
Programa - Comunicação Oral Curta - COC9.2 - Deficiência e Saúde Coletiva IV
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
O CUIDADO DE CRIANÇAS COM GASTROSTOMIA PELOS SEUS CUIDADORES PRINCIPAIS: ESTADO DA ARTE
Comunicação Oral Curta
1 Fiocruz/IFF
Apresentação/Introdução
A gastrostomia (GTT) como acontecimento interpela a vida de famílias e produz transformações incomensuráveis na relação com os outros, com os corpos e com a diferença. A experiência de cuidar de uma criança com GTT instaura mudanças no cotidiano do cuidado promovido por seus cuidadores principais. Sendo assim, entender a experiência dos cuidadores principais permite dar lugar a esses sentidos.
Objetivos
Desenhar o panorama das produções existentes acerca do cuidado realizado por cuidadores principais de crianças com GTT e identificar lacunas para aprofundamento de futuros estudos.
Metodologia
Para o estado da arte foi realizado um levantamento bibliográfico em fontes de dados BVS, Embase, Web of Science e APA, seguindo o checklist PRISMA. A busca foi realizada em janeiro de 2025. A estratégia de busca empregou os descritores “Gastrostomy”, “Child OR Children”, “Care”, “Caretaker OR Family”, e estudos a partir de 2015. A razão deste recorte temporal foi a promulgação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança, importante marco normativo para o debate das crianças com GTT. Os critérios de inclusão foram: estudos com crianças até 12 anos de idade, estudos sobre a perspectiva do cuidador, contexto domiciliar e referência à GTT.
Resultados
Foram incluídos 17 estudos. Os artigos analisados promoveram discussões por vezes dissonantes, mas que se relacionam com a trama de complexidade desse tema. As famílias apontam aumento de qualidade de vida e satisfação com a GTT. As equipes de saúde operam por meio da educação em saúde, que se por um lado promove confiança nas famílias, por outro há atualização do modelo intervencionista na saúde e ausência de escuta ao que escapa. O suporte social, institucional e familiar foi apontado como fator importante de qualidade de vida e amparo aos cuidadores, porém, esse suporte apresenta falhas na continuidade após ida para casa. As famílias vivenciam afastamento do convívio social e isolamento.
Conclusões/Considerações
A GTT, por romper com uma visão normalizadora de criança, do comer e do corpo, nos coloca diante de uma questão que é tanto política quanto social e científica. A experiência da vivência das famílias com uma criança com GTT é complexa, com impactos físicos, emocionais e sociais, demandando uma visão integral sobre os sujeitos. Há uma lacuna de estudos que se debrucem na experiência encarnada dos cuidadores.
O PROTAGONISMO NO PAPEL DE COORDENAÇÃO DA POLÍTICA MUNICIPAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (PCD) DO RECIFE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ENQUANTO PCD
Comunicação Oral Curta
1 IAM - FIOCRUZ PERNAMBUCO
2 UFPB
3 UFPE
4 SESAU PCR
Período de Realização
(A experiência ocorreu entre maio de 2020, no contexto da pandemia do Covid-19, até maio de 2024).
Objeto da experiência
(Coordenação da Política Municipal de Atenção Integral à Saúde da Pessoa com Deficiência (PMAISPD), com foco na gestão participativa e inclusão).
Objetivos
(Relatar a experiência vivenciada enquanto pessoa com deficiência, no papel de coordenadora da PMAISPD do Recife, no processo de sua implementação, com destaque a entraves institucionais e estratégias necessárias para promover uma gestão inclusiva e comprometida com os direitos das PCD).
Metodologia
(A experiência ocorreu durante quatro anos na Secretaria Municipal de Saúde do Recife. A atuação enquanto mulher com deficiência e ativista dos direitos da PcD, fundamentou-se no fortalecimento de articulações intersetoriais, participação social das PcD e reestruturação da linha de cuidado preconizada pela Rede de Cuidados à PcD, do Ministério da Saúde. Foram realizados enfrentamentos ao capacitismo estrutural e institucional e incentivo à perspectiva inclusiva na reestruturação da rede municipal).
Resultados
(A vivência resultou em maior visibilidade institucional da temática na agenda da saúde. Houve discussões sobre acesso no município, fortalecimento na interlocução entre a atenção básica e a atenção especializada, realização contínua de ações formativas sobre cuidado à PcD, voltadas aos profissionais. Apesar das limitações orçamentárias e estruturais, houve a implantação de protocolos de acesso e assistenciais, diretrizes anticapacitistas para implementação de políticas públicas no âmbito do município).
Análise Crítica
(A experiência reforça a legitimidade e representação da PcD nos processos de tomadas de decisões sobre seus próprios direitos e revelou o impacto transformador da ocupação de uma PcD na gestão pública. Contudo, explicitou resistências institucionais marcadas pelo capacitismo estrutural, incipientes recursos humanos e orçamentários para a pasta. Tensionar estruturas historicamente excludentes foi o maior desafio, reforçando a necessidade de prioridade política e pactuação intersetorial na gestão).
Conclusões e/ou Recomendações
(A experiência reforça a necessidade da participação das PcD nos espaços de gestão e controle social, corroborando com o preceito legítimo da luta dos movimentos sociais, sob o lema “Nada sobre nós sem nós” e considerando ainda a universalidade do SUS enquanto política pública. Recomenda-se fortalecer ações formativas, garantir orçamento para políticas voltadas a populações prioritárias do município e promover vínculos intersetoriais contínuos).
PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA E FORMAÇÃO ANTICAPACITISTA: RELATO DE ATIVIDADE EXTENSIONISTA NUMA COMUNIDADE DE SALVADOR - BA
Comunicação Oral Curta
1 SMS SALVADOR-BA
2 UFBA
Período de Realização
De junho 2022 a maio 2025
Objeto da experiência
Ações extensionistas com foco na participação comunitária de pessoas com deficiência no bairro do Garcia, Salvador-BA.
Objetivos
Promover a participação social e comunitária de pessoas com deficiência; integrar ensino, pesquisa e extensão; fortalecer vínculos territoriais; e fomentar práticas anticapacitistas e interdisciplinares entre estudantes, comunidade e profissionais.
Descrição da experiência
Desenvolvida como Atividade Curricular em Comunidade e Sociedade (ACCS) da UFBA, a experiência ocorre no bairro do Garcia, em Salvador-BA, desde 2022 e envolve pessoas com deficiência, estudantes e profissionais de saúde e educação. A cada semestre são realizadas diferentes ações, tais como: rodas de conversa, oficinas, ações artísticas, registro de memórias e intervenções colaborativas para enfrentar o capacitismo e ampliar a inclusão social.
Resultados
Ampliação do diálogo entre universidade e comunidade, maior reconhecimento de experiências de pessoas com deficiência e visibilidade deste público no cuidado da Atenção Primária à Saúde, fortalecimento de vínculos comunitários, produção de materiais audiovisuais, inclusão de estudantes com deficiência nas ações e promoção de práticas colaborativas de cuidado, educação e participação cidadã.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a distância entre discursos institucionais e práticas inclusivas reais, destacou a importância da escuta e do planejamento coletivo e revelou os desafios estruturais enfrentados por pessoas com deficiência e por estudantes. Há um deslocamento nítido entre todos os envolvidos, já que, no processo de construção coletiva, todos aprendem sobre a diversidade dos tempos, dos corpos, das necessidades e das possibilidades de construção colaborativa.
Conclusões e/ou Recomendações
A ACCS demonstra que práticas territoriais, dialógicas e anticapacitistas são fundamentais para uma formação crítica e inclusiva. Recomenda-se a ampliação de políticas de apoio, a continuidade do projeto e o fortalecimento de redes intersetoriais que promovam a convivência e a justiça social no cotidiano das pessoas com deficiência.
PERCEPÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS NA ERA DA INFODEMIA: UMA REVISÃO DE ESCOPO SOBRE DESINFORMAÇÃO E CAPACITISMO
Comunicação Oral Curta
1 UnB
Apresentação/Introdução
A infodemia intensifica a circulação rápida e massiva de informações falsas, o que inclui desinformações sobre deficiências, que reforçam estigmas e práticas capacitistas. Pessoas com deficiência enfrentam barreiras no acesso à informação de qualidade, o que sua vulnerabilidade à desinformação. Esta revisão de escopo busca mapear como a desinformação contribui para a manutenção do capacitismo e influencia a percepção social das deficiências.
Objetivos
Mapear as evidências sobre a desinformação relacionada às deficiências na era da infodemia e analisar seu papel na perpetuação do capacitismo sobre a percepção social das pessoas com deficiência.
Metodologia
Realizou-se uma revisão rápida de escopo a respeito da produção científica brasileira acerca da desinformação, capacitismo e percepção das deficiências na era da infodemia. A pergunta de pesquisa foi: “Como a literatura científica aborda a relação entre desinformação, infodemia e capacitismo na percepção das deficiências?”, com base no acrônimo PCC: População: pessoas com deficiência; Conceito: capacitismo e desinformação; Contexto: era da infodemia. Foram incluídos estudos de pesquisadores brasileiros, dos últimos 10 anos, em português, espanhol ou inglês. Excluíram-se textos opinativos, incompletos, inacessíveis ou fora do escopo. Diretrizes do Joanna Briggs Institute (JBI) para revisões de escopo. Foi desenvolvido de acordo com as diretrizes PRISMA.
Resultados
As buscas foram realizadas entre maio e junho de 2025, nas seguintes bases de dados: PubMed, SciELO e Embase. Utilizamos descritores como: "capacitismo e desinformação", "capacitismo e infodemia" e o correspondente em inglês e espanhol. Após a exclusão de duplicatas, foi realizada a triagem pela leitura de títulos e resumos. A busca pelos termos resultaram em 483 resultados, sendo 204 da PubMed, 63 da SciELO e 216 da Embase. Foram excluídos 116 artigos duplicados. Com os critérios de inclusão e exclusão, foram descartados 138 artigos, sendo selecionados 229 artigos foram selecionados para leitura completa e análise. A ciência da informação é vista como crucial no enfrentamento ao capacitismo, mas estudos a respeito da desinformação no campo mostram foco teórico e pouca interdisciplinaridade. Notícias distorcidas ou fabricadas criam barreiras adicionais para pessoas que já enfrentam desafios significativos em sua luta por reconhecimento e dignidade.
Conclusões/Considerações
A pesquisa aprofunda o entendimento acerca da desinformação, infodemia e deficiência, contribuindo para a desconstrução do capacitismo. Destaca a importância de promover informação ética e confiável sobre a diversidade humana e os direitos das pessoas com deficiência. Enfatiza o uso de linguagem anticapacitista, a representação responsável do conhecimento, a criação de ambientes informacionais acessíveis e ações de conscientização social. Dessa forma, a informação confiável é ferramenta essencial para transformar percepções e promover uma sociedade mais justa e inclusiva.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: UMA APROXIMAÇÃO FOUCAULTIANA
Comunicação Oral Curta
1 UFC
2 Fiocruz
Apresentação/Introdução
A deficiência é uma construção histórica e social atravessada por normas, discursos e práticas de poder. Inspirando nos conceitos corpo utópico, normalização, biopolítica e microfísica do poder de Foucault, propomos refletir sobre como o corpo da pessoa com deficiência é regulado, normalizado, muitas vezes excluído e silenciado no contexto contemporâneo contribuindo nas desigualdades sociais.
Objetivos
Analisar, sob uma perspectiva foucaultiana, os mecanismos de poder que constroem a deficiência como categoria social, destacando os dispositivos de normalização e exclusão que afetam a vida de pessoas com deficiência.
Metodologia
Foi realizada uma revisão bibliográfica nas bases de dados Web of Science, PubMed e Scopus, utilizando as estratégias de busca "Foucault" e "disabilit*". Foram selecionados artigos cujo objetivo principal era analisar as intersecções entre a teoria foucaultiana e sua aplicabilidade ao estudo da deficiência. Adicionalmente, foi realizada uma recuperação documental, localizando os documentos referenciados na literatura encontrada. Foram obtidos 27 artigos. Posteriormente, foi realizada a análise de conteúdo, emergindo cinco categorias: Corpo e dispositivo de controle; Normalidade; Instituições e disciplina; Microfísica do poder; Efeitos do poder disciplinar.
Resultados
A partir da abordagem foucaultiana, é possível perceber que os corpos das pessoas com deficiência têm sido, ao longo da história, alvo de técnicas disciplinares — tanto pela tentativa de aproximação aos padrões de normalidade quanto pelo afastamento deles. Essas técnicas são operadas por instituições que funcionam como aparatos disciplinadores, reforçando práticas de controle, medicalização e segregação. Utilizando o conceito de microfísica do poder como ponto de partida, Foucault revela como o controle sobre os corpos se manifesta nas relações cotidianas e descentralizadas, atravessando todas as esferas da vida social.
Conclusões/Considerações
A leitura foucaultiana, permite desnaturalizar a deficiência como categoria neutra e reconhecer os mecanismos de poder que produzem corpos excluídos e silenciados. Compreender a deficiência nessa perspectiva, amplia o debate sobre inclusão, direitos e justiça social. Ao questionar e problematizar os discursos dominantes, poderemos construir práticas mais inclusivas e sensíveis para todos— especialmente para aqueles historicamente marginalizados.
POR ELES, POR ELAS E POR NÓS: REDE DE CUIDADOS À SAÚDE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA UMA PERSPECTIVA DOS USUÁRIOS E TRABALHADORES.
Comunicação Oral Curta
1 FACULDADE DE SAUDE PUBLICA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
2 FACULDADE DE SAÚDE PUBLICA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa de doutorado está ligada ao grupo de pesquisa de Micropolitica do Trabalho em Saúde da Faculdade de Saúde Pública/USP - SP. A partir de nossas inserções no campo da pesquisa buscamos produzir analisadores da política de saúde para Pessoas com Deficiência (PCD), visibilizar a vida que se conecta a estas e as outras possíveis pontas da Rede Social as quais constituem as Redes Vivas.
Objetivos
Através das conexões dos usuários nas Redes de Cuidado as PCDs, dar visibilidade aquilo que é importante para a efetivação do trabalho em saúde, do cuidado aos usuários, bem como a estruturação e conformação das Redes Vivas.
Metodologia
Nossa conexão com a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPCD) se deu inicialmente a partir do dispositivo de atenção à saúde Centro Especializado em Reabilitação em São Mateus-SP. Neste estivemos imersos em seu cotidiano de trabalho, acompanhamos as frentes de trabalho da Reabilitação Física, de Recém-nascidos de Risco, da Pós Covid19 e Acompanhante da Pessoa com Deficiência. Apostamos na metodologia de pesquisa cartográfica e na construção de narrativas dos envolvidos na produção do cuidado, bem como dos usuários que à sua maneira disputam o cuidado. Entendemos que o compartilhamento das vivências possibilita apreendermos aquilo que faz diferença na construção e produção do cuidado.
Resultados
A RCPcD busca responder a necessidade de ampliar, qualificar e diversificar as estratégias para a atenção às PcDs bem como iniciar precocemente as ações de reabilitação e de prevenção precoce de incapacidades. O CER é um ponto de atenção ambulatorial especializada constituindo-se em referência para a rede de atenção à saúde no território, em alguns casos acompanhados observamos que assume coordenação do cuidado. Observamos que esse acontecimento pode amplificar as potencias de vida das PCDs. Apesar de todos os avanços e das conquistas sociais o acesso às políticas de saúde e sociais em muitos casos tais acessos não acompanham as necessidades das PCDs em razão do alto grau de vulnerabilidade social.
Conclusões/Considerações
A produção do cuidado às PCDs nas Redes Vivas nos territórios se dá através da constituição das redes formais e informais de cuidados às pessoas com deficiência. Os fluxos e movimentos dos usuários se dão por entre a produção de cuidado à PCD, mas, no entanto, a produção singular das existências também influencia e faz diferença na produção e constituição das Redes VIvas.
PROCESSO DE ATUALIZAÇÃO DOS GUIAS DE ATENÇÃO À SAÚDE VOLTADOS AO CUIDADO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
1 CGSPD/DAET/SAES/Ministério da Saúde
Período de Realização
O período de realização da revisão foi de julho de 2023 a junho de 2025.
Objeto da experiência
Atualização dos Guias de Atenção à Saúde voltados ao cuidado das pessoas com deficiência.
Objetivos
Compartilhar a experiência do processo de atualização dos Guias de Atenção à Saúde para qualificar a gestão do cuidado às pessoas com deficiência.
Descrição da experiência
Esta iniciativa da Coordenação-Geral de Saúde da Pessoa com Deficiência do Ministério da Saúde permitiu concatenar ideias das experiências de escrita da equipe técnica gestora que ocorreu por meio de um processo participativo e interinstitucional. O processo envolveu diversos atores, contando com especialistas nas temáticas centrais dos documentos e representantes da sociedade civil, incluindo pessoas com deficiências.
Resultados
Estão em processo de atualização 15 guias de atenção em saúde que envolvem temáticas relacionadas aos diferentes tipos de deficiência, direitos e modelos de cuidados. Essa aproximação pôde estabelecer espaços colaborativos interinstitucionais para qualificação do cuidado direcionado à pessoa com deficiência. Nas trocas de experiências da equipe técnica, destacou-se como oportunidade a multidisciplinariedade e como desafio as divergências de ideias entre especialistas.
Aprendizado e análise crítica
A experiência demonstrou que a estratégia de escrita coletiva, considerando a expertise dos especialistas, qualifica as orientações e as informações relacionadas ao cuidado. A integração dos especialistas em diferentes áreas enriqueceu o trabalho, com conteúdo mais atualizados acerca dos temas abordados. O processo de construção coletiva reafirma o SUS como um sistema democrático e colaborativo, que busca o seu fortalecimento unindo diferentes atores.
Conclusões e/ou Recomendações
Esse processo representou um avanço técnico-político na consolidação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Assim, reafirma-se que as estratégias de atualização das políticas no SUS aconteçam de forma participativa e dialogada com os diversos atores, fortalecendo a participação do usuário, em especial da pessoa com deficiência, para garantia do direito à saúde com equidade, de forma a contribuir com a qualificação dos serviços.
PROPOSTA DE MODELO TEÓRICO-LÓGICO E MATRIZ AVALIATIVA PARA AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO À DEFICIÊNCIA EM SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE, COM BASE EM DADOS DO QUALIAB
Comunicação Oral Curta
1 UNIOESTE
2 UNESP
Apresentação/Introdução
A atenção à deficiência na Atenção Primária à Saúde (APS) requer ações articuladas de prevenção, diagnóstico precoce e assistência integral. A ausência de instrumentos específicos para avaliação das ações dificulta o monitoramento das práticas. Diante disso, este estudo propõe um modelo teórico-lógico que sistematiza indicadores para qualificar a atenção ofertada à deficiência nos serviços de APS.
Objetivos
Propor um modelo teórico-lógico e uma matriz avaliativa da atenção à deficiência em serviços de Atenção Primária à Saúde, com base em dados do instrumento QualiAB e em normativas e políticas nacionais voltadas à população com deficiência.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa avaliativa, que utilizou revisão bibliográfica e documental para construir o modelo teórico-lógico. Foram selecionados 128 indicadores distribuídos em cinco domínios: Estrutura (17), Atenção ao Pré-natal (24), Atenção à Criança (32), Prevenção de Incapacidades Relacionadas a Condições Crônicas (32) e Atenção à Pessoa com Deficiência e ao Cuidador (23). Os dados empíricos foram obtidos por meio do inquérito QualiAB, aplicado em 2.739 serviços de APS no estado de São Paulo (2017-2018). A análise incluiu correlações entre os domínios e com a dimensão avaliativa pelo coeficiente de Spearman e a consistência interna pelo alfa de Cronbach.
Resultados
O modelo proposto demonstrou alta consistência interna (α = 0,956), para o domínio Estrutura α=0,687, para Atenção ao Pré-natal de α=0,845, Atenção à Saúde da Criança α=0,872, Prevenção de Incapacidades Relacionadas a Condições Crônicas α=0,919 e, por fim, Atenção à Pessoa com Deficiência e ao Cuidador obteve α=0,916, com correlações positivas entre a dimensão geral e quatro dos cinco domínios, exceto o domínio “Estrutura”, que apresentou menor correlação (0,541), porém todas com p<0,05. A análise de correlação entre os domínios e de cada um com relação à dimensão permite analisar se um domínio influencia positivamente ou não o resultado do outro e a dimensão geral.
Conclusões/Considerações
O modelo teórico-lógico e a matriz avaliativa contribuem para reconhecer a atenção à deficiência como dimensão essencial da APS. Apesar de avanços normativos, a prática ainda é fragmentada. O estudo oferece subsídios para planejamento, avaliação e fortalecimento das ações em rede, destacando o papel da APS na prevenção de deficiências e no cuidado integral à PcD. Reforça-se a importância de aplicar a matriz avaliativa em diferentes contextos.
SAÚDE MENTAL E INCLUSÃO ESCOLAR: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA PARALÍMPICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Comunicação Oral Curta
1 UnB
Período de Realização
Evento em setembro (mês Luta da Pessoa com Deficiência); coincidiu com os Jogos Paralímpicos de Paris 2024.
Objeto da experiência
Promoção da inclusão e saúde mental infantil com atividades lúdicas sobre as Paralimpíadas, diversidade e respeito às diferenças.
Objetivos
- Promover inclusão e empatia entre crianças de 4 e 5 anos com atividades lúdicas sobre as Paralimpíadas,
- Valorizar a diversidade, o respeito às diferenças e a prática esportiva,
- Estimular habilidades socioemocionais e contribuir para a saúde mental por meio da socialização e afeto.
Descrição da experiência
A experiência ocorreu no CEI 01 de Taguatinga, com 350 crianças de 4 e 5 anos. Planejada pela Equipe de Apoio Escolar, com apoio da gestão e professores, promoveu ações acerca da inclusão e deficiência durante setembro. Às quartas-feiras, houve contações de histórias, curtas e indicações culturais. A culminância foi com os Jogos Paralímpicos: roda de conversa, atividades sensoriais (vôlei sentado e futebol com bola guizo) e premiação com medalhas.
Resultados
A experiência com atividades lúdicas e sensoriais inspiradas nas Paralimpíadas promoveu inclusão, saúde mental e desenvolvimento integral de crianças de 4 e 5 anos. Observou-se avanço motor, cognitivo e socioemocional, com destaque para empatia, cooperação e respeito às diferenças. A prática reforça o uso do lúdico como ferramenta essencial na educação inclusiva desde a infância, articulando esporte, diversidade e bem-estar no ambiente escolar.
Aprendizado e análise crítica
A inserção de esportes paralímpicos na escola promove a desconstrução de estereótipos, valoriza a diversidade corporal e fortalece a inclusão. A articulação entre equipe pedagógica e atendimento especializado favorece práticas personalizadas. A BNCC reforça a inclusão como tema transversal, devendo ser integrada ao currículo e à psicomotricidade. A falta de recursos e colaboração dificulta avanços, sendo essencial avaliação contínua e envolvimento das famílias.
Conclusões e/ou Recomendações
A inclusão na Educação Infantil é essencial para garantir o direito à aprendizagem. A inserção de esportes paralímpicos promove o desenvolvimento integral, empatia e respeito às diferenças. Destaca-se a importância da formação continuada de educadores, planejamento pedagógico intencional e uso de atividades lúdicas. Avaliações contínuas e diálogo com famílias e especialistas são fundamentais para aprimorar práticas inclusivas.
SUPERANDO BARREIRAS ATITUDINAIS NA UNIVERSIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA
Comunicação Oral Curta
1 UFRB
Período de Realização
Entre 2022 e junho de 2025
Objeto da experiência
Relato sobre a vivência de uma estudante com deficiência física enfrentando barreiras atitudinais na universidade
Objetivos
Refletir sobre os desafios enfrentados por uma estudante com deficiência física na universidade, evidenciar as barreiras atitudinais e destacar a importância do coletivo de PCDs como estratégia de apoio, inclusão e fortalecimento da permanência acadêmica
Metodologia
Iniciei minha trajetória universitária enfrentando barreiras físicas e, principalmente, atitudinais. A exclusão em atividades e a falta de sensibilidade de colegas e servidores dificultaram minha adaptação. Com o tempo, encontrei no coletivo de PCDs um espaço de acolhimento, escuta e fortalecimento, o que foi essencial para minha permanência e reconstrução da autoestima acadêmica e pessoal.
Resultados
A participação no coletivo de PCDs contribuiu significativamente para minha permanência na universidade. Houve fortalecimento da autoestima, ampliação do senso de pertencimento e desenvolvimento de estratégias para enfrentar o capacitismo. A troca de experiências gerou apoio mútuo, estimulando ações coletivas por mais acessibilidade e inclusão no ambiente acadêmico.
Análise Crítica
A experiência evidenciou que a permanência de pessoas com deficiência na universidade vai além da acessibilidade física. As barreiras atitudinais são profundas e exigem mudanças culturais. Aprendi que o apoio coletivo fortalece a resistência e que a inclusão real demanda escuta, empatia e compromisso institucional contínuo.
Conclusões e/ou Recomendações
Conclui-se que coletivos de PCDs são fundamentais para a permanência estudantil, pois promovem apoio, visibilidade e luta por direitos. Recomenda-se que as universidades incentivem esses espaços, formem suas comunidades para o enfrentamento do capacitismo e adotem políticas inclusivas que considerem as múltiplas dimensões da acessibilidade.
“VI QUE SANGRAMENTO PODE SER DOENÇA”: EXPERIÊNCIAS E SABERES DE MULHERES SURDAS SOBRE SEXUALIDADE E INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (ISTS)
Comunicação Oral Curta
1 UECE
2 Secretaria Municipal de Saúde do Maracanaú
Apresentação/Introdução
A vivência da sexualidade por mulheres surdas é atravessada por barreiras comunicacionais que produzem vulnerabilidades específicas frente às IST. A ausência de acessibilidade informacional compromete a autonomia e o direito à saúde, exigindo práticas profissionais que integrem equidade, sigilo e comunicação inclusiva.
Objetivos
Descrever as percepções das mulheres surdas sobre sua sexualidade e os fatores de risco relacionados às infecções sexualmente transmissíveis.
Metodologia
Pesquisa qualitativa de campo realizada no ambulatório para pessoas surdas de uma Instituição de Ensino Superior em Fortaleza/CE. Foram entrevistadas 16 mulheres surdas, maiores de 18 anos, com LIBRAS como língua primária. A coleta ocorreu entre abril e maio de 2022. Os dados foram organizados e analisados com o software ATLAS.ti. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética, Parecer nº 5.262.529.
Resultados
A pesquisa evidenciou lacunas significativas no conhecimento sobre ISTs entre mulheres surdas, expressas por declarações como “não sei o que são essas doenças”. Identificaram-se estigmatizações e normas sexuais restritivas que produzem sentimentos de medo, culpa e vergonha, contribuindo para a repressão da sexualidade e o isolamento social. Observou-se ainda confusão conceitual entre prevenção e tratamento, como a percepção equivocada do exame citopatológico como um método de “limpeza”, reforçando a urgência de estratégias educativas que promovam o acesso à informação e à saúde sexual inclusiva.
Conclusões/Considerações
A compreensão limitada sobre ISTs aumenta a vulnerabilidade das mulheres surdas, evidenciando a urgência de profissionais de saúde atuarem na educação em sexualidade, adaptando informações às especificidades culturais e linguísticas dessa população para promover acesso equitativo e efetivo à saúde.

Realização: