecimento e incorporação de saberes não hegemônicos.
SABERES POPULARES E SEUS SIGNIFICADOS EM COMUNIDADES TRADICIONAIS: HISTÓRIAS E EXPERIÊNCIAS DE VIDA DE UMA PARTEIRA TRADICIONAL NO KALUNGA EM MONTE ALEGRE DE GOIÁS
Comunicação Oral Curta
1 FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - ESCOLA DE GOVERNO FIOCRUZ DE BRASÍLIA
2 Universidade Federal de Mato Grosso
Período de Realização
O PERÍODO DE REALIZAÇÃO FORA DE UM ANO, A CONTAR DE MARÇO DE 2023 A MARÇO DE 2024.
Objeto da experiência
PRÁTICAS DE CUIDADO E ASSISTÊNCIA AO PARTO REALIZADOS POR UMA PARTEIRA TRADICIONAL COM BASE EM CONHECIMENTOS ANCESTRAIS E CULTURAIS.
Objetivos
RELATAR A EXPERIÊNCIA VIVENCIADA POR UMA MULHER QUILOMBOLA QUE DEIXOU O SEU LEGADO E HISTÓRIA EM SUA COMUNIDADE, PELO SEU SABER E FAZER EXEMPLAR NA ATUAÇÃO COMO PARTEIRA TRADICIONAL EM COMUNIDADE, ASSISTINDO MULHERES EM SEU PERÍODO GRAVÍDICO PUERPERAL UTILIZANDO DO CUIDADO E MEDICINA TRADICIONAIS.
Descrição da experiência
EM MONTE ALEGRE DE GOIÁS, NO QUILOMBO KALUNGA, O MAIOR TERRITÓRIO QUILOMBOLA DO BRASIL, SITUADO NO CERRADO, ENTRE MORROS, RIOS, VÃOS E MATAS, OCORREU A PESQUISA E FORAM COLETADOS OS RELATOS DA FAMÍLIA E COMUNIDADE QUE APRESENTARAM O MODO COMO A PARTEIRA MARIA CELESTINA DE LOUREDO OU MARIA CATAXIXÁ, REALIZAVA OS PARTOS E SEUS MÉTODOS DENTRO DA SUA CRENÇA E CULTURA LOCAL, CONSTRUINDO E SOLIDIFICANDO CONHECIMENTO ANCESTRAL ADVINDO DAS SUAS VIVÊNCIAS COTIDIANAS EM RELATOS DE HISTÓRIAS REAIS.
Resultados
EM MONTE ALEGRE OU QUILOMBO MONTE ALEGRE RESIDE O CONHECIMENTO ANCESTRAL DAS PLANTAS E ERVAS MEDICINAIS E TRADICIONAIS DO CERRADO E A MARIA CATAXIXÁ UTILIZOU E ENSINOU GERAÇÕES A SE BENEFICIAREM DESSAS ERVAS EM FORMAS DE CHÁS, GARRAFADAS, BENZIMENTOS, UM GRANDE TESOURO QUE A COMUNIDADE GUARDA ATRAVÉS DE MULHERES ANCIÃS E GUARDIÃS DE CONHECIMENTO. A COMUNIDADE DE MONTE ALEGRE DE GOIÁS PODE CONTAR COM O APOIO E CUIDADO DA PARTEIRA MARIA CATAXIXÁ NO SEU QUILOMBO.
Aprendizado e análise crítica
A PESQUISA CONSTATOU A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO COMUM DAS PARTEIRAS NO CUIDADO AS MULHERES, E AO MESMO TEMPO, A RELEVÂNCIA DO RESGASTE HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DEIXADA PELAS ANCESTRAIS PARA QUE MENINAS E MULHERES SEJAM ENCORAJADAS A LUTAR PELO PATRIMÔNIO CULTURAL, CARREGANDO AS SUAS HISTÓRIAS PELAS MEMÓRIAS DE ANCESTRAIS. REGISTRA O DESAFIO PARA AS MENINAS QUILOMBOLAS, COMO EU, A APROXIMAREM DO CONHECIMENTO DAS ANCESTRAIS, DAS PRÁTICAS COTIDIANAS QUE SÃO DERIVADOS DE APRENDIZAGEM INTERGERACIONAL.
Conclusões e/ou Recomendações
AS MEDICINAS POPULARES INTEGRAM O COTIDIANO DOS POVOS TRADICIONAIS, DIALOGANDO COM OS RECURSOS NATURAIS ENCONTRADOS EM SEUS TERRITÓRIOS ANCESTRAIS.A POTÊNCIA DO CUIDADO DAS MULHERES, E ENTRE MULHERES PODE SER DEMONSTRADO POR TRADIÇÕES A PARTIR DA PRESERVAÇÃO DO TERRITÓRIO QUE É VIVO E DINÂMICO, QUE OS SABERES E FAZERES TRADICIONAIS DE SAÚDE E A MANUTENÇÃO DA VIDA QUILOMBOLA EM SUA PRÁTICA SOCIAL PODERÃO SER CONTINUADOS.
SABERES QUE VEM DAS FOLHAS: PRÁTICAS ANCESTRAIS COM ERVAS NO CUIDADO INTEGRAL À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UFRJ
Período de Realização
Janeiro de 2024 a julho de 2024, com ações educativas desenvolvidas em ambiente comunitário.
Objeto da experiência
Vivência de uma oficina sobre o uso de ervas medicinais como prática ancestral de cuidado e promoção da saúde.
Objetivos
Promover o reconhecimento, resgate e valorização dos saberes ancestrais relacionados ao uso de plantas medicinais no cuidado integral à saúde, fortalecendo a relação entre práticas populares, espiritualidade e preservação da cultura afro-brasileira.
Descrição da experiência
A oficina “Plantas que cuidam, Plantas que curam” foi realizada com 8 alunos extensionistas, 4 docentes e 150 participantes da comunidade. Organizados em grupos de 15 pessoas por sessão de 30 minutos, vivenciaram o uso das ervas por meio de chás, partilhas e escutas sobre saberes populares, propriedades terapêuticas e modos de preparo. Camomila, hortelã, sálvia, mulungu e outras plantas compuseram o repertório da atividade.
Resultados
A oficina promoveu o diálogo entre gerações e saberes, revelando a presença das ervas na memória afetiva e nas práticas de cuidado. Participantes relataram desde o uso cotidiano até o desconhecimento das propriedades das plantas, enriquecendo o intercâmbio. O evento fortaleceu vínculos, reconheceu as mulheres como guardiãs do saber e reafirmou o uso das ervas como prática viva e significativa para a saúde e a cultura.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou o potencial pedagógico das oficinas como espaços de formação em saúde com base no saber ancestral. Ao dar voz aos participantes, especialmente às mulheres mais velhas, reafirmou-se a potência da escuta e do cuidado compartilhado. Cuidar com ervas revelou-se como prática de resistência, vínculo com a natureza e reafirmação cultural em um cenário que demanda práticas de cuidado mais humanas e plurais.
Conclusões e/ou Recomendações
A oficina reafirma que os saberes ancestrais sobre ervas são essenciais para pensar o cuidado de forma integral. Recomenda-se que experiências como essa sejam incluídas em ações formativas em saúde, reconhecendo os povos tradicionais como produtores de conhecimento. Em tempos decoloniais, valorizar esses saberes é também reposicionar ciência, espiritualidade e cultura em diálogo vivo com o território e o coletivo.
PROJETO SAÚDE E BEM VIVER: ATORES E ARTICULAÇÕES INSTITUCIONAIS PARA UMA PROPOSTA INOVADORA DE CUIDADO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 ObservaPICS/VPAAPS/FIOCRUZ
Período de Realização
O projeto teve início em abril de 2024 e está em andamento, com previsão de conclusão em 2025.
Objeto da experiência
Relato da articulação político-institucional do projeto Saúde e Bem Viver com foco na implementação estadual da formação.
Objetivos
Relatar a experiência da Frente de Articulação Institucional do projeto Saúde e Bem Viver, responsável por conduzir o diálogo com as SES e ESP nos estados, visando à pactuação e implementação de uma formação nacional para o cuidado integral em saúde mental na APS para discutir o modelo de cuidado.
Descrição da experiência
O projeto Saúde e Bem Viver, do ObservaPICS/Fiocruz e Ministério da Saúde, visa fortalecer o cuidado em saúde mental na APS a partir do diálogo entre modelo de cuidado, PICS e experiências locais. A frente de articulação política no território mobiliza parcerias com secretarias, PNPIC e escolas de saúde em 17 estados. A atuação territorial destaca a importância de processos que apoiem a articulação local para a efetividade das ações.
Resultados
Estados com coordenação estadual da PNPIC estruturada mostraram maior capacidade de articulação territorial. A iniciativa ampliou a visibilidade de práticas de cuidado já existentes na APS e promoveu sensibilização em estados sem implementação prévia da política. O curso evidenciou o adoecimento dos trabalhadores da APS e reposicionou as ESP e ETS como protagonistas da formação no SUS. Até o momento, 3.180 estudantes e 185 tutores foram mobilizados em mais de 800 municípios
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstra a importância de arranjos institucionais sólidos para o êxito de políticas públicas descentralizadas. A articulação interinstitucional favoreceu o reconhecimento de práticas nos territórios e reforçou a necessidade de dispositivos formativos que dialoguem com a realidade local, com foco em saúde mental, autocuidado, cuidado da equipe e práticas colaborativas no cotidiano da APS.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência recomenda o fortalecimento da articulação entre políticas federais, estaduais e locais, valorizando coordenações estaduais da PNPIC e as escolas de formação do SUS como pilares estruturantes. Reforça-se a importância de estratégias formativas territorializadas e colaborativas que incorporem saberes dos territórios e ampliem a potência do cuidado em saúde mental na APS.

Realização: