Programa - Comunicação Oral Curta - COC29.2 - Atenção á Saúde bucal e práticas de equidade
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
A HESITAÇÃO NA PROCURA POR SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS POR PESSOAS LGBTQIA+ DO SUDESTE BRASILEIRO E SEUS FATORES ASSOCIADOS: UM ESTUDO TRANSVERSAL
Comunicação Oral Curta
GUIMARÃES, I. C.1, DOMICIANO, A. C. B.2, LEITE, I. C. G.3
1 Mestrando do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Juiz de Fora
2 Acadêmica de graduação em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora
3 Docente do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Juiz de Fora
Apresentação/Introdução
Pessoas LGBTQIA+ são discriminadas em diferentes contextos, ocasionando isolamento social. Em serviços de saúde, situações discriminatórias podem apresentar-se pela negação de atendimento e desrespeito do nome social ou dos pronomes pelos quais se tem preferência. Porquanto, a experiência desses eventos ou seu receio podem afetar o acesso de pessoas LGBTQIA+ aos serviços de saúde.
Objetivos
Identificar a associação entre variáveis sociodemográficas e distintas formas de discriminação com a hesitação na procura por serviços odontológicos atribuída à sua orientação sexual e/ou identidade de gênero.
Metodologia
Trata-se de um estudo epidemiológico transversal conduzido, através de um formulário on-line, de novembro de 2024 a maio de 2025. A amostra por conveniência consistiu em pessoas LGBTQIA+, com idade superior a 18 anos, residentes no sudeste brasileiro. Os critérios de exclusão foram participantes heterossexuais e cisgênero ou que não preencheram o questionário integralmente. Os dados foram organizados e analisados no programa estatístico SPSS versão 20.0 para Windows, para a obtenção das estatísticas descritivas e associação das variáveis, a partir dos testes de Qui-quadrado, teste-t e a regressão logística, adotando-se intervalos de confiança de 95% e nível de significância de 5%.
Resultados
A amostra consiste de 282 pessoas, sendo 21,3% transgênero, não-bináries ou de outras identidades de gênero. Homossexuais representam 59,2% da amostra, 33,7% possuem renda superior a 7001 reais e 59,2% concluíram o ensino superior. O valor médio da Escala de Discriminação no Dia a Dia (EDD) foi de 24,78 (desvio padrão de 10,93) e as prevalências de discriminação em serviços de saúde e odontológicos foram, respectivamente, de 72,7% e 33,7%. Na regressão logística, pessoas cisgênero e que não sofreram discriminação em serviços odontológicos têm, respectivamente, 84,8% e 79,6% menos chances de hesitação nessa procura. A cada ponto aumentado na EDD, aumenta-se a chance da hesitação em 6%.
Conclusões/Considerações
A associação do desfecho com pessoas transgênero e experiências discriminatórias, tanto no contexto odontológico, quanto no cotidiano, demonstram a necessidade de combater a discriminação contra pessoas LGBTQIA+ e melhorar o acolhimento a pessoas transgêneras, tendo-se em perspectiva as proposições da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
AÇÃO DE SAÚDE BUCAL NA TERRA INDÍGENA JUMINÃ- AP: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
Pantoja, R. W. A.1, Silva, S. W. A1, Alves, S. M.1, Lobato, L. G. G1, Lamarão, M. C. M1
1 anhanguera macapá
Período de Realização
12 a 14 de janeiro de 2025
Objeto da experiência
ação de saúde bucal de indígenas das etnias Galibi-Maruworno, palikur e karipuna.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é relatar a ação de saúde bucal que ocorreu no ano de 2025 na Terra indígena Juminã, no município de Oiapoque, estado do Amapá.
Descrição da experiência
A ação ocorreu nos dias 12,13 e 14 de janeiro de 2025 e envolveu estudantes de odontologia da Faculdade Anhanguera Macapá em parceria com a Jocum amapá. Ademais, o local que sediou este momento foi posto de saúde da comunidade e, mesmo não havendo sala odontológica, foram utilizados portáteis para facilitar a execução dos procedimentos. Além disso, toda a ação foi mediada pelo líder comunitário local e autorizado pelo DSEI Amapá.
Resultados
Como resultado, foram atendidos 88 indígenas distribuídos nas etnias Galibi-Maruworno, Palikur e Karipuna, e executados 98 procedimento, dentre eles: exodontia, profilaxia e restauração.
Aprendizado e análise crítica
Este momento foi extremamente importante para contribuir para a formação crítica e social dos que participaram, pois através da vivência de uma cultura e ambiente diferentes dos que comumente estão inseridos os profissionais de saúde, é possível ressignificar práticas de saúde, trabalhar a empatia com o próximo e aprimorar os conhecimentos técnico- metodológicos tendo em vista ser um local de difícil acesso, sem um ambiente adequado para ocorrer os atendimentos.
Conclusões e/ou Recomendações
É importante que os serviços de saúde cheguem aonde a comunidade precisa de atendimento, mas tem dificuldade de acesso, objetivando promover equidade, primando pela saúde integral dos pacientes a fim de atingir a igualdade de acesso a serviços dignos e que realmente solucionem as demandas daqueles que necessitam, pondo em prática estes que formam os princípios do Sistema Único de Saúde - SUS.
CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL DE ADOLESCENTES E ADULTOS RESIDENTES EM LOCALIDADES RURAIS RIBEIRINHAS DE TEFÉ, MÉDIO SOLIMÕES, AMAZONAS
Comunicação Oral Curta
Smith, C.V.1, Bessa, E.R.L.2, Pereira, J.V.1, Queiroz, A. C.1, Coêlho, A.P.S1, Leite, A.P.1, Cordeiro, D.S.2, Pinheiro, H.H.C.3, Herkrath, A.P.C.Q.1, Herkrath, F.J.4
1 Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
2 Instituto Leônidas e Maria Deane (Fundação Oswaldo Cruz)
3 Universidade Federal do Pará (UFPA)
4 Instituto Leônidas e Maria Deane (Fundação Oswaldo Cruz) / Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
Apresentação/Introdução
A literatura mostra que a ruralidade representa um importante determinante social da saúde, uma vez que influencia múltiplos desfechos e seus diversos determinantes, além de impactar o acesso a recursos e serviços. Piores indicadores de saúde bucal nestas populações refletem sua invisibilização e vulnerabilização social e a presença de expressivas barreiras de acesso ao cuidado em saúde bucal.
Objetivos
Descrever as condições de saúde bucal de adolescentes e adultos residentes em localidades rurais ribeirinhas de Tefé, Amazonas. O estudo se insere em projeto mais amplo que aborda fatores comuns de risco em populações ribeirinhas do Amazonas e Pará.
Metodologia
Estudo observacional transversal envolvendo adolescentes de 15 a 19 anos e adultos de 35 a 44 anos, de ambos os sexos, residentes em localidades rurais ribeirinhas cobertas pela Unidade Básica de Saúde Fluvial do município de Tefé, Amazonas. Os dados foram coletados diretamente nos domicílios, utilizando o aplicativo REDCap instalado em smartphones, envolvendo a aplicação de questionário fechado e avaliação clínica intrabucal. Análise parcial dos dados coletados referentes à XXX foram analisados de forma descritiva, utilizando o software Stata SE, versão 17.0.
Resultados
Foram avaliados dados de 72 participantes, 32 adolescentes e 40 adultos, sendo 51,4% do sexo masculino. Nos adolescentes, o CPO-D médio foi 7,0, com predomínio do componente cariado (4,2). Já nos adultos, o CPO-D médio foi 16,2, com predomínio do componente perdido (10,6). Referiram dor dentária nos seis meses anteriores 28,1% dos adolescentes e 17,5% dos adultos. Percebiam a saúde bucal de regular a muito ruim 46,8% e 32,5%, respectivamente. Nas duas faixas etárias, aproximadamente um terço relatou ter se consultado com o dentista no último ano. 90,6% dos adolescentes e 72,5% dos adultos afirmaram que a última consulta foi no serviço público, sendo exodontia a principal motivação.
Conclusões/Considerações
As condições de saúde bucal tanto dos adolescentes quanto dos adultos avaliados mostraram-se insatisfatórias. Os achados evidenciam a importância do setor público para o acesso aos serviços de saúde bucal pela população de estudo. Porém, sugerem a necessidade de readequação do modelo assistencial, que ainda persiste pouco eficiente para atuar nos determinantes mais amplos e contribuir para a manutenção dos elementos dentários no curso de vida.
ESTIGMA SOCIAL DE PESSOAS VIVENDO COM HIV E A SAÚDE BUCAL: UMA REVISÃO DE ESCOPO
Comunicação Oral Curta
Silva, N.M.1, Uberti, V.S.2, Pires, F.S.2
1 GHC
2 UFRGS
Apresentação/Introdução
O HIV compromete a imunidade e favorece infecções com repercussões sociais e psicológicas associadas à discriminação. O estigma afeta a saúde e o bem-estar em grupos vulneráveis. O estigma social afeta a saúde de pessoas vivendo com HIV, considerando contextos de vulnerabilidade, violência, marginalização, discriminação e tambem políticas frágeis na promoção dos direitos humanos.
Objetivos
Mapear a literatura científica associada às relações entre estigma social de pessoas vivendo com HIV e saúde bucal e produzir informações sobre o tema para estudantes em formação e profissionais de saúde bucal.
Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão de escopo (JBI), dividida em: (1) identificar a questão de pesquisa; (2) identificar estudos relevantes; (3) selecionar os estudos; (4) mapear os dados; (5) coletar, sintetizar e relatar os resultados de acordo com o (PRISMA-ScR). A questão da pesquisa foi: Como o estigma social afeta a saúde bucal de pessoas vivendo com HIV? A coleta considerou informações gerais e específicas de cada estudo, registrando a) autor(es), ano de publicação e local de estudo; b) tipo e duração da intervenção; c) populações de estudo; d) objetivos do estudo; e) metodologia; f) medidas de desfecho; g) resultados importantes.
Resultados
Nas bases de dados Embase, Pubmed, SCOPUS e Web Of Science, identificou-se 274 registros, 265 foram removidos (duplicados ou não abordam a questão do estudo). Nove artigos foram incluídos e as análises identificaram questões envolvendo estigma na relação de cuidado da saúde das pessoas vivendo com HIV (PVHIV). Persiste a escassez de pesquisas sobre saúde bucal de PVHIV, limitando a diversidade de contextos. Relatou-se maior impacto das doenças orais em PVHIV, influenciado por determinantes sociais e práticas estigmatizantes além de discriminação em atendimentos odontológicos, como recusa de atendimento e uso de luvas duplas como manifestação de preconceito ou discriminação.
Conclusões/Considerações
Os efeitos do estigma social resultam em procura tardia pelos serviços odontológicos com piora na qualidade de vida associada à saúde bucal em PVHIV, em uma lógica de hierarquias sociais e processos de exclusão. São necessários mais estudos sobre o tema frente ao déficit na produção científica. Conhecer a realidade das PVHIV em relação à saúde bucal pode gerar uma formação em saúde qualificada e adequada para promover qualidade de vida.
FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E ECONÔMICOS ASSOCIADOS AO ÍNDICE CPO-D EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO PARÁ, AMAZÔNIA.
Comunicação Oral Curta
Aguiar, L. F. P.1, Sousa, A. C. S.1, Auzier, E. V. L.1, Souza, E. V.2, Vilhena, W. N. M.1, Borges, M. L. M.1, Beachara, L. Q.1, Oliveira, M. R.1, Vilhena, A. T.1, Silva, H. P3
1 Faculdade de Odontologia Gamaliel
2 UEPA
3 UFPA/UNB
Apresentação/Introdução
O índice CPO-D é um importante indicador da saúde bucal. Populações tradicionais, como as comunidades quilombolas, apresentam desigualdades sociais que impactam negativamente sua condição de saúde, exigindo uma análise direcionada aos fatores que influenciam o risco de cárie dentária e perdas dentárias ao longo da vida.
Objetivos
Analisar a associação entre o índice CPO-D e variáveis sociodemográficas e econômicas em comunidades quilombolas do Pará.
Metodologia
Estudo quantitativo, transversal, realizado em 2022 com 80 participantes de 18 a 80+ anos de idade, das comunidades quilombolas de África e Laranjituba, nos municípios de Abaetetuba e Mojú, PA. Foram coletados dados sociodemográficos, econômicos e clínicos. O índice CPO-D foi categorizado em cinco níveis (muito baixo a muito alto). Para análise estatística, utilizou-se o teste qui-quadrado (χ²), com significância de p < 0,05, a fim de verificar associações entre o CPO-D e variáveis como sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade, renda, atividade econômica, tipo de auxílio social, e tipo de moradia.
Resultados
Houve associação estatisticamente significativa entre CPO-D e faixa etária (p=0,025), escolaridade (p=0,001), tipo de auxílio social recebido (p=0,017) e atividade econômica (p=0,001), indicando maior CPO-D entre pessoas idosas, com baixa escolaridade, que recebem auxílio social e pertencentes a determinadas ocupações. Não foram observadas associações significativas entre CPO-D e sexo (p=0,434), raça/cor (p=0,427), renda (p=0,111) ou tipo de moradia (p=0,398). Os dados evidenciam um padrão de maior risco de problemas bucais em subgrupos mais socialmente vulneráveis nas comunidades
Conclusões/Considerações
Os achados reforçam a importância de considerar fatores sociais e econômicos no planejamento de estratégias de saúde bucal para comunidades quilombolas. A identificação de subgrupos com maior risco de altos índices de CPO-D pode contribuir para intervenções mais equitativas e efetivas, com foco na prevenção, educação em saúde e acesso ao cuidado odontológico.
O CUIDADO EM SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA EM RETIROLÂNDIA-BA
Comunicação Oral Curta
Lima, L. A. S.1, Rodrigues, A. A. A. O.1, Carneiro, C. C. G.1
1 Universidade Estadual de Feira de Santana
Apresentação/Introdução
O transtorno do espectro autista (TEA) é uma síndrome do desenvolvimento neurológico, caracterizada por problemas de comunicação social, comportamentos incomuns, como interesses fixos, inflexibilidade, condutas restritas ou repetitivas e respostas anormais às sensações. Crianças com TEA frequentemente enfrentam dificuldades com os cuidados bucais, tanto em casa quanto em serviços de saúde.
Objetivos
O objetivo deste estudo foi compreender o cuidado em saúde bucal das crianças com Transtorno do Espectro Autista no município de Retirolândia-BA.
Metodologia
Procedeu-se uma pesquisa de campo exploratória de abordagem qualitativa, que buscou compreender o cuidado em saúde bucal de crianças com Transtorno do Espectro Autista atendidas pelo Centro de Atendimento Educacional Especializado Prof. Paulo Moraes (CAEE), em Retirolândia-BA. Para tanto, foram entrevistados cirurgiões-dentistas, gestores da saúde e educação municipal e profissionais do CAEE. Além disso, dois grupos focais foram realizados, sendo o primeiro com agentes comunitários de saúde e o segundo com mães de crianças com TEA. A análise de conteúdo temática foi a técnica utilizada para analisar e interpretar os dados produzidos.
Resultados
O serviço de saúde bucal, em Retirolândia, está concentrado na atenção primária, contando com seis equipes de saúde bucal, e o município não dispõe de serviços odontológicos especializados. Os relatos indicam que a falta de qualificação dos cirurgiões-dentistas para atender as crianças com TEA e a ausência de interação com o CAEE são os principais fatores que fragilizam a atenção em saúde bucal. Além disso, a pressão por produtividade e a inexistência de um fluxo de atendimento dentro da rede de atenção são obstáculos adicionais. As narrativas apontam para a fragmentação do cuidado, revelando que o município ainda não possui um serviço de saúde bucal estruturado para atender esse público.
Conclusões/Considerações
Nos últimos anos, Retirolândia avançou consideravelmente nas políticas públicas voltadas para crianças com TEA, sobretudo com a implantação do CAEE. No entanto, o cuidado em saúde bucal para essa população, no SUS, ainda representa um desafio significativo para a gestão municipal, pois as práticas de saúde bucal ainda não atendem plenamente às diretrizes do Brasil Sorridente e da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA.
PRÁTICAS INTEGRATIVAS EM GRUPO PARA PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: REVISÃO DE ESCOPO COM BASE NO FRAMEWORK RE-AIM
Comunicação Oral Curta
Citó, Erika Brasil Cavalcante1, Pinheiro, Patrícia Neyva da Costa1, Mesquita, Erica Silva1, Gubert, Fabiane do Amaral1, Gondim, Delane Viana1
1 UFC
Apresentação/Introdução
A Disfunção Temporomandibular (DTM) compreende um conjunto de condições que afetam a articulação temporomandibular, os músculos da mastigação e estruturas adjacentes. A incidência anual é baixa (3,9%), mas estima-se uma prevalência mundial de 34% e na América do Sul chega a 47%, caracterizando um problema de saúde pública e demonstrando a necessidade de intervenções acessíveis e eficazes.
Objetivos
Esta revisão visa mapear e sintetizar as evidências científicas sobre as intervenções em grupo no manejo da DTM, utilizando o framework RE-AIM para uma análise detalhada, de aspectos como alcance, efetividade, adoção, implementação e manutenção.
Metodologia
Foram utilizadas estratégias de busca com palavras-chave e descritores indexados adaptadas às seguintes bases de dados: PubMed, LILACS, EMBASE, Scopus, SciELO, Web of Science, Cochrane Library e Google Scholar, até julho de 2024, sem restrições de idioma. Os artigos foram selecionados pelos critérios do Joanna Briggs Institute. Para realizar uma análise detalhada, foi usado o framework RE-AIM, que se concentra em aspectos como alcance, efetividade, adoção, implementação e manutenção. A análise desses critérios permite identificar aspectos chave para adaptação das intervenções a diferentes contextos. Esta revisão está registrada no site OSF sob o identificador: DOI: 10.17605/OSF.IO/SB3DM.
Resultados
Foram incluídos 8 artigos com dados de 389 pessoas. Os estudos alcançaram mais mulheres, pois são 56% mais afetadas. As intervenções em grupo incluíram terapia cognitivo-comportamental (TCC), mindfulness, yoga e educação em saúde. Foram efetivas na redução da dor, estresse, ansiedade e depressão, melhora dos movimentos mandibulares e têm vantagens econômicas e sociais: redução de custos, otimização do tempo de atendimento e fortalecimento do suporte social. Um estudo detalhou o espaço físico e formação dos profissionais envolvidos nas intervenções. Não foram relatados dados sobre adoção institucional e manutenção das intervenções. Houve remissão da dor a médio e longo prazos em 2 estudos.
Conclusões/Considerações
Intervenções em grupo para o manejo da DTM podem ter potencial impacto positivo na saúde pública pelas evidências de benefícios e baixo custo. Entretanto, a heterogeneidade nos critérios diagnósticos, a ausência de grupos controle e a escassez de follow-up comprometem a generalização dos resultados. Novos estudos com metodologias mais rigorosas são necessários para confirmar a eficácia e detalhar critérios de implementação das intervenções.
PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL NO CONSULTÓRIO NA RUA: AÇÕES DE ORIENTAÇÃO, TRIAGEM E ENCAMINHAMENTO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA EM BELO HORIZONTE.
Comunicação Oral Curta
Oliveira, K.C.1, Silva, J. L.1, Buganca, L. R.1, Santos, A. C. P.1
1 CMMG
Período de Realização
Ação realizada entre fevereiro e junho de 2025 nas regionais Norte e Nordeste de Belo Horizonte.
Objeto da experiência
Realizar atendimento em saúde bucal, com triagem, codificação, orientação e encaminhamento de pessoas em situação de rua.
Objetivos
Promover saúde bucal para pessoas em situação de rua por meio de ações de educação, triagem e codificação das demandas odontológicas. Encaminhar os usuários para continuidade do tratamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), facilitando o acesso e fortalecendo a rede de atenção integral.
Descrição da experiência
A ação ocorreu junto ao Consultório na Rua, serviço da Rede de Saúde Mental de BH, que atua diretamente com pessoas em situação de rua. A equipe de estudantes realizou avaliação bucal, utilizando a codificação padronizada no Manual de Saúde Bucal da Prefeitura de BH, seguida de orientações sobre higiene oral e distribuição de kits. As demandas foram direcionadas para as UBS, visando a continuidade do cuidado. As atividades foram organizadas em duplas.
Resultados
Foram atendidos mais de cem usuários, com elevada procura nas regiões próximas aos abrigos. A codificação facilitou a organização das demandas para os serviços da atenção primária. Houve grande adesão às orientações e distribuição dos kits. Observou-se que muitos usuários relataram dificuldade de acesso aos serviços convencionais por preconceito e falta de documentação, demonstrando a importância da abordagem ativa no território.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a relevância do Consultório na Rua como estratégia de cuidado, acolhimento e redução de danos. Além de promover saúde, fortalece vínculos, rompe barreiras de acesso e qualifica a escuta. Observou-se a necessidade de maior articulação da rede para garantir a continuidade do cuidado, bem como sensibilizar os serviços quanto às vulnerabilidades da população em situação de rua. A prática reforça que cuidar também é ouvir, acolher e dar voz a quem muitas vezes é silenciado.
Conclusões e/ou Recomendações
A ação reforça a importância de integrar práticas de promoção, prevenção e cuidado contínuo em saúde bucal para populações vulneráveis. Recomenda-se ampliar essas ações, com parcerias entre universidades e a rede pública, além de capacitar profissionais das UBS para acolher essas demandas. A codificação e o pré-diagnóstico mostraram-se essenciais para otimizar o atendimento e fortalecer a atenção integral à saúde.
SAÚDE BUCAL NO QUILOMBO: MAPEAMENTO DA REDE DE SAÚDE BUCAL EM TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS DE PERNAMBUCO
Comunicação Oral Curta
Paixão, P.R.R.C1, Moreira, R.S.1, Neto, H.C.S2, Veiga, M.K.H2, Soares, M.A.P2, Mendonça, T.L.R2, Sá, A.L.O1
1 FIOCRUZ/PE
2 UFPE
Apresentação/Introdução
As comunidades remanescentes quilombolas (CRQ) são formadas por grupos étnico-raciais com trajetória histórica de resistência à opressão e que seguem lutando por igualdade de direitos e equidade no acesso à saúde. Apesar da regulamentação e do reconhecimento de seus territórios, ainda enfrentam dificuldades no acesso aos serviços ofertados pela Rede de Atenção à Saúde.
Objetivos
Investigar a distribuição espacial da oferta de serviços de atenção primária e secundária em saúde bucal nos territórios quilombolas do estado de Pernambuco, identificando e analisando fatores associados.
Metodologia
Trata-se de estudo ecológico, com distribuição espacial realizada por meio do software QGIS 3.34.10, utilizando dados secundários coletados entre 2019 e abril de 2024 nas bases IBGE, FCP, INCRA, e-Gestor AB, CNES, iPatrimônio, Google Maps e portarias ministeriais. Foram identificadas as comunidades quilombolas de Pernambuco e georreferenciadas com base nas coordenadas disponibilizadas nas bases de dados citadas acima. Consideraram-se todas as modalidades de Equipes de Saúde Bucal e Centros de Especialidades Odontológicas pagos em abril de 2024 nos municípios com comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Cultural Palmares.
Resultados
Foram identificadas 159 comunidades quilombolas em 57 municípios de Pernambuco, com destaque para Mirandiba, Custódia e Bom Conselho, que concentram o maior número de CRQ. No âmbito da Atenção Primária, todos os municípios do estado possuem equipes de saúde bucal, totalizando 1.840 eSB em abril de 2024, sendo 597 (32,45%) em municípios com CRQ, atuando majoritariamente na modalidade I (40h). Na Atenção Secundária, há 78 CEOs no estado, mas somente 21 (26,92%) estão localizados em 19 municípios com território quilombola. Em 37 municípios com CRQ (66,1%), não há CEOs, incluindo Mirandiba, Custódia e Bom Conselho, que concentram as maiores porcentagens de CRQ.
Conclusões/Considerações
A análise da Rede de Saúde Bucal em Pernambuco mostra que, na Atenção Primária, há relativa equidade para as comunidades quilombolas, mas a Atenção Especializada revela disparidades significativas. Os achados evidenciam a necessidade de fortalecer as políticas públicas voltadas para as comunidades quilombolas no estado de Pernambuco, a fim de garantir acesso equitativo aos serviços de saúde, em consonância com os princípios e diretrizes do SUS