
Programa - Pôster Eletrônico - PE03 - Ambiente, clima, justiça ambiental e saúde
PARADIGMAS DE LIDERANÇA E EMERGÊNCIA CLIMÁTICA NAS ASSEMBLEIAS MUNDIAIS DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
A crise climática representa a maior ameaça à saúde global do século XXI. Com a última década confirmada como a mais quente, a urgência da ação é inquestionável. Contudo, o setor saúde ainda enfrenta barreiras significativas – falta de vontade política, financiamento e infraestrutura – para exercer a liderança necessária em respostas equitativas e eficazes, local e globalmente.
Objetivos
Analisar criticamente os paradigmas de emergência e de liderança do setor saúde na ação climática, conforme refletidos nas resoluções das Assembleias Mundiais de Saúde (AMS) sobre mudança do clima.
Metodologia
Pesquisa qualitativa com base em análise de conteúdo. Na seção de Governança do sítio eletrônico da Organização Mundial de Saúde foram selecionadas, entre todas as resoluções publicadas desde a primeira Assembleia Mundial da Saúde (1948), aquelas que atendem aos seguintes critérios: versão em língua inglesa, publicação após a adoção da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (1992) e presença dos termos “clima” ou “mudança do clima” no título. Os textos foram obtidos em formato .pdf, compondo um projeto no software Atlas.Ti 25, onde foram codificadas manualmente com base nos códigos “liderança” e “emergência”, com posterior uso da ferramenta “análise de código e documentação”.
Resultados
Apenas seis resoluções da AMS abordaram mudanças climáticas e seus impactos na saúde, evidenciando longos hiatos e compromissos de liderança insuficientes dos Estados Membros. Nenhuma resolução emprega os termos “crise climática” ou “emergência climática”, apesar do agravamento da morbimortalidade associada. Mesmo em 2024, ano mais quente já registrado, a 77ª AMS aprovou nova resolução após seis anos, sem avanços substanciais nos paradigmas de liderança e emergência.
Conclusões/Considerações
A análise revela a persistente debilidade dos paradigmas de emergência e liderança do setor saúde frente à crise climática nas resoluções da AMS. Urge o reconhecimento formal da crise climática como emergência de saúde pública, catalisando uma liderança estratégica do setor saúde. Isto é fundamental para impulsionar ações ambiciosas e justas nos Estados Membros e nas negociações multilaterais.
FATORES ASSOCIADOS À RESILIÊNCIA PSICOLÓGICA EM ADOLESCENTES E ADULTOS EMERGENTES: PROJETO SAÚDE BRUMADINHO
Pôster Eletrônico
1 NESPE - FIOCRUZ MINAS
2 NESPE - FIOCRUZ MINAS; UFMG
3 NESPE - FIOCRUZ MINAS
Apresentação/Introdução
Introdução: A resiliência é um processo dinâmico de adaptação após experiências adversas. O conhecimento dos fatores associados à resiliência pode contribuir para o desenvolvimento de intervenções voltadas ao aumento dessa capacidade de adaptação em populações expostas a desastres. Estudos apontam que níveis mais altos de resiliência estão associados a diversos indicadores positivos de saúde mental.
Objetivos
Objetivo: Investigar os potenciais fatores associados à resiliência psicológica em adolescentes e adultos emergentes residentes no município de Brumadinho (MG), em 2021, após o rompimento da barragem de rejeitos de mineração.
Metodologia
Método: Estudo transversal exploratório, com dados provenientes de um recorte da coorte prospectiva do Projeto Saúde Brumadinho. Foram entrevistados 852 adolescentes e adultos emergentes, com idades entre 12 e 29 anos, utilizando-se uma escala psicométrica para rastreamento dos níveis de resiliência, variável de desfecho deste estudo. Os potenciais fatores associados foram analisados com base em variáveis relacionadas à proximidade da lama de rejeitos, à percepção de vizinhança, a variáveis demográficas e socioeconômicas, a condições e comportamentos em saúde e sentimentos, além de aspectos relacionados ao rompimento da barragem.
Resultados
Resultados: Observaram-se níveis mais baixos de resiliência entre mulheres, residentes da região do Tejuco, entre aqueles que trabalhavam, que autoavaliavam a saúde como ruim ou muito ruim, que relataram uma ou mais doenças, que desejavam mudar de onde moravam, que tiveram contato com a água do rio após o rompimento e que sofreram perdas de familiares no evento. Entre os que autoavaliaram a saúde como boa ou muito boa, observaram-se níveis mais altos de resiliência entre homens e entre aqueles que não tiveram alteração na composição familiar. Da mesma forma, níveis mais altos de resiliência foram observados entre os não residentes do Tejuco que não tiveram a composição familiar alterada.
Conclusões/Considerações
Conclusão: Os resultados evidenciam que diversos fatores de risco comuns em populações atingidas por desastres estão associados a níveis mais baixos de resiliência. A pesquisa pode contribuir para o entendimento das variáveis estudadas, além de fornecer subsídios para ações de prevenção e promoção da saúde, especialmente no contexto de desastres provocados por rompimentos de barragens com impactos ambientais.
VULNERABILIDADES SOCIOAMBIENTAIS NA PESCA ARTESANAL: DESAFIOS E CONQUISTAS PARA TERRITÓRIOS SAUDÁVEIS E SUSTENTÁVEIS PARA OS POVOS DAS ÁGUAS EM PERNAMBUCO
Pôster Eletrônico
1 Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz PE e Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2 Universidade de Pernambuco
Apresentação/Introdução
Pescadores(as) artesanais de Pernambuco enfrentam vulnerabilidades agravadas por desastres ambientais e pela Covid-19. A promoção de territórios saudáveis e sustentáveis exige ações integradas, territoriais e participativas, com base na determinação social da saúde e justiça ambiental.
Objetivos
Analisar vulnerabilidades socioambientais e estratégias de promoção de territórios saudáveis e sustentáveis em comunidades de pesca artesanal do litoral de Pernambuco.
Metodologia
Trata-se de pesquisa-ação com abordagem mista e fundamentação teórica na determinação social da saúde e abordagem ecossistêmica. Entre 2021 e 2023, foram realizadas atividades em 16 municípios do litoral de Pernambuco, com ações em comunidades pesqueiras afetadas por petróleo e Covid-19. Aplicou-se inquérito epidemiológico com 1.259 pescadores(as), análises laboratoriais, entrevistas, oficinas, grupos focais e rodas de diálogo, em articulação com movimentos sociais e gestores(as). A triangulação dos dados sustentou diagnósticos participativos e estratégias emancipadoras.
Resultados
Foram identificadas perdas de renda, insegurança alimentar, impactos à saúde e exposição ao petróleo e à Covid-19 entre pescadores(as) artesanais. A pesquisa-ação possibilitou a produção de diagnósticos participativos, materiais educativos e propostas de políticas públicas. Desafios como invisibilidade institucional e ausência de reparação foram destacados, mas também emergiram estratégias de resistência, articulação comunitária e fortalecimento de saberes locais na construção de territórios saudáveis e sustentáveis.
Conclusões/Considerações
A superação das vulnerabilidades nas comunidades pesqueiras exige ações intersetoriais, reparações efetivas e protagonismo comunitário. A promoção de territórios saudáveis e sustentáveis depende da valorização de saberes locais e da construção de políticas públicas justas, integradas e baseadas na equidade e justiça ambiental.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E INCIDÊNCIA DE CASOS DE DENGUE NO BRASIL NO PERÍODO DE 2015 A 2024: UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO
Pôster Eletrônico
1 Centro Universitário Estácio do Ceará
2 Universidade Estadual do Ceará
3 Secretaria de Saúde do Estado do Ceará
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas, embora sejam reflexo de processos socioeconômicos e culturais, exercem um impacto significativo na saúde humana, afetando direta e indiretamente o bem-estar da população mundial. Ondas de calor frequentes, somadas à urbanização desordenada e ao fluxo intenso de pessoas, estão influenciando na expansão de doenças sensíveis ao clima, como a dengue.
Objetivos
Analisar, sob o panorama geográfico e temporal, a incidência de dengue no Brasil no período de 2015 a 2024, com ênfase na urgência de estratégias preventivas frente às mudanças climáticas.
Metodologia
Estudo documental, retrospectivo e epidemiológico utilizando dados do DataSUS/Tabnet (SINAN, módulo “Doenças de Notificação - 2007 em diante”), com foco na dengue no Brasil no período de 2015 a 2024. Foram extraídos dados por região e unidade federativa, com análise temporal em biênios calculando suas respectivas médias e desvios-padrão (±). Além disso, foi feita a análise espacial concentrada nas regiões Sudeste e Sul em 2024, devido ao crescimento exponencial de casos de dengue. O método permitiu avaliar padrões de incidência e dispersão geográfica da doença no período.
Resultados
Entre 2015 e 2024, o Brasil registrou um total de 16.103.150 casos de dengue, com uma média anual de 1.608.418 casos (±1.781.972). A análise por biênio mostra, após uma queda expressiva, em 2017-2018 (255.570 casos ±19.382), os números voltaram a subir, atingindo o pico mais alarmante no último biênio (2023-2024), com 3.971.395 casos (±3.475.615). As regiões Sudeste e Sul apresentaram os cenários mais críticos em 2024, com 4.143.177 e 1.209.363 casos, respectivamente, valores significativamente acima de suas médias históricas (892.877 ±1.203.858 no Sudeste e 243.016 ±366.970 no Sul). Além disso, na pandemia COVID-19, os casos atingiram seu menor patamar, reflexo direto do isolamento social.
Conclusões/Considerações
Esses achados sugerem uma forte correlação entre o aumento exponencial de casos e mudanças climáticas, sobretudo, em regiões mais desenvolvidas do país. Intervenções em saúde para gerenciar doenças sensíveis ao clima operam em três níveis: macro - políticas públicas, adaptação climática e energias renováveis e meso - mapeamento ambiental, arborização urbana, saneamento e segurança hídrica e micro - campanhas educativas e controle de vetores.
PROTAGONISMO INFANTIL E METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS NO ENFRENTAMENTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
Em um cenário de agravamento da crise climática, crianças em territórios vulnerabilizados enfrentam impactos diretos, mas seguem fora das decisões e debates que moldam suas vidas. Esta pesquisa investiga como metodologias participativas podem romper esse silenciamento e reconhecer as infâncias como produtoras de saberes e caminhos para as questões ambientais.
Objetivos
Explorar como metodologias participativas fortalecem o protagonismo infantil frente à crise climática, reconhecendo os saberes das crianças na elaboração de respostas coletivas no campo da Saúde e da Justiça Climática.
Metodologia
O estudo é uma pesquisa-ação realizada com crianças de 6 a 10 anos do Jardim Pantanal, zona leste de São Paulo, em parceria com serviços públicos locais. Utiliza-se a metodologia do Photovoice, que combina fotografia com reflexão coletiva como estratégia de escuta e mobilização de grupos historicamente silenciados. As crianças deverão registrar, por meio de imagens e falas, suas experiências que expressem tanto os desafios socioambientais vividos quanto as possibilidades de cuidado e transformação de seu território. Esses materiais serão analisados por Análise Temática e compartilhados em uma exposição final na comunidade com intuito de ampliar o debate sobre injustiças ambientais.
Resultados
Ainda em fase inicial, a pesquisa parte de achados de estudos anteriores para formular hipóteses sobre o potencial transformador do protagonismo infantojuvenil. Experiências como o movimento Fridays for Future e o Engajamundo mostram que crianças e jovens são capazes de mobilizar saberes, articular coletivos e demandar políticas públicas. Acredita-se que os registros produzidos revelarão propostas concretas construídas a partir de suas vivências, fortalecendo vínculos comunitários e modos de resistência, além de provocar reflexões sobre os limites das práticas científicas e políticas que não reconhecem as infâncias como vozes relevantes nos debates públicos.
Conclusões/Considerações
A pesquisa propõe metodologias que não apenas escutem, mas integrem as vozes das crianças como elementos concretos no enfrentamento da crise climática. Ao alinhar linguagem, experiência e participação, busca-se fortalecer práticas científicas e políticas mais coerentes com os desafios dos territórios e com o direito das infâncias a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
INSEGURANÇA HÍDRICA E ACESSO À ÁGUA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UERJ
Apresentação/Introdução
Embora seja um direito humano básico, o acesso regular à água potável e segura ainda não é uma realidade para toda a população. No município do Rio de Janeiro, as desigualdades sociais e territoriais e os desastres ambientais comprometem a garantia desse direito, especialmente entre as populações vulnerabilizadas e em determinadas áreas, impactando diretamente a qualidade de vida das pessoas.
Objetivos
Analisar a relação entre o acesso à água e a insegurança hídrica (IH) no município do Rio de Janeiro.
Metodologia
Estudo transversal que avaliou os dados do I Inquérito de Insegurança Alimentar do Município do Rio de Janeiro (n=2.000). A IH foi avaliada por meio das 12 perguntas da versão atual, em português, da escala “Household Water Insecurity Experiences (HWISE)”. Foram avaliadas as características demográficas das famílias, como o número de moradores por domicílio, o tipo de domicílio e o acesso à água. As proporções e os intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram estimados utilizando o teste qui-quadrado com nível de significância de 5% (p-valor < 0,05) para as comparações. Análises foram feitas no software STATA 16.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE:54473421.6.0000.5257).
Resultados
Entre os domicílios investigados, 15,1% encontravam-se em IH e a maioria (98,8%) utilizava a rede geral como principal fonte de abastecimento. A prevalência de IH foi significativamente menor em famílias que possuíam reservatório de água (13,6%; IC95%: 11,8–15,6) em comparação aos que não possuíam (27,4%; IC95%: 20,7–35,3). A IH foi mais frequente em domicílios com cinco ou mais moradores (33,6%; IC95%: 24,7–43,7) e em moradias coletivas e/ou improvisadas (38,4%; IC95%: 25,7–52,9). Entre famílias que tinham água disponível diariamente, 96,4% (IC95%: 95.0-97.5) estavam em segurança hídrica, já quando era necessário buscar ou comprar água, a IH aumentava para 35,6% (IC95%: 30,4–41,3).
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam que a IH captada pela versão atual de escala está relacionada à irregularidade no fornecimento, muitas vezes causada por manutenções frequentes e infraestrutura precária no município. A situação é agravada em domicílios sem reservatórios de água, em moradias improvisadas ou com muitos moradores. Diante disso, políticas públicas devem priorizar o fortalecimento da infraestrutura de abastecimento.
RESILIÊNCIA EM SAÚDE E DESASTRES SOCIOAMBIENTAIS: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Pôster Eletrônico
1 UNISC
Apresentação/Introdução
A resiliência em saúde pode ser definida como a habilidade de um sistema de saúde de se ajustar às situações adversas e de responder aos desafios impostos, no caso deste estudo, aos desastres socioambientais. Além disso, este conceito busca aprimorar e fortalecer habilidades de resposta e de adaptações de sistemas de saúde, tanto na recuperação, quanto na prevenção e mitigação destes eventos.
Objetivos
Mapear publicações científicas que abordam fatores de resiliência em saúde frente a desastres socioambientais.
Metodologia
Revisão integrativa da literatura que utilizou as bases de dados Pubmed e Lilacs, com os descritores: Environmental Disasters; Health System Resilience e Public Health Systems. Considerou-se, artigos originais publicados entre 2020 e 2025 e excluíram-se: cartas ao editor, editoriais, ensaios, resenhas, pré-prints e textos com acesso privado. Utilizou-se o software Rayyan na seleção dos artigos. A busca resultou em 198 artigos, destes 171 foram excluídos na leitura de títulos, 19 na leitura de resumo, restando 8 para leitura de texto completo. Por fim, cinco estudos foram selecionados para análise. Para sistematização e análise dos achados foram identificadas três categorias temáticas.
Resultados
A análise dos cinco estudos resultou em três categorias principais: 1) impactos de desastres nos sistemas de saúde; 2) respostas institucionais; 3) barreiras no acesso aos serviços. A maioria dos estudos possuía delineamento qualitativo ou misto, envolvendo entrevistas e questionários com profissionais ou representantes institucionais. As pesquisas foram conduzidas em países que sofreram com desastres como Indonésia, Mianmar, Nepal, Porto Rico e Paquistão, entre 2021 e 2024. Os fatores de resiliência mais citados incluem: adaptação emergente (clínicas móveis e realocação de profissionais), coordenação intersetorial, planos de comunicação e integração de práticas culturalmente reconhecidas.
Conclusões/Considerações
Reconhecer os fatores de resiliência nos sistemas de saúde permite planejar e agir frente a desastres socioambientais. Estimular o engajamento comunitário, a resiliência individual e profissional colaboram com a adaptação em momentos de crise. Ações intersetoriais, planos de comunicação e integração de práticas culturalmente reconhecidas são importantes para garantir respostas adequadas, sustentáveis e equitativas no campo da saúde coletiva.
AVALIAÇÃO SAZONAL DA PEGADA ECOLÓGICA E DA QUALIDADE NUTRICIONAL DE CARDÁPIOS UNIVERSITÁRIOS NO SUDESTE DO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFMG
2 UNIFESP
Apresentação/Introdução
A sustentabilidade na alimentação institucional envolve desafios como a oferta nutricional adequada e a redução de impactos ambientais. Cardápios com menor teor de alimentos de origem animal podem reduzir a pegada ecológica. Avaliar essa relação considerando a sazonalidade pode orientar práticas mais sustentáveis em universidades.
Objetivos
Avaliar sazonalmente a pegada ecológica e a qualidade nutricional de cardápios de restaurantes universitários no sudeste do Brasil, considerando diferentes tipos de preparo (onívoro, vegetariano e vegano) em quatro universidades federais de Minas Gerais.
Metodologia
Estudo transversal analisou cardápios semanais de almoço e jantar em quatro universidades federais de Minas Gerais (UFJF, UFOP, UFMG e UFV), durante as quatro estações do ano. As preparações principais foram classificadas como onívoras, vegetarianas ou veganas (estas apenas na UFV). A pegada ecológica foi calculada com o aplicativo EcoNutri e dados de bases consolidadas. Foram realizadas análises estatísticas por estação e por instituição, utilizando ANOVA e testes t de Student para identificar diferenças significativas na pegada ecológica entre os tipos de cardápio e ao longo das estações.
Resultados
Cardápios onívoros apresentaram alta variabilidade na pegada ecológica, com maior variação no inverno, especialmente na UFJF e UFOP. A UFMG teve a menor variação no outono e a maior média de pegada no inverno; já a UFOP apresentou os menores valores no outono. Diferenças significativas entre cardápios onívoros e vegetarianos ocorreram no verão e no inverno. Na UFV, os cardápios veganos mostraram menor pegada ecológica em todas as estações, com variações sazonais estatisticamente significativas.
Conclusões/Considerações
A sazonalidade impacta a pegada ecológica dos cardápios, sendo essencial considerá-la no planejamento alimentar institucional. Expandir opções vegetarianas e veganas, especialmente em períodos de maior impacto ambiental, pode contribuir para sistemas alimentares mais sustentáveis em universidades públicas.
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS, MINERO-DEPENDÊNCIA E SAÚDE COLETIVA: O CASO DE ITABIRA-MG
Pôster Eletrônico
1 UNIFEI/OCDOCE
2 UFJF/OCDOCE
Apresentação/Introdução
O município de Itabira, MG, é marcado pela mineração de ferro há oito décadas, sofrendo com os impactos socioambientais como a poluição do ar, da água e do solo, que causam problemas respiratórios, falta d’água e prejudica a agricultura. Barragens também são fonte de sofrimento mental na população, que vive refém da minero-dependência, que é central na arrecadação pública e geração de empregos.
Objetivos
O objetivo é identificar elementos que relacionem impactos socioambientais da mineração e agravos à saúde da população à minero-dependência. A hipótese é que a minero-dependência reduz a capacidade de resistência aos impactos da mineração.
Metodologia
O município de Itabira foi escolhido por ser um caso emblemático, é onde surgiu e foi desenvolvido o modelo de mineração industrial existente hoje no Brasil. Também pela proximidade das atividades de exploração mineral da área urbana, causando impactos socioambientais e agravos na saúde da população. E por estar num processo de exaustão, com fechamento das minas do complexo previsto para 2041. O método utilizado nesta pesquisa foi a revisão bibliográfica e busca documental em jornais sobre os impactos socioambientais da mineração, agravos à saúde e formas de resistência, também foi feita a análise de uso do CFEM pelo poder público municipal com base nos relatórios “De Olho na CFEM”.
Resultados
A pesquisa demonstrou que um dos principais impactos socioambientais da mineração em Itabira é a falta de água, pois 75% das outorgas de água são destinadas à mineração, enquanto o consumo humano utiliza 16%, além da presença de contaminantes nos rios e solo. A poluição atmosférica é alta, gerando problemas respiratórios na população. O terrorismo de barragem gera sofrimento mental e expulsa moradores das áreas de risco. A prefeitura é refém da arrecadação do CFEM, que o usa com pouca transparência, e os moradores precisam dos empregos e da renda para sobreviver. Movimentos de resistência são constantes, porém têm pouca adesão e visibilidade.
Conclusões/Considerações
A resistência aos impactos da mineração é notória em Itabira, porém as condições insalubres, assim como a dependência econômica tanto do poder público, quanto dos próprios moradores reduz a capacidade de atuação em movimentos sociais organizados e espaços de controle social. Neste contexto, a poluição do ar, da água e a perda de território para mineradoras têm se agravado, com consequências diretas na saúde pública da população de Itabira.
DESFECHOS EM SAÚDE SEGUNDO A CID-11 POR TIPO DE DESASTRE DO EM-DAT: UMA ANÁLISE PRELIMINAR
Pôster Eletrônico
1 UFRGS
Apresentação/Introdução
A análise dos impactos em saúde relacionados aos desastres exige a integração entre classificações padronizadas de exposições e desfechos. Este estudo aborda a lacuna metodológica existente entre os sistemas Emergency Events Database (EM-DAT) e Classificação Internacional de Doenças (CID-11), propondo um mapeamento sistemático entre ambos para qualificar estudos epidemiológicos sobre desastres.
Objetivos
Estabelecer relação entre os grupos e subtipos de desastres do EM-DAT e os códigos de desfechos em saúde do CID-11, a fim de apoiar estudos epidemiológicos e fortalecer a vigilância em saúde.
Metodologia
A partir do mapeamento (BOWKER; STAR, 2000) entre os termos do glossário do EM-DAT e as categorias do CID-11 foi feita uma correspondência por meio de análise documental e cotejo conceitual entre os subtipos de desastres do EM-DAT e os códigos CID-11 referentes a agravos em saúde física e mental. O processo buscou refletir as especificidades dos riscos diretos e indiretos por tipo de desastre, considerando a literatura epidemiológica e as diretrizes da Organização Mundial da Saúde.
Resultados
Para os sete grupos de perigos do EM-DAT (biológicos, climatológicos, extraterrestres, geofísicos, hidrológicos, meteorológicos e tecnológicos) foram identificados mais de 100 pares entre tipos de desastres e desfechos do CID-11. O estudo destacou a relevância de categorias como trauma múltiplo (ND30), transtornos de estresse pós-traumático (6B40), e lesões térmicas (NB90) e doenças infecciosas (01), frequentemente associadas aos riscos hidrológicos, meteorológicos e biológicos.
Conclusões/Considerações
O mapeamento entre EM-DAT e CID-11 tem potencial contribuição para padronizar os desfechos de saúde relacionados a desastres, aprimorar a vigilância epidemiológica e subsidiar políticas de redução de risco. A proposta alinha-se às recomendações do Marco de Sendai, contribuindo para fornecer mais elementos para o planejamento dos sistemas de saúde e ampliando a capacidade de resposta frente aos desastres.
EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA SAÚDE DA POPULAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: DIANTE DAS ALTAS TEMPERATURAS E DA UMIDADE RELATIVA DO AR
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo
2 Secretaria Municipal da Saúde
3 Secretaria Municipal da Saúde / Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
Mudanças no clima afetam a saúde de maneira complexa e multifatorial, resultando de uma interação entre as condições ambientais e sociais. Urge compreender os processos de adoecimento motivados ou intensificados pela crise climática, dado que a causa pode resultar em consequências no agravamento de doenças e colocar à prova o Sistema Único de Saúde.
Objetivos
Analisar os atendimentos médicos e as internações hospitalares registrados no município de São Paulo, a umidade relativa do ar e a variação de temperatura entre 2021 e 2024.
Metodologia
Estudo descritivo, com o intuito identificar e registrar a análise exploratória realizada no banco de dados de 2021 a 2024 no Município de São Paulo, e apoiado em bibliografia correlata. Para a análise, foram calculadas as médias mensais dos dados de umidade relativa do ar, média histórica e temperatura mínima e máxima, com base nos dados do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE). Os CIDs analisados foram escolhidos seguindo o Guia de Bolso para Profissionais da Saúde sobre Mudanças Climáticas e os dados mensais de atendimentos e internações foram disponibilizados pela Coordenação de Epidemiologia e Informação da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo-SP.
Resultados
Com temperaturas mínimas e máximas acima da média histórica esperada para o período, identificou-se que 2024 foi o ano mais quente da série temporal. Observou-se crescente aumento de atendimentos por asma, bronquite e outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas e internações hospitalares por infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral, principalmente, entre julho e setembro daquele ano em relação ao mesmo período nos anos anteriores - destaque especial para agosto que apresentou auge de atendimentos e internações entre os CIDs analisados. Os picos mais baixos da média da umidade relativa do ar revelaram um aumento nos atendimentos, sobretudo, por asma.
Conclusões/Considerações
Identificou-se aumento de atendimentos médicos por doenças respiratórias e internações por doenças cardiovasculares em períodos específicos, podendo existir uma relação entre a umidade relativa do ar abaixo do ideal, somado a temperaturas acima da média histórica no município, principalmente, em 2024. Levando em conta limitações dos dados trabalhados, mais estudos são necessários para identificar uma associação e aprofundamento da análise.
PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS OCULARES EM PESCADORES ARTESANAIS EXPOSTOS AO DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO NO BRASIL EM 2019 (DPB2019)
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UNIRIO
3 IFSC
4 CIDACS/Fiocruz
Apresentação/Introdução
Derramamentos de petróleo causam impactos à saúde humana devido a exposição a compostos químicos tóxicos. Residentes das regiões litorâneas, como pescadores artesanais, estão vulneráveis à exposição a hidrocarbonetos presentes no petróleo, os quais podem provocar manifestações clínicas como irritação ocular.
Objetivos
Estimar a prevalência de sinais e sintomas oculares agudos, relatados no período de 1 a 3 meses após o início do derramamento de petróleo ocorrido no Brasil em 2019, em comunidades de pescadores artesanais.
Metodologia
Estudo epidemiológico de corte transversal realizado entre 2021 e 2022 em seis localidades que pertencem a Reserva Extrativista e Área de Proteção Ambiental no litoral da Bahia. O questionário, validado através do método Delphi, foi aplicado a 959 pescadores artesanais das comunidades afetadas pelo DPB2019. A exposição ao petróleo foi classificada em baixo, médio e alta na limpeza do petróleo e no trabalho da pesca. O efeito ocular (olhos lacrimejantes ou coceira, ardência e visão embaçada ou distorcida) foi presente quando o indivíduo relatou pelo menos dois sintomas e/ou sinais. Foram calculadas as frequências e as razões de prevalência (RP) para os sintomas oculares com IC95%.
Resultados
Dos participantes, 55,8% eram do sexo feminino e 44,1% do masculino. Relataram olhos lacrimejantes ou com coceira 31,7%; ardência nos olhos foi de 37,3%; e visão embaçada ou distorcida foi de 23,3%. Entre os pescadores com alta exposição durante a remoção, a prevalência de sintomas oculares foi 216% maior (RP=3,16 IC95%: 2,56–3,92) quando comparado aos pescadores classificados com baixa exposição. Na atividade da pesca, a prevalência de sintomas oculares foi 166% maior (RP=2,66 IC95%: 2,15–3,29) em relação ao grupo de baixa exposição.
Conclusões/Considerações
A alta exposição ao petróleo foi associada a sinais e sintomas oculares agudos tanto na remoção do petróleo quanto no trabalho da pesca. Os resultados apontam para a urgência de ações intersetoriais de resposta rápida, acompanhamento clínico, vigilância em saúde e medidas que assegurem a justiça social e ambiental nos territórios expostos a desastres ambientais.
EXPANSÃO DO MONOCULTIVO DE SOJA, CONSUMO DE AGROTÓXICOS E SAÚDE NO PLANALTO SANTARENO, OESTE DO PARÁ, NOS ÚLTIMOS 10 ANOS
Pôster Eletrônico
1 UFOPA e PET/IFII
2 UFOPA
Apresentação/Introdução
A região Oeste do Pará concentra hoje alguns dos municípios que mais produzem soja e milho no estado. Desde o início dos anos 2000 os municípios do Planalto Santareno (PS) vêm sofrendo com a expansão do cultivo de soja e do uso intensivo de agrotóxicos. Nesse sentido é necessário conhecer o panorama de utilização e exposição aos agrotóxicos nas regiões para pensar formas de prevenção de agravos.
Objetivos
Objetivamos compreender o contexto de exposição aos agrotóxicos agrícolas nos municípios de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos, que conformam o Planalto Santareno, no período de 2014 a 2023.
Metodologia
Calculamos o tamanho das áreas de lavoura temporária e permanente e da área cultivada com soja dos três municípios a partir dos dados do PAM/IBGE e os dados das intoxicações agudas por agrotóxicos através do SINAN/DATASUS. Estimamos a quantidade de agrotóxicos utilizados nas lavouras a partir da média de consumo de 17,7 L/ha estabelecida por Pignati et al., (2014). Analisamos e interpretamos os dados a partir de tabelas organizadas por município, ano, cultura e quantidades de agrotóxicos com auxílio do programa de computador Excel.
Resultados
Na região do PS a soja e o milho ocupam a maior área de cultivo tendo intensificado sua expansão a partir de 2016. Embora Santarém seja o município com maior área territorial do PS, é Mojuí dos Campos que possui a maior área cultivada com soja e consequentemente a que mais consome agrotóxicos. Estimamos o consumo de 12 milhões de litros de agrotóxicos nos 10 anos de estudos com uma média de consumo por habitante de 1,6; 29,3 e 37,7 L/hab em Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos respectivamente. Foram registradas 169 notificações de intoxicações por agrotóxicos agrícolas, de 2014 a 2023 no PS. Destes, 72,8% foram em Belterra.
Conclusões/Considerações
O PS apresenta intensa expansão dos monocultivos de soja e por conseguinte um acentuado consumo de agrotóxicos agrícolas. A população está exposta a altas quantidades de agrotóxicos e, portanto, é preciso discutir e adotar medidas de prevenção aos agravos. Recomenda-se adoção de zonas livres de agrotóxicos, determinação de distâncias mínimas e a informatização dos dados relativos à comercialização de agrotóxicos nos municípios do Pará.
EFICIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE NA SAÚDE: O NOVO CENÁRIO DE UMA REGIÃO DE SAÚDE CEARENSE
Pôster Eletrônico
1 SESA- CE
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas demandam ações sustentáveis no setor saúde. Este estudo analisou o impacto da implantação de um hospital na Região de Saúde Litoral Leste/Jaguaribe (RSLLJ), no Ceará, na redução de emissões de CO₂ e consumo de combustíveis, minimizando deslocamentos por ambulâncias para internações antes concentradas em Fortaleza.
Objetivos
Avaliar os impactos ambientais e econômicos da implantação de um hospital na RSLLJ/CE, antes carente de atenção terciária e dependente de internações em Fortaleza.
Metodologia
A metodologia utilizada foi exploratória, quantitativa e descritiva, com abordagem retrospectiva. Os dados foram obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). O foco foi o município de residência dos pacientes e as internações no Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), aprovadas e rejeitadas. A partir desses dados, calcularam-se as distâncias médias percorridas por ambulâncias após a instalação do HRVJ e as que seriam percorridas caso a referência ainda fosse Fortaleza. Aplicaram-se parâmetros padronizados de emissão de CO₂ por quilômetro rodado e consumo de combustível, permitindo estimar a redução das emissões e dos custos operacionais do deslocamento.
Resultados
A descentralização hospitalar teve impactos ambientais, econômicos e operacionais. A redução dos deslocamentos evitou aproximadamente 1.000 toneladas de CO₂ e gerou uma economia estimada de R$ 3.000.000,00 em combustíveis. A RSLLJ, antes desprovida de atenção terciária, implantou o serviço, aliviando a sobrecarga da rede de Fortaleza. Embora a descentralização amplie o acesso e a eficiência na gestão, Pinafo (2020) ressalta a necessidade de planejamento para garantir sua sustentabilidade. Além disso, a menor necessidade de deslocamentos preserva recursos naturais e melhora a qualidade do ar, e segundo Vaccani (2024), contribui para a diminuição de custos e o incentivo a tecnologias limpas.
Conclusões/Considerações
A implantação do HRVJ demonstrou que superar vazios assistenciais promove benefícios sanitários, ambientais e financeiros. A experiência destaca que decisões sobre expansão da rede assistencial devem integrar critérios de sustentabilidade, especialmente em regiões com histórico de deslocamentos longos para internações hospitalares, como a RSLLJ no Ceará.
O PAPEL-CHAVE DO CONSUMO ALIMENTAR NO CENTRO DA CRISE DE SINDEMIA GLOBAL
Pôster Eletrônico
1 FSP- USP
2 FSP-USP
Apresentação/Introdução
A sindemia global — interação entre obesidade, desnutrição e mudanças climáticas — representa um desafio urgente da saúde coletiva. O consumo alimentar desempenha papel central nessa dinâmica, influenciando e sendo influenciado por determinantes sociais, ambientais e econômicos, o que exige abordagens integradas e contextuais.
Objetivos
Identificar como o consumo alimentar se relaciona com os três componentes da sindemia global e propor um modelo conceitual que sintetize essas conexões à luz da segurança alimentar e nutricional e do modelo socioecológico.
Metodologia
Realizou-se uma revisão de escopo baseada na metodologia do Instituto Joanna Briggs e nas diretrizes PRISMA-ScR. A busca nas bases PubMed, Scopus e Web of Science identificou 11.208 estudos. Após remoção de duplicatas, triagem e aplicação dos critérios de inclusão, 12 estudos foram selecionados. Foram incluídos artigos que relacionassem o consumo alimentar a pelo menos dois componentes da sindemia global. Os dados extraídos foram analisados de forma narrativa e embasaram a construção de um modelo conceitual orientado pelas dimensões da segurança alimentar e nutricional e pelo modelo socioecológico.
Resultados
Os 12 estudos incluídos foram originados predominantemente em países na África e Ásia. Identificou-se que o consumo alimentar é influenciado por fatores individuais, familiares, ambientais e estruturais, como renda, acesso, diversidade da dieta, padrões alimentares e emissões de gases de efeito estufa. A insegurança alimentar mostrou-se conectada a decisões alimentares que repercutem nos três componentes da sindemia global, inclusive nas emissões associadas à produção e consumo de alimentos.
Conclusões/Considerações
O modelo conceitual proposto evidencia as interações entre sistemas alimentares, saúde e clima, com foco na segurança alimentar e nutricional. Além de sintetizar evidências, contribui para o debate conceitual sobre a sindemia global e apoia políticas públicas mais integradas e contextualizadas, especialmente em países ainda pouco representados nas pesquisas, como o Brasil.
DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS E SAÚDE: CONSTRUÇÃO DE UM INDICADOR DE DESORDEM FÍSICA NO CONTEXTO URBANO BRASILEIRO
Pôster Eletrônico
1 UFMT
2 UFMG
Apresentação/Introdução
No Brasil, 87,4% da população vive em áreas urbanas. A desordem física são sinais visíveis de negligência e degradação ao apresentar deterioração da paisagem urbana, podendo refletir desigualdades na sociais e econômicas. A desordem física tem sido associada a impactos negativos na saúde, incluindo estresse psicossocial, percepção de segurança, sedentarismo, consumo abusivo de álcool e obesidade.
Objetivos
Avaliar as desigualdades socioespaciais em cidades brasileiras por meio da criação de um indicador de desordem física baseado nos dados do censo demográfico.
Metodologia
Estudo ecológico com dados do Censo Demográfico de 2010 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por setor censitário, referentes às características urbanísticas do entorno dos domicílios em 70 cidades, selecionadas por comporem a amostra do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros. Foi avaliado um conjunto de nove variáveis: iluminação pública, pavimentação, arborização, bueiro/boca de lobo, lixo acumulado em vias públicas, esgoto a céu aberto, meio-fio/guia, calçada e rampa para cadeirantes. Calculou-se o percentual da presença de cada atributo em relação ao total de domicílios. Foi realizada análise fatorial para a construção do indicador composto de desordem física.
Resultados
Foram analisados 74.065 setores censitários da área urbana. O percentual de iluminação pública foi de 88,0%; pavimentação, 82,1%; meio-fio/guia, 76,7%; calçada 73,4%; arborização, 60,2%; bueiro/boca de lobo, 49,1%; esgoto a céu aberto, 8,5%; rampa para cadeirantes, 7,5%; e lixo acumulado, 5,0%. As regiões Norte e Nordeste apresentaram os maiores percentuais de esgoto a céu aberto e lixo acumulado, enquanto que iluminação, pavimentação, rampa e meio fio/guia foram maiores na região Centro-Oeste; de arborização e bueiro/boca de lobo, no Sul; e de calçada, no Sudeste. As maiores médias do indicador de desordem física foram nas regiões Norte e Nordeste e menores no Centro-Oeste, Sul e Sudeste.
Conclusões/Considerações
A desordem física foi mais frequente nas cidades das regiões Norte e Nordeste, refletindo as disparidades regionais que podem ser atribuídas à segregação espacial e a fatores estruturais, como os sistemas de transporte, a infraestrutura e desenvolvimento urbano. Analisar as desigualdades socioespaciais no contexto urbano pode contribuir para a compreensão dos aspectos sociais, econômicos e estruturais que podem afetar a saúde da população.
DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS E A PROMOÇÃO DA SAÚDE NAS CIDADES: O CASO DAS PRAÇAS DE CUIABÁ/MATO GROSSO
Pôster Eletrônico
1 UFMT
Apresentação/Introdução
A disponibilidade de espaços públicos pode contribuir para promoção da saúde, por meio do bem-estar físico, mental e social. Os espaços públicos são locais que possibilitam a livre visitação e a comunicação entre diferentes atores. As praças integram o espaço público e possuem condição privilegiada de centralidade urbana, com caráter permanente no desenvolvimento das cidades.
Objetivos
Analisar a distribuição espacial das praças de Cuiabá a partir da construção de uma base de dados coletada a partir de plataformas de geolocalização gratuitas.
Metodologia
Estudo desenvolvido no município de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, com área territorial de 4.327,220 km² e população de 650.877 pessoas. Foi desenvolvido um algoritmo no software R para construção da base de dados de geolocalização das praças por meio da manipulação geoespacial e integração com APIs do OpenStreetMap e Google Places. A extração dos dados espaciais foi realizada de Agosto a Setembro/2024 com filtros específicos e após a coleta, os dados foram processados, incluindo extração de coordenadas e atributos complementares. A definição dos polígonos foi feita pela vetorização manual a partir do Google Earth. Os mapas temáticos foram construídos no software livre Qgis.
Resultados
Foram identificadas 221 praças na área urbana de Cuiabá. Foi realizado um processo de consistência dos dados que incluiu as etapas: 1) observação dos locais a partir de imagens pelo Google Earth; 2) comparação com documentos oficiais e trabalhos acadêmicos anteriores. O município é dividido em 4 regiões administrativas e foi observado a concentração das praças nas regiões Leste (42%) e Oeste (32%), que correspondem às áreas centrais da cidade e com melhor infraestrutura urbana e indicadores socioeconômicos. As regiões Norte (12%) e Sul (12%) correspondem às áreas de expansão da cidade e em divisa com a área rural, que reproduzem a organização do espaço urbano marcado pela segregação socioespacial.
Conclusões/Considerações
A distribuição das praças no município de Cuiabá é desigual, que reflete a exclusão social e restringe o acesso a direitos básicos como lazer e promoção da saúde para populações periféricas. A qualificação da informação sobre a distribuição das praças na cidade pode contribuir para diagnóstico e subsídio das políticas públicas sensível às múltiplas formas de exclusão e segregação existentes na cidade e sua relação com a promoção da saúde.
CO-CRIANDO E APERFEIÇOANDO O APP MAIS LUGAR COM SABERES COMUNITÁRIOS: PESQUISA FORMATIVA PARA MELHORAMENTO SANITÁRIO E AMBIENTAL COM MHEALTH EM COMUNIDADES DE SALVADOR-BA
Pôster Eletrônico
1 ISC/UFBA
2 UFBA
3 GSU
4 UNC-Chapel Hill
Apresentação/Introdução
Mais de 20% dos 210 milhões de brasileiros e brasileiras vivem em comunidades urbanas empobrecidas. A maioria dos moradores destas comunidades são excluídos das soluções de melhoria ambiental, incluindo o saneamento básico. Abordagens mHealth voltadas para intervenções de melhoramento sanitário e ambiental podem contribuir no desenvolvimento de soluções inclusivas e da participação comunitária.
Objetivos
Desenvolver mensagens e funcionalidades de um aplicativo (App) culturalmente apropriadas para aumentar a participação comunitária, a aceitação e o engajamento nas intervenções de saneamento urbano em Salvador.
Metodologia
Uma pesquisa formativa foi realizada em duas comunidades de Salvador, Bahia. Foram conduzidos dois workshops sobre tecnologia móvel com 38 participantes, entre junho e dezembro de 2024, e cinco Grupos Focais (GFs) com 27 moradores e líderes comunitários, entre agosto a outubro de 2024. Nos GFs, foram trabalhados três eixos temáticos: 1) Pontos fortes das comunidades; 2) Questões ambientais e de saneamento; 3) Aceitabilidade e viabilidade do uso de telefones celulares. Nos workshops foram realizadas oficinas interativas para identificar os aplicativos usados pela comunidade; as mensagens-chaves sobre o esgoto; os incentivos para uso de aplicativos; e novos recursos do aplicativo.
Resultados
Os participantes dos GFs e Workshops eram homens e mulheres de diferentes áreas das comunidades, com idades entre 16 e 70 anos, autodeclarados de raça/cor preta, com escolaridade ensino fundamental e médio, predominando jovens no ensino médio. GFs: os principais problemas ambientais citados foram poluição, lixo, mosquitos, ratos, e remoção de áreas verdes. Entre os problemas do saneamento básico, destacaram-se o esgoto, inundações e falta de água. Workshop: Whatsapp e Instagram foram os aplicativos mais usados. As mensagens-chaves abordaram esgoto, drenagem e tarifas. Como incentivos, destacaram-se internet e o uso do WhatsApp para mensagens e áudios para relatar problemas de saneamento.
Conclusões/Considerações
A pesquisa formativa, por meio dos grupos focais e workshops, evidenciou a centralidade do esgoto como problema prioritário nas comunidades, além da familiaridade dos moradores com aplicativos como o WhatsApp. A escuta das comunidades possibilitou a identificação de funcionalidades e as mensagens-chave potencialmente mais apropriadas para o aplicativo, favorecendo sua aceitação e uso como ferramenta de melhoramento sanitário e ambiental.
IMPACTO DO MATERIAL PARTICULADO FINO (MP2,5) NA MORBIMORTALIDADE POR DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
A poluição atmosférica é um determinante ambiental com impactos relevantes na saúde coletiva. Partículas inaláveis finas, como o material particulado (MP2,5), estão associadas ao agravamento de doenças respiratórias, especialmente em populações vulnerabilizadas.
Objetivos
Analisar a associação entre a concentração média mensal de MP2,5 e os desfechos de internações e óbitos por doenças respiratórias no município de Campinas, São Paulo, entre os anos de 2010 e 2023.
Metodologia
Estudo ecológico, com dados agregados mensalmente entre 2010 e 2023. Foram analisadas internações e óbitos por doenças respiratórias (CID-10: J00–J99) em residentes de Campinas, obtidos de bancos públicos. As concentrações de MP2,5 foram extraídas de série histórica padronizada. Foram incorporadas variáveis meteorológicas (temperatura média e chuva) de duas estações locais (CEPAGRI/UNICAMP e IAC/CIIAGRO). Utilizou-se regressão linear múltipla para estimar a associação entre MP2,5 e os desfechos, ajustando por temperatura e chuva. As análises foram realizadas no ambiente Python, com nível de significância de 5%.
Resultados
Foram observadas médias mensais de 556 internações e 75 óbitos por doenças respiratórias. A média de MP2,5 foi de 27,4 µg/m³, com maior concentração nos meses mais secos. Houve correlação positiva entre MP2,5 e os desfechos (ρ = 0,44 para internações; ρ = 0,49 para óbitos). No modelo ajustado, cada aumento de 1 µg/m³ em MP2,5 associou-se a 0,83 internações adicionais (p < 0,001) e 0,26 óbitos adicionais (p < 0,01). Temperatura apresentou associação negativa com óbitos. A chuva não teve efeito significativo.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam uma associação significativa entre a exposição ao material particulado fino (PM2,5) e o aumento de internações e óbitos por doenças do aparelho respiratório em Campinas. Tais achados destacam a necessidade de políticas integradas de saúde e meio ambiente, com foco na vigilância da qualidade do ar e na proteção de populações vulneráveis, especialmente diante do agravamento da crise climática.
REDE NEURAL GRU MULTIVARIADO E MODELAGEM TEMPORAL APLICADOS À ANÁLISE DE RISCO GESTACIONAL EM SÃO PAULO, BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Apresentação/Introdução
O baixo peso ao nascer (BPN), definido como peso inferior a 2.500 gramas, representa um importante marcador de saúde pública por estar fortemente associado à mortalidade neonatal, infantil e ao risco de doenças futuras. A etiologia do BPN pode envolver tanto a prematuridade quanto a restrição de crescimento intrauterino, sendo influenciada por fatores fisiológicos e ambientais ao longo da gestação.
Objetivos
Objetiva-se identificar janelas temporais críticas em que as exposições ambientais exercem maior impacto sobre os desfechos neonatais entre os anos 2011-2022
Metodologia
Foi implementado um modelo de rede neural recorrente. A avaliação foi feita no conjunto de teste, com métricas RMSE, MAE e MAPE. A análise de resíduos (Shapiro-Wilk), autocorrelação (ACF) e teste de Ljung-Box. A série foi decomposta pelo método aditivo com frequência trimestral, gerando: valores observados, tendência de longo prazo, variação sazonal recorrente e resíduos aleatórios. Foi ajustado um modelo aditivo generalizado (GAM) linear com termos suavizados para capturar relações não lineares entre variáveis ambientais e a taxa de baixo peso ao nascer e foi avaliado por R², P-value RMSE e MAE.
Resultados
O modelo GRU reproduziu bem o nível médio da taxa de baixo peso ao nascer, com RMSE de 0,0067, MAE de 0,0057 e MAPE de 5,65% mas indicou limitações em identificar variações estruturais e cíclicas em séries trimestrais. A decomposição da série revelou uma tendência estável até 2019, com elevação após 2020, forte padrão sazonal e resíduos aleatórios. A análise inferencial indicou associação não linear entre poluentes atmosféricos (PM₂.₅, HCL, CO, CH₄) e o desfecho, além de efeitos da variável climática (fotoperíodo), sugerindo influência real das exposições ambientais sobre a taxa de baixo peso ao nascer.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a taxa de baixo peso ao nascer no estado de São Paulo manteve-se estável até 2019, com aumento após 2020 e forte sazonalidade trimestral. A GRU teve bom desempenho médio, mas subestimou picos e sazonalidade, melhor captados pela decomposição. A análise inferencial revelou efeitos significativos e não-lineares de PM₂.₅, HCL, CO, CH₄, destacando a influência das exposições ambientais nos riscos gestacionais.
ANÁLISE DE RISCO GESTACIONAL COM REDE NEURAL GRU NO DISTRITO FEDERAL: EVIDÊNCIAS DE PADRÕES TEMPORAIS E AMBIENTAIS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Apresentação/Introdução
O baixo peso ao nascer (BPN) é uma condição multifatorial e um importante preditor de desfechos adversos na infância e na vida adulta. Eventos climáticos e poluentes ambientais, podem afetar negativamente o desenvolvimento gestacional, prejudicando o fluxo sanguíneo uteroplacentário e a oxigenação fetal, impactando particularmente à divisão celular e às alterações hormonais nos trimestres gestacionais.
Objetivos
Objetiva-se identificar janelas temporais críticas em que as exposições ambientais exercem maior impacto sobre os desfechos neonatais no período 2011-2022 implementando um modelo de rede neural recorrente
Metodologia
O modelo de rede neural foi treinado com MSE. A avaliação foi feita com RMSE, MAE e MAPE. A análise de resíduos (Shapiro-Wilk), autocorrelação (ACF) e teste de Ljung-Box. A série foi decomposta pelo método aditivo com frequência trimestral, gerando: valores observados, tendência de longo prazo, variação sazonal recorrente e resíduos. Foi ajustado um modelo aditivo generalizado (GAM) linear com termos suavizados para capturar relações não lineares entre variáveis ambientais e a taxa de baixo peso ao nascer.O desempenho do modelo foi avaliado por R², P-value, RMSE e MAE.
Resultados
A modelagem com rede neural GRU estimou com precisão (RMSE = 0,0073; MAE = 0,0062; MAPE = 6,00% mas apresentou limitações em identificar variações estruturais e cíclicas em séries trimestrais. A decomposição da série revelou tendência estável até 2019, com elevação após 2020, forte padrão sazonal trimestral e resíduos aleatórios de baixa magnitude. A análise inferencial identificou associações não-lineares significativas entre o baixo peso e variáveis ambientais com efeitos parciais ( PM₂.₅, C₂H₆, NO₂ e CH₃COCH₃) além da influência do fotoperíodo e umidade relativa(%) sobre a sazonalidade observada.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que houve uma tendência crescente no baixo peso ao nascer após 2020, com sazonalidade parcialmente não capturada pela GRU. A decomposição temporal revelou mudanças estruturais importantes ao longo da série, e a análise inferencial indicou associações significativas, sugerindo influência relevante de fatores ambientais e climáticos na saúde perinatal.
AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AO DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO EM PESCADORES (AS) NA COSTA BRASILEIRA EM 2019/2020
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UFBA
3 UNICAMP
Apresentação/Introdução
Em 2019, a costa brasileira foi atingida pelo derramamento de petróleo em oceanos tropicais. Foram recolhidas quase 5000 toneladas de resíduos. Pescadores(as) artesanais enfrentaram perdas econômicas e insegurança alimentar e foram os principais respondentes do desastre, principalmente no trabalho de remoção do resíduo tóxico evidenciando a importância de avaliar a exposição dessa população.
Objetivos
Classificar níveis de exposição ao petróleo em pescadores(as) artesanais afetados(as) pelo derramamento de 2019 na costa da Bahia durante atividades de remoção de petróleo e de pesca
Metodologia
Trata-se de estudo epidemiológico de corte transversal com questionário aplicado a 959 pescadores artesanais residentes em áreas afetadas pelo derramamento na Bahia (Canavieira, corumbau, conde e Cairu). O modelo de resposta gradual da Teoria de Resposta ao Item (TRI) foi utilizado para estimar os escores de exposição ao petróleo dos indivíduos, considerando a exposição durante as atividades de pesca e de remoção. A TRI propõe modelos para traços latentes, ou seja, características dos indivíduos que não podem ser observadas diretamente. Os traços latentes foram estimados por meio de análise fatorial baseada nas variáveis de exposição do questionário.
Resultados
Cerca de 60% dos pescadores participaram das atividades de remoção de petróleo, e, entre eles, 76,5% relataram precisar de treinamento para a tarefa. O modelo identificou três níveis de exposição:baixo, médio e alto. Cerca de 25,8% dos pescadores tiveram alta exposição durante as atividades de remoção do petróleo, e 73 indivíduos (7,6%) foram classificados com alta exposição tanto nas atividades de pesca quanto nas de remoção. Nas APAs de Conde e Cairu, um percentual menor foi classificado com alta exposição ao óleo durante as atividades de remoção. Os maiores níveis de exposição estão na RESEX Corumbau, tanto na atividade de remoção (38,8%) quanto na atividade pesqueira (19,4%).
Conclusões/Considerações
Este estudo demonstrou que pescadores artesanais residentes em áreas afetadas pelo derramamento apresentaram diferentes níveis de exposição ao petróleo durante as atividades de remoção e de pesca/marisqueio. Os resultados destacam a necessidade de monitoramento ambiental dos territórios, priorização dessas populações em treinamentos de preparação para desastres e inclusão de políticas de saúde e assistência ao trabalho durante e após desastres.
A PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DO COMPLEXO DO LINS, RJ, LOCALIZADA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CANAL DO CUNHA SOBRE AS CONDIÇÕES DO SANEAMENTO AMBIENTAL DO TERRITÓRIO
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 ONG A Voz do Lins de Vasconcelos
Apresentação/Introdução
A água potável e o saneamento são reconhecidos como direitos essências ao pleno direito a saúde e a vida (ONU, 2010). Há uma parcela da população que não possui esse direito assegurado, a população de territórios socioambientalmente vulnerabilizados como favelas e periferias que convivem cotidianamente com o saneamento inadequado, como é o caso do Complexo do Lins, na cidade do Rio de janeiro.
Objetivos
O objetivo do trabalho foi conhecer as condições do saneamento ambiental e do meio ambiente do Complexo do Lins e o impacto na vida da população do território.
Metodologia
Para identificar as condições de saneamento ambiental foram aplicados questionários estruturados aos moradores do território. O questionário estruturado foi composto por questões com dados socioeconômicos, saneamento ambiental, água, esgoto, resíduo sólido, cobertura vegetal, tecnologia social e saúde. O projeto possui parceria com a ONG Voz do Lins, e uma equipe de pesquisadores locais realizaram as entrevistas, e deram suporte para a realização da pesquisa no território. As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2023 a março de 2024, em 345 domicílios, sendo o tamanho amostral representativo de 10% do Complexo do Lins, baseado no Censo Domiciliar do IBGE de 2010.
Resultados
As respostas dos moradores a pesquisa mostraram que dos 345 entrevistados 46%, possuem renda familiar mensal de R$ 1.301 a R$ 2.600 e 36% entre R$ 781 a R$ 1.300.
Sobre a inscrição em programas de transferência de renda 53%, não recebem. Sobre trabalho 35% não trabalham ou nunca trabalharam e 78% dos entrevistados se declararam como preta ou parda.
Sobre abastecimento de água, 64% recebem água diariamente, 80% fazem algum tipo de tratamento na água para beber, 75% utilizariam tecnologia social que trata água de nascente. 50% da população já tiveram doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado, 80% responderam que existem vetores de doenças relacionados ao lixo não coletado.
Conclusões/Considerações
A pesquisa demonstrou os problemas do saneamento ambiental no território, como falta de água e esgotamento sanitário. A população percebeu gosto, cor e odor na água e o abastecimento de água é intermitente. Tratam a água em casa para beber fazendo a filtração, além de comprarem água envasada quando a mesma não está aparentemente boa ou quando há a falta de água e o lixo é um problema para a população, pois a coleta no território não é adequada.
PESQUISA PARTICIPATIVA SOBRE ESCASSEZ HÍDRICA E CONDIÇÕES DE SANEAMENTO EM COMUNIDADES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
Apresentação/Introdução
O acesso ao saneamento básico é um direito estabelecido pela (ONU) e pela legislação brasileira. Essa ausência causa impactos significativos na saúde pública, dignidade humana e na qualidade de vida das populações mais vulneráveis (BRASIL,1997; ONU,2010). Estudos têm apontado que a falta ou a precariedade no saneamento pode ocasionar diversas doenças e reforçar as desigualdades socioeconômicas.
Objetivos
Este projeto faz um panorama das condições de saneamento em favelas do Rio de Janeiro, em parceria com lideranças locais e a população, caracterizando suas necessidades, subsidiando políticas públicas mais eficazes ás necessidades da população.
Metodologia
Para este projeto será realizada uma metodologia participativa através de questionário, oficinas e rodas de conversa.
- Questionário elaborado com foco em saneamento ambiental
-Rodas de conversa, com a finalidade de promover um momento, para tratar das questões locais.
- Oficina inicial com a finalidade de apresentar o projeto a população e uma oficinal final, fazendo uma devolutiva dos dados alcançados.
Todo este processo será registrado de forma sistemática, possibilitando sua utilização futura em outros territórios.
Resultados
O projeto está na primeira fase e foram realizados: o reconhecimento do território; planejamento das entrevistas, oficina e roda de conversa na favela do Jacarezinho. Próximos passos: leitura e compilação dos dados obtidos na entrevista; Expansão para outras comunidades; sistematização dos dados coletados
Conclusões/Considerações
Conclui-se que a roda de conversa foi significativa para o diálogo com a população que manifestou interesse em participar da pesquisa. As respostas do questionário, apontaram os aspectos negativos de saneamento, já descritas nas falas dos moradores. Moradores e pesquisadores discutiram a importância da Vigilância Popular e da consulta cidadã de dados nas favelas para apoiar reinvindicações na área do saneamento ambiental.
ONDAS DE CALOR E INTERNAÇÕES POR DOENÇAS CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIAS EM IDOSOS NO ESTADO DE MATO GROSSO, 2013-2024.
Pôster Eletrônico
1 UFMT
2 BiomedStat- Consultoria
Apresentação/Introdução
Ondas de calor interferem na homeostase de idosos pela menor capacidade de termorregulação e podem desencadear adoecimento, principalmente pelas doenças cardiovasculares e respiratórias. Para este estudo, ondas de calor será definida quando, em determinado local, a temperatura tem aumento de >5 °C durante 3 dias (INMET).
Objetivos
Analisar a relação entre Ondas de Calor (OCs) e hospitalizações por doenças cardiovasculares e respiratórias em idosos no estado de Mato Grosso entre os anos de 2013 e 2024.
Metodologia
Foram usados dados diários de temperatura máxima (Tmax) de estações meteorológicas de MT, organizadas por regiões. Calculou-se, para cada dia e estação, a média histórica e o desvio-padrão (DP). Dias com Tmax ≥ média + 1 DP foram considerados acima do limiar. Quando ≥50% das estações da região excederam o limiar, o dia foi classificado como crítico. Blocos com ≥3 dias consecutivos foram eventos preliminares de onda de calor. A classificação definitiva exigiu intensidade média acima do terceiro quartil (Q3). As análises foram feitas em Python 3.11 no Google Colab, sem arredondamentos intermediários.
Resultados
Houve diferença significante nas médias de hospitalizações por doenças cardiocirculatórias e respiratórias entre os grupos, com valores maiores nos dias com onda de calor (p < 0,001). A média de internações cardiocirculatórias foi de 1,25 em dias com onda de calor e 0,95 nos demais dias. Para hospitalizações por causas respiratórias, a média foi de 0,7 nos dias com onda de calor e 0,5 nos demais dias.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que se encontrou associação entre ondas de calor e o aumento das hospitalizações por doenças cardiovasculares e respiratórias no estado de Mato Grosso no período estudado. Além disso, evidencia uma distribuição heterogênea das ondas de calor entre as regiões administrativas do estado ao longo da série histórica.
PROTOCOLOS DE CALOR COMO REAÇÃO À CRISE CLIMÁTICA
Pôster Eletrônico
1 IMS/UERJ
Apresentação/Introdução
O aquecimento global aumentou a frequência, duração e intensidade das ondas de calor no planeta - resultante de ações humanas danosas sobre o ambiente. A associação entre mortalidade e calor não é imediata. Não há uma associação direta, sequer uma espetacularização das mortes, tal como ocorre quando há uma enchente devastadora. Isto levou a OMS a dizer que o calor é um assassino silencioso.
Objetivos
Analisar a conversão do calor em um fator de risco à vida compreendendo este fenômeno por meio de chaves teóricas do campo das ciências sociais e humanas. Debater o eixo biopolítica, crise climática e calor.
Metodologia
A metodologia utilizada é qualitativa e se inspira na abordagem socioantropológica. Por meio de uma etnografia do enfrentamento ao calor extremo, este trabalho adotará como circuito as conexões entre calor, emergência climática, documentos, serviços de saúde, gestores, cientistas, trabalhadores e população. Essa abordagem permitirá desvendar o processo pelo qual o calor, mais que uma condição meteorológica, transformou-se em um complexo problema de saúde pública. O objeto da pesquisa é um estudo caso sobre a elaboração, implantação e gestão de um protocolo de calor para a cidade do Rio de Janeiro e para os serviços de saúde.
Resultados
Políticas sanitárias para o calor têm sido criada em diversos países. Os deflagradores são episódios traumáticos com ondas de calor que levam à morte centenas de pessoas, em um curto período. Para debater o eixo da biopolítica, aciono as contribuições de N. Rose e M. Foucault. Em resumo, o termo compreende a gestão sobre a vida das pessoas como política de Estado. Cito um episódio analisado de calor extremo no Rio de Janeiro que levou à óbito diversas pessoas, em 2023. A mais simbólica foi a perda de uma jovem negra durante o show da Taylor Swift. Isto deflagrou a criação de um protocolo de calor na cidade, com fluxo de atendimento e intervenção em dias extremos de calor. Pioneiro no país.
Conclusões/Considerações
Concluo salientando que problematizar o calor e suas consequências tornou-se um acontecimento nascido da ruptura drástica dos padrões climáticos. Ao traçar a fronteira entre um mundo habitável e outro inabitável, as ciências do Sistema Terra foram categóricas: ultrapassar 1,5°C de aquecimento médio global é cruzar um limite perigoso. O atual modelo econômico industrial foi capaz de transpô-lo e o campo científico abordará cada vez mais o tema.
A INCIDÊNCIA DOS CASOS DE INFLUENZA A ASSOCIADOS ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NO MUNICÍPIO DE SANTOS, ESTADO DE SÃO PAULO, NOS ÚLTIMOS 10 ANOS
Pôster Eletrônico
1 Unisantos
Apresentação/Introdução
A gripe A é altamente contagiosa e sua incidência pode ser influenciada por fatores climáticos como mudanças na temperatura. Em Santos-SP, os casos aumentam em períodos mais frios e úmidos. Este estudo investiga a relação entre os episódios de influenza A e as condições climáticas locais, mudando para melhorar as estratégias de vigilância epidemiológica e de saúde pública.
Objetivos
Estudo analisa casos de influenza A em Santos-SP nos últimos 10 anos, correlacionando-os com variações climáticas (temperatura e umidade), buscando padrões sazonais e associações com mudanças climáticas para subsidiar políticas de saúde pública.
Metodologia
Estudo descritivo e retrospectivo, com abordagem quantitativa, realizado a partir de dados secundários do SINAN e da base climática do Qualar (Setesb), referentes ao período de 2014 a 2024 em Santos-SP. Foram analisados casos confirmados de influenza A e variações climáticas como temperatura média, umidade relativa do ar e umidade. Os dados foram organizados em planilhas e examinadas a estatística descritiva e panorâmica de Pearson (p<0,05), com resultados apresentados em gráficos de linhas e barras comparando incidência de casos e condições climáticas mensais.
Resultados
Nos últimos dez anos, Santos registrou 1.238 casos de influenza A, com picos entre abril e agosto, períodos de menor temperatura (16°C–20°C) e alta umidade (75%–90%). Houve resultados positivos com a umidade (r=0,68; p<0,01) e negativos com a temperatura (r=-0,52; p<0,05), mas não com problemas (r=0,14; p>0,05). Anos como 2016 (El Niño) e 2020 (pandemia) tiveram maiores incidências. Idosos e crianças menores de cinco anos foram os mais afetados.
Conclusões/Considerações
O estudo associado à incidência de influenza A em Santos à redução da temperatura e aumento da umidade, reforçando a importância de monitorar as condições climáticas para prever surtos. Sugere integração entre saúde e meteorologia no planejamento de campanhas de vacinação e medidas preventivas. Recomendar estudos futuros com abrangência regional para validar tendências e aprofundar o entendimento sobre os mecanismos climático-biológicos envolvidos.
SAÚDE EM TODAS AS POLÍTICAS: A ESTRATÉGIA NACIONAL DE MITIGAÇÃO À MUDANÇA DO CLIMA E SEUS COBENEFÍCIOS PARA A SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
A Estratégia Nacional de Mitigação à Mudança do Clima (ENM) consiste no documento responsável pelo planejamento e coordenação das ações de mitigação climática no Brasil até 2035. Ao todo, 7 (sete) Planos Setoriais compõem essa estratégia, sendo eles: Uso e Cobertura do Solo em Áreas Públicas, Agricultura e Pecuária, Cidades, Energia, Indústria, Resíduos e Transportes.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é analisar esse documento com a intenção de avaliar como as prioridades setoriais fora da responsabilidade do setor Saúde contribuem para a Promoção da Saúde de populações vulnerabilizadas às mudanças climáticas.
Metodologia
Para realizar esta análise, utilizamos como referencial teórico-político a abordagem “Saúde em Todas as Políticas”, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que estimula a busca de sinergias e cooperações intersetoriais, responsabilizando formuladores de políticas pelos impactos à saúde gerados pelos seus setores. A partir dessa perspectiva, realizamos uma leitura integral do documento disponibilizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) na página do Brasil Participativo, sistematizando as prioridades elencadas para os Planos Setoriais de Mitigação e identificando os possíveis cobenefícios dessas medidas para a saúde de populações mais vulnerabilizadas.
Resultados
Entre os cobenefícios identificados como mais frequentes estão: a redução da poluição do ar e das doenças respiratórias; a melhoria da qualidade da água e do saneamento básico, com impacto direto nas doenças infecciosas; a promoção da segurança e soberania alimentar, com redução da vulnerabilidade socioeconômica; a valorização e proteção das populações tradicionais e seus territórios; a melhoria da saúde mental, coesão comunitária e bem-estar coletivo por meio de espaços urbanos saudáveis; e a melhoria das condições de trabalho e proteção ocupacional.
Conclusões/Considerações
A incidência de medidas que atuem sobre os determinantes sociais e ambientais da saúde contribuem para avanços na garantia da qualidade de vida dos indivíduos e comunidades. Consideramos que analisar as prioridades setoriais de mitigação à mudança do clima é uma forma de compreender quais benefícios para a saúde pública estão previstos e por onde o setor Saúde pode construir diálogos intersetoriais associados à Equidade e Promoção da Saúde.
INJUSTIÇA AMBIENTAL EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE: DESAFIOS NA GESTÃO DE RESÍDUOS E PERCEPÇÃO DA POLUIÇÃO DO AR
Pôster Eletrônico
1 UFPI
2 FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
As desigualdades afetam de modo desproporcional populações marginalizadas, como as comunidades quilombolas. No Semiárido piauiense, a escassez de serviços básicos, somada à exposição a riscos ambientais, reflete uma conjuntura de territórios marcados por injustiça socioambiental. A invisibilidade revela a necessidade de analisar a poluição e práticas locais de descarte à luz da justiça ambiental.
Objetivos
Este trabalho visa analisar as desigualdades ambientais em comunidades quilombolas do Semiárido do Piauí, com ênfase nas práticas de descarte de resíduos sólidos e nas percepções locais sobre poluição do ar.
Metodologia
Estudo transversal e observacional domiciliar, realizado em 2025 em quatro comunidades quilombolas do Piauí: Sumidouro; Tapuio; Baixão da Onça e Pitombeiras, parte da macrorregião de saúde do Semiárido. Os dados foram coletados através de entrevistas com residentes nas comunidades, maiores de 18 anos, e que consentisse com a pesquisa após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi aprovada de acordo com preceitos éticos no Comitê de Ética em Pesquisa/UFPI sob o CAAE: 78510124.5.0000.5214/2024. Foram analisadas as variáveis sobre a percepção da poluição do ar, presença de coleta seletiva e formas de descarte dos resíduos sólidos.
Resultados
Dentre os 59 participantes, observou-se que 44,1% relataram percepção média ou alta acerca da poluição do ar. A ausência de coleta seletiva (86,4%) e a incineração dos resíduos sólidos como descarte predominante (83,1%) reforçam a marginalização histórica da ausência de serviços essenciais. Mas também, a imposição de estratégias de sobrevivência ambientalmente danosas. Tais questões refletem um cenário de vulnerabilidade ambiental, que à luz da justiça ambiental, evidencia a negação de direitos básicos e revelam o racismo ambiental e estrutural, em que populações vulnerabilizadas são expostas a riscos invisíveis e negligenciadas pelas políticas públicas.
Conclusões/Considerações
As comunidades quilombolas enfrentam desafios com a gestão inadequada dos resíduos e ausência de coleta seletiva, que revelam a persistente negação dos seus direitos básicos. Além de expor as vulnerabilidades ambientais sofrida nos territórios. Faz-se necessário, o reconhecimento dos quilombos nas políticas públicas e práticas que realizem a gestão dos seus resíduos com justiça ambiental e social.
MONOTONIA ALIMENTAR NO BRASIL: MAIS ULTRAPROCESSADOS, MAIS CARNES E MENOS BIODIVERSIDADE (2002-03, 2008-09 E 2017-08)
Pôster Eletrônico
1 Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP); Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (fernandahml@gmail.com)
2 Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP); Programa de Pós-Graduação Nutrição em Saúde Pública, Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (anderson.lucas@usp.br)
3 Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP); Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (constant@usp.br)
4 Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP); Departamento de Nutrição, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (maria.laura.louzada@usp.br)
Apresentação/Introdução
O conceito contemporâneo de alimentação saudável incorpora não apenas os efeitos sobre a saúde individual, mas também suas implicações ambientais e sociais. Segundo consenso científico emergente, um padrão alimentar saudável e sustentável é aquele rico em alimentos in natura ou minimamente processados, majoritariamente de origem vegetal, e com consumo limitado de alimentos ultraprocessados.
Objetivos
O objetivo do estudo foi analisar as tendências do consumo alimentar no Brasil nos períodos 2002/03, 2008/09 e 2017/18, a partir de três atributos: consumo de alimentos ultraprocessados, consumo de carnes e diversidade de espécies na dieta.
Metodologia
Dados de disponibilidade domiciliar de alimentos da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2002-03, 2008-09 e 2017-18 foram utilizados. Fatores de correção foram aplicados e a quantidade comestível foi convertida em calorias. Os alimentos foram então categorizados em quatro grupos segundo a classificação Nova. Posteriormente, os alimentos categorizados no grupo 1 da Nova foram classificados no nível das espécies por meio de nomenclatura taxonômica. Três indicadores foram então criados: % calórico de alimentos ultraprocessados, % calórico de carnes e riqueza de espécies distintas. Modelos de regressão linear foram utilizados para avaliar o significado estatístico das mudanças temporais.
Resultados
Entre 2002-03 e 2017-18, observou-se um aumento significativo da participação calórica de alimentos ultraprocessados (14,2% vs 19,4%), de carnes em geral (11,0% vs 14,2%) e de carnes vermelhas e processadas (7,0% vs 9,2%). Por outro lado, observou-se uma redução na diversidade de espécies distintas provenientes de alimentos in natura e minimamente processados no período (6,5 vs 5,7 espécies), sendo que esta queda foi mais acentuada nas espécies vegetais (5,0 vs 4,4 espécies) que animais (1,5 vs 1,3 espécies). Tanto o aumento da participação de ultraprocessados e de carnes quanto a redução da diversidade de espécies do grupo 1 da Nova foi mais acentuada entre os mais pobres.
Conclusões/Considerações
Resultados das últimas três edições das POF indicam que a população brasileira está se afastando de um padrão alimentar saudável e sustentável. Nas últimas décadas, observou-se um aumento global do consumo de alimentos ultraprocessados e de carnes, em detrimento de uma variedade de alimentos in natura e minimamente processados de origem vegetal. Tais mudanças revelam um agravamento da monotonia alimentar no país, em especial entre os mais pobres.
O AGRAVO DO SPILLOVER COMO CONSEQUÊNCIA DAS PERTURBAÇÕES SOCIAIS NA ERA DO CAPITALOCENO: UMA REVISÃO NARRATIVA DE LITERATURA
Pôster Eletrônico
1 Universidade de Brasília
Apresentação/Introdução
A propagação de doenças zoonóticas deu uma guinada através do uso indiscriminado da terra e das alterações climáticas agravadas pelas ações antropogênicas (TARAZONA et al., 2019). Para a ocorrência do spillover é preciso haver um alinhamento de múltiplas camadas (PROBOSTE et al., 2022), sendo este um fenômeno multifatorial e de complexidade ímpar (BURKLE, 2020).
Objetivos
Descrever como as mudanças climáticas oriundas de ações antrópicas têm agravado o fenômeno de spillover para populações humanas.
Metodologia
Foi utilizada a estratégia focada na população, conceito e contexto (PCC) para estruturar a questão de pesquisa. Os componentes representados foram populações humanas (P) acometidas pelo agravo do spillover (C) em situações de mudanças climáticas (C). Assim, as buscas, realizadas nas bases de dados PubMed, BVS e Periódicos CAPES, se basearam na pergunta: “Como as mudanças climáticas têm agravado o fenômeno de spillover para populações humanas?”. Foram utilizados os descritores e operadores booleanos “zoonotic spillover” AND “climate change” AND “human populations” na modalidade de pesquisa avançada dos últimos 10 anos.
Resultados
Todos os estudos selecionados foram exportados para o gerenciador de referências Rayyan versão web. Uma seleção final de 64 estudos foi obtida a partir dos 229 materiais rastreados. Destes, 100% (n = 64/64) versaram sobre o PCC pré-estabelecido. Com isso, 28,1%(n = 18/64) trouxeram dinâmicas de vetores, sendo que, desse recorte, 55,5% (n = 10/18) trouxeram dinâmicas de carrapatos e 44,4% (n = 8/18) trouxeram dinâmicas de mosquitos. Ainda, 45,3% (n = 29/64) falaram sobre os determinantes de saúde que culminam em spillover, 51,6% (n = 33/64) sobre o aumento da interface entre hospedeiros e patógenos e 42,2% (n = 27,64) colocaram a One Health como uma medida necessária a ser tomada.
Conclusões/Considerações
As mudanças no clima agravadas pelas ações antrópicas favorecem os eventos de spillover devido à perda de biodiversidade, aumento da faixa geográfica de vetores e alteração da migração de animais selvagens, culminando na ocorrência de primeiros encontros. Todavia, tais alterações no clima derivam de concentrações de poder, culminando no assolamento dos determinantes de saúde e resultando em riscos de repercussão zoonótica.
DETERMINAÇÃO DA SAÚDE NO NÍVEL TERRITORIAL: APLICAÇÃO DA ABORDAGEM ISADORA DE INTEGRAÇÃO DA SAÚDE NO AMBIENTE URBANO EM UMA COMUNIDADE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ
2 IFRJ
3 EEAN/UFRJ
Apresentação/Introdução
A concentração da população nas cidades em áreas de alta densidade habitacional,acarretam resultados indesejados de saúde. Uma abordagem integrada de planejamento focada na saúde pode ajudar aos gestores municipais na melhoria da qualidade de vida da população.
Objetivos
Relatar o processo de evidenciação dos determinantes sociais de saúde em um território urbano Para tal, será utilizada e adaptada a abordagem Urbanismo Favorável à Saúde UFS e do guia ISadOrA da EHESP para o contexto brasileiro.
Metodologia
A primeira fase consta de uma pesquisa descritiva para avaliação da saúde da população no território. A segunda fase incluiu questionários e entrevistas semiestruturadas.
A terceira fase será a aplicação e adaptação do Guia ISadOrA, uma abordagem sistêmica para avaliação e/ou proposição de intervenções no meio urbano. O Guia ISadOrA tem como objetivo oferecer um apoio para o planejamento de uma cidade mais saudável
Os resultados poderão indicar as melhores alternativas para reduzir os impactos ambientais e sociais dessa população e servir como modelo para ser utilizado em outros territórios e municípios do país.
Resultados
Foram identificados vários problemas que afetam a saúde da população. Trata-se de território de ocupação informal em uma área federal. O território se situa em área poluída por emissões de combustíveis fósseis oriundas de tráfego intenso, do aeroporto, dos navios, com passivos ambientais de indústrias poluidoras, ocorre intermitência no fornecimento de água gerando riscos de contaminação. Os resultados poderão ser aplicados para solução de um problema prático pela comunidade local, como Oficinas de limpeza de caixa d’água, higiene pessoal, dicas para armazenamento de resíduos sólidos, sugestões de materiais e arranjos de arquitetura nas construções.
Conclusões/Considerações
A determinação social e ambiental tem papel relevante na saúde da população em territórios precarizados. Há várias ações e intervenções que podem ser realizadas para a melhoria de qualidade de vida dessas populações. Deve ser incentivada a identificação dos determinantes urbanos da saúde em ambiente urbano, sua discussão com a população local e a intersetorialidade entre os diversos setores municipais na busca de melhores soluções.
NÍVEIS DE METAIS TÓXICOS NO SANGUE DO CORDÃO UMBILICAL DE RECÉM-NASCIDOS DO GUARUJÁ NO ANO DE 2024.
Pôster Eletrônico
1 UNISANTOS
2 UNOESTE - Campus Guarujá
Apresentação/Introdução
No Guarujá, há exposição a metais tóxicos que podem comprometer o desenvolvimento cerebral e comportamental das crianças. Diante disso, conhecer o grau de exposição, por meio da determinação da concentração dessas substâncias no sangue, torna-se fundamental para prevenir desfechos negativos.
Objetivos
Analisar as concentrações de metais tóxicos no sangue do cordão umbilical de recém-nascidos na cidade do Guarujá no ano de 2024.
Metodologia
Avaliação transversal da concentração de metais tóxicos no sangue do cordão de crianças incluídas no projeto “Coorte Guaru-yá” e acompanhadas clinicamente até os 6 meses de vida. As amostras foram preparadas no laboratório do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas da UNISANTOS e analisadas no Centro de Excelência da Agilent Technologies, em Barueri, SP. Utilizou-se um Espectrômetro de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS) com material de referência certificado. As concentrações de chumbo, arsênio e cádmio foram processadas em triplicata, adotando-se a média como valor final.
Resultados
Foram analisadas amostras de sangue de cordão umbilical de 235 recém-nascidos. As concentrações máximas observadas foram de 10055,0 µg/L de arsênio; 8192,0 µg/L de cádmio; 640,7 µg/L de mercúrio e 10051,0 µg/L de chumbo, estando acima do estabelecido na legislação.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que os recém-nascidos cujas genitoras passaram o período da gestação em áreas expostas a metais tóxicos, apresentaram concentrações altas dos elementos no sangue de cordão. Isso representa um risco para a saúde dos recém-nascidos na cidade do Guarujá e demanda ações opara diminuir a exposição.
INTERNAÇÕES POR CAUSAS RESPIRATÓRIAS E FOCOS DE QUEIMADAS NO ESTADO DE SÃO PAULO ENTRE 2008 E 2023
Pôster Eletrônico
1 Departamento de Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Apresentação/Introdução
O aumento dos focos de queimadas no Brasil nos últimos anos, contribui com a mudança climática e seus impactos negativos. A elevação da concentração de material particulado e de gases oriundos da combustão está associada à piora de sintomas respiratórios e de doenças agudas e crônicas, sobretudo, em pessoas mais suscetíveis, tornando-se necessário ampliar as investigações sobre este tema.
Objetivos
Verificar correlação entre a incidência de internações hospitalares por causas respiratórias e a ocorrência de queimadas nas 17 regiões de saúde do Estado de São Paulo, entre 2008 e 2023.
Metodologia
Estudo ecológico com dados de domínio público do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/DATASUS) e da base de dados sobre queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (BDQ/INPE). Foram consideradas internações por doenças do aparelho respiratório (Capítulo X da CID-10) e os registros de queimadas por Departamentos Regionais de Saúde (DRS), conforme a divisão administrativa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. As correlações entre coeficientes de internação anuais e a proporção de queimadas nos municípios dos 17 DRS, foram verificadas pelo coeficiente de correlação de Pearson ou de Spearman, com nível de significância de 5% e obtidas com uso do software SPSS 21.0.
Resultados
De modo geral, no Estado de São Paulo, houve tendência de redução das internações por doenças respiratórias entre 2008 e 2023, e importante variação na ocorrência de focos de queimadas, segundo a divisão territorial dos DRS do Estado. Observou-se correlação positiva moderada, estatisticamente significativa, entre internações e queimadas (r=0,61; p=0,013) no território do DRS 11 - Presidente Prudente, cuja média registrada no período foi de 911,3 focos de incêndio. Nos territórios do DRS 14 (São João da Boa Vista) e DRS 16 (Sorocaba) verificaram-se correlações inversas significativas (p<0,05), nos quais as médias de focos de incêndio registradas foram de 672 e 533, respectivamente.
Conclusões/Considerações
Embora tenha havido redução nas internações por doenças respiratórias no Estado de São Paulo no período, verificou-se correlação significativa entre queimadas e internações em alguns territórios dos DRS. Apesar de outros fatores ambientais contribuírem para o desfecho estudado, os achados reforçam a importância de monitorar os impactos das queimadas na saúde por meio de ações intersetoriais, sobretudo nas regiões com maior frequência de incêndio.
INFLUÊNCIA DAS TEMPERATURAS ELEVADAS NO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 CIDACS
2 CIDACS, ENUFBA, ISC/UFBA
3 LSHTM
4 ISC/UFBA
5 CIDACS, ENUFBA
6 CIDACS, ISC/UFBA
Apresentação/Introdução
A crise climática é um desafio global emergente com riscos potenciais para as práticas de aleitamento materno. As altas temperaturas podem reduzir o tempo de aleitamento, no entanto, pesquisas sobre as relações entre as condições climáticas e o comportamento de amamentação são extremamente limitadas.
Objetivos
O objetivo deste estudo foi avaliar a influência das temperaturas elevadas no tempo de aleitamento materno exclusivo.
Metodologia
Estudo longitudinal de base populacional utilizando dados de consumo alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), no período de 2015 a 2019, no Brasil. Os dados de temperatura ambiente foram obtidos a partir do Brazilian Daily Weather Gridded Data (BR-DWGD). Os efeitos da temperatura ambiente no aleitamento materno exclusivo foram estimados usando GLM combinado com modelos não lineares de defasagem distribuída (DLNM).
Resultados
Foram avaliadas 239.172 crianças de 0 e 6 meses. A prevalência de aleitamento materno exclusivo (AME) foi de 59,53%. Observou-se uma prevalência de AME maior em crianças do sexo feminino (60,40%) e residentes em municípios com baixo Índice Brasileiro de Privação (IBP - Q1+Q2: 63,87%). Observamos um efeito acumulado a cada aumento de 1 ºC acima da temperatura mediana (P50 – 24 ºC) na redução do tempo médio de AME em 0,77 dias [IC 95% -0,85; -0.70] (aproximadamente 18,48 horas). Esses efeitos foram maiores para as regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Conclusões/Considerações
Os resultados apontaram que as crianças expostas a altas temperaturas apresentaram, no geral, redução do tempo de AME; com efeitos mais acentuados em regiões mais quentes e pobres do Brasil. Nossos dados são importantes para auxiliar a elaboração de políticas públicas voltadas para a saúde materno-infantil e redução do impacto das mudanças climáticas nas práticas alimentares infantis.
A CRISE CLIMÁTICA E A VIOLÊNCIA SEXUAL E DE GÊNERO: ATENÇÃO, CUIDADOS À SAÚDE E DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS EM TEMPOS DIFÍCEIS
Pôster Eletrônico
1 USP
2 UFPR
3 UFSC
Apresentação/Introdução
A violência sexual e de gênero (VSG) são graves problemas de saúde pública e o Brasil possui dados alarmantes, ademais, há algo que corrobora com suas altas taxas em todo mundo: a crise climática.
Objetivos
Analisar como a crise climática pode impactar na VSG.
Metodologia
Foi realizada uma revisão da literatura na base de dados PubMed no idioma Inglês com os descritores “sexual and gender-based violence” e “climate crisis”. Foram incluídos artigos completos e foram excluídas duplicatas e artigos com acesso fechado ou outros tipos de trabalhos. Após os achados, foram lidos título, resumo e texto completo para analisar se os artigos encontrados abordavam a temática pesquisada. Foram encontrados 6 periódicos, os quais, após a avaliação na leitura do título, resumo e texto completo, permaneceram para embasar este trabalho.
Resultados
Eventos climáticos extremos levam a grandes deslocamentos, busca de refúgio, perda de familiares e/ou do ciclo familiar, problemas de saúde e vulnerabilidade socioeconômica que são associados ao aumento das formas de VSG, frequentemente relacionados à instabilidade econômica, insegurança alimentar, estresse mental, infraestrutura prejudicada, maior exposição a homens, tradição e desigualdade de gênero exacerbada. Além disso, contribuem para a interrupção de serviços e ações de saúde sexual e reprodutiva, o que potencialmente leva ao aumento de gravidezes indesejadas e mortalidade materna, infecções sexualmente transmissíveis e dificuldade de acessar espaços de denúncias.
Conclusões/Considerações
Infelizmente, o cenário atual aponta que a crise climática tende a se potencializar nos próximos anos, por isso, para combater a problemática da VSG, é importante a criação de políticas de combate com olhar interseccional, visto que “gênero, idade, raça, status econômico, educação e outras características sociais” determinam a vulnerabilidade e a capacidade de adaptação.
ASSOCIAÇÃO LONGITUDINAL ENTRE O AMBIENTE CONSTRUÍDO E ATIVIDADE FÍSICA EM ADULTOS DA COORTE DE NASCIMENTOS DE PELOTAS DE 1982
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia
2 Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia e Programa de Pós-Graduação em Educação Física
Apresentação/Introdução
Há evidências que o ambiente construído, que inclui a avaliação das ruas e suas conectividades, existência e distância até parques, praças e ciclovias, entre outros atributos, pode influenciar a prática de atividade física (AF). Entretanto, devido a diferentes formas de mensuração do ambiente e da AF, bem como diferentes procedimentos analíticos, as associações são inconsistentes.
Objetivos
Verificar a associação do ambiente construído no entorno da residência de adultos da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 1982 aos 30 anos, com AF de lazer, deslocamento e total aos 40 anos, além de verificar a interação do nível socioeconômico.
Metodologia
Estudo longitudinal com os participantes acompanhados aos 30 e 40 anos da Coortes de Nascimentos de Pelotas de 1982. Aos 30 anos, os endereços foram geocodificados. Em um buffer de 500m das residências, foram avaliados: densidade populacional, renda do setor censitário, pavimentação da via, iluminação pública, arborização, bueiro, lixo, esgoto a céu aberto, meio-fio e calçada (Censo Demográfico de 2010), cruzamentos de 4 vias ou mais, ciclovias, espaços públicos abertos (EPA) (Sistema de Informações Geográficas e auditagem), walkability. Desfechos obtidos aos 40 anos: AF lazer, deslocamento (autorrelatada) e atividade física moderada a vigorosa (AFMV) com bout de 5min/dia (acelerometria).
Resultados
A amostra foi composta por 1906 participantes. Estar no grupo de menor walkability, reduz a chance em 8% de praticar alguma AF de lazer. Em relação a AFMV, a média geométrica de AFMV foi 14% menor para os participantes que tinham no buffer a presença de EPA com algum atributo para AF de qualidade regular e área intermediária e 16% menor para os que tinham EPA com algum atributo para AF de qualidade boa e área intermediária. Para as demais características do ambiente construído não encontramos associações significativas com a AF de lazer, deslocamento e AFMV. Também há evidências de que algumas associações do ambiente construído com a AF são diferentes de acordo com o nível socioeconômico.
Conclusões/Considerações
Os achados sugerem associações negativas e nulas das características do ambiente construído sobre a AF em adultos, além da interação do nível socioeconômico. Embora o ambiente construído seja importante para oportunizar a AF, ela sofre diferentes influências. Assim, o planejamento urbano e a saúde pública devem ser aliados na promoção da saúde, tornando as cidades mais acessíveis e implementando espaços e trajetos equitativos para a população.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E PROMOÇÃO DA SAÚDE: ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM DIANTE DOS DESAFIOS AMBIENTAIS EMERGENTES
Pôster Eletrônico
1 IFF
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas moldam o ambiente em que vivemos e agem diretamente na saúde humana, representando uma crescente ameaça à saúde global, exigindo respostas interdisciplinares urgentes. A enfermagem, como profissão essencial no cuidado e promoção da saúde, desempenha papel estratégico na mitigação dos impactos ambientais e na adaptação das comunidades aos novos desafios climáticos.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo analisar estratégias de atuação da enfermagem na promoção da saúde frente aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Metodologia
Trata-se de uma revisão sistemática de caráter exploratório e abordagem qualitativa conduzida de acordo com as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA). Foi realizada a busca nas bases de dados PubMed, Scielo e BVS, no período de fevereiro a março de 2025, utilizando os descritores: "Climate Change"; "Nursing"; "Nurses"; "Nursing Education"; "Health Promotion" e "Environmental Health" combinados com os operadores booleanos OR e AND. Foram selecionados 128 artigos originais publicados nos últimos dez anos. Após a etapa de leitura de título e resumo, 60 artigos avançaram para a etapa de leitura de texto completo, sendo 18 incluídos nesta revisão.
Resultados
A Teoria Ambientalista de Florence Nightingale, precursora da Enfermagem Moderna, destaca a importância do ambiente na recuperação do paciente, considerando fatores como ventilação, higiene, alimentação e luz. Essa visão permanece atual frente às mudanças climáticas, que afetam diretamente a saúde global. Estudos apontam que a Enfermagem pode atuar promovendo cuidados sustentáveis, educação em saúde ambiental e advocacy por políticas públicas, reforçando seu papel essencial na mitigação dos impactos climáticos sobre a saúde. Além disso, a formação em Enfermagem precisa atuar no fortalecimento do compromisso dos futuros profissionais com as questões ambientais emergentes em nossa sociedade.
Conclusões/Considerações
A Enfermagem ainda assume discretamente o espaço da discussão ambiental e, consequentemente, das Mudanças Climáticas. Torna-se fundamental difundir as experiências que vêm sendo desenvolvidas pela Enfermagem no enfrentamento das Mudanças Climáticas. Além disso, é necessário refletir sobre o processo formativo dos futuros profissionais e como as questões ambientais estão sendo abordadas nesta etapa, com vistas a uma maior mobilização da categoria.
ASPECTOS PRELIMINARES DA RESPOSTA FORMAL DO ESTADO BRASILEIRO À CRISE CLIMÁTICA E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz Pernambuco
2 Universidade de Brasília (UnB)
Apresentação/Introdução
A crise climática impõe desafios crescentes à saúde pública, exigindo respostas estatais integradas e intersetoriais. No Brasil, a formulação de políticas e compromissos internacionais a partir da Rio-92 revela avanços, lacunas e contradições na incorporação da saúde nas agendas climáticas. Diante disso, torna-se urgente analisar criticamente como o Estado brasileiro tem formalizado sua resposta.
Objetivos
Analisar os marcos normativos e institucionais que orientam a resposta formal do Estado brasileiro à crise climática e suas repercussões na saúde, desde a Rio-92 aos dias atuais.
Metodologia
Estudo qualitativo com abordagem analítica, baseado em pesquisa documental. A investigação compreende a leitura de leis, decretos, planos e compromissos nacionais em plataformas como Planalto, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Ministério da Saúde, Biblioteca Digital da Câmara e Observatório do Clima. A coleta prioriza termos como “crise climática”, “clima e saúde”, “adaptação climática” e “mitigação de emissões”, articulados a eventos como Rio-92, Acordo de Paris e Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. A análise seguiu o método de análise de conteúdo, com categorização orientada pelo referencial da Determinação Social da Saúde.
Resultados
Os achados iniciais apontam que a saúde nem sempre é central nos documentos estratégicos do Estado brasileiro relacionados às mudanças climáticas, aparecendo, por vezes, de maneira secundária. Apesar dos avanços da Rio-92, persistem as fragmentações institucionais e falhas na atenção à saúde de povos vulnerabilizados. Além disso, a tramitação de propostas legislativas como o chamado “PL da Devastação” (PL 2.159/2021), que busca flexibilizar normas de licenciamento ambiental e fragilizar a proteção de territórios tradicionais, revelam retrocessos institucionais. Esse cenário amplifica o descompasso estrutural entre a agenda climática e os direitos sociais, especialmente o direito à saúde.
Conclusões/Considerações
A análise preliminar sugere a necessidade do fortalecimento da integração entre as agendas de clima e saúde nas políticas públicas brasileiras. Incorporar a perspectiva da equidade em saúde, com atenção especial aos povos e populações tradicionais, pode ser um caminho relevante para responder aos impactos da crise climática de maneira verdadeiramente justa. Estes são resultados parciais de uma pesquisa em curso.
FINANCIAMENTO PARA ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA NOS SISTEMAS DE SAÚDE: REVISÃO DE ESCOPO
Pôster Eletrônico
1 CAES/DESID/SECTICS/MS
2 CCONJ/CGEDS/DESID/SECTICS/MS
Apresentação/Introdução
A crise climática ameaça a saúde humana e os sistemas de saúde, exigindo respostas adaptativas urgentes. No entanto, o conhecimento sobre como financiar essas adaptações ainda é disperso. Esta revisão de escopo busca mapear e sintetizar o que já se sabe sobre políticas de financiamento para adaptação climática na saúde, identificando padrões, oportunidades e lacunas.
Objetivos
Mapear e sintetizar o conhecimento científico existente sobre propostas de financiamento da adaptação climática nos sistemas de saúde, com foco em identificar padrões, lacunas e oportunidades que orientem futuras pesquisas e ações governamentais.
Metodologia
O trabalho segue a metodologia do Instituto Joanna Briggs (JBI) para revisões de escopo. A pergunta norteadora foi: O que existe atualmente em termos de conhecimento sobre financiamento para adaptação climática dos serviços e sistemas de saúde? A busca por evidências foi realizada em bases de dados científicas. Os estudos foram selecionados conforme critérios de inclusão pré-definidos e analisados de forma qualitativa para mapear abordagens, mecanismos financeiros, atores envolvidos, e barreiras ou facilitadores.
Resultados
Encontra-se uma lacuna significativa no financiamento voltado à adaptação climática em saúde, tanto em termos de volume de recursos quanto de participação ativa do setor saúde em iniciativas multilaterais de financiamento climático. Ainda assim, há evidências do papel estratégico da saúde na agenda climática, com propostas promissoras sendo delineadas. Observa-se a predominância de experiências pontuais, com escassez de sistematização, coordenação e enfoque contextual nas políticas de financiamento.
Conclusões/Considerações
Apesar de iniciativas emergentes, o conhecimento sistemático sobre o financiamento da adaptação climática nos sistemas de saúde ainda é limitado. Pesquisas futuras, especialmente com foco local e nacional, são fundamentais para fortalecer estratégias de financiamento que promovam a Saúde Planetária e tornem os sistemas de saúde mais resilientes às mudanças climáticas.
ÁREAS CONTAMINADAS E DESNUTRIÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA REALIDADE INVISÍVEL NAS TAXAS DE INTERNAÇÃO ENTRE 2010 E 2023
Pôster Eletrônico
1 UNISANTOS
Apresentação/Introdução
A desnutrição é um grave problema de saúde pública. Ambientes contaminados agravam esse quadro ao afetarem a produção de alimentos, a qualidade do solo e da água. Substâncias tóxicas como chumbo e mercúrio impactam o desenvolvimento físico e cognitivo, especialmente em crianças, ampliando os efeitos da desnutrição.
Objetivos
Analisar as taxas de internação por desnutrição no estado de São Paulo entre 2010 e 2023, investigando possível associação entre a distribuição dessas internações e a localização de áreas ambientalmente contaminadas.
Metodologia
Estudo ecológico misto utilizando dados secundários públicos. Internações por desnutrição foram obtidas do Sistema de Informação DATASUS, e as áreas contaminadas da Agência Ambiental do Estado de São Paulo. Calculou-se taxas de desnutrição no estado de São Paulo (2010–2023). Realizou-se análise descritiva, testes de Qui-Quadrado para avaliar associações entre taxas de internação e áreas contaminadas. O nível de significância adotado foi 5%.
Resultados
Entre 2010 e 2023, a taxa média de internação hospitalar por desnutrição no Estado de São Paulo foi de 1.025/100 mil habitantes (homens: 2.127/100 mil; mulheres: 1.977/100 mil). A média de áreas contaminadas por município foi de 7,36 (DP = 22,4), com destaque para os Departamentos Regionais de Saúde I, IV e VII. O sexo masculino esta associado a internação por desnutrição (p<0,001). O teste de Qui-Quadrado indicou tendência de associação entre faixas de contaminação e desnutrição hospitalar (p = 0,057), sugerindo influência ambiental na ocorrência da desnutrição.
Conclusões/Considerações
Os resultados indicam possível influência das áreas contaminadas nas internações por desnutrição em SP, com tendência estatística observada. Reforça-se a necessidade de análises mais detalhadas, especialmente por CEP. A associação significativa com o sexo revela desigualdades de saúde. A dimensão ambiental deve integrar políticas públicas de enfrentamento à desnutrição.
RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO RIO NEGRO: INTEGRAÇÃO ENTRE SAÚDE, EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE FRENTE AOS DESAFIOS AMBIENTAIS AMAZÔNICOS
Pôster Eletrônico
1 DASPAM-UEA
2 UEA-ESA
Apresentação/Introdução
Atualmente no Brasil, as Unidades de Conservação (UC), representam espaços fundamentais para a gestão socioambiental na Amazônia. Essa gestão envolve a atuação ativa das comunidades tradicionais na administração de áreas de proteção ambiental voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais e manutenção ecológica dos espaços, para as atuais e para as futuras gerações.
Objetivos
Analisar a gestão socioambiental no território da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro (RDS-Rio Negro), e as ações estratégicas intersetoriais voltadas para a promoção da qualidade de vida das populações ribeirinhas.
Metodologia
Esta pesquisa foi desenvolvida nos anos de 2021 a 2023, na pesquisa de campo do Mestrado em Saúde Coletiva (UEA), e está tendo continuidade no Doutorado em Saúde Pública na Amazônia (associação entre Fiocruz-AM, UEA e UFAM). O método utilizado foi a pesquisa de campo (diálogos, oficinas, visitas as casas, entrevistas, rodas de conversas e registros), com líderes comunitários, com 26 moradores das comunidades que residem na área, distribuídas em 19 comunidades no Rio Negro, na UC localizada nos municípios de Iranduba, Manacapuru e Novo Airão, no Estado do Amazonas; alguns profissionais de saúde e professores da comunidade, e nas secretarias de saúde e meio ambiente do Estado do Amazonas.
Resultados
As comunidades são atendidas por uma única Unidade Básica de Saúde (UBS), no entanto a dinâmica dos atendimentos é conflituosa, pois, há somente uma UBS para atender as 19 comunidades ribeirinhas, e os profissionais de saúde não residem nas comunidades, eles chegam de barco na UBS nas terças-feiras e retornam para a cidade nas quintas-feiras, ou seja, poucos dias de atendimentos, para uma grande demanda, e com serviços básicos, poucas vagas para consulta médica, exames simples, vacinas, pré-natal, curativos, tratamento dentário (básico, pois, faltam materiais para tratamento mais complexo), e ações (palestras) de educação em saúde.
Conclusões/Considerações
Torna-se essencial a gestão intersetorial dentro de UC, que atue de forma efetiva, eficaz e eficiente sobre o território ribeirinho, em associação (Base Teórica Teoria Ator-Rede, de Bruno Latour, 2012), para resolver os desafios da educação, saúde e meio ambiente em áreas de UC na Amazônia, principalmente nos períodos de crises ambientais extremas.
AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O IMPACTO NAS SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 UNISANTOS
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas têm causado impactos graves na saúde pública, especialmente nas crianças, com o aumento das síndromes respiratórias. Regiões como o Rio Grande do Sul enfrentam desafios significativos, devido a eventos climáticos extremos, poluição do ar e vulnerabilidades socioeconômicas. Esse contexto evidencia a necessidade urgente de medidas para mitigar esses efeitos na saúde infantil.
Objetivos
Realizar uma revisão integrativa da literatura sobre as mudanças climáticas e seus efeitos nas síndromes respiratórias em crianças.
Metodologia
A metodologia deste estudo consiste em uma revisão integrativa, com a seleção de artigos publicados entre 2010 e 2024. A pesquisa será realizada nas bases PubMed, Scopus e Google Scholar, utilizando descritores como "mudanças climáticas", "doenças respiratórias infantis" e "variáveis climáticas". Os artigos foram classificados em três categorias: (1) estudos epidemiológicos sobre a relação entre clima e doenças respiratórias em crianças, (2) relatórios de organizações ambientais, e (3) artigos sobre estratégias de mitigação e adaptação climática. A análise será qualitativa, priorizando estudos com rigor metodológico e relevância para a saúde pública.
Resultados
A análise de 20 artigos revelou que as mudanças climáticas afetam significativamente a saúde respiratória infantil, com diferentes impactos em diversas regiões. Os principais impactos apresentados nesses estudos foram as projeções climáticas indicando um aumento nas internações por doenças respiratórias devido as condições de vulnerabilidade, baixo aspectos econômicos, falta de assoreamento em rios e/ou lagos. A maioria dos estudos destacaram que também enfrenta grandes desafios devido à elevação dos níveis de poluição do ar que acarretam mudanças climáticas severas e aumentam a vulnerabilidade das crianças a doenças como asma e bronquiolite.
Conclusões/Considerações
Destaca a importância dos impactos das mudanças climáticas na saúde pública e a necessidade de políticas de adaptação e mitigação para enfrentar esses desafios. Evidenciam a urgência de políticas públicas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas na saúde infantil. Essa temática merece atenção especial e políticas socioambientais eficazes para conduzir os atendimentos.
ADEQUAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS ABERTOS ÀS PRÁTICAS CORPORAIS E ATIVIDADE FÍSICA EM PELOTAS (RS): MUDANÇAS AO LONGO DE UMA DÉCADA
Pôster Eletrônico
1 UFPel
Apresentação/Introdução
O espaço público aberto se caracteriza por ser uma propriedade pública ou de uso público e acessível e desfrutável por todas as pessoas. Através da sua ampliação e democratização, além de enaltecer sua função social de garantir oportunidades de expressão de todos os grupos da sociedade, permite oportunizar encontros sociais e o acesso ao lazer e a promoção de práticas corporais e atividade física.
Objetivos
O objetivo do estudo foi descrever as mudanças na existência, qualidade e adequação dos espaços públicos abertos no município de Pelotas, Rio Grande do Sul, às práticas corporais e atividade física, em um período de 11 anos.
Metodologia
Trata-se de um estudo observacional, longitudinal, que realizou a auditagem dos espaços públicos abertos da zona urbana de Pelotas em 2012 e em 2023. Foram considerados espaços públicos abertos as áreas verdes com dimensões de parques e praças e os canteiros com estruturas passíveis de uso pela população. Utilizou-se o instrumento Physical Activity Resource Assessment (versão adaptada), composto por itens que avaliam a quantidade e a qualidade de estruturas para atividade física, bem como as condições de estética, limpeza e segurança. A coleta de dados foi realizada por equipe treinada. Os dados foram analisados no software STATA 17.0 e apresentados em números absolutos e relativos.
Resultados
Das 700 e 1157 áreas verdes registradas em 2012 e em 2023, respectivamente, foram identificadas 118 e 207 praças ou parques (aumento de 75,4%). Canteiros utilizáveis passaram de 127 para 128. Foi observado um aumento de bancos, iluminação e lixeiras, porém, o percentual dessas estruturas com qualidade boa representou menos de um terço. Campos de futebol e parquinhos foram as estruturas mais comuns nas praças e parques, registrando um aumento absoluto, mas não relativo. Pista de caminhada e de bicicleta foram as mais comuns nos canteiros e também aumentaram. Em termos qualitativos, todas as estruturas com qualidade boa diminuíram, com uma diminuição geral de 41,8% em 2012 para 19,7% em 2023.
Conclusões/Considerações
O número de espaços públicos abertos em Pelotas aumentou entre 2012 e 2023. Observou-se o aumento de atributos de conforto e de estruturas voltadas às práticas corporais e atividade física; contudo, estruturas com qualidade boa foram poucas e diminuíram no período avaliado. Persistem desafio na qualificação desses espaços, indicando a necessidade de políticas públicas que priorizem a qualidade e a manutenção dos espaços públicos abertos.
WILDFIRES, DEFORESTATION, AND HEALTH OUTCOMES: A SCOPING REVIEW FOCUSING ON TROPICAL RAINFORESTS
Pôster Eletrônico
1 UFBA; Cidacs
2 UFMG
3 Cidacs
4 London School of Hygiene and Tropical Medicine; Cidacs
Apresentação/Introdução
The scoping review aimed to map the health consequences of wildfires and deforestation in the tropical rainforest areas, analysing statistical methods and data sources. The search identified 56 on deforestation, 93 on wildfires, and four on both.
Objetivos
What are the impacts of wildfires and deforestation on disease occurrence, hospitalizations, births, deaths, and life expectancy in tropical rainforest regions? What methods and empirical data sources are used in analyses for such assessments?
Metodologia
We conducted a scoping review following the Joanna Briggs Institute manual, Arksey and O’Malley’s framework, and Levac et al., using PRISMA-ScR guidelines. The protocol is available elsewhere. We searched 16 databases on five platforms (e.g., PubMed, Scopus, Embase, EconLit, and VHL) on August 18, 2023, for quantitative studies on health impacts of wildfires or deforestation in tropical rainforests. Inclusion focused on disease, hospitalization, birth/death rates, and life expectancy. Two reviewers screened studies, extracted data, and resolved conflicts. We performed a narrative synthesis and created an evidence map based on exposure, methods, and ICD-10-coded health outcomes.
Resultados
The search retrieved 8,688 records; 153 studies were included—56 on deforestation, 93 on wildfires, and four on both. Most were from Latin America, especially Brazil (75 studies), and South/Southeast Asia. Satellite data was widely used for deforestation and wildfire analysis. Most studies (92.2%) were associational, using varied statistical methods. Health outcomes included disease incidence (41.2%), hospitalizations (29.4%), and birth/death (20.9%). Respiratory diseases were most frequent, with strong links to PM2.5. Malaria, leishmaniasis, and dengue were tied to deforestation. Wildfires were linked to increased mortality, hospitalization, cancer, and mental distress.
Conclusões/Considerações
Managing vector-borne diseases in deforested areas requires integrated public health and environmental strategies like spraying, breeding site control, education, and timely treatment. Policies must balance urbanization, agriculture, and conservation. Research gaps remain in methods and health outcomes. Wildfires and deforestation cause major respiratory, infectious, and mental health issues, especially in vulnerable groups.
MORTALIDADE CARDIOVASCULAR E ACIDENTES TECNOLÓGICOS EM SANTOS SP
Pôster Eletrônico
1 Unisantos
Apresentação/Introdução
Em Santos está localizado o maior porto da América Latina, onde circulam e são armazenados produtos químicos diversos. Em 02 de Abril de 2015 e janeiro de 2016 tivemos 02 acidentes ambientais tecnológicos, na empresa Ultracargo e na empresa Localfrio respectivamente com alta emissão de gases tóxicos.
Objetivos
Avaliar a taxa de mortalidade por doença cardiovascular antes e após os acidentes ambientais ocorridos no município de Santos, avaliando o período de 2010 e 2016 por sexo e faixa etária.
Metodologia
Estudo ecológico utilizando dados secundários do Sistema de Mortalidade SIM do banco de dados do Sistema Único de Saúde, onde foram obtidas informações de mortalidade por sexo e faixa etária de 2010 a 2016, sendo divididas em 02 subperíodos: antes dos acidentes de 2010 a 2014 e depois de 2015 e 2016 e de dois meses antes e dois meses após os eventos. Foi feita análise descritiva e utilizados testes não paramétricos comparando os dois períodos, utilizado o teste U de Mann-Whitney, e para a comparação entre os anos foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de comparações múltiplas de Dunn. O nível de significância foi de 5%. e utilizado SPSS 23.0 for Windows.
Resultados
O período após os acidentes apresentaram uma maior prevalência de óbitos na faixa etária de 50 a 59 anos (p<0,05) do que o período antes dos acidentes; a taxa de mortalidade para o sexo masculino, pelo teste U de Mann-Whitney, foi diferente entre os períodos para as faixas etárias de 50 a 59 anos, e de mais de 80 anos (p ≤0,05). Pelo teste U de Mann-Whitney, observa-se um aumento da taxa de mortalidade na faixa etária de 60 a 69 anos no período imediatamente após os acidentes.
Conclusões/Considerações
A prevenção de acidentes ambientais de todas as proporções deve ter relevância na agenda nacional, já existem instrumentos legais para este fim. Uma gestão de riscos efetiva e boas práticas corporativas reduziriam muito essas ocorrências, infelizmente bastante frequentes no Brasil. A intervenção rápida no caso de ocorrerem, com ações conjuntas de todos os entes envolvidos, pode ser decisiva para a redução de danos.
MORTALIDADE DAS MULHERES IDOSAS BRASILEIRAS NUM PERÍODO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS: UMA ANÁLISE DE SÉRIE TEMPORAL DE 2010 A 2019
Pôster Eletrônico
1 UFJF
2 Suprema
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas vêm intensificando eventos de temperatura extrema, afetando desproporcionalmente populações vulneráveis como as mulheres idosas. Estas apresentam maior risco de adoecer e morrer durante ondas de calor e frio. Poucos estudos nacionais estudaram a associação entre índices de conforto térmico e mortalidade geral entre idosas brasileiras nas cinco regiões do país.
Objetivos
Analisar mortalidade de mulheres idosas brasileiras das cinco regiões do Brasil no período de 2010 e 2019 e investigar a associação com Índice Climático Térmico Universal (UTCI) visando compreender impactos das mudanças climáticas
Metodologia
Estudo de séries temporais no período entre 2010 a 2019, com uma capital de cada região do Brasil: Belém, Fortaleza, Brasília, São Paulo e Porto Alegre, tendo como exposição o UTCI e como desfecho os óbitos totais diários em mulheres idosas. Do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) foram obtidos os dados de mortalidade e o UTCI foi calculado a partir dos dados climáticos do estudo BR-DWGD utilizando os pacotes do R brclimr e comf. Foram ajustados modelos defasados não lineares distribuídos (DLNM), com defasagem de 21 dias, com uso do pacote do R dlnm, para estimar os riscos relativos (RR) associados a valores extremos de UTCI (percentis 2,5 e 97,5), para cada capital.
Resultados
No período analisado de 2010 a 2019 faleceram 434.102 idosas nas cinco capitais estudadas, com uma média de óbitos diários de 7,5 em Belém até 75,2 em São Paulo. O UTCI teve valores mínimo de 12,3ºC e máximo de 40,4ºC em Porto Alegre. Com exceção de Belém, valores extremos de UTCI foram associados ao maior risco de morrer em mulheres idosas, com valores mais elevados de RR no frio extremo em Porto Alegre (RR 1,28; IC95%: (1,07-1,53) e São Paulo (RR=1,21; IC95%: 1,13-1,30) e no calor extremo Porto Alegre (RR=1,26; IC95%: 1,1-1,44), Brasília (RR=1,23; IC95%: 1,06-1,42) e Fortaleza (RR=1,14; IC95%: 1,02-1,29).
Conclusões/Considerações
Esta pesquisa evidenciou a influência das Mudanças climáticas aumentando os dias de calor e frios extremos promovendo o aumento nos óbitos gerais de mulheres idosas brasileiras. Isto somente não foi observado na cidade de Belém, região Norte do país. As demais capitais analisadas evidenciaram aumento relativo de óbitos tanto para o frio quanto para o calor extremos. Principalmente Porto Alegre na região Sul do país.
RELAÇÃO ENTRE A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA E AS INTERNAÇÕES POR DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM ADULTOS MORADORES NA CIDADE DE SANTOS/SP
Pôster Eletrônico
1 Unisantos
Apresentação/Introdução
A OMS, em 2024, indicou que 99% da população mundial sofre com doenças relacionadas à exposição aos poluentes do ar, principalmente as crianças e idosos. A população ativa, apesar de mais exposta, possui poucos estudos que avaliam esta relação. Em Santos temos o maior porto da América latina como muitas indústrias que levam a um número grande de trabalhadores expostos aos poluentes do ar.
Objetivos
Analisar a relação entre exposição à poluição do ar e as internações por doenças cardiovasculares em adultos de 35 a 65 anos em Santos.
Metodologia
Estudo ecológico de série temporal, com dados secundários de domínio público. As internações hospitalares por doenças cardiovasculares totais foram obtidas junto ao Banco de Dados do Sistema Único de Saúde e os níveis de material particulado (PM10), temperatura mínima e umidade média foram obtidos junto à Agência Ambiental do Estado de São Paulo. Foi realizada a análise descritiva, e utilizados modelos lineares defasado generalizados de regressão de Poisson para o município de Santos para a região noroeste. O Nível de significância é de 5%.
Resultados
Na análise das internações por doenças cardiovasculares totais, de adultos entre 35 a 65 anos, para cada aumento de um interquartil (22µg/m3) no nível de PM10 aumenta a chance de internação por doença cardiovascular em 3,05% (IC95%: 2,90; 3,21), quando considera-se o município de Santos. Já para adultos moradores na região da Zona Noroeste, para cada aumento de um interquartil no nível de PM10 há um incremento no dia de 1,44% (IC95%: 1,22 ; 1,66) nas internações por doenças cardiovasculares. O efeito colheita foi identificado nas duas regiões, com um pico no dia da exposição, um declínio exponencial e um retorno na elevação do risco ao final da semana.
Conclusões/Considerações
A poluição do ar afeta de forma diferente a saúde cardiovascular de adultos dependendo dos locais de moradia. Políticas ambientais deverão ser tomadas para melhorar a saúde cardiovascular de adultos que estão ativos no município de Santos.
AGRAVOS E DOENÇAS NA POPULAÇÃO RELACIONADAS AOS EVENTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DA MUDANÇA/EMERGÊNCIA CLIMÁTICA
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP
Apresentação/Introdução
A mudança climática, acelerada devido às atividades humanas que alteram a composição da atmosfera, da superfície terrestre ou dos ecossistemas, está associada ao aumento na frequência e intensidade de diversos eventos extremos com impactos diretos e indiretos imediatos, de médio e longo prazo na qualidade de vida, morbimortalidade aguda e crônica, sobretudo nos mais suscetíveis de vulnerabilizados
Objetivos
Identificar o impacto dos eventos climáticos extremos na saúde mental, em diversos aparelhos e sistemas do organismo humano, em grupos específicos da população, e na atenção à saúde
Metodologia
Revisão da literatura, realizada de artigos em inglês, português e espanhol publicados nas bases Scielo, Embase, BVS e PubMed, de 2014 a 2025. Os descritores: climate emergency, climate change, global warming, environmental exposure; human health, public health; órgãos (olhos, nariz, ouvido e garganta); aparelhos (respiratório, cardiovascular, gastrintestinal, cutâneo, endócrino, neurológico, renal, imunológico; grupos (crianças e adolescentes, mulheres, idosos, trabalhadores, saúde mental e psiquiatria); atenção (primária, emergência, cuidados paliativos, anestesiologia); e doenças infecciosas. Os artigos foram selecionados por pares, a partir do título e resumo, leitura completa e síntese
Resultados
Com maior ou menor intensidade, todos sistemas do organismo, grupos populacionais específicos, áreas setores da atenção à saúde e o ciclo biológico dos agentes infecciosos pesquisados são afetados pelos eventos climáticos extremos. Embora a fisiopatologia não seja bem conhecida, existe associação com o aumento ou piora de doenças oculares, respiratórias, cardiovasculares, gastrintestinais, renais, na gravidez, parto, bebê, crianças, adolescentes, idosos e trabalhadores, traumas e acidentes, infecciosas, zoonoses e vetores, bem como perdas e sobrecarga dos serviços de saúde, sobretudo, emergência, cuidados paliativos e serviço domiciliar, nos territórios e populações mais vulnerabilizadas.
Conclusões/Considerações
O cuidado da população dos impactos à saúde é o maior desafio para SUS, cuja atuação deverá incluir a mitigação das emissões de gases e a proteção, prevenção, preparação para a resposta aos agravos e doenças agudos e crônicos que acometem as pessoas. Demanda ao País, sobretudo ao SUS, a formação dos profissionais da saúde para identificarem esses danos na população adscrita, infraestrutura, linha de cuidado e redes de atenção estruturadas.
ÍNDICE DE PRIORIDADE DE MELHORIA AMBIENTAL (IPMA): UMA PROPOSTA APLICADA À REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
Desigualdades ambientais intraurbanas, como bairros com menor cobertura vegetal, maior calor e poluição, impactam a saúde nas cidades. Índices compostos, que integram múltiplos dados, podem indicar locais prioritários para intervenções de melhoria ambiental e da qualidade de vida, constituindo uma ferramenta importante para orientar políticas públicas.
Objetivos
Aplicar o Índice de Prioridade de Melhoria Ambiental (IPMA) à RMSP, integrando variáveis ambientais e sociodemográficas para identificar áreas prioritárias para intervenção ambiental.
Metodologia
Estudo ecológico com recorte nos setores censitários urbanos da RMSP. As variáveis ambientais (cobertura vegetal, temperatura de superfície e poluição atmosférica) e sociodemográficas (densidade populacional e Índice Paulista de Vulnerabilidade Social) foram ponderadas por Análise de Componentes Principais para compor dois indicadores: estresse ambiental e relevância social. Ambos foram calculados por média geométrica ponderada e normalizados entre 0 e 1. A integração dos dois indicadores, por média geométrica simples, resultou no IPMA. Após avaliação de consistência, foi realizada uma análise de sensibilidade com ajustes nos pesos do componente social.
Resultados
O IPMA apresentou mediana de 0,171 (IIQ: 0,144–0,208; mín.: 0,000; máx.: 0,757). Espacialmente, destacou como prioritários os setores localizados no centro e nas extremidades leste, norte, sudeste e sul da capital, além de áreas periféricas de municípios vizinhos. Na versão inicial, o índice apresentou intervalo interquartil com valores baixos e 35,8% dos setores no último decil pertenciam a grupos de baixíssima a baixa vulnerabilidade social, sinalizando a necessidade de ajustes na ponderação do componente sociodemográfico. Com o aumento progressivo do peso atribuído à vulnerabilidade social, a presença desses setores nos últimos decis foi reduzida e a mediana do IPMA aumentou.
Conclusões/Considerações
O estudo explora a aplicabilidade do IPMA na RMSP e pode ser relevante à saúde coletiva por subsidiar políticas que reduzam iniquidades ambientais, direcionando recursos onde melhorias ambientais podem diminuir riscos e promover equidade em saúde. Ajustes metodológicos, sobretudo na ponderação, são importantes, equilibrando rigor estatístico e relevância contextual das variáveis para a abordagem adequada do problema ambiental urbano.
ANÁLISE DA RESILIÊNCIA DE COMUNIDADES PESQUEIRAS BASEADA EM AÇÕES COLETIVAS DURANTE O DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO NA BAHIA EM 2019.
Pôster Eletrônico
1 University of North Carolina at Chapel Hill, Gillings School of Public Health
2 UFRJ, UFBA PPGSAT
3 UFBA PPGSAT
Apresentação/Introdução
Diante da ausência de ações coordenadas do governo federal, comunidades pesqueiras organizaram esforços de limpeza e outras ações para enfrentar o desastre. Essas mobilizações lideradas pelos(as) pescadores(as) representam oportunidade importante para avaliar a capacidade de desenvolvimento de estratégias para melhorar a resiliência considerando a probabilidade de ocorrência de desastres futuros.
Objetivos
Documentar a organização da resposta ao desastre realizada pelas comunidades pesqueiras. Identificar os pontos fortes e fracos na resiliência das comunidades, assim como a compreensão dos riscos de saúde do envolvimento na resposta ao desastre.
Metodologia
A pesquisa compara a resposta ao desastre na APA de Conde e na RESEX Canavieiras, regiões escolhidas pela diversidade geográfica e pelas diferenças na representatividade administrativa entre uma RESEX e APA, além do alto nível de participação na pesquisa epidemiológica. Foram incluídos dados de questionário epidemiológico aplicado após o derramamento, de questionário de acompanhamento sobre envolvimento na resposta e de entrevistas semiestruturadas com lideranças pesqueiras e funcionários do governo nas duas regiões. A resiliência das comunidades demonstrada durante o desastre foi avaliada usando domínios de uma ferramenta validada e aplicada por Wang et al., 2022.
Resultados
Os pescadores(as) se envolveram fortemente na resposta ao desastre, onde 66,1% dos entrevistados participaram da limpeza dos resíduos de petróleo durante uma média de 11,7 dias. Dos participantes na limpeza, 26,1% relataram ter recebido treinamento para essas atividades, e 71,2% usaram equipamentos de proteção individual. As principais atividades de resposta foram gerenciadas por organizações de pescadores(as) (AMEX e associações locais de pesca em Canavieiras, e a colônia em Conde). Os dados revelaram preocupações generalizadas na possível ocorrência de futuros desastres ambientais e graus variados de confiança na capacidade de sobrevivência das comunidades.
Conclusões/Considerações
Pescadores(as) foram os primeiros respondentes do derramamento em comunidades atingidas. Essas ações demonstraram um alto potencial de resiliência organizacional comunitária e mobilização de voluntários em emergências. Mas, as condições de segurança durante as atividades (ausência de treinamento e acesso a EPIs) evidenciaram limitações na gestão de riscos e no fornecimento de materiais de emergência.
A INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS E DA VULNERABILIDADE SOCIAL SOBRE OS PADRÕES DA DENGUE NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde, FIOCRUZ - Brasília
2 School of Health in Social Science | The University of Edinburgh, Scotland
3 University of Glasgow, Scotland
4 Queen Margaret University, Edinburgh
5 Lancaster University
Apresentação/Introdução
A dengue é considerada hiperendêmica no Brasil, com destaque para áreas vulneráveis, de maior densidade demográfica e com presença do vetor Aedes aegypti, sensível a variações climáticas. Diante desse contexto, torna-se essencial compreender os fatores que influenciam a incidência da doença para subsidiar políticas públicas eficazes.
Objetivos
Avaliar os efeitos de variáveis climáticas e da vulnerabilidade social sobre a incidência da dengue e seus padrões espaço-temporais no Brasil, a fim de orientar estratégias de prevenção e controle.
Metodologia
Foram analisados dados mensais de casos prováveis de dengue no período de 2009 e 2022 no SINAN, abrangendo os municípios brasileiros. Os dados meteorológicos, provenientes do BR-DWGD, com resolução de 0,1° × 0,1°, incluíram informações sobre precipitação e temperatura, sendo baseados em registros do INMET. Esses dados foram associados ao Índice Brasileiro de Privação (IBP). Para avaliar essa associação foi utilizado os modelos de regressão de Poisson espacial e espaço-temporal.
Resultados
A análise indicou concentração de casos de dengue entre janeiro e maio, com pico em março (199,5/100 mil habitantes). Houve variações significativas na incidência entre os quintis do IBP, com maiores taxas nos municípios mais vulneráveis (Q4 e Q5), mesmo em faixas semelhantes de temperatura, evidenciando o papel da desigualdade social. A temperatura influenciou os casos a partir de 20 °C, com pico entre 28 °C e 32 °C. A precipitação não apresentou padrão linear, com mais casos abaixo de 250 mm e picos em 500 mm e 850 mm.
Conclusões/Considerações
Observou-se associação positiva entre vulnerabilidade social e incidência de dengue, independentemente da temperatura, que também influenciou o número de casos. Para a precipitação, não houve padrão definido. Esses resultados podem subsidiar previsão de epidemias e orientar estratégias direcionadas a populações vulnerabilizadas.
SAÚDE AMBIENTAL E A ASSISTÊNCIA A PESSOAS COM DIABETES MELLITUS: PERCEPÇÕES SOBRE O TEMA NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual do Ceará (UECE)
2 Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza (SME)
3 Universidade Federal do Ceará (UFC)
Apresentação/Introdução
A saúde ambiental compreende fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos que influenciam a saúde individual e coletiva. Sua abordagem é essencial na assistência a pessoas com diabetes mellitus, considerando a complexa interação entre ambiente e doença. Nesse contexto, é fundamental discutir sua inserção na formação de profissionais especializados.
Objetivos
Analisar as percepções de profissionais de saúde especializados na assistência ao diabetes sobre o estudo da saúde ambiental durante sua formação profissional.
Metodologia
Estudo descritivo, de abordagem qualitativa, realizado entre fevereiro e maio de 2025, em um ambulatório de endocrinologia e metabologia de um hospital universitário localizado em uma capital do Nordeste brasileiro. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (parecer nº 7.406.360) e contou com 16 participantes: cinco médicos, cinco enfermeiros, três nutricionistas, dois fisioterapeutas e um educador físico, com tempo de atuação de 3 e 30 anos. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas e analisados por técnica de análise temática.
Resultados
Emergiram duas categorias principais: (1) o conhecimento da equipe multiprofissional sobre saúde ambiental e suas relações com o cuidado em diabetes; e (2) a ausência de espaços formativos voltados à discussão do tema. As falas evidenciaram dificuldades em estabelecer conexões entre fatores ambientais e o diabetes, atribuídas à escassez de conteúdos abordando o tema na formação. Apenas dois profissionais, ambos da enfermagem, relataram contato com a temática durante a graduação. Nenhum entrevistado participou de atividades formativas que relacionassem diretamente os fatores ambientais às doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes mellitus.
Conclusões/Considerações
Apesar do reconhecimento sobre saúde ambiental, especialmente diante de seu protagonismo no cenário global atual, a compreensão dos profissionais quanto às implicações ambientais em sua área de atuação permanece restrita. Isso reforça a urgência de promover espaços formativos que qualifiquem os profissionais para lidar com os determinantes ambientais das doenças crônicas.
QUALIDADE COLIMÉTRICA DAS ÁGUAS DO RIO SARAPUÍ E DE ÁREA DE MANGUEZAL NA CIDADE DE DUQUE DE CAXIAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz/ESNP
Apresentação/Introdução
O rio Sarapuí fica na sub-bacia da Baía de Guanabara, localizada na Baixada Fluminense da região metropolitana do Rio de Janeiro. Por décadas esse rio era utilizado como fonte de renda pelos pescadores, mas por conta das contaminações por diversas fontes, como despejo de efluentes industriais e domésticos, as atividades de pesca ficaram escassas e causando problemas de saúde nos pescadores.
Objetivos
Analisar a contaminação por coliformes totais e Escherichia coli nas águas do rio Sarapuí e no manguezal, de forma a apoiar as denúncias de contaminação do mangue e de eutrofização do rio.
Metodologia
Foram coletados 200 mL de água em frascos estéreis, em cinco pontos georreferenciados: (A) ponto próximo ao piscinão de lixão desativado; dois pontos dentro do mangue (B e C) e dois pontos no rio - um na saída do mangue (D) e outro à montante do lixão (E). A análise foi feita pelo método da membrana filtrante (0,45 μm de poro), 47 mm de diâmetro, em meio seletivo Chromocult®, para a detecção simultânea de coliformes totais (CT) e Escherichia coli (EC). Foram analisadas alíquotas de 10 mL das amostras diluídas em séries decimais até 10-5, e incubadas por 24h à 35°C. Os resultados foram em Unidades Formadoras de Colônias (UFC) por mL, e serão comparados aos do órgão ambiental (INEA).
Resultados
Os níveis de CT nos pontos B (vala no mangue) e na lagoa de chorume (A) foram de 2550 e 7633 UFC/mL, respectivamente. Portanto, os níveis na lagoa foram maiores do que os níveis dentro do mangue, e somente na lagoa de chorume que foi detectado E. coli, em torno de 1000 UFC/mL, no outro ponto dentro do mangue (B) não foi detectado nem CT nem EC. Nos pontos coletados no rio Sarapuí, o ponto mais distante da lagoa de chorume (E) foi o que apresentou níveis mais elevados de CT e de EC, sendo de 150000 UFC/mL e 10000 UFC/mL, respectivamente. O ponto do rio próximo da saída do canal do mangue (D), por onde o chorume escorre para o rio, teve níveis de CT e EC de 33.500 UFC/mL e 6.350 UFC/mL.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que os pontos dentro do mangue estão contaminados com coliformes totais, contudo, em níveis mais baixos que os encontrados no rio Sarapuí, que recebe esgoto das cidades a montante, que tem déficit de saneamento básico. Da mesma forma que em outros trabalhos, os poluentes presentes no chorume podem estar comprometendo a viabilidade das bactérias do esgoto que entra no mangue, da mesma forma que compromete a vida desse ecossistema.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS NOTIFICADOS DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NA REGIÃO NORDESTE
Pôster Eletrônico
1 UFRB
Apresentação/Introdução
Os acidentes envolvendo animais peçonhentos representam um desafio para a saúde pública no Brasil. Devido à sua vasta biodiversidade e clima tropical propício, o país abriga diversidade de serpentes, aranhas e escorpiões, cuja picada pode gerar agravos à saúde. A ponderação desses casos na Região Nordeste é expressa pelo aumento significativo de acidentes e óbitos registrados a cada ano.
Objetivos
Descrever o perfil epidemiológico dos casos notificados de acidentes com animais peçonhentos na Região Nordeste do Brasil, no ano de 2024.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico, descritivo com dados obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram selecionados dados dos casos notificados de acidentes com animais peçonhentos na Região Nordeste do Brasil, referente ao ano de 2024. As variáveis selecionadas foram: sexo, raça/cor, faixa etária, tipos de acidentes com animais peçonhentos e local da picada. O estudo dispensa aprovação do comitê de ética em pesquisa por se tratar de dados de domínio público.
Resultados
No ano de 2024, foram registrados 334.561 casos de acidentes com animais peçonhentos no Brasil, dos quais 120.466 (36,01%) ocorreram na Região Nordeste. Os acidentes escorpiônicos representaram 67,49% dos casos, seguidos por apílicos (13,25%), ofídicos (8,0%), araneísmo (3,41%) e erucismo (0,89%). Observou-se predomínio do sexo feminino (50,01%). A faixa etária de 20 a 39 anos concentrou a maioria dos acidentes escorpiônicos e apílicos, enquanto os ofídicos foram mais frequentes entre 40 e 59 anos. A maioria dos acidentados se autodeclarou preto ou pardo (74,36%). Os membros inferiores foram os locais mais acometidos, seguidos pelos membros superiores e pela região da cabeça.
Conclusões/Considerações
Os acidentes com animais peçonhentos mantêm-se como um relevante agravo na Região Nordeste, com destaque para os escorpiônicos. A predominância entre mulheres, adultos jovens e pessoas negras evidencia desigualdades sociais e de exposição. Os dados reforçam a necessidade de ações de vigilância, prevenção e educação em saúde voltadas aos grupos mais vulneráveis.
QUANDO A TERRA COBRA SEU PREÇO: O PESO ECONÔMICO DOS DESASTRES NATURAIS NO BRASIL (2020-2024)
Pôster Eletrônico
1 UFPE
2 Ministério da Saúde
3 UnB
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas e os eventos relacionados a elas têm se tornado uma ameaça global cada vez mais evidente (Coelho, 2024). Isso representa um impacto importante nos orçamentos público e privado (CNM, 2023), principalmente na saúde pública (Barbieri, 2024). É necessário, portanto, compreender o impacto econômico dos danos frente a capacidade de os territórios responderem a esses eventos.
Objetivos
Analisar os impactos econômicos dos danos materiais associados aos desastres naturais no Brasil de 2020 a 2024.
Metodologia
Para o presente estudo, foi realizado um levantamento dos dados relacionados aos desastres naturais no Brasil no período de 2020 a 2024, resultando num total de 28.157 registros. Os registros foram obtidos no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) e, de acordo com a Classificação e Codificação Brasileira de desastres (COBRADE), foram considerados 04 grupos: geológicos, hidrológicos, meteorológicos e climatológicos. Os dados foram tratados em planilhas e tabelas dinâmicas no Excel. Para a construção das tabelas e gráficos foram utilizadas as variáveis de ano de registro, UF, tipo de desastre agrupados de acordo com sua classificação e danos materiais.
Resultados
Dentre os 28.157 eventos, predominaram os desastres climatológicos (55,1%), seguidos dos meteorológicos (31,1%), hidrológicos (10,3%) e geológicos (3,5%). Segundo o ano de registro, em 2020 (30,9%), 2021 (41,8%), 2022 (34,8%) e 2024 (30,5%), a região mais afetada foi o Nordeste, diferente apenas em 2023, quando a região mais afetada foi o Sul (33,6%). Na distribuição dos custos por tipo de desastre, os meteorológicos foram os mais dispendiosos (R$ 31 bi) em relação aos demais. Relacionando os eventos e os custos por região, observa-se que a região nordeste teve os maiores custos (R$ 25,5 bi), seguida pelo Sul (R$ 13,9 bi), Sudeste (R$ 13,2 bi), Norte (R$ 4,3 bi) e Centro-Oeste (R$ 1,6 bi).
Conclusões/Considerações
Os desastres ocorridos no Brasil registrados no S2ID no período de estudo geraram um custo aproximado de R$ 58,7 bilhões, sendo os desastres meteorológicos os mais predominantes. A peculiaridade do Centro-oeste, onde o valor de custo por dano foi 103 vezes maior que a região nordeste, aponta para a necessidade de aprofundamento sobre a compreensão desse fenômeno, considerando outras variáveis e fatores que justifiquem tal disparidade.
EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA ATIVIDADE PESQUEIRA ARTESANAL NO RESERVATÓRIO DE ITAPARICA, BRASIL.
Pôster Eletrônico
1 Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGECOH)
2 Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos (PPGESA).
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas afetam o ciclo hidrológico, alterando precipitação, temperatura e evaporação, o que impacta diretamente os recursos pesqueiros, habitats e produtividade aquática. A pesca artesanal, sobretudo no semiárido brasileiro, enfrenta desafios como secas extremas, que reduzem alimentos e abrigo para peixes, afetando rendimentos e a sustentabilidade das comunidades ribeirinhas.
Objetivos
Analisar a percepção dos pescadores artesanais do Reservatório de Itaparica aos impactos climáticos, as mudanças nas espécies e práticas de pesca; e, identificar as estratégias e os obstáculos enfrentados para a adaptação às alterações ambientais.
Metodologia
A aquisição de dados foi realizada através de uma revisão de literatura estruturada, com tratamento dos dados de acordo com uma perspectiva descritiva, visando compreender a percepção, as experiências e as estratégias de adaptação dos pescadores artesanais frente às mudanças climáticas. As palavras-chave foram inseridas nas bases de dados, filtrando os trabalhos publicados, sem período especificado. Em seguida, ocorreu a leitura dos títulos e resumos para identificação daqueles de acordo com o tema. Por fim, as publicações selecionadas foram lidas na integra, e analisadas com o objetivo de identificar estudos relacionados à pesca artesanal, suas práticas, desafios e impactos socioambientais.
Resultados
Os estudos apontam que as mudanças climáticas na região semiárida alteram o ciclo hidrológico, afetando precipitação, temperatura e habitats, impactando diretamente a pesca artesanal. Tais transformações têm afetado diretamente a dinâmica da pesca artesanal, tanto na disponibilidade de espécies quanto nas condições de trabalho dos pescadores. A conversão do ambiente fluvial do rio para um reservatório, com construção da barragem, agravou esses efeitos, afetando espécies migratórias e alterando o equilíbrio ecológico. Apesar dos pescadores enfrentarem a insegurança hídrica e perda de biodiversidade, é relatado que eles utilizam os saberes tradicionais para interpretar mudanças climáticas.
Conclusões/Considerações
As mudanças climáticas alteram o regime hidrológico e ecológico do Reservatório de Itaparica, afetando níveis d’água, migração e reprodução dos peixes, além da pesca artesanal. Os pescadores, através de suas observações, podem apontar claramente essas transformações. Incorporar seus saberes em políticas integradas de gestão ambiental e monitoramento é estratégico para promover a resiliência e sustentabilidade da pescaria no Rio São Francisco.
ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE INTERNAÇÕES POR BRONQUIOLITE EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS E DADOS CLIMÁTICOS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2002 A 2022
Pôster Eletrônico
1 Ministério da Saúde
2 NEVS, Fiocruz
3 Centro Universitário Euro-Americano
4 Universidade do Distrito Federal, Escola Superior de Ciências da Saúde
5 CIDACS, Fiocruz.
Apresentação/Introdução
A bronquiolite é uma infecção viral que afeta principalmente crianças e apresenta relação com fatores climáticos como: temperatura, umidade, precipitação e material particulado (PM2.5 e PM10). Com o advento das mudanças climáticas e a sazonalidade da bronquiolite é primordial conhecer a relação entre fatores climáticos e essa doença nos diferentes contextos climáticos brasileiros.
Objetivos
Estudar a correlação estatística entre as internações por bronquiolite em crianças menores de cinco anos e fatores climáticos (temperature. precipitação e umidade relative do ar) nos nove subclimas do Brasil (Classificação Koppen) no período de 2002 a 2022.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico com as internações por bronquiolite (CID-10: B97, J00-J06, J09-J18, J20-J22 ou J40) em menores de cinco anos de 2002 a 2022. Foi selecionado um município de residência para cada subtipo climático segundo a classificação de Koppen. Os fatores climáticos para o período de sete dias foram: Temperatura média, Precipitação total e umidade relativa do ar. As bases de dados estavam disponíveis em: Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde e Plataforma de Ciência de Dados aplicada à Saúde da Fiocruz. O método de análise estatística foi a Correlação de Kendall. O software R (versão 4.3.1) foi utilizado.
Resultados
A temperatura apresentou correlação significativa e inversa em todos os subclimas, exceto em Brasília- Aw (Tropical com estação seca no inverno). As correlações entre precipitação e internações não foram expressivas, mas significativas (p-valor <00,5) para Am (Tropical monçônico- Belém), As (Tropical e seca no verão- Fortaleza), Cwb (Subtropical de altitude e inverno seco- Belo Horizonte), Cwa (Subtropical úmido e inverno seco- Uberaba), Cfb (Subtropical úmido sem estação seca- São Paulo). Correlação foi direta entre umidade e internações em todos os subclimas, exceto Brasília -Aw (Tropical e estação seca no inverno) e Uberaba Cwa (Subtropical úmido e inverno seco).
Conclusões/Considerações
Temperaturas mais baixas e maior umidade relative do ar são fatores climáticos que estiveram implicados no aumento do número de internações por bronquiolite em crianças menores de cinco anos. A precipitação parece apresentar uma influência menor. São necessários outros estudos com modelagem mais robusta e controle de confundidores para que a relação entre fatores climáticos e a morbidade por bronquiolite seja melhor compreendida.
AGENDA 2030 E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO MUNICÍPIO DE BELÉM: A CIDADE DA COP30
Pôster Eletrônico
1 UEPA
Apresentação/Introdução
Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), previstos na Agenda 2030, compõem um pacto global à saúde planetária, projetando acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima etc. Nesse contexto, Belém, com índice de desenvolvimento sustentável baixo (40,06/100), aderiu às metas dos ODS e sediará a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), sendo alvo de debates.
Objetivos
Analisar as menções, estratégias e compromisso com os ODS, da Agenda 2030, nos Relatórios Anuais de Gestão (RAG) da prefeitura de Belém.
Metodologia
Pesquisa do tipo análise documental com abordagem quanti-qualitativa. Para tanto recorreu-se aos últimos 5 RAG da Prefeitura Municipal de Belém (2019 a 2023), disponíveis no portal da transparência do município. A análise ocorreu a partir da leitura exploratória dos documentos em busca dos termos “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, “ODS” e “Agenda 2030”. Em seguida sistematizou-se as informações em tabelas, relacionando ações e programas aos ODS abordados, com auxílio da ferramenta “Notebook LM” do Google®.
Resultados
Nos RAG de 2019 e 2020 há menção direta aos termos de busca, acerca de ações da Auditoria Geral do Município (AGM) para reduzir a corrupção e suborno (ODS 16) e da Secretaria Municipal de Controle, Integridade e Transparência, antes AGM, com o mesmo fim. Nos RAG de 2021 e 2022, anos pandêmicos, não há menção aos termos. Porém no RAG de 2023 há uma sessão sobre os ODS ligada ao Plano Plurianual 2022-2025, pontuando primeira infância, educação, refugiados, justiça social etc, com ações, estratégias e programas alinhados aos ODS, expondo um compromisso com a Agenda 2030. Nos RAG anteriores a 2023 cita-se “Desenvolvimento Sustentável”, porém incipiente e não pautando metas dos ODS.
Conclusões/Considerações
Os ODS são alvo de debates sociopolíticos em Belém frente à COP30. Problematiza-se as ações e programas para promoção do bem-estar social e ambiental no território. Assim, a presença dessas metas nos RAG é fundamental para analisar os indicadores e investimentos em prol do desenvolvimento sustentável, ao passo que sua ausência indica uma gestão ineficaz no cumprimento da Agenda 2030, mediante pressões quanto à Amazônia e sua etnodiversidade.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS, SAÚDE INDÍGENA E MIGRAÇÕES AMBIENTAIS NO CONTEXTO DE DISTINTOS BIOMAS NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UnB
2 UFOPA
3 UFJF
4 UFRR
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas decorrentes do modelo hegemônico de desenvolvimento, ancorado na hiper-exploração da força de trabalho e dos recursos naturais (KRENAK, 2020; MOORE, 2022), tem gerado impactos socioambientais sem precedentes, o que tem conduzido cada vez mais à injustiça ambiental, emergências climáticas e sanitárias que tem afetado de modo desigual as populações.
Objetivos
Analisar os impactos das mudanças climáticas e alterações ambientais sobre a saúde indígena e migrações ambientais no contexto de distintos biomas do Brasil, bem como trazer à luz alternativas de enfrentamento a partir das cosmovisões indígenas.
Metodologia
Trata-se de pesquisa multicêntrica, de abordagem qualitativa e método misto, que inclui cartografia social (Acselrad, 2008), método PVP (Hoefel et al, 2023), história oral e revisão de literatura. Está sendo realizada em 10 Territórios Indígenas situados no Brasil. Este trabalho visa compartilhar a metodologia e os resultados vinculados ao bioma Amazônia, nos seguintes territórios: Alto Rio Negro, Munduruku e Erikpatsa, coletados entre junho e novembro de 2024. Os instrumentos de pesquisa adotados foram: Oficinas de Cartografia Social, produção audiovisual baseada no método PVP, elaboração de planos de ação, entrevistas semi-estruturadas e revisão de literatura.
Resultados
Os resultados indicam que a seca extrema, as inundações, a mudança na temperatura das águas, calor extremo, alteração dos ciclos ecossistêmicos, associadas ao desmatamento, garimpo, queimadas e agrotóxicos, tem acarretado a contaminação das águas e do solo, escassez de pesca e caça, ausência de acesso à água potável, perda da soberania alimentar, insegurança alimentar, propagação de doenças e migrações ambientais. Ademais, a invasão de territórios, a violação dos direitos dos povos indígenas, a exposição a distintas formas de violências e a elevação de problemas de saúde mental também foram identificadas e evocadas pelos participantes do estudo.
Conclusões/Considerações
O enfrentamento dessas questões requer a superação do modelo extrativista. Dentre as alternativas apontadas pelos povos indígenas, destaca-se a criação de estratégias políticas que favoreçam a proteção e demarcação de territórios, a soberania alimentar, acesso à água e energia, gestão territorial com protagonismo indígena e combate à pulverização aérea de agrotóxicos.
EXPOSIÇÃO A INCÊNDIOS FLORESTAIS E DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM POPULAÇÕES INDÍGENAS: ESTUDO ECOLÓGICO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Pôster Eletrônico
1 EHESP
2 UFMG
Apresentação/Introdução
A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, sofre degradação ambiental causada pelo avanço do agronegócio, mineração e desmatamento, intensificados pelas mudanças climáticas. Esses fatores provocam eventos extremos, como secas, aumento de temperatura e incêndios, elevando os níveis de poluição do ar acima dos limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Objetivos
Investigar o impacto da exposição de incêndios florestais por meio do material particulado fino (PM₂,₅) — sobre doenças respiratórias em populações da Amazônia Brasileira, com foco em grupos indígenas, no período de 2010 a 2018.
Metodologia
Foi conduzido um estudo ecológico, com análise temporal e espacial abrangendo 752 municípios. Utilizaram-se dados secundários do Sistema de Internações Hospitalares (SIH-SUS) para quantificar internações por doenças respiratórias em populações indígenas e não indígenas. Os dados de exposição ao PM₂,₅ e variáveis climáticas (temperatura, umidade e precipitação) foram obtidos do Sistema de Informações Ambientais (SISAM), e os dados populacionais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ajustaram-se modelos de efeitos mistos generalizados, com distribuição de erro binomial negativa, utilizando o software RStudio (versão 2023.12.0+369).
Resultados
A análise revelou que, embora as populações indígenas apresentem menor incidência basal de doenças respiratórias em comparação às populações não indígenas, elas sofrem um aumento significativo na incidência a cada elevação de 10 µg/m³ na concentração de PM₂,₅ (β = X; IC 95%: Y–Z; p < 0,05). O Mapas de desmatamento e de focos de incêndio indicaram fontes predominantemente antropogênicas de emissão de PM₂,₅ durante o período analisado. Como o estudo se baseou exclusivamente em dados secundários e públicos (SIH-SUS, SISAM, IBGE), não foi necessária aprovação por comitê de ética, conforme as diretrizes nacionais.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam a urgência de políticas públicas intersetoriais para mitigar os impactos dos incêndios florestais sobre a saúde das comunidades indígenas amazônicas. A demarcação de Terras Indígenas mostra-se uma estratégia eficaz não apenas de justiça social, mas também de proteção ambiental, pois esses territórios funcionam como barreiras ao desmatamento e, consequentemente, à emissão de poluentes que comprometem a saúde coletiva.
PERCEPÇÃO DE RISCO À SAÚDE RELACIONADA AO USO DE PESTICIDAS ENTRE MULHERES TRABALHADORAS RURAIS DE PETROLINA (PE) E JUAZEIRO (BA), BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGECOH).
2 Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos (PPGESA)
3 Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
4 Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)
5 Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz - Brasília
Apresentação/Introdução
Este estudo examina a percepção de risco à saúde entre mulheres trabalhadoras rurais de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), Brasil, relacionadas à exposição ao uso de pesticidas. Os resultados indicam uma compreensão limitada dos perigos associados, sugerindo a necessidade de ações educativas, apoio técnico e políticas públicas voltadas à promoção da segurança, saúde e bem-estar dessas agricultoras.
Objetivos
Avaliar a percepção de risco à saúde entre mulheres trabalhadoras rurais de Petrolina e Juazeiro em relação ao uso de pesticidas, visando subsidiar estratégias de educação em saúde e promoção de práticas agrícolas seguras.
Metodologia
Trata-se de um estudo de abordagem mista, desenvolvido com 60 mulheres trabalhadoras rurais, sendo 30 de cada município. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, com aplicação do questionário ampliado do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de um aplicativo móvel. A análise de dados combinou técnicas quantitativas e qualitativas, utilizando inteligência artificial para identificar padrões de percepção de risco. As variáveis analisadas incluíram perfil sociodemográfico, práticas de manejo de pesticidas e nível de conhecimento sobre os riscos à saúde.
Resultados
Os resultados indicam que agricultoras com menor escolaridade apresentam conhecimentos limitados sobre os riscos associados ao uso de pesticidas. A percepção de risco mostrou-se similar entre as diferentes faixas etárias, indicando uma vulnerabilidade generalizada. O cultivo de frutas, especialmente manga, acompanhado ao uso frequente de inseticidas, reforça a exposição a agentes tóxicos, muitas vezes com práticas inadequadas de manejo. Esses achados demonstram a urgência de ações educativas específicas, voltadas ao manejo seguro de pesticidas, à redução dos riscos à saúde e ao fortalecimento da autonomia das trabalhadoras.
Conclusões/Considerações
Melhorar a gestão do uso de pesticidas requer treinamentos continuados, fiscalização rigorosa e políticas públicas que incentivem atividades agroecológicas. É essencial envolver as mulheres agricultoras nas estratégias que integrem universidades, serviços de saúde e organizações sociais para práticas agrícolas mais seguras, sustentáveis e inclusivas, protegendo a saúde e o meio ambiente.
ROMPIMENTOS DE BARRAGENS DE MINERAÇÃO EM MINAS GERAIS: RISCOS À SAÚDE, CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL E DESAFIOS PARA A JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL
Pôster Eletrônico
1 VPAAPS/Fiocruz
2 LAGAS/UnB
Apresentação/Introdução
Os rompimentos das barragens de Fundão (2015) e Córrego do Feijão (2019) revelam graves violações de direitos humanos e ambientais. Milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos foram lançados no ambiente, com consequências graves para territórios, ecossistemas e populações, aprofundando desigualdades e evidenciando falhas na governança ambiental.
Objetivos
Descrever os rompimentos de barragens de mineração em Minas Gerais, relatando impactos sobre as populações atingidas e identificando as medidas adotadas na resposta e recuperação, destacando os desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde.
Metodologia
A análise fundamentou-se em levantamento documental e bibliográfico, com base em publicações científicas, relatórios institucionais e dados oficiais. Foram sistematizadas evidências sobre os danos culturais e econômicos, além dos impactos físicos (doenças respiratórias, dermatológicas, neurotóxicas) e psicossociais (ansiedade, depressão, luto prolongado) relacionados à exposição humana aos rejeitos de mineração (Peixoto & Asmus, 2020; Mendes & Souza, 2020; Bernegossi et al., 2019). Também foram examinados a resposta do SUS, os mecanismos de governança, os planos de contingência e as estratégias de comunicação de risco (Brasil, 2020; Lei 12.608/2012; Silva et al., 2019).
Resultados
O rompimento de barragens de rejeitos em Minas Gerais causou centenas de mortes e danos prolongados (Bernegossi et al., 2019; Ibrahim et al., 2024). Identificaram-se efeitos à saúde física e psicossocial, com maior impacto em grupos vulneráveis (Mendes & Souza, 2020). A resposta ao desastre de Fundão foi limitada e judicializada (Penido, 2023), enquanto em Córrego do Feijão houve maior articulação do SUS e estudos com expostos (Fiocruz Minas & UFRJ, 2022). Persistem desafios na continuidade do cuidado, reparação de danos e fortalecimento da vigilância e gestão de riscos, fundamentais diante da permanência da ameaça no território.
Conclusões/Considerações
As experiências reforçam a necessidade de fortalecer o SUS na resposta a desastres, por meio de protocolos específicos, vigilância contínua, produção de dados confiáveis e planos de contingência. A escuta das comunidades, a valorização da saúde mental e a adoção do princípio do poluidor-pagador são fundamentais para garantir reparações justas e integrais, com base na justiça socioambiental (Costa & Almeida, 2017; Wanderley et al., 2016).
ENTRE A CATÁSTROFE E A AÇÃO: O PAPEL DAS MULHERES LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS NAS RESPOSTAS A DESASTRES NO RIO DE JANEIRO.
Pôster Eletrônico
1 Fundação Oswaldo Cruz, Coordenação de Saúde do Trabalhador
2 Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana
Apresentação/Introdução
Com a intensificação da degradação da natureza, causada pelo modo de produzir e reproduzir da sociedade atual, a ocorrência de desastres vem se intensificando, produzindo cada vez maiores impactos sobre a vida das pessoas e sobre o meio ambiente. É neste cenário que as mulheres lideranças comunitárias atuam, no enfrentamento e organização social ante ocorrências de desastres.
Objetivos
Conhecer o protagonismo e a agência de mulheres lideranças no fortalecimento da resiliência comunitária em ocorrências de desastres; Identificar as lideranças e mapear as relações com o território.
Metodologia
Este estudo qualitativo busca compreender as vivências e a constituição identitária de mulheres líderes comunitárias frente a desastres.
O universo de estudo abrange comunidades de Petrópolis e Teresópolis (Região Serrana do RJ), afetadas por desastre em 2011 e, em Petrópolis em 2022.
A coleta de dados (set/2023 a jan/2024) incluiu entrevistas semiestruturadas (60-120 min), realizadas nos territórios. Com foco nas histórias das nove participantes, suas vivências com desastres, formação como líderes e redes de apoio. A análise de conteúdo de Bardin (1977) foi usada para classificar as narrativas em temas, interpretadas conforme o referencial teórico.
Resultados
As mulheres expressam suas trajetórias, representando a coletividade. A organização comunitária surge como estratégia de enfrentamento e resiliência, especialmente em Petrópolis e Teresópolis, expostas a desastres.
Em Teresópolis, a mobilização pós-2011 originou o movimento "Dez anos: nosso respeito às vítimas". Em Petrópolis, a formação, como a do NUDEC, preparou líderes para eventos de 2022, reforçando a organização popular e participação ativa. As narrativas evidenciam a centralidade da comunidade no enfrentamento de desastres.
Conclusões/Considerações
Este estudo reitera que desastres são fenômenos sociais, oriundos da interação natureza-humanos (Quarantelli, 2015), sendo essa compreensão fundamental para enfrentar seus impactos. Mulheres líderes protagonizam a luta por direitos e reconstrução, cujos desafios merecem destaque, exigindo participação comunitária ativa. As lideranças reforçam o bem comum como central em suas atuações, postura que deve pautar as ações políticas em prol das coletividades.
CRISE CLIMÁTICA E SAÚDE MENTAL: ESTUDO SOBRE IMPACTOS EM ÁREAS DE RISCO NO MUNICÍPIO DE PALMARES, PERNAMBUCO
Pôster Eletrônico
1 IAM/Fiocruz
2 UnB
Apresentação/Introdução
A Agenda de Pesquisa e Ação para a América Latina e o Caribe destaca a crescente demanda por estudos sobre a relação entre mudanças climáticas e saúde mental. O Brasil tem vivenciado eventos climáticos extremos, sobretudo em territórios historicamente vulnerabilizados. No entanto, ainda há lacunas na literatura sobre seus impactos na saúde mental, dificultando a formulação de políticas públicas.
Objetivos
Analisar como as enchentes e ondas de calor afetam a saúde mental de populações historicamente vulnerabilizadas que vivem em áreas de risco no município de Palmares em Pernambuco.
Metodologia
Pesquisa qualitativa e exploratória realizada de março a maio de 2025, nas comunidades de São Sebastião e Santo Antônio, áreas de alto risco para enchentes e ondas de calor, no município de Palmares-PE. A pesquisa teve como público-alvo mulheres gestantes, mães de crianças com até cinco anos, seus companheiros e trabalhadores da saúde - incluindo profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) - e defesa civil que vivenciaram situações de enchentes e ondas de calor. Ao todo, foram conduzidas 36 entrevistas. O material produzido foi interpretado segundo análise do conteúdo com sua organização temática.
Resultados
Houve impactos significativos na saúde mental de sujeitos expostos a enchentes e ondas de calor. As enchentes foram associadas a episódios de pânico, ansiedade e sintomas de estresse pós-traumático com aumento do uso de psicotrópicos. Para ondas de calor, profissionais do CAPS e mulheres entrevistadas relataram sintomas de estresse psicológico. Para ambos os eventos climáticos, os efeitos se manifestaram de forma subjetiva, variando conforme as condições de vida e as vulnerabilidades sociais e historicizadas de cada indivíduo e território. A oferta limitada de cuidados para saúde mental também foi relatada como fator de agravamento da condição de saúde das usuárias e profissionais da saúde.
Conclusões/Considerações
Esta pesquisa destaca a urgência de estratégias intersetoriais e socialmente contextualizadas e articuladas entre os setores da saúde, defesa civil, assistência social, universidades e comunidades afetadas para o enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas na saúde mental. Essas estratégias devem incluir o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial, promovendo respostas integradas, territorializadas e socialmente contextualizadas.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E QUESTÕES DE GÊNERO: UM OLHAR SOBRE A SAÚDE DA MULHER NOS TERRITÓRIOS DE RISCO PARA ENCHENTES E ONDAS DE CALOR EM RECIFE E PALMARES, PERNAMBUCO
Pôster Eletrônico
1 IAM/Fiocruz
2 UnB
Apresentação/Introdução
Desastres socioambientais associados às mudanças climáticas impactam sobretudo territórios marcados por desigualdades de gênero, raça e classe. Dados mostram que as mulheres têm as maiores taxas de mortalidade, onde mulheres negras são as mais impactadas e com maiores dificuldades de recuperação. O cenário reforça a urgência de um debate interseccional frente às emergências climáticas.
Objetivos
Analisar como as condições socioambientais impactam a Saúde da Mulher nos territórios de alto risco para enchentes e ondas de calor em Recife e Palmares, Pernambuco
Metodologia
Pesquisa qualitativa e exploratória realizada de março a maio de 2025, nas comunidades de área de risco no município do Recife e Palmares, em Pernambuco. A pesquisa teve como público-alvo mulheres gestantes, mães de crianças com até cinco anos, seus companheiros, trabalhadores e gestores da saúde - incluindo Saúde da Mulher- e defesa civil que vivenciaram situações de enchentes e ondas de calor. Ao todo, foram conduzidas 83 entrevistas. O material produzido foi interpretado segundo análise do conteúdo com sua organização temática.
Resultados
Os relatos evidenciam como as enchentes e ondas de calor impactam majoritariamente populações vulnerabilizadas, como as mulheres negras e territórios socialmente marginalizados, como comunidades periféricas, rurais e agrícolas. Entre os efeitos relatados, destacam-se as dificuldades de deslocamento para consultas pré-natais, extravio de exames e documentos durante enchentes, a perda de renda e a interrupção ou o rompimento do vínculo com a unidade de saúde da família. Além disso, foram relatados impactos diretos na saúde, associados ao estresse e à irritabilidade provocados pelo calor extremo. Tais situações revelam a falta de respostas adequadas, direcionadas às necessidades desse grupo.
Conclusões/Considerações
Os resultados reforçam a necessidade de pesquisas e políticas públicas que tenham como fio condutor analítico as desigualdades de gênero, raça, classe e território diante das emergências climáticas. Evidencia-se a urgência de ações intersetoriais que priorizem a saúde das mulheres em contextos de risco, promovendo justiça socioambiental e construção de estratégias territorializadas.
DESIGUALDADES SOCIAIS NO EFEITO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: ÓTICA DAS MULHERES DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TETO (MTST)
Pôster Eletrônico
1 Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
2 Universidade Federal do ABS
3 Universidade Federal da Bahia
4 Centro Universitário São Camilo
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas intensificam desigualdades sociais e iniquidades em saúde. No Brasil, 85% da população vive em áreas urbanas, e entre 2017 e 2021, milhares de municípios sofreram secas, alagamentos e deslizamentos. Esses eventos agravam desigualdades de gênero e pioram as condições de vida das mulheres.
Objetivos
Investigar os efeitos das mudanças climáticas na vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social, militantes do MTST.
Metodologia
O estudo ocorre em uma ocupação do MTST em Santo André/SP, com cerca de 2000 integrantes, entre eles, mulheres em luta por habitação. De fevereiro a julho de 2025, adota-se a pesquisa-ação como método, com oficinas emancipatórias que promovem a apropriação coletiva do problema e reflexão sobre respostas. A análise será orientada pela Análise Crítica de Discurso. Já foram realizadas quatro oficinas, com média de 14 mulheres. Os temas incluem: mudanças climáticas; seus impactos no acesso à alimentação e moradia; desigualdades de gênero e a violência contra as mulheres como expressão dessas desigualdades.
Resultados
Na 1a oficina, as participantes discutiram mudanças climáticas e seus impactos no cotidiano, como a falta de água e o aumento do preço dos alimentos. Na 2a, refletiram sobre frases provocadoras, aprofundando o debate sobre políticas públicas e desigualdades no acesso à água, comida e moradia. Na 3a, analisaram lideranças e justiça climática, escolhendo Marina Silva como referência para uma carta à COP30. Na 4a, compartilharam imagens e frases sobre o que é ser mulher, revelando vivências marcadas por resistência, sobrecarga e desejo de autonomia. As oficinas mostraram engajamento, pensamento crítico e protagonismo.
Conclusões/Considerações
As oficinas emancipatórias têm sido espaços de troca, nos quais as mulheres ampliam a crítica sobre como as mudanças climáticas atravessam suas vidas e saúde. O tema, ainda que inicialmente percebido como distante da urgência da sobrevivência, tem sido ressignificado a partir do cotidiano. Surgiram falas sobre violência de gênero, fome, falta de água e ausência de políticas públicas, evidenciando os impactos das desigualdades estruturais.
JUSTIÇA CLIMÁTICA E SAÚDE: O PROTAGONISMO DA VEREANÇA DE SALVADOR/BA NA PRODUÇÃO DE PROJETOS DE LEI IMPLICADOS COM A CRISE ECOLÓGICA E AMBIENTAL.
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UFRB
3 CMS
4 CPP
Apresentação/Introdução
O estudo toma por base conceitos de justiça climática e saúde que emergem dos povos e comunidades tradicionais. A primeira não se limita a questões ambientais; abarca equidade, direitos humanos e da natureza, e implicações de reparação histórica à luta contra-colonial. A saúde, vista como um valor coletivo, interligado à manutenção da identidade cultural, dos territórios e dos recursos naturais.
Objetivos
Analisar o papel e o protagonismo da vereança de Salvador/BA na produção de projetos de lei e de emenda implicados com a crise ecológica e ambiental.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória. Utilizou-se, para tanto, de estudos documentais e projetos de lei e emenda publicados no primeiro semestre de 2025, pautados na justiça climática e saúde coletiva.
Resultados
Durante o primeiro semestre de 2025, 7 projetos de lei e/ou emenda foram apresentados à Câmara Municipal de Salvador, porém nenhuma foi votado em plenária. O protagonismo dessa pauta está presente em vereanças da esquerda política. A prerrogativa da justiça climática e saúde coletiva não ficam evidentes na maioria de suas elaborações, mas se aproximam de construção que priorizam a preservação do meio ambiente na capital baiana. Chama a atenção o projeto de emenda à lei orgânica de Salvador, como ser de direitos, reconhecendo a importância dos conhecimentos ancestrais e a participação social dos povos e comunidades tradicionais, mediante consulta prévia, livre e informada.
Conclusões/Considerações
Assegurar que os impactos negativos da crise ecológica e ambiental sejam distribuídos equitativamente é estratégia contra-colonial. Impõe-se a participação política e social das populações nos processos decisórios, especialmente nas situações de injustiças climáticas com graves implicações na saúde. A implementação efetiva dessas políticas e a garantia da participação social são desafios a serem superados.
EFEITO DA MISTURA DE METAIS NO PESO AO NASCER: UMA COMPARAÇÃO DE MÉTODOS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
Apresentação/Introdução
Introdução: A exposição humana ao Chumbo (Pb), Arsênio (As) e Mercúrio (Hg) inicia-se no primeiro ciclo da vida, intrauterino, considerando a capacidade desses compostos de atravessar a barreira transplacentária. Os efeitos dessa exposição no desenvolvimento fetal têm sido estudados, porém ainda não é totalmente esclarecido, principalmente o efeito da múltipla.
Objetivos
OBJETIVO: investigar os efeitos da mistura de metais sobre o peso ao nascer (PN) e a Adequação para a Idade Gestacional (AIG).
Metodologia
MÉTODO: Estudo transversal a partir da coorte de nascimento do PIPA-UFRJ-Brasil. Desfechos estudados: escore Z do peso ao nascer (escore Z do PN) e a AIG. Metais investigados: os limites de detecção (LD) foram 0,1 μg/L para As e Hg e 0,1 μg/dL para Pb. Idade gestacional, tabaco e sexo foram considerados fatores de confusão. Para efeitos individuais, foram aplicadas regressão linear e regressão linear múltipla às variáveis contínuas. Para a AIG, foi aplicada a ANOVA. Para analisar o efeito da mistura de metais, aplicou-se 1 - Análise de Componentes Principais para gerar um índice de exposição seguido por análise de regressão e ANOVA; 2 - Regressão Quantil Ponderada Bayesiana (BWQS).
Resultados
RESULTADOS: Houve correlação positiva entre as concentrações de Pb e Hg (p=0,000) e Hg e As (p=0,000). Verificou-se correlação linear positiva fraca entre Pb e peso ao nascer (r ajustado = 0,105 p 0,001*). Bebês classificados como GIG apresentam maior mediana desses metais (P=0,000). No componente gerado pela ACP (Autovalor = 1,2), o metal com maior peso foi o mercúrio (0,75), seguido do As (0,56) e do Pb (0,55). O índice de componentes principais apresentou correlação positiva com o escore Z do peso corporal (R = 0,10, p = 0,01) após o ajuste, e com a AGA (ANOVA, p = 0,013). Na análise do modelo BQWS, com uma relação positiva com o escore Z do peso corporal (α = 0,14, CrI = 0,049 - 0,236).
Conclusões/Considerações
CONCLUSÃO: Os resultados indicam que os dois métodos aplicados apresentam a mesma direção, um efeito positivo da mistura no resultado do peso corporal e a contribuição de cada metal na mistura de metais.
RACISMO AMBIENTAL NOS ARREDORES DO ATERRO SANITÁRIO DE MARITUBA (PA): UMA ANÁLISE DAS VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS NO ESTADO SEDE DA COP30
Pôster Eletrônico
1 UEPA
Apresentação/Introdução
O Aterro Sanitário de Marituba recebe os resíduos da Região Metropolitana de Belém (RMB) e sua atual situação tem provocado sérios impactos nas comunidades do entorno, evidenciando um caso de racismo ambiental, onde populações periféricas e vulneráveis enfrentam riscos à saúde e ao meio ambiente. Discute-se essa realidade à luz dos direitos humanos, no contexto do estado anfitrião da COP30.
Objetivos
Analisar os impactos socioambientais e sanitários causados pelo Aterro Sanitário de Marituba nas populações do entorno, com destaque às violações de direitos humanos na gestão de resíduos sólidos da RMB.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa com base em revisão bibliográfica e análise documental. Utilizou-se artigos científicos, relatórios técnicos, legislações, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e dados oficiais sobre o Aterro de Marituba. A abordagem teórica dialoga com os campos da Saúde Coletiva, direitos humanos e justiça ambiental, incorporando também o conceito de racismo ambiental como eixo central da análise. O estudo também considera a historicidade da gestão de resíduos na RMB e as contradições da política pública local frente às normativas legais e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
Resultados
Identificou-se que o Aterro Sanitário de Marituba, embora tecnicamente mais avançado que os antigos ‘lixões’, ainda provoca efeitos negativos significativos. As comunidades próximas enfrentam contaminação do solo e da água por chorume, doenças respiratórias, dermatológicas e transtornos psicossociais. Além disso, há desvalorização imobiliária, perda de renda e exclusão social. A ausência de infraestrutura básica e políticas públicas efetivas reforça o ciclo de vulnerabilidade. Apesar de manifestações sociais, pouco avanço foi registrado, evidenciando negligência estatal e violações sistemáticas de direitos humanos. Os resultados apontam desafios expressivos para o cumprimento dos ODSs.
Conclusões/Considerações
A realidade vivida pelos moradores do entorno do aterro caracteriza-se como um quadro de racismo ambiental. Assegurar uma gestão de resíduos ambientalmente adequada e socialmente justa, em consonância com os ODS 3, 6, 11, 13 e 16, a partir da implementação de políticas públicas integradas que assegurem participação comunitária, educação ambiental participativa e o cumprimento da PNRS para garantir dignidade e justiça às populações afetadas.
EXPOSIÇÃO DE PESCADORES(AS) ARTESANAIS AO DESASTRE-CRIME DO DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO EM PERNAMBUCO: CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Pernambuco
2 UFBA
3 Fiocruz Pernambuco / UFRN
4 Fiocruz Pernambuco / UFPE
Apresentação/Introdução
O desastre-crime do derramamento de petróleo ocorrido em 2019, afetou nove estados do Nordeste, sendo considerado como um dos maiores desastres em extensão do Atlântico Sul. A exposição ao petróleo cru está associada a diversos problemas de saúde. Classificar o nível de exposição durante o trabalho da pesca e na remoção do petróleo é imprescindível para compreensão desses danos.
Objetivos
Classificar e caracterizar a exposição de pescadores(as) artesanais de Pernambuco ao petróleo durante o desastre-crime ocorrido em 2019 no litoral do Nordeste.
Metodologia
Estudo epidemiológico transversal realizado na região Nordeste, com dados coletados de 16 municípios do litoral de Pernambuco. Como instrumento de pesquisa, foi utilizado um questionário validado, com 13 blocos abordando variáveis de exposição, caracterização socioambiental, econômica e de saúde da população. Foram entrevistados 1.259 pescadores(as) artesanais registrados(as) em 27 colônias e/ou associações do litoral de Pernambuco. Para a classificação do grau de exposição, utilizou-se a análise de agrupamentos com a técnica não hierárquica k-Modas. Para leitura e análise dos dados, utilizou-se a plataforma computacional R v. 4.2.1.
Resultados
A exposição ao petróleo durante a atividade de pesca foi classificada em três grupos: Baixa (72,3%) – maioria sem contato direto; Média (12,3%) – 66,4% manipulou materiais contaminados, 60% sentiu cheiro e 63% teve contato ocasional; e Alta (15,4%) – 77,8% lidou com resíduos, 81% sentiu forte odor e 72,2% relatou irritação na pele. Na remoção do petróleo, dois grupos foram identificados: Baixa exposição (73,1%) – 92,9% não participou da remoção; Média (26,9%) – todos participaram da remoção, 45,1% usaram instrumentos contaminados, 79,9% relataram forte odor e 20% tiveram contato frequente com petróleo.
Conclusões/Considerações
É necessário reconhecer os processos históricos de vulnerailização que antecederam o desastre e que podem promover a intensificação da exposição e os impactos negativos a longo prazo. Não se sabe exatamente quais as implicações desse processo de exposição na saúde dessas comunidades, reforçando a necessidade de acompanhamento dessas pessoas pelo Sistema Único de Saúde e formulação de políticas de saúde e reparação de forma justa e participativa.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, GESTÃO TERRITORIAL E PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO REDES
Pôster Eletrônico
1 OTSS/ PUC RIO
2 UNESP-FCT/OTSS
3 UFF/ OTSS
4 FATEC SS/ OTSS
5 UFRJ/OTSS
Apresentação/Introdução
O Projeto Redes corresponde à segunda fase da condicionante ambiental “Projeto de Educação Ambiental” (PEA). É executado por uma ampla parceria que tem no centro o Observatório dos Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS). Atua em 7 municípios litorâneos, com presença de diversas comunidades tradicionais, grandes empreendimentos e um mosaico de Unidades de Conservação (UC).
Objetivos
O trabalho tem como objetivo explicitar se, e de que formas, o Projeto Redes, enquanto condicionante ambiental que promove um processo educativo, tem contribuído para a ampliação da participação popular na gestão do território ligado às UC 's.
Metodologia
A metodologia que viabiliza a pesquisa conta com distintos processos, ligados a um trabalho permanente de geração de dados temáticos, buscando registrar as ações promovidas pela condicionante em seus 7 municípios e mais de 100 comunidades abrangidas. Além disso, contou com a realização de uma série de entrevistas, remotas e presenciais, com gestores e técnicos das UC’s selecionadas, assim como com pessoal selecionado da equipe profissional que atua na execução da condicionante. A partir de metodologias quantitativas e qualitativas, busca-se um panorama geral de como o tema e a participação popular na gestão territorial das UC’s forami fortalecidos ao longo da execução do PEA.
Resultados
O trabalho possibilitou identificar a participação de representantes das comunidades tradicionais nas instâncias de deliberação das Uunidades de Cconservação nos municípios do litoral sul do Rio de Janeiro e litoral norte de São Paulo. Foram observadas tensões e conflitos socioambientais, bem como a existência (ou ausência) de acordos e processos de mediação entre as UC’s e as comunidades. Também foi analisada a presença de Termos de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) e o estágio de implementação dos respectivos planos de manejo.
Conclusões/Considerações
Nos espaços de formação promovidos pelo Projeto Redes, os debates são fortalecidos através das trocas de experiências entre os territórios, subsidiando a construção de novos movimentos de articulação. A partir da sistematização desse processo pelo Grupo de Pesquisa, são perceptíveis os avanços na apropriação dos espaços de incidência na gestão ambiental em relação às UC 's pelos territórios abrangidos pelo Projeto Redes.
VARIÁVEIS CLIMÁTICAS E QUALIDADE DO AR NA BRONQUIOLITE INFANTIL: EVIDÊNCIAS PARA REDUÇÃO DA MORBIMORTALIDADE E FORTALECIMENTO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE PÚBLICA
Pôster Eletrônico
1 Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde - Fiocruz Brasília
2 Ministério da Saúde
3 Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde - Cidacs
Apresentação/Introdução
A bronquiolite, geralmente é causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), afeta principalmente crianças menores de 2 anos, com 33 milhões de casos e 118 mil mortes anualmente no mundo. O clima e a poluição podem influenciar sua ocorrência. Conhece-los é essencial para prevenir; reduzir a morbimortalidade infantil e fortalecer políticas públicas, especialmente frente às mudanças climáticas.
Objetivos
O estudo objetivou responder à seguinte pergunta da pesquisa: “Os fatores climáticos e poluentes influenciam a ocorrência da morbimortalidade de bronquiolite em crianças menores de 5 anos de idade?
Metodologia
Estudo de revisão sistemática, conforme as diretrizes PRISMA, utilizando as bases de dados Medline, Scopus, Embase e Lilacs. Incluíram-se artigos originais disponíveis na íntegra, publicados em português, inglês e espanhol, entre os anos de 2002 e 2024, O desfecho pesquisado foi crianças de até 5 anos de idade com bronquiolite clínica e/ou laboratorialmente confirmada por RSV, relacionada ou associada a variáveis climáticas (temperatura, umidade, pressão, radiação, chuva, vento, latitude, altitude) e a poluentes do ar (PM2,5/PM10, SO₂, CO, ozônio, NO₂). A qualidade dos estudos foi avaliada com instrumentos da JBI.
Resultados
Foram identificados 5.642 estudos e 25 incluídos na revisão. A maior parte dos estudos foi conduzido em regiões de clima quente temperado e em crianças de 0 a 2 anos, sobretudo menores de 1 ano. A temperatura e umidade do ar mostraram correlação inversa significativa com a bronquiolite, e associada com o PM10 em grande parte dos estudos. Houve divergência nos achados para as outras variáveis estudadas. Baixas temperaturas e a alta concentração de poluição foram associados a mais casos, especialmente em menores de 2 anos e prematuros. Em relação a avaliação da qualidade, 16 foram classificados com alta qualidade; três com baixa, além de apresentarem falhas metodológicas na estatística.
Conclusões/Considerações
Os achados indicam que baixas temperaturas e altos níveis de PM2.5 estão associados ao aumento de casos de bronquiolite, especialmente em menores de 2 anos e prematuros. Recomenda-se fortalecer ações de vigilância ambiental, controle da poluição e estratégias de prevenção sazonais, visando proteger grupos vulneráveis e orientar políticas públicas frente às mudanças climáticas.
O EFEITO DA SECA NA SAÚDE DA POPULAÇÃO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO NO PERÍODO DE 2012 A 2017
Pôster Eletrônico
1 CIDACS
Apresentação/Introdução
A seca de 2012 a 2017 foi uma das mais graves registradas na região do Semiárido brasileiro, destacando-se pela sua duração, com reflexos importantes na saúde da população residente. Os avanços da proteção social na região tem sido apontando como uma estratégia convergente para melhoria da saúde e do contexto de vida a população residente.
Objetivos
O principal objetivo será analisar os efeitos da seca verificada entre 2012 e 2017 nas hospitalizações e mortalidade geral e específicas nos municípios do Semiárido brasileiro, visando compreender melhor o comportamento socioespacial nesse período.
Metodologia
A região do Semiárido, composta por 1.477 municípios, soma cerca de 31 milhões de habitantes (Censo 2022). Neste estudo ecológico, serão analisadas como causas específicas as doenças circulatórias, respiratórias, infecciosas e parasitárias e nutricionais, tendo como fonte de dados de Saúde os Sistemas de Informações Hospitalares (SIH) e de Mortalidade (SIM). Já para mensurar a seca, será utilizado o Standardized Precipitation-Evapotranspiration Index (SPEI) com período de acumulação de 12 meses (SPEI-12), indicado para captar secas de longo prazo, como a hidrológica, que é o foco deste estudo. Como método, serão empregadas análises espaciais de áreas e regressão espaço-temporal.
Resultados
A análise preliminar revelou que a seca entre 2012 e 2017 teve um nível de severidade maior nos municípios pertencentes ao Semiárido piauiense e pernambucano. Ao correlacionar as taxas de hospitalizações e mortalidade, geral e por causas específicas, com o nível de severidade da seca, observa-se que as taxas, na média, são mais elevadas em condições de seca mais severa, com destaque para as respiratórias nas hospitalizações e as circulatórias nas mortes. A partir da distribuição espacial das taxas ao longo do tempo, verifica-se que as mais elevadas permaneceram particularmente em municípios piauienses em situação de elevada privação material (Índice Brasileiro de Privação-IBP).
Conclusões/Considerações
Os resultados preliminares reforçam a necessidade de se discutir, de forma mais profunda, o papel das políticas de proteção social como estratégias de adaptação aos efeitos da seca na saúde das populações mais vulnerabilizadas, de modo a reduzir as iniquidades socioambientais que podem ser agravadas em contextos de crises climáticas.
PROTEÇÃO SOCIAL E RESILIÊNCIA AMBIENTAL: PERMANÊNCIA DAS FAMÍLIAS NO SEMIÁRIDO SETENTRIONAL
Pôster Eletrônico
1 CIDACS
2 UFRN
Apresentação/Introdução
Diante do cenário de elevação da temperatura e redução das chuvas, que devem ser mais pronunciadas em regiões áridas e semiáridas, políticas públicas adaptativas se tornam essenciais no apoio as famílias residentes no meio rural dessas regiões, de modo que possam promover uma estrutura de resiliência que permita que elas possam escolher sobre sua permanência ou mobilidade.
Objetivos
O principal objetivo deste estudo foi analisar a relação entre a imobilidade populacional e a resiliência promovida pelo acesso a políticas de proteção social, a partir dos anos 2000, no Semiárido Setentrional (937 municípios).
Metodologia
Com foco nessa região, que é mais sensível as alterações climáticas no Semiárido brasileiro, utilizou-se a Coorte de 100 Milhões de Brasileiros do CIDACS. A coorte possui dados detalhados sobre condições de vida, políticas sociais e saúde das famílias vulnerabilizadas inscritas no CadÚnico. Foram identificados 20,3 milhões de sertanejos(as) que podem estar vinculados(as), ou aguardando acesso, a programas sociais no período entre 2001 e 2018 (incorporados: Programa Cisternas, Programa Bolsa Família, Tarifa Social de Energia Elétrica e Programas de Segurança Alimentar e Nutricional). O nunca migrante ou pessoa imóvel foi definido como o indivíduo que reside no mesmo município de nascimento.
Resultados
A análise revelou que a maioria das famílias empobrecidas e em vulnerabilidade na região do Semiárido Setentrional participa de pelo menos um programa de proteção social do governo federal, com destaque para o Bolsa Família. Além disso, é comum a participação em múltiplos programas, atendendo a diversas necessidades, com destaque para a combinação do Programa Cisternas com o Bolsa Família, fundamental para permanência do sertanejo no município de nascimento.
Conclusões/Considerações
A sinergia proporcionada pelos programas sociais tem ampliado a capacidade de resiliência e fortalecido os laços das famílias com sua terra natal. São resultados que contribuem, portanto, com a justiça ambiental e a redução das iniquidades socioambientais.
INDICADORES DE SAÚDE NA AVALIAÇÃO DE RESILIÊNCIA A DESASTRES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: UMA REVISÃO DE ESTUDOS DE ENCHENTES E SECAS
Pôster Eletrônico
1 FSP/USP
Apresentação/Introdução
A resiliência ocupou um lugar central nas discussões de redução de riscos a desastres e de mudanças climáticas. Os instrumentos de avaliação da resiliência estruturam informações sobre comunidades e territórios e, em campo tão interdisciplinar, a saúde coletiva e a condição de vida das populações possuem papel fundamental. Delimitou-se o interesse deste estudo em eventos de secas e enchentes.
Objetivos
Este trabalho tem por objetivo identificar como indicadores ligados a questões de saúde e bem-estar das populações compõem avaliações de resiliência a desastres, eventos extremos e estudos de mudanças climáticas ligados à seca ou enchentes.
Metodologia
Para atingir o objetivo de pesquisa, foi realizada uma revisão narrativa da literatura de avaliações de resiliência nos últimos 5 anos no contexto de enchentes e secas. Foram utilizados constructos em inglês, a fim de encontrar artigos com revisão por pares que realizam avaliações de resiliência social, socioambiental ou comunitária. Considerou-se também o tipo de evento, como desastre, evento extremo e emergência, ou estudos ligados às mudanças climáticas. Foram selecionados para a avaliação final trabalhos que continham indicadores que se enquadram no campo da saúde pública, identificados por análise semântica. Tais indicadores foram posteriormente agrupados por similaridade.
Resultados
Entre os 161 trabalhos encontrados nas plataformas Scopus e PubMed, já excluídos os repetidos, 24 foram selecionados para a avaliação final. Foram identificados indicadores associados à saúde pública, podendo-se categorizá-los em quatro grupos: 1. indicadores de saúde, bem-estar e qualidade de vida, sejam diretos (ex. morbidade, mortalidade) ou indiretos (ex. segurança alimentar); 2. acesso a serviços de saúde como infraestrutura crítica da sociedade; 3. indicadores de saúde ambiental; e 4. indicadores relacionados a direitos e vulnerabilidades sociais. Verifica-se uma predominância de indicadores dos grupos 2 e 4, devido à maior disponibilidade de dados através de fontes secundárias.
Conclusões/Considerações
A avaliação da resiliência de populações, comunidades e territórios é uma questão emergente. A escassez de dados, que pode explicar a falta de indicadores que abordam diretamente a saúde das populações, as condições que antecedem e que sucedem a ocorrência de um ou mais eventos estressores, deve ser melhor abordada. Compreender a relação entre resiliência e saúde coletiva é fundamental para enriquecer e aprimorar as avaliações de resiliência.
CIDADE SAUDÁVEL E JUSTIÇA CLIMÁTICA
Pôster Eletrônico
1 Unicamp
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas vêm provocando formas de viver diferentes e em consequência diferentes processos saúde/doença que não são contemplados por um planejamento urbano que se preocupa com o melhor lugar para se viver. Neste sentido a justiça climática, entendida aqui como a capacidade equitativa de construir políticas públicas que incluam as populações vulneráveis na defesa da vida e saúde.
Objetivos
Identificar a presença de conexões entre justiça climática e estratégias de promoção da saúde que contribuam para o planejamento urbano de uma cidade saudável.
Metodologia
Levantamento bibliográfico e de dados disponibilizados em plataformas oficiais e identificação das intersecções dos dados levantados a partir dos unitermos elegidos: (i) cidade saudável; (ii) planejamento urbano; (iii) justiça climática; (iv) promoção da saúde e (v) equidade e as relações das políticas públicas elaboradas nos últimos 5 anos que apontem a justiça climática como estratégias de planejamento urbano e cidade saudável.
Este estudo faz parte de uma pesquisa desenvolvida na FECFAU – UNICAMP em que estão sendo estudados 4 cidades ibero-americanas: Capão Bonito/SP; Maringá/PR; Seixal/PT e Coimbra/PT. E neste trabalho serão apresentados dados parciais.
Resultados
As cidades pertencem às redes de municípios nacionais e internacionais que desenvolvem suas políticas públicas integradas com foco na cidade saudável. São cidades de porte populacional pequeno e médio, desenvolvem projetos de promoção da saúde com objetivos de melhorar os ambientes sociais e econômicos e utilizam-se das estratégias de participação social e intersetorialidade, para redução das vulnerabilidades como fome, ausência de moradia digna, adequação das políticas climática, ausência de mobilidade ativa, ausência de economia circular e outros. A justiça climática quando considerada como um dos termos fundantes para o desenvolvimento urbano de um ambiente resiliente e saudável.
Conclusões/Considerações
A justiça climática deve ser pesquisada e suas dinâmicas de desenvolvimento podem contribuir como norteadores de políticas públicas integradas para o planejamento urbano de cidades saudáveis, na perspectiva das mudanças climáticas.
CRISE CLIMÁTICA E SUBJETIVIDADE: O QUE EXPRESSAM AS CRIANÇAS EM TERRITÓRIOS VULNERABILIZADOS
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
A crise climática escancara desigualdades históricas ao produzir e intensificar violências ambientais que recaem com mais força sobre infâncias racializadas em territórios periféricos. Ao investigar os impactos dessas experiências na saúde mental das crianças, esta pesquisa aponta a urgência de práticas que rompam o silenciamento e afirmem seus modos de existir.
Objetivos
Compreender os efeitos psicossociais das desigualdades ambientais sobre crianças de territórios vulnerabilizados, articulando saúde mental e justiça climática por meio de uma abordagem participativa e descolonial.
Metodologia
Este estudo em desenvolvimento é uma pesquisa-ação conduzida com crianças de 6 a 10 anos da zona leste de São Paulo — em uma região atravessada por alagamentos, estigmas e omissões estatais. Utiliza-se a metodologia do Photovoice, que articula imagem e narrativa como formas de elaboração crítica e serão criados espaços de escuta e expressão voltados à produção de sentido sobre vivências marcadas por injustiças ambientais. A análise seguirá os princípios da Análise Temática, com atenção a sentimentos como medo, vergonha, raiva e desamparo — afetos que expressam marcas psíquicas da colonialidade.
Resultados
Evidências de estudos anteriores apontam que contextos de negligência institucional e degradação ambiental geram impactos subjetivos significativos nas infâncias, atravessados por sentimentos como solidão, insegurança e exclusão e esses efeitos costumam ser invisibilizados ou tratados de forma descontextualizada. A escuta sensível e mediada por metodologias participativas busca evidenciar que as crianças reconhecem desigualdades, constroem sentidos sobre o vivido e formulam respostas coletivas. Ao favorecer a elaboração compartilhada das experiências, a pesquisa busca contribuir para a valorização dos saberes infantis e o fortalecimento de vínculos no território.
Conclusões/Considerações
Descolonizar a saúde coletiva requer romper com a fragmentação entre corpo, mente e território. Ao investigar os efeitos psíquicos do racismo ambiental nas infâncias, a pesquisa propõe uma prática que reconhece o sofrimento como efeito social e histórico, e as crianças como protagonistas de outros modos de cuidar e resistir.
AGRICULTURA URBANA AGROECOLÓGICA: CAMINHOS POSSÍVEIS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E A JUSTIÇA CLIMÁTICA
Pôster Eletrônico
1 Agenda de Saúde Agroecologia, Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (VPAAPS/Fiocruz)
Apresentação/Introdução
O estudo apresenta possíveis contribuições das agriculturas urbanas agroecológicas (AU) para promoção da saúde e justiça climática em cidades brasileiras. A emergência climática evidencia desigualdades históricas atreladas ao racismo ambiental, acesso à terra e à alimentação adequada. Sendo assim, são analisadas conexões entre práticas de AU e mitigação de efeitos da emergência climática.
Objetivos
Discutir conexões entre a justiça climática e a promoção da saúde a partir da AU, e como essas demonstram possibilidades para a o enfrentamento e a mitigação das mudanças climáticas, com destaque para as áreas periféricas e vulnerabilizadas.
Metodologia
A pesquisa foi realizada pela Agenda de Saúde e Agroecologia da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz entre 2024 e 2025 com sete redes de AU do Brasil. Obteve aprovação do Comitê de Ética da Fiocruz. O Projeto envolveu a realização de eventos, formações e apoio a processos produtivos de iniciativas de AU. Foram realizadas 80 entrevistas com agricultores urbanos envolvidos no cultivo de alimentos e plantas medicinais, a fim de compreender suas percepções sobre impactos das mudanças climáticas sobre sua saúde e atividades de agricultura.
Resultados
As entrevistas com os agricultores urbanos revelaram que os efeitos das mudanças climáticas são percebidos através do calor extremo, secas prolongadas, mudanças nos padrões das chuvas, aumento de pragas e doenças nas hortas, e, consequentemente, perda da produção e biodiversidade. Os efeitos específicos nas áreas periféricas foram a diminuição de acesso local a alimentos frescos e sem veneno, agravada pelos chamados “desertos alimentares”. Desse modo, as iniciativas de AU contribuem para a segurança alimentar e nutricional, restauração ambiental, amenização de enchentes e deslizamentos, tratamento adequado dos resíduos pela compostagem, melhoria do conforto climático e sequestro de CO².
Conclusões/Considerações
Conectar promoção da saúde e justiça climática, através de práticas mobilizadas pela AU como acesso à terra, moradia digna, saneamento e alimentação adequada, é evidenciar caminhos possíveis para a construção de cidades mais resilientes. A AU, protagonizada pela sociedade civil e integrada às demandas territoriais, torna-se ação necessária, pois apoia o setor saúde na elaboração de estratégias de enfrentamento e mitigação às mudanças do clima.
A SAÚDE DO HOMEM FRENTE À EXPOSIÇÃO AO GLIFOSATO: VULNERABILIDADES EM COMUNIDADES RURAIS DE BELTERRA (PA)
Pôster Eletrônico
1 UEPA
2 UNAMA
3 IFPA
4 Instituto Evandro Chagas
5 UEPA, UFPA, CESUPA
Apresentação/Introdução
A intensificação do agronegócio no Pará tem impulsionado o uso de agrotóxicos como o glifosato, especialmente em municípios da Amazônia. Em Belterra, trabalhadores rurais estão continuamente expostos a esses compostos, o que potencializa agravos à saúde em contextos de vulnerabilidade socioambiental, com implicações diretas para a saúde coletiva.
Objetivos
Analisar a relação entre exposição ao glifosato e alterações laboratoriais entre homens moradores de comunidade rurais no município de Belterra (PA), a partir de uma abordagem sanitarista baseada em indicadores bioquímicos, toxicológicos e epidemiológicos.
Metodologia
Estudo transversal, descritivo, de base populacional, com enfoque em saúde coletiva, realizado com homens maiores de 18 anos residentes em áreas rurais de Belterra (PA), aprovado pelo Comitê de Ética do IEC (parecer nº 5.452.896/2022). Foram coletadas amostras de soro e urina para análise hormonal (TSH, T4 livre, PSA total e livre) e detecção de glifosato por ELISA. Os dados foram organizados no Excel e analisados no GraphPad Prism 9.0. Utilizaram-se os testes de Lilliefors, T de Student, Mann-Whitney e Spearman, com IC de 95%, para comparar grupos controle e teste segundo os níveis hormonais e de glifosato.
Resultados
Foram analisados 102 homens rurais residentes em comunidades do município de Belterra (PA). Destes, 47,6% consumiam carne de caça e 36,9% moravam até 50 metros de lavouras de soja, o que indica exposição direta a agrotóxicos usados no cultivo local. Glifosato urinário acima de 0,6 ppb foi detectado em 24,3% dos participantes. Alterações hormonais incluíram TSH elevado em 4,9% e T4 livre alterado em 32%, sugerindo risco de hipertireoidismo (p=0,0020). Tremores gerais (23,3%), nas mãos (40,8%) e nas pálpebras (78,6%) foram relatados, além de adormecimento facial (4,9%). Não houve associação entre glifosato e PSA (p=0,3832) nem com T4 livre (p=0,8717). Os dados reforçam vigilância constante
Conclusões/Considerações
A exposição ao glifosato entre homens de áreas rurais de Belterra (PA) evidencia desigualdades estruturais em saúde, agravadas por fatores sociais, ambientais e laborais. As alterações hormonais observadas reforçam a necessidade de ações intersetoriais de vigilância em saúde, fortalecimento da atenção primária, educação popular e políticas públicas voltadas à justiça social e proteção da saúde.
ÓBITOS E INTERNAÇÕES POR DOENÇAS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS EM PESSOAS COM 60 ANOS OU MAIS EM LOCALIDADES AFETADAS POR DESASTRES
Pôster Eletrônico
1 Universidade Católica de Brasília
Apresentação/Introdução
O estudo aborda a morbimortalidade por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas em pessoas com 60 anos ou mais, com foco em quatro municípios brasileiros entre 2000 e 2019. A análise considera variações sazonais e os impactos dos eventos na série temporal de três municípios com histórico de desastres de grande porte no período.
Objetivos
Analisar a mortalidade e internações hospitalares por doenças endócrinas e metabólicas em pessoas com 60 anos ou mais, identificando tendências temporais, variações sazonais e os efeitos de desastres sobre esses indicadores em municípios brasileiros.
Metodologia
Trata-se de um estudo de análise de séries temporais interrompidas, utilizando dados do Datasus (2000–2019). Foram avaliadas taxas de mortalidade e internação por doenças endócrinas em pessoas com 60 anos ou mais nos municípios de Teresópolis/RJ, Nova Friburgo/RJ e Blumenau/SC. As análises incluíram cálculo de variação percentual anual (APC), identificação de tendências e sazonalidade, com destaque para o impacto de eventos extremos de 2008, no Estado de Santa Catarina, e de 2011 na região serrana do Rio de Janeiro.
Resultados
Dos municípios, Blumenau/SC apresentou aumento significativo na mortalidade de mulheres com 60 anos ou mais (APC +32,5%). De modo geral, o mês de janeiro foi o de maior ocorrência de internações entre os municípios, sendo o diabetes mellitus a principal causa entre as doenças analisadas. Estudos internacionais indicam que pessoas idosas com diabetes são mais vulneráveis em desastres, com aumento de complicações no quadro de saúde e dificuldades no acesso a cuidados. No Brasil, estudo qualitativo recente indicou que o desastre relacionado às enchentes de maio/2024 no Rio Grande do Sul, agravaram o quadro de saúde e autocuidado de pessoas idosas com diabetes tipo 2.
Conclusões/Considerações
As doenças endócrinas e metabólicas, especialmente o diabetes, afetam significativamente a saúde de pessoas idosas, agravando-se em contextos de desastres. Considerando que as unidades de saúde foram afetadas na região serrana em janeiro de 2011, os dados podem não refletir com precisão a realidade daquele período, pela falta de registro. Novos estudos são essenciais para subsidiar ações eficazes no contexto brasileiro.
SAÚDE, AMBIENTE E O MODO DE VIDA DE COMUNIDADES GERAIZEIRAS ATRAVESSADAS PELO AGRONEGÓCIO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Pernambuco -UFPE
2 Instituto Aggeu Magalhães - Fiocruz/PE
3 Agência 10envolvimento
Apresentação/Introdução
O território geraizeiro do Alto do Rio Preto, no Extremo Oeste da Bahia, guarda raízes indígenas e modo de vida ancestral no Cerrado. As comunidades enfrentam conflitos socioambientais relacionados à contaminação da água, expropriação de terras, ameaças e outros crimes praticados pelo agronegócio, onde grandes fazendas corporativas de commodities agrícolas “cercam” as comunidades.
Objetivos
Mapear vulnerabilidades socioambientais decorrentes do uso de agrotóxicos em comunidades geraizeiras do Cerrado, visando compreender os impactos à saúde e ao ambiente causados pelo agronegócio.
Metodologia
Trata-se de estudo do tipo pesquisa-ação, onde foi realizado mapeamento participativo nas comunidades geraizeiras de Cacimbinha e Gato, nos anos de 2022 e 2023, junto a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado e com o apoio da Agência 10envolvimento, uma Organização Não Governamental atuante no território. Os encontros foram mediados pelo debate sobre os danos provocados pelo agronegócio na saúde e no ambiente, gravados e posteriormente transcritos. Também foram realizadas caminhada transversal e observação participante. O material foi analisado segundo o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), contou com financiamento e aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados
A investigação evidenciou os danos cotidianos que ameaçam o modo de vida nos territórios geraizeiros, expressados nas categorias analíticas: Danos ao ambiente; Danos à saúde; Conflitos e ameaças do agronegócio; Agrotóxicos; e Elementos protetores da saúde e ambiente. Destacaram-se os discursos sobre a contaminação do rio, a destruição da natureza e os diversos adoecimentos vividos recorrendo ao uso de agrotóxicos, como manchas e coceiras na pele, problemas na visão e no sistema nervoso, entre diversos outros. Assim, o agrotóxico foi associado à morte, adoecimento e destruição. As diversas expressões denunciam as injustiças ambientais vivenciadas, assim como o ecocídio em curso no Cerrado.
Conclusões/Considerações
O cenário de injustiças ambientais expressas nos processos de vulnerabilizações causados pelo agronegócio resultaram em violações de direitos e violências ao modo de vida tradicional das comunidades geraizeiras do Vale do Rio Preto. A pesquisa, em articulação à Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, soma-se a diversas denúncias às violações de direitos das comunidades geraizeiras e outras comunidades tradicionais do Cerrado.
EPIDEMIOLOGIA CRÍTICA: A ASSOCIAÇÃO ENTRE MATERIAL PARTICULADO FINO MP 2,5 E DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO
Pôster Eletrônico
1 UPE
Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas têm sido apontadas como um dos maiores desafios da saúde pública global contemporânea. A degradação da qualidade do ar, impulsionada por queimadas, emissões veiculares e outros eventos extremos, está diretamente associada ao aumento de doenças respiratórias.
Objetivos
Analisar a correlação entre a concentração de material particulado fino (MP2,5) e a taxa de internações por doenças respiratórias (CID-10: Capítulo X) no Brasil, entre 2018 e 2023, considerando as desigualdades regionais e socioeconômicas (IDH).
Metodologia
Estudo ecológico com base em dados secundários do DATASUS (SIH/SUS), VIGIAR, IBGE e bases internacionais (ECMWF/CAMS). Foram analisados indicadores de internações hospitalares e concentrações médias anuais de MP2,5. Aplicou-se estatística descritiva e análise de correlação de Pearson, com estratificação por regiões e IDH.
Resultados
As regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores médias de concentração de MP2,5 e taxas de internações respiratórias. Estados com menor IDH demonstraram maior correlação positiva entre poluição e internações, enquanto regiões com maior IDH (Sul e Sudeste) apresentaram correlação negativa ou estatisticamente não significativa. Em 2020, observou-se queda expressiva nas internações, possivelmente influenciada pelas medidas de isolamento social durante a pandemia da COVID-19.
Conclusões/Considerações
Os resultados sugerem que as desigualdades ambientais e socioeconômicas intensificam os efeitos da crise climática sobre a saúde respiratória no Brasil. Reforça-se a necessidade de políticas públicas intersetoriais que promovam equidade ambiental, monitoramento contínuo da qualidade do ar e ações de mitigação dos impactos das mudanças climáticas.
VIGILÂNCIA DE EVENTOS DE BASE COMUNITÁRIA NA PERSPECTIVA DA SAÚDE ÚNICA: FERRAMENTA DIGITAL MULTISSETORIAL COM GESTÃO INTEGRADA DE RUMORES VIA WHATSAPP
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Mato Grosso do Sul
2 PPGDIP-UFMS/SESAU-CG/MS
3 Secretaria Municipal de Porto Murtinho-MS
4 FACOM-UFMS/SESAU-CG/MS
5 Secretaria Municipal de Campo Grande (SESAU)-MS
6 Escola Nacional de Saúde Pública-Fiocruz
7 FACOM- UFMS
Apresentação/Introdução
A vigilância tradicional enfrenta limitações na detecção oportuna de emergências. Soluções digitais, como WhatsApp aliado à inteligência artificial, podem captar rumores em saúde pública em tempo real. A Rota Bioceânica, por sua diversidade populacional e sanitária, é território estratégico para testar modelos inovadores de vigilância sensível e multissetorial.
Objetivos
Descrever o desenvolvimento e a arquitetura da ferramenta digital Ativa Comunidade, sua usabilidade por líderes comunitários e os resultados iniciais da notificação de eventos.
Metodologia
Estudo descritivo do tipo relato de pesquisa, realizado entre dezembro de 2024 e junho de 2025 em Porto Murtinho (MS) e no Distrito Anhanduizinho (Campo Grande-MS). O projeto teve três etapas: (1) validação técnica da ferramenta com chatbot no WhatsApp, baseada nos eixos “Quando?”, “Onde?” e “O quê?”, com arquitetura voltada à captação de sinais em saúde humana, animal e ambiental, alinhada à Saúde Única e integrada a sistema de gestão de rumores; (2) mapeamento de lideranças (3) avaliaçao de letramento e oficinas com lideranças para formação; (3) monitoramento das notificações.
Resultados
A ferramenta foi validada por áreas técnicas municipais, estaduais e federais. O mapeamento identificou 421 lideranças, das quais 80 participaram de oficinas de letramento em vigilância. Observou-se boa aceitação e uso intuitivo pela comunidade. Entre janeiro e junho de 2025, foram notificados 5 rumores: dois de pessoas com sintomas (febre, dor no corpo, manchas), dois com animais (suspeita de raiva em cão e morte de aves) e um ambiental (derramamento de óleo). Nenhum deles gerou investigação pelo CIEVS.
Conclusões/Considerações
A proposta se mostra promissora como piloto replicável em territórios vulneráveis, ao unir tecnologia acessível e protagonismo comunitário. Sua concepção multissetorial, alinhada à Saúde Única, e o uso de sistema integrado de gestão de rumores apontam caminhos sustentáveis. Futuramente, será necessário ampliar o letramento em vigilância e o número de líderes engajados para aumentar a sensibilidade da vigilancia de base comunitária.
EMBALAGENS SUSTENTÁVEIS A PARTIR DE BIOMATERIAIS DE ORIGEM VEGETAL: CONTRIBUIÇÕES PARA A SAÚDE COLETIVA E A REDUÇÃO DO PLÁSTICO
Pôster Eletrônico
1 UFU
Apresentação/Introdução
A expansão da indústria petroquímica e o uso indiscriminado de plásticos intensificam a crise climática e sanitária, produzindo danos socioambientais e sanitários. Seus impactos afetam de forma desproporcional populações vulneráveis, expostas tanto à poluição ambiental quanto aos resíduos plásticos. Este estudo mapeia biomateriais como alternativas alinhadas às metas globais de redução do plástico até 2030.
Objetivos
Analisar biomateriais como alternativas ao plástico, por meio de 26 patentes e 14 artigos, avaliando viabilidade técnica, funcionalidade e os impactos na justiça climática, na saúde coletiva e na redução das desigualdades globais.
Metodologia
Foram analisadas 26 patentes (EPO, INPI e Google Patents) e 14 artigos científicos (PubMed, LILACS, MEDLINE e SciELO) sobre embalagens biodegradáveis. Os dados foram organizados por tipo de biomaterial (amido, PLA, PBAT, materiais de origem vegetal), processo produtivo (extrusão, termoformagem, prensagem) e função (barreira, conservação, resistência térmica, atividade antimicrobiana/antioxidante). Avaliou-se viabilidade técnica, toxicidade, compostabilidade e potencial de substituição de plásticos (EPS, PET, PE, PVC e PP), considerando impactos na saúde coletiva, justiça climática e segurança sanitária.
Resultados
As patentes e artigos analisados revelam soluções como: filmes com amido e quitosana com extratos naturais (jamelão, urucum); PLA com proteína isolada de soja; bandejas com amido e materiais de origem vegetal; PBAT com extrato de cajueiro; xilana de sabugo de milho; nanocelulose; e o uso da bainha de folha de palmeira na produção de embalagens alimentícias descartáveis. O destaque é o aproveitamento de resíduos agrícolas e materiais naturais de baixo custo, promovendo circularidade e redução de impactos ambientais. São biomateriais biodegradáveis, tecnicamente viáveis, apesar de desafios em custos e padronização.
Conclusões/Considerações
Os biomateriais analisados apresentam viabilidade tecnológica, econômica e potencial de integração em cadeias produtivas sustentáveis. Sua adoção é uma estratégia concreta para reduzir a dependência da petroquímica, enfrentar a crise climática e combater desigualdades socioambientais. A transição demanda políticas públicas robustas, restrições ao plástico e incentivo a tecnologias limpas e regenerativas, alinhadas à justiça social e climática.
REPERCUSSÕES DAS CHUVAS EXTREMAS E IMPACTOS NAS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBO NO RIO GRANDE DO SUL, EM ABRIL/MAIO DE 2024
Pôster Eletrônico
1 ENSP/Fiocruz
2 CESTEH/ENSP/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
O evento climático extremo das chuvas que atingiu o Rio Grande do Sul, de abril a maio de 2024, afetou 471 municípios e causou 172 mortes, impactando a população em geral e atingindo desproporcionalmente as Comunidades Remanescentes de Quilombos no Estado do Rio Grande do Sul.
Objetivos
Apresentar dados preliminares da análise de situação do impacto das enchentes que atingiram as Comunidades Remanescentes de Quilombos do RS, etapa do estudo de intervenção sobre Racismo ambiental e climático, em populações originárias, tradicionais.
Metodologia
Estudo descritivo sobre análise de situação do impacto das chuvas extremas nas Comunidades Remanescentes de Quilombo. Instrumentos: Entrevista com dirigentes da Federação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos no RS-FACRQ/RS; 2. Revisão dos registros e imaagens;3. Compartilhamento de experiências de emergência climática por meio de relato das lideranças quilombolas.
Resultados
Segundo a CONAQ, 17.552 quilombolas, pertencentes 145 comunidades quilombolas, de 70 municípios do Rio Grande do Sul, foram impactados pelas chuvas extremas Os entrevistados relatam as perdas casas, mobiliário. As plantações, assim como a colheita armazenada nos galpões foi totalmente destruída. Em relação à saúde, ocorreram descontinuidade a tratamentos, falta de medicamentos, situações emergenciais sem possibilidade de acesso a serviços de saúde, sinais e sintomas alterações a saúde mental. Além disso, as comunidades ficaram totalmente dependentes de auto ajuda entre si e de ajuda da CONAQ e do Ministério da Igualdade Racial.
Conclusões/Considerações
A dimensão das perdas, ainda não foram totalmente mensuradas. Entretanto, o relato evidencia atraso no socorro, isolamento em relação as demais grupamentos socorrido, perda da produção agropecuária/vegetal, o que impacta diretamente na segurança alimentar, na saúde física e mental, tornando essa população tradicional, dependente de doações e de financiamento publico.
PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE SOBRE OS IMPACTOS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA SAÚDE PÚBLICA: DESAFIOS, PRÁTICAS E LACUNAS NA ATENÇÃO À SAÚDE AMBIENTAL
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 UFRB
Apresentação/Introdução
A poluição atmosférica é um dos principais desafios da saúde ambiental contemporânea. No Brasil, seus impactos são agravados por desigualdades sociais e urbanas. Este estudo busca compreender como profissionais de saúde percebem esses impactos, reconhecendo a importância de seu papel na prevenção e no cuidado em contextos marcados por vulnerabilidade.
Objetivos
Identificar a percepção de profissionais da saúde sobre os impactos da poluição atmosférica na saúde pública e discutir como essa problemática tem sido abordada nos serviços de saúde.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, realizado por meio de questionário eletrônico com perguntas abertas e fechadas. Participaram sete profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e estudantes), atuantes em unidades públicas e privadas nos municípios de Salvador, Feira de Santana e Santa Teresinha. As respostas foram organizadas e analisadas com base em revisão bibliográfica, priorizando publicações a partir de 2008. A análise buscou relacionar os relatos com evidências recentes, com foco na assistência, prevenção e desafios do cuidado em saúde ambiental.
Resultados
As doenças mais associadas à poluição foram asma, bronquite, rinite, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumonias e infecções respiratórias. Crianças, idosos e pessoas em vulnerabilidade social foram identificados como os mais afetados. Profissionais relataram que pacientes urbanos apresentam mais queixas relacionadas à poluição do que os rurais. A assistência foca no tratamento dos sintomas, com pouca atuação preventiva. Destacou-se a ausência de protocolos específicos e a fragilidade institucional no enfrentamento do problema, apesar do reconhecimento da poluição como questão de saúde pública. Há uma lacuna entre o reconhecimento dos impactos e a prática cotidiana no SUS.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que é essencial integrar saúde clínica e ambiental por meio de ações intersetoriais e políticas públicas efetivas. Recomenda-se investir na formação dos profissionais, criar protocolos específicos e fortalecer a prevenção, ampliando o debate sobre os determinantes ambientais da saúde nos serviços de atenção básica.
A PROBLEMÁTICA DO “LIXO”: DIAGNÓSTICO REALIZADO POR UM COMITÊ POPULAR PARA O ENFRENTAMENTO DA DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA EM BETIM/MG.
Pôster Eletrônico
1 Instituto René Rachou - Fiocruz / MG.
Período de Realização
Mar/2021 a Abr/2025: do início do diagnóstico ao retorno dos resultados à comunidade.
Objeto da experiência
Diagnóstico do território elaborado por um comitê popular para pensar ações de enfrentamento de arboviroses no bairro Duque de Caxias (Betim/MG).
Objetivos
Discutir, com base no diagnóstico do Comitê Popular, a problemática do lixo no território, refletindo sobre as suas implicações no enfrentamento das arboviroses e para a saúde pública.
Metodologia
O “Vamo Junto?” Enfrentando a dengue, zika e chikungunya é uma proposta de vigilância em saúde, de base territorial, criada pela Fiocruz-MG em 2016. O projeto prevê a criação de comitês populares, incentivando o protagonismo comunitário e a mobilização social para o enfrentamento das arboviroses. Em 2021, foi criado o Comitê Popular do Bairro Duque de Caxias. Como parte da metodologia, realizou-se um diagnóstico territorial que apontou a centralidade do “lixo” e seu impacto no controle das arboviroses.
Resultados
A experiência colaborou para que o Comitê identificasse as potencialidades e os desafios do território. Evidenciou o valor da participação social na identificação dos problemas, ampliando a percepção crítica dos integrantes do Comitê em relação à comunidade e ao território. Fomentou o debate sobre o “lixo” como um fator que contribui para a proliferação do mosquito vetor, de modo que o acúmulo de resíduos impacta não apenas o meio ambiente, mas também a saúde e a qualidade de vida da população.
Análise Crítica
O “Vamo Junto?”, ao propor a criação de Comitês Populares, com o objetivo de estimular a mobilização comunitária no enfrentamento das arboviroses, possibilita, com base em uma metodologia participativa como a realização do diagnóstico, identificar questões “geradoras”, a exemplo da problemática do “lixo”. Isso tem permitido que o Comitê de Betim (MG) desvele aspectos centrais que impactam o território, etapa essencial para a proposição de ações de mobilização e de promoção da saúde no território.
Conclusões e/ou Recomendações
As arboviroses dengue, zika e chikungunya, transmitidas pelo Aedes aegypti, são um enorme desafio para a saúde pública, exigindo estratégias integradas de prevenção e controle. A experiência do Comitê de Betim demonstra que a construção de diagnósticos territorializados pode ser uma ferramenta metodológica importante para fomentar a mobilização comunitária, fortalecendo as ações de enfrentamento às arboviroses de forma participativa e contextualizada.
O LIVRO MARÉ BRUTA: UM DERRAME DE MEMÓRIAS SOBRE O IMPACTO DO PETRÓLEO NAS COMUNIDADES COSTEIRAS BRASILEIRAS EM 2019
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 UFBA
Período de Realização
O livro foi elaborado de junho/2023 a fevereiro/2024 e lançado em junho de 2024.
Objeto da experiência
O livro descreve enfrentamentos e impactos do derramamento de petróleo de 2019 em comunidades pesqueiras destacando semelhanças e particularidades.
Objetivos
Debater a comunicação científica a partir de um diálogo diverso e equitativo entre saberes, valorizando vivências de comunidades costeiras após o desastre. Refletir a produção científica na construção de conhecimento em colaboração com comunidades tradicionais, reconhecendo-as como protagonistas.
Metodologia
Este livro Maré bruta nasce do projeto “Avaliação dos impactos do derramamento de petróleo na costa da Bahia”. O projeto aborda temáticas sobre a saúde, ambiente e trabalho, com apoio da epidemiologia, saúde ambiental, políticas públicas e ciências sociais. A ideia surgiu durante a coleta de dados e o diálogo com associações e instituições. Os capítulos foram escritos com metodologias participativas, como as oficinas “Derrame de Memórias”, que registraram vivências das comunidades afetadas.
Resultados
Foram realizadas ao menos cinco oficinas com momentos online, reunindo pesquisadoras/es, lideranças e pescadoras(es) artesanais. Os encontros abordaram temas definidos previamente, com apoio de questões disparadoras e fotos do desastre. No último encontro, o grupo revisou o texto antes do envio final. O livro Maré Bruta, publicado em 2024, reúne relatos, imagens e memórias de comunidades da Bahia, Sergipe e Pernambuco sobre o derramamento de petróleo na costa do Brasil em 2019.
Análise Crítica
Os autores consideram que um dos pilares para a construção coletiva de uma comunicação científica seja o engajamento de todos os participantes do processo de pesquisa (acadêmicos, pessoas das comunidades, pescadores, representantes de movimentos sociais) na construção do conhecimento estabelecido a partir de diálogos diversos e equitativos entre saberes. O livro contribuiu para a visibilidade e reconhecimento das comunidades pesqueiras que historicamente sofrem um processo de silenciamento.
Conclusões e/ou Recomendações
Espera-se que o livro contribua para discutir os impactos de desastres em comunidades costeiras, refletir sobre estratégias adotadas e fomentar ações de vigilância popular em saúde a partir das versões comunitárias. Também busca alertar para a importância da gestão qualificada em desastres socioambientais e mostrar que é possível construir, de forma coletiva, sínteses sobre processos sociais complexos como o desastre do petróleo.
DESASTRE E CIÊNCIA CIDADÃ: O PAPEL DE UM EVENTO NA ARTICULAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO CIENTÍFICO E JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL
Pôster Eletrônico
1 UFBA
2 IFSC
3 UNIRIO
4 CIDACS/Fiocruz
Período de Realização
Realizado no formato híbrido, online e presencialmente em Salvador, de 4 a 8 de novembro de 2024.
Objeto da experiência
O I Simpósio Internacional sobre o Desastre por Derramamento de Petróleo na Costa do Brasil em 2019 reuniu diversos atores sociais.
Objetivos
Discutir como o simpósio contribuiu para a integração de saberes acadêmicos e populares, fortalecendo ações colaborativas em contextos de desastre. Em um escopo mais amplo, buscou-se debater estratégias de mobilização social para a construção de políticas públicas socioambientais.
Descrição da experiência
Os eixos que nortearam o evento foram: Ambiente tratou da resiliência socioecológica e criação de um fundo emergencial para resposta a desastres; Saúde discutiu os impactos físicos e mentais e a carência de protocolos de atendimento no SUS; e International Fishing Industry Safety and Health Conference-IFISH abordou a invisibilidade estatística e cooperação internacional; a audiência pública destacou a omissão estatal, o racismo ambiental e a urgência de reparação para as comunidades.
Resultados
A experiência revelou a urgência de reconhecimento formal dos territórios pesqueiros, a fragilidade institucional na coleta de dados e assistência às populações expostas a curto e longo prazo. A força das comunidades locais se mostrou determinante na denúncia da gravidade do desastre e na promoção de ações de resposta emergencial. Emerge também, a necessidade de articulação setorial governamental para enfrentar a complexidade dos desastres ambientais.
Aprendizado e análise crítica
A partir de uma análise crítica percebe-se os integrantes das comunidades tradicionais como agentes de resposta e resistência frente a ausência de proteção institucional e a desigualdade nos direitos. A experiência evidencia a necessidade de retomar a articulação intersetorial interrompida com vistas a fortalecer a vigilância popular e promover ações comunitárias e de saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
O evento representou um marco no fortalecimento da integração entre ciência cidadã e sociedade. Para isso, aponta-se um percurso que garanta o financiamento contínuo para pesquisas de cunho ambiental com vistas a transformar o conhecimento científico em políticas públicas de justiça social.
IPATINGA MAIS HUMANA: CONTROLE E CUIDADOS PARA CÃES E GATOS
Pôster Eletrônico
1 PMI
Período de Realização
O Projeto de Controle Populacional de Cães e Gatos em Ipatinga, implantado em 2023 a maio de 2025.
Objeto da experiência
Relatar ações do projeto de controle populacional de cães e gatos em Ipatinga, destacando impactos na saúde e bem-estar animal.
Objetivos
Controlar a população de cães e gatos em situação de abandono em Ipatinga, por meio de ações como vacinação, microchipagem, eutanásia ética e incentivo à adoção, promovendo saúde pública, bem-estar animal e equilíbrio ambiental.
Metodologia
A partir de 2023, Ipatinga estruturou e ampliou seu Programa de Controle Populacional de Cães e Gatos com novos profissionais, castramóvel, reforma da unidade fixa e uso de tecnologias como o aplicativo “Fala Ipatinga”. A criação de uma equipe de saúde única permitiu uma abordagem integral, promovendo ações conjuntas de castração, vacinação, triagem e educação em saúde.
Resultados
Ipatinga castrou 5.171 animais, sendo 45% de rua ou comunitários. Realizou 10.050 testes de leishmaniose e microchipou 369 cães. Houve redução de 65% nas eutanásias por leishmaniose, 35% por esporotricose e 50% nas doenças zoonóticas. O programa representa um avanço significativo na promoção da saúde pública, no controle populacional ético e no bem-estar animal, consolidando uma abordagem integrada e responsável no município.
Análise Crítica
O projeto demonstrou que a integração entre ações de castração, diagnóstico e educação é eficaz no controle populacional e na redução de zoonoses. A experiência evidenciou a importância do planejamento, da escuta ativa da comunidade e do uso de tecnologias. Como desafio, destaca-se a necessidade de ampliar o alcance em áreas de difícil acesso e manter investimentos contínuos. O aprendizado reforça a saúde única como caminho sustentável.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto mostrou-se eficaz no controle populacional e na redução de zoonoses, promovendo saúde pública e bem-estar animal. Recomenda-se a ampliação das ações em áreas vulneráveis, fortalecimento da educação em guarda responsável, atualização contínua dos dados e garantia de recursos para manter a sustentabilidade e o impacto positivo a longo prazo.
VIGILÂNCIA POPULAR EM SAÚDE NAS COMUNIDADES DOS CAMPOS E DAS ÁGUAS DO CEARÁ
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Ceará
2 Universidade Federal do Ceará
Período de Realização
As atividades foram realizadas de setembro de 2024 a abril de 2025.
Objeto da experiência
Fortalecer a Vigilância Popular em Saúde em territórios tradicionais impactados por conflitos socioambientais e invisibilização frente as políticas públicas.
Objetivos
Apoiar a construção de indicadores de vigilância popular em saúde; valorizar saberes ancestrais; articular sujeitos locais e instituições para denunciar desigualdades e promover justiça ambiental e sanitária em comunidades da Chapada do Apodi e do Quilombo do Cumbe(CE).
Descrição da experiência
A atuação ocorreu com base na Pesquisa-Ação Participante e articulação entre Ecologia de Saberes, Educação Popular e Epidemiologia Crítica. Realizaram-se rodas de conversa, entrevistas, observações, análise de documentos e participação em eventos. Foram registradas práticas de resistência, tradicionalidade, agroecologia sustentável e mobilização popular. Constam no território violações de direitos como contaminação da água, restrição territorial e impactos na soberania alimentar.
Resultados
A resistência local aliada a metodologias participativas, apoiou a luta das comunidades no enfrentamento dos conflitos socio ambientais e ampliou o diálogo entre os movimentos sociais, academia e SUS. A experiência contribuiu para a mobilização comunitária e visibilidade política dos territórios. Além disso, a integração entre atividades comunitárias e acadêmicas fortaleceu a autonomia das comunidades permitindo um papel mais ativo.
Aprendizado e análise crítica
A experiência reforça que a saúde coletiva exige diálogo entre ciência crítica e saberes populares. Evidenciou-se o racismo ambiental e a negligência do Estado. A Vigilância Popular se mostrou potente ferramenta de resistência, emancipação e construção de políticas mais justas. Destaca-se a centralidade do território na produção de saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se o reconhecimento da Vigilância Popular como política pública e sua articulação com a vigilância institucional. É urgente garantir apoio técnico, recursos e protagonismo comunitário para a produção de indicadores próprios, defesa do território e enfrentamento das iniquidades ambientais, étnico-raciais e sanitárias.
PROJETO MULUNGU FORMAÇÃO ANTIRRACISTA: O RACISMO AMBIENTAL E A SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA EM QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA, OBRA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Pôster Eletrônico
1 IF Goiano
Período de Realização
A experiência teve início em fevereiro de 2025 e ocorre nos dias atuais.
Objeto da experiência
Grupo de estudos antirracista, busca promover estudos e vivencias entre as diferentes modalidades de ensino do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí.
Objetivos
O trabalho tem como objetivo apresentar a experiência de um grupo de estudo na qual discutiu-se os impactos do racismo ambiental para a saúde da população negra na perspectiva do livro Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus.
Descrição da experiência
A experiência relatada é um recorte do projeto Mulungu Formação antirracista, do curso de Nutrição do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí. Durante o projeto realizam-se leituras de obras literárias de escritoras e escritores negros, e encontros presenciais para o debate da temática racial e escrevivência negra, e intersecções com a saúde. Dessa forma, o presente relato apresenta reflexões realizadas em um encontro do Mulungu, referente a obra Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus.
Resultados
Durante o encontro participaram discentes e a docente responsável pelo projeto. As discussões foram apoiadas nos seguintes trechos da obra: “Nós somos pobres, viemos para a margens do rio. A margens do rio são os lugares de lixo e dos marginais.”, “Não mais se vê os corvos voando as margens do rio, perto dos lixos. Os homens desempregados substituíram os corvos.”, “Nem o ar que respiramos, não é puro, porque jogam lixo na favela.”, e “a favela é o quintal onde jogam os lixos.”.
Aprendizado e análise crítica
As discussões fomentaram o debate acerca do racismo ambiental, a partir de necropolíticas e isolamento da população negra e periférica em territórios vulnerabilizados pela não ação política. Esses espaços são descritos pela autora como quartos de despejo, nos quais as desigualdades e iniquidades no acesso a saúde, expõem a população que vive ali. Além do desemprego, outras determinações de saúde são denunciadas, como a contaminação do ar e da água e a presença constante do lixo.
Conclusões e/ou Recomendações
O grupo Mulungu Formação Antirracista, apresenta uma proposta metodológica que endossa o debate e reflexões sobre o contexto racial e determinações na saúde. A partir da experiência relatada, trechos importantes da obra de Carolina contribuíram para discussões sobre os impactos do racismo ambiental e necessidade do olhar interseccional para a problemática levantada. Ressalta-se a contribuição Mulungu para a formação crítica e antirracista em saúde.
MOEDA SOCIAL: UMA IMPORTANTE TECNOLOGIA SOCIAL PARA A MOBILIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Municpal de Saúde do Crato -CE
2 Fiocruz-CE
3 Secretaria Municpal de Saúde do Crato - CE
4 Secretaria Municpal de Saúde de Juazeiro do Norte-CE
5 Associação Comunitária do Sítio Belo Horizonte
6 Secretaria Municpal de Saúde do Crato-CE
Período de Realização
Desde junho/2023, moeda social implementada na promoção da economia local, e ação socioambiental.
Objeto da experiência
Implementar a moeda social como um valor de troca para solucionar a problemática da incorreta destinação dos resíduos, lançados na natureza.
Objetivos
Promover troca de resíduos por “moedas”, convertendo em bens de consumo. Mobilizar ação socioambiental e gerar valor social ao resíduo. Mitigar a poluição ambiental, a partir de impactos socioambientais que combatem o racismo ambiental e promovem a geração de renda, a cidadania e a inclusão social.
Descrição da experiência
Mediante a criação da feira, o incentivo à produção, a circulação da economia comunitária, além das ações de promoção à Educação Ambiental, a Associação do Sitio Belo Horizonte, desenvolveu a tecnologia da Moeda Social, denominada Carrapato. A sistemática da tecnologia em questão a partir de uma estruturação legislativa visa arrecadar o óleo usado para ser trocado pela moeda. A partir de 250ml de óleo é trocado por 1 carrapato, como poder de compra na feira de economia solidária.
Resultados
O nome da moeda foi elaborado partindo das histórias contadas pelos moradores antigos da comunidade preservando e resgatando suas tradições. Houve reuniões junto aos feirantes esclarecendo a sua operacionalidade, a moeda segue ordem numérica que estampam às cédulas. Foram coletados mais de 700 litros de óleo, usados e repassados para a empresa de Sabão Juá, que é parceira desse projeto, evitando que esses dejetos fossem dispensados na natureza, na feira circulou cerca de 433 moedas carrapatos.
Aprendizado e análise crítica
A tecnologia da Moeda Social auxilia na mitigação de mudanças climáticas, no combate ao racismo ambiental; no consumo consciente, desenvolvimento territorial e promoção à saúde da comunidade. Para isso, utiliza-se resíduo reciclável como solução alternativa às problemáticas sociais e ambientais, fortalecendo redes colaborativas. Uma ação emancipatória significativa na comunidade para realização de práticas sustentáveis que aliam desenvolvimento econômico e preservação ambiental e sociocultural.
Conclusões e/ou Recomendações
A má gestão dos resíduos, causa sérios impactos ambientais, à saúde, além de onerar cofres públicos. A Moeda social, atua como ferramenta na solução destas problemáticas, estimula o desenvolvimento, amplia a economia, promove a saúde e combate o racismo ambiental. Um importante fator é a preservação da identidade local e regional, em virtude do consumo do que é produzido localmente preserva-se a cultura e as tradições, de forma intergeracional.
A PERSISTÊNCIA DO RACISMO AMBIENTAL NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE QUARTO DE DESPEJO E DADOS CONTEMPORÂNEOS DO CONTEXTO DE SAÚDE AMBIENTAL
Pôster Eletrônico
1 IF Goiano Campus Urutaí
Período de Realização
Início em fevereiro de 2025 e ocorre nos dias atuais.
Objeto da experiência
Projeto Mulungu Formação Antirracista, grupo de estudos e vivencias no debate racial e intersecções com a saúde.
Objetivos
O trabalho tem por objetivo apresentar a experiência de um grupo de estudos, o qual abordou aspectos do racismo ambiental e suas implicações na saúde da população negra e periférica no livro Quarto de Despejo, evidenciando contextos atuais sobre saúde e condições ambientais de moradia.
Metodologia
O grupo Mulungu, debate a questão racial e de saúde a partir da leitura de obras literárias de escritores negros e negras, e rodas de conversa para o debate sobre o livro. Os encontros são quinzenais e promovidos por discentes e docentes do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí. Durante os últimos quatro meses, as rodas promoveram um diálogo entre a obra "Quarto de Despejo" de Carolina Maria de Jesus e vivencias atuais do racismo ambiental no Brasil, sobretudo entre a população negra.
Resultados
Durante os encontros constatou-se que condições descritas por Carolina em 1950/60 são atuais na realidade brasileira. A autora relata sua luta diária por água limpa - "Eu pego água no cano... a água está suja, barrenta" – realidade enfrentada pela população que ainda hoje não tem acesso à água tratada. Em outro trecho: "A vala está cheia de lixo... as crianças ficam doentes", o cenário é semelhante a cidades como Porto Velho, onde 3,23% da população tem coleta de esgoto, ou Macapá, com 3,5%.
Análise Crítica
As piores condições de saneamento coincidem com territórios de maioria negra e periféricos, contexto em que o racismo estrutural se materializa na falta de políticas públicas. Carolina narra um manifesto atemporal que interpela nossa consciência: até quando toleraremos a existência de "quartos de despejo" em nossa sociedade? Setenta anos depois, "Quarto de Despejo" permanece atual e necessário, nos lembrando que a luta por dignidade e direitos básicos continua urgente.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência no Projeto Mulungu mostra que a literatura de Carolina Maria de Jesus para além de um registro histórico, é um instrumento para conscientização e mobilização popular. A obra Quarto de Despejo evidencia que o acesso à água limpa e ao esgoto tratado são direitos básicos, negados a população, em particular a população negra e periférica. Essa experiência reforça a necessidade da educação antirracista e interseccional e intersetorial.
AGROECOLOGIA NAS FAVELAS: REDES LOCAIS PROMOVENDO SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 AS-PTA
Período de Realização
Julho 2024 a julho 2025
Objeto da experiência
Implementação de iniciativas de agroecologia em rede visando a promoção da saúde em 9 favelas em 5 territórios do Rio de Janeiro
Objetivos
Contribuir para a elaboração de uma agenda propositiva de promoção da saúde integral em favelas do Rio de Janeiro, com base em práticas agroecológicas, identificando e sistematizando experiências; promovendo tecnologias sociais e realizando incidência política junto a redes da sociedade civil
Metodologia
A iniciativa faz parte do Plano Integrado de Saúde nas Favelas, da Fiocruz, sendo realizada pela AS-PTA em parceria com organizações de 5 territórios. O lançamento ocorreu durante o IV Encontro de Experiências de Agricultura e Saúde na Cidade. Foi adotado o método LUME e produzidos boletins das experiências; visitas de intercâmbio e implementadas tecnologias sociais. As reflexões geraram um documento, debatido no seminário final onde participaram lideranças comunitárias e a Fiocruz.
Resultados
5 experiências sistematizadas e utilizadas para a reflexão sobre saúde e agroecologia nas favelas
Lideranças e praticantes da agricultura urbana (AU) incorporaram informações e conhecimentos sobre práticas de uso de tecnologias sociais agroecológicas
3 tecnologias sociais incorporadas, difundidas e replicadas
Mais de 30 lideranças locais envolvidas em todo o processo de sistematização e atentas à relação entre agroecologia e saúde nas favelas
Documento síntese debatido no seminário final do projeto
Análise Crítica
A AU produz alimentos e plantas medicinais, afetando positivamente a saúde mental
Mulheres pretas são as principais praticantes, resgatam suas ancestralidades e práticas de cuidado
A AU ajuda na infiltração de água, mantendo microclimas amenos. Reduz o lixo e risco de propagação de doenças
Tecnologias sociais em destaque: compostagem, captação de água de chuva, hortas freáticas
Intercâmbios são espaços de trocas e construção de conhecimentos
A AU cumpre papel na promoção da saúde em favelas
Conclusões e/ou Recomendações
A AU é uma prática que deve ser incorporada na atenção básica à saúde
A AU em favelas ajuda a manter ambientes saudáveis, eliminando espaços de acúmulo de lixo e ajudando a manter microclimas que ajudam na melhoria da qualidade de vida
A promoção da AU deve envolver diferentes atores sociais, desde profissionais da saúde envolvidos com o SUS, quanto moradores experientes em práticas comunitárias, conformando uma troca de saberes
VIVÊNCIAS NA MARCHA DAS MARGARIDAS: A LUTA DAS MULHERES DO CAMPO CONTRA A VIOLÊNCIA E OS FATORES RELACIONADOS AOS EMPREENDIMENTOS EÓLICOS EM SEUS TERRITÓRIOS
Pôster Eletrônico
1 Afya Garanhuns
2 UPE
3 Fiocruz
Período de Realização
13 de março de 2023, das 9h às 12h.
Objeto da experiência
Relato da vivência, como estudante de pós-graduação, junto às mulheres rurais na Marcha das Margaridas contra a violência e os empreendimentos eólicos.
Objetivos
Refletir sobre a participação de mulheres rurais na Marcha das Margaridas, evidenciar suas lutas contra a violência e os fatores eólicos, e compartilhar a vivência enquanto estudante de pós-graduação junto a essas mulheres em resistência.
Descrição da experiência
Enquanto estudante de pós-graduação, participei da Marcha das Margaridas junto a mulheres do campo vulnerabilizadas pelos empreendimentos eólicos, na cidade de Caetés, Pernambuco. Vivenciei a luta contra a violência de gênero e a defesa dos territórios, além dos fatores socioambientais e de saúde, que ampliam suas vulnerabilidades. O relato traz uma experiência de resistência, aprendizado coletivo e mobilização política em prol dos direitos das mulheres do campo.
Resultados
A experiência evidenciou a força coletiva das mulheres do campo na denúncia da violência e na resistência aos empreendimentos eólicos. Foi perceptível como esses fatores agravam vulnerabilidades sociais, ambientais e de saúde, o que fortalece a importância da mobilização política e do protagonismo feminino para a defesa dos direitos, territórios e da dignidade.
Aprendizado e análise crítica
A vivência reforçou a necessidade de integrar as pautas de gênero e justiça ambiental nas lutas rurais. Além disso, evidenciou como os empreendimentos eólicos, embora vistos como proposta promissora para uma possível crise energética, podem aprofundar desigualdades e violências. Destaca-se a importância de escutar as vozes das mulheres afetadas para que assim, sejam construídas políticas públicas inclusivas que respeitem seus territórios e promovam saúde, segurança e dignidade.
Conclusões e/ou Recomendações
A participação na Marcha das Margaridas reafirmou a resistência e a resiliência das mulheres do campo diante da violência e das ameaças socioambientais. Este relato destaca a urgência de fortalecer espaços de diálogo e ação coletiva que promovam justiça social, ambiental e de gênero, garantindo direitos e proteção às mulheres rurais em seus territórios.
PARTICIPAÇÃO SOCIAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA ACERCA DA 5ª CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Pôster Eletrônico
1 UECE; IDOMED
2 IDOMED
3 UECE
Período de Realização
Ocorreu em Brasília, nos dias de 6 a 9 de maio de 2025.
Objeto da experiência
5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente. Com o tema “Emergência Climática: O Desafio da Transformação Ecológica”.
Objetivos
Descrever a experiência da participação na 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, destacando as principais discussões, os conhecimentos adquiridos e a percepção sobre os desafios e avanços das políticas ambientais no Brasil.
Descrição da experiência
O percurso até a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente ocorreu por etapas. Primeira etapa: 2ª Conferência Intermunicipal do Meio Ambiente do Sertão Central 2. Segunda etapa: 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente. Terceira etapa: 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente. Nessa etapa, foram eleitos 50 delegados para representar o Estado do Ceará. Participei como representante do setor privado no Eixo V - Governança e Educação Ambiental.
Resultados
A participação na Conferência revelou o potencial da mobilização social na formulação de políticas ambientais no Brasil. A pluralidade de atores – povos tradicionais (indígenas, quilombolas e povos ciganos), sociedade civil (mulheres, pessoas pretas e pessoas com deficiência), academia e governo – demonstrou a riqueza do debate e a construção coletiva de propostas para a proteção e recuperação ambiental, com foco na emergência climática e transformação ecológica.
Aprendizado e análise crítica
Participar da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, foi uma experiência profundamente enriquecedora e um convite à reflexão mais profunda. Como professor de Saúde Coletiva, a intersecção entre meio ambiente e saúde é um campo que me fascina, e a conferência ofereceu momentos ímpares para explorar essas conexões sob a ótica da crise climática atual. A pluralidade de vozes foi um dos pontos altos, permitindo uma compreensão mais abrangente dos desafios e das soluções propostas.
Conclusões e/ou Recomendações
A participação na 5ª Conferência do Meio Ambiente sublinha a importância vital da participação social na construção e monitoramento das políticas ambientais brasileiras. É evidente que a emergência climática exige a co-construção de soluções, onde a voz da sociedade civil, academia e povos tradicionais se faz crucial. Este relato reforça que a ação coletiva e o engajamento cívico são essenciais para a proteção e recuperação ambiental no país.
PROTEGER QUEM RECICLA: O CUIDADO COM AS EMERGÊNCIAS CLIMÁTICAS
Pôster Eletrônico
1 PUCPR
Período de Realização
Reuniões com acadêmicos em abril e maio e em junho de 2015 foi feita a atividade.
Objeto da experiência
Atividade de educação em saúde com trabalhadores da reciclagem de lixo
Objetivos
Dialogar com trabalhadores da reciclagem sobre mudanças climáticas e seus impactos na saúde, especialmente as ondas de calor, e fazer recomendações que aliviem os efeitos nos seus cotidianos de trabalho.
Descrição da experiência
Uma atividade pedagógica extraclasse integra a proposta de uma disciplina do terceiro período do curso de medicina de uma universidade privada em Curitiba, Paraná. Sob a supervisão docente, quatro acadêmicos desenvolveram atividades educativas em uma Associação de Reciclagem de Lixo nas proximidades da Unidade de Saúde, campo de estágio da escola. A iniciativa visou dialogar sobre mudanças climáticas, especialmente aquelas relacionadas às ondas de calor e seus impactos na saúde.
Resultados
O encontro aconteceu num galpão onde é a sede da Associação. No encontro estiveram presentes dez mulheres. Nenhum dos trabalhadores homens (seis) tinha comparecido naquele dia, uma segunda-feira início da tarde. Cada um dos acadêmicos foi responsável por dialogar sobre: Mudanças climáticas, impacto na saúde, vulnerabilidade no trabalho extenuante e ao ar livre e recomendações a serem seguidas. Folders explicativos e camisetas claras (frescas, leves e claras) foram entregues aos participantes.
Aprendizado e análise crítica
A iniciativa se destaca por sua abordagem prática e contextualizada. Ao direcionar uma atividade pedagógica aos trabalhadores da reciclagem de lixo, reconhece-se a importância de levar o conhecimento uma população negligenciada e vulnerabilizada. A escolha sugere compromisso de dialogar e levar informações sobre temas relevantes da atualidade que possam gerar impactos no dia a destes trabalhadores mais suscetíveis aos efeitos das mudanças climáticas e seus danos.
Conclusões e/ou Recomendações
Dialogar com uma população vulnerável como a de trabalhadores da reciclagem ultrapassa apenas a transmissão de informações. Além do potencial para sensibilizar os participantes, é possível que humanize e engaje acadêmicos de medicina na identificação de problemas e necessidades da população, em especial, aquelas voltadas ao desafio das mudanças climáticas para a saúde global.
EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA GESTANTES DE UMA USF RURAL SOBRE OS RISCOS DA EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS
Pôster Eletrônico
1 Divast/Cesat
Período de Realização
Maio de 2025.
Objeto da experiência
Informar gestantes de uma Unidade de Saúde rural sobre os riscos da exposição direta e indireta a agrotóxicos no período gestacional.
Objetivos
Apresentar uma reflexão sobre o momento de educação em saúde para gestantes de uma Unidade de Saúde da Família de área rural, em um município da Bahia, sobre os riscos à saúde decorrentes da exposição a agrotóxicos.
Descrição da experiência
As reflexões produzidas aconteceram a partir da experiência de uma técnica da Divast/Cesat em conduzir uma roda de conversa para gestantes, em uma USF rural. Cuja abordagem versou sobre o impacto negativo da exposição a agrotóxicos na gestação, fato importante diante da realidade local, já que muitas dessas gestantes têm contato direto ou indireto com essas substâncias. O assunto foi abordado de maneira clara e objetiva, com linguagem simples e amplamente participativa.
Resultados
A ação de educação em saúde em uma USF rural, teve como resultado uma roda de conversa, onde a partir de dúvidas e perguntas feitas pelas gestantes, foram trazidos conceitos, riscos e maneiras de diminuir a exposição a agrotóxicos. Essa ação proporcionou esclarecimento sobre um tema urgente e de grande impacto para a saúde de gestantes e bebês, além de destacar o importante papel educador de profissionais de vigilância e da assistência em saúde.
Aprendizado e análise crítica
Os autores consideram que a ação realizada contribuiu para colocar em pauta um tema urgente e de grande impacto na saúde pública, além de destacar o importante papel do trabalho conjunto entre profissionais da vigilância em saúde e da assistência acerca do controle dos riscos da exposição a agrotóxicos enfrentados pela população rural, em especial pelas gestantes.
Conclusões e/ou Recomendações
A mulher rural, em especial a gestante, realiza trabalho considerado invisível no ambiente familiar e coadjuvante durante a lida no campo. Espera-se que essa ação dê maior visibilidade às necessidades de gerenciamento de risco à saúde delas e de seus familiares. E que essa conduta, ao aplicar conceitos de vigilância em saúde e educação popular, estimule outras ações capazes de transformar informação em bem coletivo.
CONFLITOS HÍDRICOS EM TERRITÓRIOS PETROLEIROS E GASÍFEROS: DESAFIOS PARA O SUS
Pôster Eletrônico
1 Fundação Oswaldo Cruz
Período de Realização
A pesquisa inicia em 2013 e continua em andamento em 2025.
Objeto da experiência
A pesquisa se foca nos conflitos envolvendo água entre comunidades e empreendimentos petroleiros e gasíferos no Brasil e seus desafios para o SUS.
Objetivos
O objetivo é descrever conflitos hídricos entre comunidades e a atividade hidrocarborífera. Serão abordados alguns estudos de caso com os seus repectivos impactos na saúde ambiental e humana, e como, estes novos cenários mais ampliados de tornam desafios para o SUS.
Descrição da experiência
A observação e sistematização de diferentes conflitos envolvendo água em territórios que convivem com estruturas com exploração, produção, refino e distribuição de hidrocarbonetos resultou em uma descrição dos potenciais desafios para o Sistema único da Saúde. O enfrentamento a estes desafios exige a intersetorialidade nos temas de saúde e ambiente visando a garantia do direito de acesso à água e a um ambiente são.
Resultados
No campo dos conflitos envolvendo a água, a disputa se dá tanto pela concorrência com os empreendimentos pelo seu alto consumo e poder econômico que monopoliza, por vezes, o acesso à água. Também inviabiliza a pesca pelos seus inúmeros dutos que transpassam maretórios ou por rotas de grandes navios. O acesso à água de qualidade também é comprometido pelos inúmeros vazamentos que ocorrem nas águas doces e salgadas, aumentando o risco de exposição humana e ambiental a produtos tóxicos.
Aprendizado e análise crítica
Foram observados conflitos que envolvem a disputa por acesso à água envolvendo bairros ou até mesmo bacias hidrográficas, mostrando a transescalaridade dos processos. As respostas do Sistema Único de Saúde nestes casos se mostrou comprometida pela falta de preparação dos profissionais. Conhecer melhor estes cenários pode preparar o Sistema único de Saúde para prevenir e responder a estes desafios, a próxima etapa do estudo será elaborar atividades de ensino sobre este tema.
Conclusões e/ou Recomendações
O aumento da presença de hidrocarbonetos nos territórios vem acompanhada de riscos que envolvem explosões, incêndios, vazamentos e acidentes que devem ser considerados no planejamento e funcionamento do Sistema Único de Saúde. Com relação à água, pode haver poluição a fontes de água e a redução da sua disponibilidade, que implicarão em problemas sanitários, sendo necessária assim uma maior qualificação dos profissionais de saúde neste tema.
“CERCA NAS ÁGUAS DERRUBAR”: PROTOCOLOS DE CONSULTA EM COMUNIDADES DA PESCA ARTESANAL NO NORDESTE.
Pôster Eletrônico
1 UFPB
Período de Realização
As oficinas sobre protocolo de consulta ocorreram de dezembro de 2024 a junho de 2025.
Objeto da experiência
O diálogo acerca da construção de protocolos de consultas como ferramenta de defesa territorial junto às comunidades tradicionais da pesca artesanal.
Objetivos
Refletir com as comunidades sobre direitos e participação na tomada de decisões para proteção dos territórios. Fortalecer o direito à consulta prévia, livre e informada sobre ações que afetem seus modos de vida. Facilitar a construção do protocolo de consulta.
Descrição da experiência
Oficinas itinerantes organizadas em conjunto com 6 comunidades de pesca na RESEX Acaú-Goiana, com apresentação da Convenção 169 da OIT e exemplos de protocolos de consulta. Foram descritas fases de licenciamento ambiental, bem como abertura para discutir empreendimentos que ameaçam os territórios. As oficinas terminam com a construção coletiva de um varal/linha do tempo, feito pela comunidade, para contar sua história e suas formas de resistência em seu território.
Resultados
As reuniões mobilizadas pelas lideranças locais reuniram cerca de 240 pescadoras e pescadores para discutir sobre direitos territoriais. Ao final das reuniões itinerantes as comunidades decidiram iniciar a construção de seu protocolo de consulta, enquanto material de proteção e afirmação da identidade de seus territórios, que estão ameaçados por indústrias de cimento, usina de cana de açúcar, carcinicultura, e mais recentemente pela possível instalação do porto flutuante
Aprendizado e análise crítica
As lideranças como agentes políticos do território, através das trocas de saberes nas oficinas, conseguiram se apoderar do direito à consulta prévia, bem como repassar esse ensinamento à comunidade. A construção do varal em forma de linha do tempo fomentou uma unidade coletiva e incentivou um olhar de vigilância popular em saúde, fazendo com que a população se reconhecesse em sua história, assim como o que os ameaça, demarcando através dos anos e do espaço seu direito à terra e às águas.
Conclusões e/ou Recomendações
O processo de realização das oficinas demonstrou o poder da organização popular nas comunidades e fortaleceu as associações de trabalhadores da pesca artesanal. Cada território com suas especificidades, às vezes até sem grandes estruturas físicas, porém conseguiu mobilizar a população para se organizar em defesa do território. Construindo uma comunidade com acesso à informação e com soberania popular na gestão de seu território.
JUVENTUDES PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: MOBILIZAÇÃO, INCLUSÃO E AÇÃO COLETIVA NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Católica de Brasília / JDS
2 Universidade de São Paulo / JDS
3 JDS
4 Universidade do Porto / JDS
Período de Realização
Agosto a setembro de 2024, com eventos prévio na comunidade e conferência presencial em Campinas
Objeto da experiência
Mobilização juvenil e comunitária para o desenvolvimento sustentável por meio de eventos participativos e formativos
Objetivos
Engajar juventudes na construção de soluções sustentáveis locais; promover inclusão e participação cidadã; fomentar o diálogo entre setores sociais; ampliar a visibilidade de iniciativas sustentáveis e de saúde ambiental; e fortalecer a governança colaborativa na Região Metropolitana de Campinas.
Descrição da experiência
O projeto promoveu cinco eventos preparatórios (“Esquentas”), três mesas redondas online e uma conferência presencial no Sesc Campinas. As atividades abordaram temas como mudanças climáticas e os impactos na saúde e sociedade, economia circular e inclusão social. Com metodologias participativas como o “World Café”, os participantes contribuíram para a construção da Carta Recomendatória JDS. A experiência envolveu jovens, especialistas, organizações e gestores públicos.
Resultados
A conferência mobilizou 339 pessoas, com 114 inscritos formais e com diversidade de gênero e raça. Foram distribuídas 39 bolsas de auxílio, garantindo inclusão e participação. As discussões resultaram em propostas concretas para políticas públicas locais, como o Plano Local de Ação Climática de Campinas, a inserção de jovens em câmara técnica municipal e em projetos locais, como plantio de árvore e educação em riscos e saúde ambiental em escolas estaduais.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou o potencial transformador da juventude quando apoiada por metodologias inclusivas e recursos adequados. A oferta de bolsas foi essencial para garantir equidade. No entanto, a limitação de recursos humanos e financeiros ainda é um desafio, visto o caráter voluntário da participação. A necessidade de ampliar a estrutura organizacional, garantir continuidade das ações e fortalecer parcerias é prioridade.
Conclusões e/ou Recomendações
Após a realização da Conferência, a ação demonstrou que a mobilização juvenil pode gerar impactos sociais relevantes quando há estrutura, escuta ativa e metodologias participativas. Promover a articulação entre comunidade, juventude, academia e gestores se mostrou crucial para o segmento das ações propostas na Carta recomendatória em 2025.
DISPONIBILIDADE, ACESSO À ALIMENTOS E INSEGURANÇA ALIMENTAR A PARTIR DA EBIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO FOCAL COM RIBEIRINHOS DA AMAZÔNIA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal de Santa Maria - Departamento de Alimentos e Nutrição (DANut).
2 Instituto Leônidas e Maria Deane (Fundação Oswaldo Cruz)
Período de Realização
O grupo focal foi agendado e realizado em março de 2025, para participação ativa dos comunitários.
Objeto da experiência
Comunidade rural ribeirinha denominada São Sebastião do Cuieiras, localizada na margem esquerda do Rio Negro, Amazonas, Brasil.
Objetivos
Conhecer dinâmicas de acesso e disponibilidade de alimentos e discutir com os moradores suas percepções e sentidos a partir da semântica da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), propondo, de forma colaborativa, adequações que respondam às suas singularidades.
Descrição da experiência
Utilizou-se a técnica do grupo focal estruturado com 15 comunitários. Perguntas fomentaram as discussões e direcionaram o foco do estudo: o que se come, a origem e formas de acesso, alimentação saudável e variada, fome/falta de alimentos. Em seguida fez-se a leitura das 8 questões da EBIA original e da versão proposta para povos tradicionais e discussão de alterações conforme a realidade local. A leitura em profundidade das transcrições foi feita para nortear as reflexões pelas pesquisadoras.
Resultados
Pesca, caça e frutos locais evidenciaram a relação com o ambiente, para alimentação e comércio. Flutuações sazonais impactam quem tem o rio como fonte de alimentos, cuja seca dificulta o transporte até a capital, alternativa prioritária na falta do que comer. A aplicação da EBIA conforme os eventos climáticos é norteadora e há outras formas de obtenção de alimentos que não somente ter dinheiro, essenciais para captar as possibilidades para garantir estabilidade e acesso aos alimentos.
Aprendizado e análise crítica
A reflexão que instigou o estudo é se o dinheiro é a principal forma de aquisição de alimentos, conforme adotado pela EBIA. Notou-se que há outras formas e dinâmicas que impactam o acesso a uma alimentação saudável e variada para além da compra (caça, pesca, criações de animais e colheita de alimentos da floresta, da roça/quintal/agricultura). As alterações sazonais foram também destacadas, ao dificultar o transporte fluvial, a caça/pesca ou colheita, para subsistência ou para o comércio local.
Conclusões e/ou Recomendações
Foram observadas dinâmicas particulares de acesso e consumo de alimentos que demandam um olhar atento e formas de abordagens diferenciadas no que diz respeito ao acesso regular e garantido a alimentos em quantidade e qualidade suficientes, evidenciando que a forma de abordagem adotada pela versão original da EBIA precisa ser ajustada a fim de que as perguntas reflitam de forma fidedigna a realidade dessas localidades.
FORMAÇÃO CRÍTICA E RESISTÊNCIA NOS TERRITÓRIOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COM O MABC E COMUNIDADES AFETADAS PELA BARRAGEM LAGO DE FRONTEIRAS
Pôster Eletrônico
1 FAEC/UECE
Período de Realização
Ação realizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) de Crateús - MABC, em 24/05/2025.
Objeto da experiência
Envolvimento de docentes e discentes de Pedagogia, Medicina e História da FAEC/UECE em ação do MABC.
Objetivos
Descrever a experiência e refletir sobre a importância de uma formação superior crítica, política e interdisciplinar, articulada às demandas locais e aos movimentos sociais. Em Crateús, o MAB organiza as pessoas atingidas pela Barragem Lago de Fronteiras frente a seus impactos sociais, de saúde e ambientais.
Descrição da experiência
A ação foi organizada para sensibilizar entidades e movimentos sobre os impactos socioambientais da Barragem Lago de Fronteiras denunciados por moradores. Na visita, analisou-se a dimensão da obra e suas consequências. Moradores relataram sentimentos de medo e insegurança. Nomeada como “faraônica”, a construção contrasta com a simplicidade do distrito. Discutiu-se medidas no Ministério Público, evidenciando a falta de informações claras sobre desapropriações e reassentamentos das comunidades.
Resultados
Dois fatores são importantes para analisar os impactos sociais da obra sobre as comunidades adjacentes: a escala, que serve como imposição sobre os significados culturais e ambientais que regem a vida dos moradores, sobrepondo a lógica do capital perante o direito à vida digna; e a conivência por omissão, que reafirma o Estado enquanto ferramenta de opressão da classe trabalhadora e a necessidade de seu reaparelhamento a favor de uma alternativa que coloque o poder de decisão nas mãos da massa.
Aprendizado e análise crítica
A vivência no território dá sentido à denúncia de Krenak sobre o distanciamento humano da natureza imposto pela modernidade imperialista. É preciso romper com o racismo ambiental e acolher saberes que submetam a economia à ecologia, com base no ubuntu, na florestania, no teko porã e no contracolonialismo. A experiência com o MABC reafirma o papel político da universidade na construção de uma ciência a serviço do povo e da justiça socioambiental, em oposição ao negacionismo e à violência estatal.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência sensibilizou discentes e docentes da FAEC/UECE para a urgência de articular ensino, pesquisa e extensão como resposta às necessidades dos territórios e às injustiças socioambientais que afetam a saúde das comunidades atingidas por grandes empreendimentos. Recomenda-se fortalecer a presença acadêmica e ampliar ações interdisciplinares frente às desigualdades geradas por modelos econômicos e desenvolvimentistas excludentes.
MAPEIA SER’TÃO: FORMAÇÃO PARTICIPATIVA EM SISTEMAS AGROALIMENTARES E JUSTIÇA CLIMÁTICA NO SEMIÁRIDO BAIANO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal da Bahia
2 Rede Pintadas
3 Universidade Federal do Sul da Bahia
Período de Realização
Realizado entre janeiro e fevereiro de 2025.
Objeto da experiência
Relatar a experiência participativa de um curso sobre mapeamento coletivo de sistemas agroalimentares no semiárido baiano, território Bacia do Jacuípe.
Objetivos
O curso Mapeia Ser’Tão, promovido com instituições da Bacia do Jacuípe, visou formar atores chave para mapear participativamente cadeias de valor do território, fortalecer o conhecimento local e subsidiar estratégias de desenvolvimento sustentável, frente aos desafios das mudanças climáticas.
Descrição da experiência
O curso, com 30h (8h online e 22h presenciais), foi conduzido por equipe interdisciplinar e articulado com lideranças locais. Utilizou metodologias participativas com foco na transformação social, como Teoria da Mudança e Mapa Social. A experiência envolveu oficinas, registros de campo e análise coletiva do território.
Resultados
A produção colaborativa de dados gerou fortalecimento de lideranças, valorização dos saberes locais e estratégias adaptativas às mudanças climáticas. A experiência contribuiu para a leitura crítica das cadeias agroalimentares e para o empoderamento dos sujeitos locais como protagonistas sustentabilidade territorial, o que se relaciona às condições de saúde.
Aprendizado e análise crítica
O curso permitiu a expressão de sujeitos do semiárido e o debate sobre seus desafios. Destacou a potência da extensão universitária na coprodução de conhecimento situado, da interdisciplinaridade e do aprendizado coletivo, fundamentais para pensar soluções contextualizadas frente à seca, à insegurança alimentar e aos impactos das mudanças climáticas sobre a saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
A adoção de metodologias participativas centradas no território, como as utilizadas neste curso, permite práticas transformadoras e fortalece a autonomia local. Sua replicação pode contribuir para políticas públicas mais sensíveis à diversidade socioterritorial e aos desafios do clima, da alimentação e da saúde coletiva.
EDUCAÇÃO AFROCENTRADA E COSMOLOGIA AFRICANA: A EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA FORMATIVO EM HORTAS TRADICIONAIS DE MATRIZ AFRICANA NA PROMOÇÃO DE SAÚDE E SEGURANÇA ALIMENTAR
Pôster Eletrônico
1 Fundação Oswaldo Cruz/Jinsaba Ervaria
2 Fundação Oswaldo Cruz
Período de Realização
O projeto teve início em janeiro de 2025, e a atividade descrita se refere a construção do programa formativo
Objeto da experiência
Construir programa formativo com base na educação afrocentrada e na cosmologia africana na implementação de hortas tradicionais de matriz africana
Objetivos
Apresentar a experiência do programa formativo com base na educação afrocentrada e cosmologias africanas, na experiência do projeto hortas tradicionais em terreiros, como estratégia e princípio de valorização e fortalecimento dos saberes tradicionais, como base científica e epistêmica.
Descrição da experiência
A construção do programa formativo assentada na educação afrocentrada e nas cosmologias africanas, para o projeto Implementação de Hortas Tradicionais para a Promoção da Alimentação Adequada e Saudável em Terreiros Religiosos de Matriz Africana, visa protagonizar a importância dos saberes tradicionais como base epistêmica e científica na produção de saber e modelagens tecnológicas, e, subsidiar políticas públicas na promoção da saúde, agricultura tradicional e segurança alimentar e nutricional
Resultados
Através da escuta ativa dos territórios tradicionais, cinco eixos foram elaborados, sendo eles:Comunicação; Saberes Tradicionais:Agricultura, saúde e sociedade; Segurança Alimentar e Nutricional; Saúde da População Negra e Patrimônio; Tecnologias Tradicionais: Construindo Agricultura Tradicional com os Territórios. De forma que os saberes tradicionais sejam o principio que fundamenta a prática, em contraponto as abordagens e ciências fundamentadas em epistemologias eurocêntricas e coloniais.
Aprendizado e análise crítica
A valorização e reconhecimento da educação afrocentrada e das cosmologias africanas, na promoção de saúde, agricultura tradicional, segurança alimentar e nutricional, promovida por projetos institucionais, como este protagonizado pela Fundação Oswaldo Cruz, é de suma importância para o enfretamento do racismo institucional e científico na produção de ciência, tecnologia e inovação, com destaque para o reconhecimento das tecnologias ancestrais, produzidas e preservadas nestes territórios.
Conclusões e/ou Recomendações
Romper com a lógica eurocêntrica na produção e promoção de ciência e tecnologia no campo da educação, é um grande desafio enfrentado pelos Povos Tradicionais de Matriz Africana. Historicamente suas tecnologias e ciências são invisibilizadas e apropriadas, por outros campos do saber, cujo o não reconhecimento institucional destas ciências assentadas na tradição, corrobora para inacessibilidade e não efetividade da execução de políticas públicas.
ESTÍMULO AO CULTIVO E CONSUMO DE ALIMENTOS AGROECOLÓGICOS NA FAVELA DO MORRO DA FORMIGA
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Período de Realização
As atividades relatadas tiveram início em abril de 2024 e permanecem em curso até a presente data.
Objeto da experiência
Projeto de extensão realizado com moradores do Morro da Formiga, favela localizada no bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro
Objetivos
Incentivar o cultivo e o consumo de alimentos agroecológicos a partir da realização de práticas educativas e do estímulo à implantação e manutenção de hortas coletivas, quintais produtivos ou viveiros de mudas em uma favela localizada na zona norte do Rio de Janeiro.
Descrição da experiência
Inicialmente, o projeto se uniu a um grupo de mulheres locais responsáveis pela manutenção ambiental da favela, o que resultou na limpeza e no plantio de mudas de plantas frutíferas em uma praça pública. Em seguida, os extensionistas passaram a integrar um colegiado no centro de saúde, o que os direcionou para atuar na escola municipal da comunidade, desenvolvendo práticas educativas com os alunos sobre a utilização e cultivo de alimentos in natura.
Resultados
Como resultado, destaca-se o fortalecimento do vínculo com moradores e líderes locais, além da ampliação do espaço de atuação dos extensionistas, que hoje estão presentes na escola municipal, promovendo práticas educativas em agroecologia, e no centro municipal de saúde, onde realizam o planejamento de uma horta agroecológica após participação nos colegiados da unidade.
Aprendizado e análise crítica
O aprendizado ocorreu de forma mútua entre os alunos do projeto de extensão e a comunidade, havendo uma integração natural entre os conceitos de agroecologia e nutrição transmitidos durante as rodas de conversa e ações mencionadas. No entanto, houve empecilhos que afetaram diretamente o progresso da experiência, como o excesso de lixo em áreas potencialmente cultiváveis e a falta de recursos financeiros para viabilizar a implantação de espaços destinados ao cultivo de alimentos.
Conclusões e/ou Recomendações
Para mudar a realidade de dificuldade de acesso a alimentos in natura, a equipe do projeto, junto a lideranças comunitárias, vem mobilizando moradores, planejando uma novas hortas orgânicas, realizando o plantio de mudas frutíferas em espaços públicos, mutirões de limpeza e atividades educativas, fortalecendo a participação comunitária e promovendo melhorias no espaço coletivo.
PARTICIPAÇÃO POPULAR NA LUTA PELO O BEM VIVER EM CONTEXTOS DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS
Pôster Eletrônico
1 Núcleo Trabalho, Ambiente, Saúde e Subjetividades – TRASSUS/UFC e Núcleo Trabalho, Ambiente e Saúde - TRAMAS/UFC
2 Caritas Diocesana de Limoeiro do Norte/CE
3 Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE
4 Centro de Referência em Saúde do(a) Trabalhador(a) e Saúde Ambiental - CERESTA Zé Maria do Tomé
5 Coordenadora do Fórum Cearense de Combate aos Impactos do Uso de dos Agrotóxicos (FCCA)
6 Grupo de Pesquisa e Articulação Campo, Terra e Território da Universidade Estadual do Ceará (Naterra/UECE) e Grupo de Pesquisa e Extensa Territórios do Semiárido (Semiar/UFRN)
7 Centro de Referência em Saúde do(a) Trabalhador(a) Estadual Manuel Jacaré
8 Núcleo Trabalho, Ambiente, Saúde e Subjetividades – TRASSUS/UFC
9 Núcleo Trabalho, Ambiente, Saúde e Subjetividades – TRASSUS/UFC.
Período de Realização
Nos dias 23 e 24 de abril de 2025 durante a Semana Estadual Zé Maria do Tomé na Chapada do Apodi.
Objeto da experiência
A busca por mitigação de impactos do uso de agrotóxicos, através de incidência política e jurídica, aliando conhecimento técnico-científico e legais.
Objetivos
Discutir como a participação popular potencializa a atuação de espaços institucionalizados, como o Fórum Cearense de Combate aos Impactos do Uso de dos Agrotóxicos - FCCA, presidido pelo Ministério Público do Trabalho - MPT, direcionando ao cumprimento de políticas públicas na defesa do bem viver.
Descrição da experiência
Recentemente o houve retrocesso legal com a aprovação da pulverização por drones, a despeito da constitucionalidade da primeira lei brasileira que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos no Ceará. Assim, a Cáritas, membra do Movimento 21 de abril - M21 (data do assassinato do ambientalista Zé Maria do Tomé), e a Universidade Federal do Ceará - UFC, provocaram o FCCA para realizar seminário e roda de conversa com vivência na Chapada do Apodi, visibilizando lutas e resistências.
Resultados
No Seminário, houve 78 produtores/comerciantes; a roda de conversa, 33 pessoas: agricultores, M21 e membros do FCCA. Encaminhou-se pela criação de zoneamento agroecológico e uma área de Preservação Ambiental; financiamentos para fortalecer a agroecologia; fiscalização da licitação da merenda escolar municipal, da legalidade da instalação de parque solar na região; uma Fiscalização Conjunta à empresa agrícola, firmando Termo de Ajustamento de Conduta para reflorestar o entorno da monocultura.
Aprendizado e análise crítica
O FCCA tem sido um espaço de confluência interinstitucional com MPT, Superintendência Estadual do Meio Ambiente, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, UFC, Fiocruz/CE, Cáritas, Sefaz, Anvisa, entre outros. Os objetivos do Fórum e o respeito às vozes dos representantes dos movimentos populares trazem a esse Fórum uma perspectiva única e contextualizada acerca dos impactos dos agrotóxicos, reconfigurando e potencializando a participação e o controle social.
Conclusões e/ou Recomendações
A incidência política sobre espaços institucionalizados, como o FCCA, é importante para a defesa dos direitos sociais de povos historicamente vulnerabilizados e marginalizados em contexto de conflitos ambientais. O Fórum tem compromisso ético-político pela defesa da vida e a presença de organizações e de representantes de movimentos populares, como a Cáritas, mostra-se fulcral, bem como de entes com tal alinhamento, como a UFC, a Fiocruz e o MPT.
JUSTIÇA HÍDRICA E SAÚDE NO SEMIÁRIDO: CONTROVÉRSIAS NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO DE MINERAÇÃO DE URÂNIO E FOSFATO NO CEARÁ.
Pôster Eletrônico
1 UFC
Período de Realização
Janeiro a abril de 2025, no contexto do Painel Acadêmico sobre a mineração de urânio e fosfato.
Objeto da experiência
Análise da abordagem da questão hídrica no licenciamento ambiental do Projeto Santa Quitéria de mineração.
Objetivos
Analisar criticamente o licenciamento ambiental do Projeto Santa Quitéria e do sistema adutor associado; identificar controvérsias sobre a disponibilidade hídrica; evidenciar a ausência de integração entre os licenciamentos e os riscos à saúde e à justiça hídrica no semiárido cearense.
Descrição da experiência
A experiência consistiu na análise crítica do licenciamento ambiental do Projeto Santa Quitéria, com foco na segurança hídrica. Identificaram-se falhas estruturais no processo, como a fragmentação entre os licenciamentos da mineração e de sua infraestrutura hídrica, e incongruências nesse licenciamento. Constatou-se ainda a desconsideração dos efeitos das mudanças climáticas sobre a disponibilidade hídrica da bacia hidrográfica, agravando assim as incertezas.
Resultados
A análise demonstrou que a fragmentação do licenciamento compromete a avaliação integrada dos impactos hídricos. O licenciamento da adutora ocorre sem estudo de impacto ambiental e com inconsistências sobre seu objetivo. O projeto da mineração apresenta dados insuficientes sobre a disponibilidade hídrica da bacia hidrográfica onde pretende se instalar e não considera os efeitos das mudanças climáticas sobre o semiárido, comprometendo a análise sobre a viabilidade hídrica do empreendimento.
Aprendizado e análise crítica
O caso evidencia como a condução fragmentada dos licenciamentos ambientais pode aprofundar injustiças socioambientais. A ausência de análise integrada e a desconsideração das mudanças climáticas revelam uma lógica que despreza a segurança hídrica no semiárido, região altamente sensível à crise climática. A insegurança hídrica impacta diretamente a saúde das populações e dos ecossistemas, restringindo a disponibilidade e ampliando vulnerabilidades ambientais, sanitárias e sociais.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se o arquivamento do licenciamento do Projeto Santa Quitéria. O projeto negligencia a análise integrada de riscos, ignora os impactos climáticos e amplia a pressão sobre a disponibilidade hídrica local, ampliando o risco de racionamento hídrico no contexto de crise climática. Esse cenário ameaça a saúde das populações e compromete a capacidade adaptativa dos socioecossistemas do semiárido cearense.
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO PARA A JUSTIÇA AMBIENTAL: A EXPERIÊNCIA DO PAINEL ACADÊMICO SOBRE A MINERAÇÃO DE URÂNIO E FOSFATO NO SEMIÁRIDO CEARENSE
Pôster Eletrônico
1 UFC
Período de Realização
Realizada entre outubro de 2024 e abril de 2025.
Objeto da experiência
Articulação acadêmica, institucional, e popular para análise dos riscos ambientais e à saúde do Projeto Santa Quitéria de mineração de urânio e fosfato.
Objetivos
Produzir conhecimento de qualidade sobre o Estudo de Impacto Ambiental do Projeto Santa Quitéria, subsidiando Ministério Público, SUS, Ibama e sociedade com argumentos técnico-científicos sobre os riscos, para fortalecer a participação popular e a atuação institucional no licenciamento ambiental.
Descrição da experiência
Em resposta à requisição do MPE, MPF e MPT, diante de denúncias de violações de direitos no licenciamento ambiental do empreendimento, o Painel reuniu 24 especialistas de diferentes áreas do conhecimento. A experiência foi coordenada pela UFC e estruturada em cinco eixos temáticos, incluindo saúde e recursos hídricos. Foi produzido parecer técnico-científico apontando riscos à saúde e ao ambiente, apresentado em audiências públicas do IBAMA, à mídia em reuniões com os Ministérios Públicos.
Resultados
O parecer apontou riscos à segurança hídrica, à saúde ambiental dos trabalhadores/as, em função de possíveis contaminações radioativas, entre outras, oriundas da mineração. Identificou-se também a ausência de consulta livre, prévia e informada a povos e comunidades tradicionais. As análises apontam para a inviabilidade socioambiental do projeto. O Parecer contribuiu para incidências dos Ministérios Públicos e das instituições de licenciamento, além de fortalecer a resistência popular.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou a importância da colaboração interdisciplinar e atuação interinstitucional na produção de conhecimentos para a justiça ambiental. Mostrou que essas articulações podem qualificar tecnicamente o debate público e fortalecer a defesa de direitos em contextos marcados pelo racismo ambiental. Também revelou desafios, como a resistência institucional à participação popular, indicando a necessidade de maior democratização dos processos de licenciamento ambiental.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência do Painel reforça a importância do controle social, da ciência crítica e da atuação articulada de instituições públicas na defesa de direitos e na construção de territórios ambientalmente justos e seguros. É necessário garantir mecanismos efetivos de participação social, consulta prévia e avaliação rigorosa de impactos no licenciamento ambiental de grandes empreendimentos. O setor saúde deve contribuir nesses processos decisórios.
O DRAGÃO ADORMECIDO DEBAIXO DA MONTANHA: PERFORMANCE MULTISSENSORIAL SOBRE OS MEDOS, VOZES E RESISTÊNCIAS DE COMUNIDADES AMEAÇADAS PELA MINERAÇÃO DE URÂNIO
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Ceará
2 UECE
3 UFC
4 Tulane University
Período de Realização
Segundo semestre de 2025, com apresentações-piloto em espaços culturais e comunitários locais.
Objeto da produção
Performance artística multi-linguagem e sensorial que articula teatro, fotografias e áudios para dar voz às comunidades sob risco de mineração de urânio.
Objetivos
Dar visibilidade aos medos e resistências de moradores de territórios ameaçados pela mineração de urânio, com foco nos possíveis impactos socioambientais e na saúde e propor uma experiência estética que una arte e saúde coletiva a partir da escuta e da valorização de narrativas silenciadas.
Descrição da produção
Performance solo e multi-linguagem (monólogo teatral, áudios de moradores e fotografias impressas). O roteiro foi baseado em entrevistas e registros fotográficos e entrelaça a experiência do performer com vozes dos moradores. O personagem assume diferentes vozes (agricultores, indígenas, quilombolas). O cenário inclui banco, objetos simbólicos (enxada, colar) e as imagens. Os áudios são veiculados por aparelho de som. Requer espaço livre, som e estrutura para fixação das imagens.
Resultados
A performance visa dar visibilidade aos medos e resistências de comunidades ameaçadas pela mineração de urânio, valorizando suas narrativas por meio de teatro, áudios e fotografias. Espera-se sensibilizar o público sobre os impactos socioambientais e à saúde, promover a escuta e o diálogo, integrar arte e saúde coletiva e fortalecer a memória e identidade cultural dos territórios envolvidos.
Análise crítica da produção
A produção explora a potência da arte como linguagem crítica e sensível, capaz de convocar outras formas de saber e cuidado. Ao trazer a voz das comunidades e criar uma ambiência multissensorial, a obra rompe com o discurso técnico e abre espaço para a escuta do vivido, do medo e da resistência. Acredita-se que a performance tem o potencial de sensibilizar profissionais sobre impactos socioambientais e fortalecer práticas de cuidado mais humanas e consoantes com a realidade das comunidades.
Considerações finais
A proposta evidencia como as práticas artísticas podem expandir o campo da saúde coletiva e dar voz a comunidades inviabilizadas. Ao unir estética e política, promove a escuta como forma de cuidado e a arte como meio potente de mobilização e transformação social. A narrativa coletiva surge como dispositivo de resistência, fortalecimento comunitário e construção de novos sentidos para o cuidado em territórios ameaçados pela mineração de urânio.
NALA E O PRATO MÁGICO: TRADUZINDO A SINDEMIA GLOBAL PARA CRIANÇAS
Pôster Eletrônico
1 FSP- USP
Período de Realização
Feveireiro de 2025 a junho de 2025
Objeto da produção
Livro ilustrado infantojuvenil que aborda de forma poética e acessível as conexões entre consumo alimentar, saúde e crise climática.
Objetivos
Sensibilizar crianças sobre a sindemia global com linguagem lúdica, crítica e afetiva; criar material educativo que dialogue com crianças e adultos sobre alimentação, desigualdades e meio ambiente; propor uso criativo da IA em contextos com poucos recursos.
Descrição da produção
O Mistério dos Três Mundos: A Missão de Nala e o Prato Mágico” é um livro ilustrado para crianças sobre a sindemia global. Inspirado na pesquisa da autora e na convivência com sua filha, mostra Nala viajando por três mundos: saúde, desigualdade alimentar e planeta em desequilíbrio. A narrativa usa metáforas visuais. As ilustrações foram feitas com inteligência artificial (ChatGPT/Sora) e selecionadas pela autora, devido à falta de financiamento para ilustradores.
Resultados
Análise crítica da produção
A produção mostrou o potencial da arte e ficção como ferramentas de comunicação científica e formação cidadã. A narrativa infantil traduz conceitos técnicos em histórias que sensibilizam e informam. O projeto destaca a importância de apoiar produções independentes focadas em educação alimentar e ambiental, especialmente em contextos de desigualdade. É uma proposta que une afeto, pesquisa e resistência criativa.
Considerações finais
O livro propõe uma mediação poética e sensível sobre temas centrais da sindemia global. Ao aliar literatura e afeto, torna visível a potência das produções artísticas no campo da educação e da comunicação científica. A iniciativa reforça a importância de investir em narrativas acessíveis e transformadoras, sobretudo em contextos marcados por desigualdade e crise ecológica.
TERRITÓRIO, IMAGENS E RESISTÊNCIAS: PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA E AUDIOVISUAL COM COMUNIDADES TRADICIONAIS DA PESCA ARTESANAL NA RESEX ACAÚ-GOIANA.
Pôster Eletrônico
1 UFPB
2 Estudante de Ensino Médio
3 UnB
Período de Realização
26 a 31 de maio de 2025.
Objeto da produção
Escuta, registros e produção audiovisual com comunidades tradicionais da pesca artesanal. (issuu.com/lucascnunes/docs/portif_lio-curadoria_na_resex )
Objetivos
Relatar o processo de produção de documentário acerca de saberes, práticas e resistência das comunidades da RESEX Acaú-Goiana. Busca-se registrar os modos de vida das comunidades e suas imbricações com o trabalho, a saúde e a preservação de ecossistemas, além de graves ameaças por empreendimentos.
Descrição da produção
A ação inicial de filmagem, de duração de cinco dias, foi conduzida pelo GRETAS nas seis comunidades da RESEX Acaú-Goiana: Acaú, Congaçari, São Lourenço, Baldo do Rio, Tejucupapo e Carne de Vaca. O método adotado baseou-se na escuta sensível e na valorização da oralidade como forma legítima de produção de conhecimento. Foram documentadas histórias, narrativas e trajetórias de resistência e práticas de cuidado com o território, em uma abordagem que articula meio ambiente, saúde e luta coletiva.
Resultados
A ação resultou na produção inicial de um acervo audiovisual e fotográfico para fins de exibição sob o formato de minissérie e exposição fotográfica com temáticas diversificadas sobre os territórios e suas comunidades. Os conteúdos, ao final, serão apresentados nas comunidades, colônias e associações de pescadores(as) e marisqueiras, escolas da região, eventos acadêmicos e demais espaços públicos, promovendo a devolutiva social e o fortalecimento das lutas por justiça ambiental e territorial.
Análise crítica da produção
A imersão evidenciou o audiovisual como ferramenta de articulação política, documentação e formação. O processo ensaiou o respeito às narrativas orais e à complexidade das relações entre território, corpo, coletividade e memória. Esses frutíferos encontros aprofundaram a compreensão sobre os impactos das desigualdades socioambientais e da invisibilização dos povos das águas. A experiência reforça a importância de projetos que unam pesquisa e comunicação como instrumentos de transformação social.
Considerações finais
A experiência afirma a urgência de políticas públicas que reconheçam o papel fundamental das comunidades tradicionais na preservação ambiental e que garantam seus direitos e territórios. Urge o fortalecimento de ações de comunicação popular junto a processos de formação crítica e participação comunitária. Ampliar parcerias entre universidades e associações locais é essencial para garantir a sustentabilidade das ações e defender os territórios.
AGROECOLOGIA PROMOVENDO SAÚDE EM COMUNIDADES URBANAS DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 AS-PTA
2 UFRJ
Período de Realização
Janeiro 2024 a julho 2025
Objeto da produção
Exposição fotográfica de iniciativas de agroecologia em espaços urbanos
Objetivos
Mostrar, de forma visual, o potencial da agroecologia na promoção da saúde em comunidades urbanas
Descrição da produção
Fotografias de espaços de produção da agricultura urbana promovida em bases agroecológicas na cidade do Rio de Janeiro. Mostra as pessoas, seus fazeres, os espaços e ambiente das comunidades de periferia e favelas.
Resultados
20 fotografias mostrando a diversidade de espaços, sujeitos, produções e ambientes urbanos.
As fotos por si só chamam a atenção; as legendas criativas destacam a representatividade do momento, captando os sentimentos. Trata-se de um ensaio fotográfico que mostra emoções explicitando o tenso e o feliz da prática da agroecologia nas comunidades. Agroecologia é saúde na pratica.
Análise crítica da produção
A produção procura mostrar os fazeres e cotidianos de quem pratica agricultura em comunidades.
Em meio às tensões de se morar nas favelas e comunidades de periferias, em ambientes onde as determinações sociais desfavorecem a saúde; o racismo ambiental e a injustiça climática se fazem presentes pesando sobre a vida das pessoas, a agroecologia desponta como prática de (re) construção de ambientes saudáveis e de sociabilidades perdidas.
Considerações finais
Agradecimentos às pessoas que fazem agricultura cotidianamente em meio à pedras, matos, lixos, disputas de espaços, tiros, poluição, falta de infraestrutura e saneamento básico, não acesso a políticas públicas.
Mas, resgatando seus saberes ancestrais, suas forças criativas e vontade de ver crescer e cuidar da comunidade, fazem o verde desabrochar em meio ao cinza.
O RUGIDO DO DRAGÃO CLIMÁTICO: UMA FORMA DE SENSIBILIZAR O COLETIVO SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS.
Pôster Eletrônico
1 FSP(USP)
Período de Realização
O dispositivo será criado e testado em 2025 em diversos momentos diferentes divididos em 7 fases.
Objeto da produção
O objetivo do jogo é conscientizar a juventude, a partir do ensino médio, sobre as consequências das mudanças climáticas, e sobre o seu enfrentamento.
Objetivos
Buscamos com o jogo:
Identificar informações e conhecimentos prévios dos jovens participantes sobre crise climática e ondas de calor e garantir que a ferramenta de promoção de saúde seja efetiva na conscientização do público alvo.
Descrição da produção
Um baralho comum de cartas foi ressignificado de forma a demonstrar os desastres que afetarão os jogadores e suas cidades no jogo e os modos de lidar com eles. o naipe de espadas foi renomeado para Cartas de Desastre, o naipe das copas será chamado de Cartas de Resposta,o naipe de Paus será renomeado para Cartas de Preparação e o naipe de Ouros será renomeado como Cartas de Avanço, cada naipe tem uma função específica e importante no jogo, artistas serão comissionados para a arte das cartas.
Resultados
Na fase atual do projeto estão sendo apurados grupos candidatos para o teste do jogo em escolas. Dessa forma poderemos apresentar os resultados no congresso, grupos de estudantes serão testados por meio de 3 formulários, o primeiro, pré jogo, avalia o conhecimento básico sobre o tema, o segundo, pós jogo, é uma cópia do primeiro e avaliará se houve melhora na pontuação individual e do grupo quando comparado ao primeiro, e por fim há um formulário de avaliação da qualidade do jogo e suas regras.
Análise crítica e impactos da produção
Para um jogo de cartas que se presta a sensibilizar a juventude e a aumentar sua consciência sobre os desastres causados pelas mudanças climáticas, apresentando possibilidades coletivas e governamentais para seu enfrentamento. Diversos desafios são esperados, como a dificuldade em traduzir toda a situação para um jogo, a produção das cartas e do manual, a dificuldade em encontrar grupos para teste e em garantir o engajamento do público alvo.
Considerações finais
Em vista do cenário em constante mudança acarretado pela crise climática pelo mundo, e as fake news que o acompanham, o presente dispositivo tem como propósito conscientizar jovens sobre as consequências das condições climáticas em cidades. Além disso, busca anunciar que a adaptação das cidades às consequências da crise climática e do desenvolvimento de novas tecnologias e políticas são facetas fundamentais para a proteção e promoção da saúde das pessoas.
PROPOSIÇÃO DE NOVOS IMPACTOS E RECOMENDAÇÕES AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL: REFLETINDO SOBRE O RELATÓRIO ANALÍTICO DO GT PERDAS E DANOS (OTSS/FIOCRUZ)
Pôster Eletrônico
1 OTSS
2 UFF/PGEB
Período de Realização
O relatório analítico do GT Perdas e Danos foi elaborado entre 2021 e 2024.
Objeto da produção
“Estudo de perdas e danos decorrentes da presença da economia do petróleo e gás em comunidades tradicionais do litoral sul fluminense e norte paulista”
Objetivos
Incidir sobre o racismo ambiental na estrutura do licenciamento da cadeia de petróleo e gás propondo novos impactos e recomendações ligados à saúde do território, por meio de um conjunto de metodologias que dialogam e confluem com a voz do território dos Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs).
Descrição da produção
A metodologia (quali e quantitativa) foi composta por: a) entrevistas junto a PCTs de territórios abarcados pelo Projeto Povos; b) lista propositiva de impactos; e c) reuniões de mapeamento participativo. Todas as etapas foram realizadas por equipe multidisciplinar do OTSS, composta por técnicos comunitários e não comunitários (Ecologia de saberes). A partir destas informações, foi consolidada uma matriz de possíveis novos impactos e uma lista de recomendações, reflexo da voz do território.
Resultados
Foram identificados 25 possíveis novos impactos, com destaque para os impactos psicossociais, transtornos e sofrimentos mentais; racismo ambiental; ruptura das práticas tradicionais e desvalorização das culturas tradicionais. A inclusão destes 25 novos impactos nos EIAs foi uma das 14 recomendações do relatório, que também recomendou a realização de estudos de reparação de danos e maior participação popular nas etapas do licenciamento ambiental.
Análise crítica e impactos da produção
O estudo, insurgente e com engajamento territorial, baseado em metodologias dialógicas, destaca-se por seu potencial político de incidir no licenciamento ambiental, integrando conhecimentos tradicionais e acadêmicos ao construir propostas para seu aperfeiçoamento. O estudo foi protocolado nas Audiências Públicas da Etapa 4 da exploração do pré-sal (Bacia de Santos), promovendo alterações relevantes no EIA, as quais têm sido endossadas pelo MPF, uma ação concreta frente ao racismo ambiental.
Considerações finais
A legitimação do estudo pelo IBAMA expressa a necessidade de ampliar construções que dialoguem com a realidade e a voz do território, e permitam maior participação e engajamento social nas etapas do licenciamento ambiental. É imperativa a garantia de políticas públicas que possibilitem a melhoria desse instrumento fundamental para defesa dos direitos das populações atingidas pelos grandes empreendimentos.
AVALIAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO E PLANEJAMENTO UTILIZADAS NO PLANO CLIMA DE ADAPTAÇÃO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS DO SETOR SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UnB
Período de Realização
Nos anos de 2025 a 2026
Objeto da produção
Análise das estratégias de gestão e planejamento do Plano Clima para adaptação do setor saúde às mudanças climáticas no Brasil.
Objetivos
I. Analisar a implementação de ações do Plano Clima no setor saúde
II. Mapear desafios e propor recomendações para aprimorar práticas participativas e intersetoriais.
Descrição da produção
Estudo qualitativo, baseado em análise documental de dados secundários. Serão analisados documentos oficiais, portarias, relatórios, publicações científicas e outros materiais estratégicos relacionados ao Plano Clima e à saúde pública. O foco está na compreensão das estratégias de planejamento e gestão, seus desafios e oportunidades no contexto da adaptação às mudanças climáticas no SUS. A pesquisa não demanda parecer do Comitê de Ética, pois utiliza dados públicos.
Resultados
Espera-se obter uma compreensão detalhada sobre como as estratégias do Plano Clima estão sendo aplicadas no setor saúde, seus pontos fortes, fragilidades e alinhamento com os princípios do SUS. Serão identificados desafios como limitação de recursos, dificuldades na articulação intersetorial e falta de capacitação, além de oportunidades como desenvolvimento de indicadores, inovação tecnológica e fortalecimento de parcerias.
Análise crítica e impactos da produção
A análise evidenciará como as políticas públicas voltadas à adaptação climática no setor saúde podem ser aprimoradas para garantir respostas mais eficazes e equitativas frente aos impactos das mudanças climáticas. Contribui diretamente para qualificar a gestão em saúde, fortalecer a integração intersetorial e apoiar a construção de políticas públicas mais resilientes, alinhadas aos princípios do SUS.
Considerações finais
O enfrentamento dos desafios impostos pelas mudanças climáticas exige aprimoramento contínuo da gestão e do planejamento em saúde. A produção busca oferecer subsídios técnicos e estratégicos para qualificar ações de adaptação no SUS, contribuindo para a proteção da saúde da população e para a efetividade do Plano Clima no Brasil.
MANUAL ILUSTRADO: UM GUIA PRÁTICO E VISUAL PARA O ENSINO DOS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Pôster Eletrônico
1 UFBA/ISC UFRB/CCS
2 CDJBC
3 UFBA
4
5 UFRB/CCS
Período de Realização
As atividades contidas nesse manual foram implementadas no período de janeiro a novembro de 2023
Objeto da produção
Produto técnico apresentado como resultado da Pesquisa de Mestrado Profissional em Saúde da População Negras e Indígenas.
Objetivos
Orientar as ações pedagógicas no ensino fundamental e ensino médio, a fim de despertar o ativismo climático e alimentar, para mitigar os impactos das mudanças climáticas, promover a soberania e segurança alimentar e nutricional nos territórios.
Descrição da produção
A partir de uma consultoria em serviços especializados em nutrição, para atuar no semiárido da Bahia, Sergipe e Minas Gerais, a partir de formações relacionadas à mudanças climáticas e temas transversais, idealizou-se uma gincana, com um caderno orientador diagramado digital, com ações a serem desenvolvidas pelos discentes de espaços de convivência, mensalmente, orientadas a partir da compreensão dos conceitos de mudança climática, soberania e segurança alimentar e nutricional (SSAN).
Resultados
Participaram da Gincana, 47 municípios do semiárido brasileiro. Sendo, 14 em Sergipe, 24 na Bahia, 9 em Minas Gerais. As ações foram analisadas em encontros de adolescentes e mobilizadores online e presenciais nos meses de setembro e outubro de 2023. Resultando em ações e mobilizações de grande impacto, produzindo um engajamento e ativismo climático e alimentar dos jovens, municípios com representantes mobilizados e capacitados para assegurar a participação cidadã de adolescentes e jovens.
Análise crítica e impactos da produção
Refletir sobre alimentação remete a diferentes temas associados como mudanças climáticas, desigualdades sociais, doenças crônicas não transmissíveis e agravos, vulnerabilidade, epistemicídio culinário, racismo estrutural e ambiental. Essa produção despertou nos mobilizadores o desejo de continuar as ações com o suporte desse instrumento que proporcionou um melhor planejamento e assertividade nas ações a serem desenvolvidas anualmente como metodologia de ensino/aprendizagem.
Considerações finais
As mudanças climáticas e nos padrões alimentares afetam nosso cotidiano, exigindo ações urgentes. Adolescentes e jovens devem ser protagonistas na recuperação climática e da saúde. É essencial apoiá-los com materiais didáticos que estimulem a aplicação prática do conhecimento, tornando o aprendizado mais envolvente e eficaz.

Realização: