
Programa - Pôster Eletrônico - PE04 - Aspectos Teórico-Conceituais e Metodológicos da Saúde Coletiva
DISCUSSÃO SOBRE A DISTORÇÃO DOS DADOS DE RAÇA/COR NAS MAMOGRAFIAS REALIZADAS EM 2024 NA POPULAÇÃO ALVO DO RASTREAMENTO NO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 Prefeitura de Japeri
2 UFPA
Apresentação/Introdução
Dados do SISCAN para o RJ (2024) revelam que 787.391 mamografias foram registradas em pessoas amarelas (33,6% do total), enquanto pretos+pardos (negros) somaram apenas 494.730 (21,1%) – discrepância alarmante frente ao perfil demográfico do RJ (IBGE (2022): 57,8% pretos+pardos e 0,1% amarelos). Essa distorção compromete as políticas de equidade em saúde.
Objetivos
Apontar a proporção dos registros de raça/cor e discutir possíveis causas da distorção de dados do referido campo, para as mamografias realizadas em 2024 no estado do Rio de Janeiro.
Metodologia
Os dados sobre a quantidade de mamografias realizadas no estado do RJ, em pessoas da faixa etária de 50 a 69 anos, estratificando por raça/cor foram obtidos através de dados públicos do portal DATASUS. Realizamos também a busca da distribuição da população residente do RJ por raça/cor, nos dados do IBGE (2022). Os resultados obtidos foram apresentados descritivamente.
Resultados
Encontramos a seguinte proporção na distribuição das mamografias: 45,2% em pessoas brancas, 33,6% amarelas, 14,2% pardas, 6,9% pretas e 0,1% indígenas. Quando analisamos os números brutos, foram realizadas 787.391 mamografias em pessoas amarelas. A distribuição da população residente no RJ em 2022 segundo o IBGE, mostra a seguinte proporção: 42% de pessoas brancas, 16,2% pretas, 41,6% pardas e menos de 0,1% para indígenas e amarelas. O total de pessoas amarelas foi de 21.837. Sendo assim a quantidade de mamografias em pessoas amarelas da faixa etária de 50 a 69 anos, foi 36 vezes maior do que toda a população amarela de todas as faixas etárias, residente no RJ no ano de 2022.
Conclusões/Considerações
Os dados indicam que a categoria raça/cor foi supernotificada para pessoas amarelas. Entre os fatores que podem ter contribuído para essa distorção dos dados de raça/cor, podemos considerar: erros de categorização do campo raça/cor nos softwares; metodologia da coleta do campo raça/cor pelo profissional não respeitou a autodeclaração e/ou; o próprio usuário não sabia como se autodeclarar.
ARTICULAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE NA APS: UMA ABORDAGEM SOCIOTÉCNICA À LUZ DA TEORIA ATOR-REDE (TAR)
Pôster Eletrônico
1 UFV
Apresentação/Introdução
As tecnologias digitais configuram-se como intervenções relevantes no cuidado interprofissional na Atenção Primária à Saúde (APS). Sob a ótica da Teoria Ator-Rede (TAR), esse cuidado considera que existe uma rede complexa neste processo incluindo o paciente, profissionais de saúde, tecnologias, políticas de saúde, mídia, governo, fatores ambientais, sociais e econômicos.
Objetivos
pesquisa em desenvolvimento, parte de uma tese de doutorado, com o objetivo desenvolver, implementar e avaliar um modelo de Educação Interprofissional fundamentado pela Teoria-Ator-Rede, aproximando sujeitos-ciência- tecnologia digital.
Metodologia
O Núcleo de TeleSaúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV) (NUTELES-UFV) desenvolve ações de Telemonitoramento e TeleEducação para pessoas com diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial acompanhadas pela APS em nove municípios da microrregião de Viçosa-MG. Este estudo integra o eixo da TeleEducação voltada a profissionais da saúde, fundamentando na Educação Interprofissional e na Teoria Ator-Rede. O estudo é financiado pela FAPEMIG (APQ-02708-21) e CNPq (306358/2020-4). Obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFV, sob parecer nº 4.475.901 e Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), com o ID: RBR-45hqzmf.
Resultados
A pesquisa articula atividades presenciais e digitais por meio de oficinas formativas, tecnologias digitais e uma plataforma computacional, visando fortalecer redes colaborativas entre academia, serviços, gestão, usuários e territórios, abrangendo um público-alvo de 725 profissionais. O compartilhamento de informações entre profissionais, gestão, serviços e usuários através da Plataforma NutelesWeb/UFV, evidencia que o processo dialógico por meio de tecnologias digitais e de materiais didático-pedagógicos, tem o potencial de fortalecer a assistência à saúde e a comunicação interprofissional, tendo como ganho final a melhoria da atenção e do cuidado.
Conclusões/Considerações
A contribuição teórica a partir desta investigação poderá auxiliar outras realidades na compreensão do fenomeno abordado através da identificação de indicadores de qualidade na Educação Interprofissional em saúde e na aplicabilidade prática de competências colaborativas. Neste insejo, potencializará as práxis intencionais, contribuindo assim para a reorganização do processo de trabalho na APS.
PESQUISA INTERVENÇÃO PARTICIPATIVA E A AMPLIAÇÃO DA POTÊNCIA POLÍTICA DE MULHERES MIGRANTES E REFUGIADAS
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 UFRGS
Apresentação/Introdução
Trata-se de relato de pesquisa intervenção participativa com mulheres trabalhadoras migrantes e refugiadas. Esta abordagem foi utilizada no âmbito de estudo multicêntrico desenvolvido nas cidades do Rio de Janeiro, Boa Vista e Porto Alegre, entre 2022 e 2025, e cuja equipe multiprofissional, multicultural e interdisciplinar contou com a participação de pesquisadoras migrantes.
Objetivos
O objetivo é apresentar e discutir o percurso empírico orientado pelo método da Cartografia com ênfase no processo, e as potencialidades e limites da pesquisa intervenção participativa.
Metodologia
O método da Cartografia acompanha percursos empíricos, processos de produção, conexões de redes. Deleuze e Guattari associaram a cartografia ao conceito de rizoma que como um mapa se mostra aberto, flexível, pleno em conexões multidimensionais e apto a ser modificado constantemente, numa racionalidade que vai além das relações de causa-efeito e em oposição aos modelos demonstrativos-representacionais de cunho quantitativista, positivista, cartesiano. Rodas de conversa, oficinas e testemunhos com mulheres migrantes e refugiadas foram dispositivos que resultaram no mapeamento coletivo e afetivo de serviços e lugares de assistência, convivência e apoio à população migrante na cidade do Rio.
Resultados
O método e estratégias utilizadas possibilitaram aglutinação, expressão e partilha de diferentes saberes, expectativas e desejos das participantes. A interação entre as mulheres, o envolvimento com as atividades e o entrelaçamento de variadas histórias de dor e potência impulsionaram o trabalho compartilhado que resultou no mapeamento coletivo e afetivo sobre serviços de apoio e assistência a pessoas migrantes, refugiadas e apátridas na cidade do Rio, além de locais de convivência e lazer, fruto das experiências cotidianas. Os principais desafios foram relacionados à participação de mães e trabalhadoras, à inclusão de mulheres e questões de instabilidade política na gestão pública.
Conclusões/Considerações
A pesquisa demonstrou a força e protagonismo das mulheres como participantes implicadas e ativas para a transformação da própria realidade na perspectiva da Saúde e Bem Viver. A afetação e afetividade envolvidas no processo de pesquisa, na produção de conhecimento e de produto útil, bem como a construção e fortalecimento de redes femininas, comunitárias e no serviço, refletiram a ampliação da potência política das mulheres migrantes e refugiadas.
QUANDO A CHUVA CAI, A LUTA SOBE: SAÚDE E RESISTÊNCIA NAS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS NO RIO GRANDE DO SUL
Pôster Eletrônico
1 UFSM
Apresentação/Introdução
Entre abril e maio de 2024, o RS foi palco de uma das mais severas catástrofes socioclimáticas da história do país. Mais de 90 municípios decretaram estado de calamidade pública e outros 323, de emergência. Em 127 destes, comunidades quilombolas sofreram impactos profundos na saúde e nos seus determinantes sociais (Suarez; Bello; Campbell, 2024; Rio Grande do Sul, 2024).
Objetivos
Analisar os impactos das inundações de 2024 na saúde das comunidades remanescentes de quilombos no estado do RS.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa social em saúde de abordagem qualitativa, do tipo revisão bibliográfica e documental. A pesquisa social em saúde busca, por meio de métodos científicos, gerar novos conhecimentos no campo da realidade social, especialmente os processos de saúde/doença e de suas representações (Gil, 2024; Minayo, 2014). A revisão abrangeu artigos, livros e documentos acerca do racismo ambiental, políticas públicas de saúde para populações quilombolas e desastres socioambientais. A análise documental focou em materiais institucionais (Suarez; Bello; Campbell, 2024; Rio Grande do Sul, 2024), e matérias jornalísticas que abordaram a cobertura midiática e a repercussão do desastre.
Resultados
Segundo o Censo 2022 (IBGE, 2023), no RS há 17.552 quilombolas, dos quais 58% vivem em territórios oficialmente delimitados. As inundações de 2024 afetaram essas comunidades, interrompendo serviços essenciais como a atenção básica e assistência social, a falta de acesso a medicamentos, água potável, saneamento, transporte e comunicação. Esses efeitos expõem e intensificam desigualdades históricas já existentes, marcadas por um contexto de racismo estrutural, institucional, religioso e ambiental, com séria consequências para a saúde coletiva, os determinantes sociais e a dignidade das populações quilombolas (Rio Grande do Sul, 2024; Comissão Interamericana de Direitos Humanos, 2025).
Conclusões/Considerações
A partir da realidade vivenciada por estas comunidades durante os eventos climáticos, é urgente garantir visibilidade e ações concretas, assegurando que sejam amparadas com dignidade. Vale mencionar que não há uma política nacional de saúde quilombola, que precisa ser problematizada no campo da saúde coletiva como caminho para o fortalecimento e de valorização do povo dos quilombos, como uma das estratégias de enfrentamento ao racismo estrutural.
DEPRESSÃO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: IMPASSES EM RELAÇÃO À ABORDAGEM HUMAN-IN-THE-LOOP
Pôster Eletrônico
1 UFSCar
2 GMU
Apresentação/Introdução
A saúde mental de estudantes universitários tem se tornado alvo crescente de interesse e investigação entre os pesquisadores do campo da Saúde, assim como a coleta de dados de saúde a partir de tecnologias vestíveis, notadamente, smartwatches.
Objetivos
Refletir sobre as vantagens e impasses metodológicos de uma pesquisa de abordagem Human-in-the-loop dedicada a compreender a utilidade do uso de smartwatches para a detecção de sinais de depressão em estudantes universitários.
Metodologia
Originalmente, a pesquisa se propôs a analisar as possíveis relações entre quantidade de passos e qualidade do sono, coletados por smartwatches, e as respostas da escala para depressão PHQ-9, a partir da proposta Human-in-the-loop, de 89 estudantes de uma universidade federal brasileira, com análise descritiva dos dados.
Resultados
O uso de smartwatches em pesquisas ainda apresenta dificuldades. Os sensores forneceram uma quantidade significativa de dados sobrepostos e não realistas. Por isso, a pesquisa contou com uma etapa de verificação dos dados coletados por parte dos próprios pesquisados. Uma vez que os estudantes tinham a liberdade de escolher quais momentos utilizariam os smartwatches, e se se submeteriam ou não à escala PHQ-9, na prática, houve significativo prejuízo do banco de dados. No tocante aos dados coletados, apenas os dados relativos ao sono mostraram-se alterados nos estudantes com depressão.
Conclusões/Considerações
A abordagem Human-in-the-loop pode trazer dificuldades. Sugere-se pesquisa que garanta amostragem estatisticamente significativa. Na presente pesquisa, optou-se por tratar os seis sujeitos que tinham enviado todos os dados como estudos de caso, observando-se as variações apresentadas ao longo da coleta e relacionando-as aos resultados do PHQ-9. A análise pode ser incrementada a partir da triangulação de métodos.
HISTÓRIAS FICTÍCIAS BASEADAS EM “FATOS” REAIS. FOMENTANDO A CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS NO CONTEXTO DE PESQUISA
Pôster Eletrônico
1 UFRJ
2 USP
Apresentação/Introdução
Um dos problemas do uso de narrativas em pesquisas é a dificuldade de encontrar bons narradores, que produzam histórias com enredos consistentes. Para além de um problema pessoal, a pobreza das narrativas é creditada por Benjamin (1933) como um fenômeno da sociedade moderna, de declínio da capacidade e/ou do interesse de se compartilhar experiências, em favor de informações instantâneas.
Objetivos
Considerando a importância da narrativa como processo de organização das experiências e não uma mera sucessão de acontecimentos, analisa-se uma estratégia desenvolvida com a finalidade de fomentar a produção de narrativas em um contexto de pesquisa.
Metodologia
Entrevistas piloto de pesquisa sobre potencialidades das narrativas na educação em diabetes sinalizaram dificuldades na produção de histórias pelos participantes. Visando contornar esse problema e inspirá-los para o ato narrativo, incluiu-se uma etapa preliminar a essa produção, apresentando-se histórias fictícias (Marli e Pedro), baseadas em pesquisas brasileiras sobre experiências com diabetes e buscando aproximar os personagens dos perfis da população e do local do estudo. As histórias tinham duração de aproximadamente 5 minutos, sob forma de imagens com legenda e áudio, exibidas em formato Power Point. Participaram 12 usuários de uma unidade de atenção básica do município de São Paulo.
Resultados
Logo após a leitura das histórias os participantes começaram a fazer comentários a respeito, indicando familiaridade com as tramas e os personagens, além de sentimentos, julgamentos e mesmo conselhos aos protagonistas, estabelecendo conexões entre as próprias histórias e as dos personagens, no encontro entre os mundos, do texto e do leitor (Ricoeur, 2001). Embora envolvendo diferentes sujeitos, as histórias pessoais apresentadas após a inserção dessa estratégia mostraram-se mais ricas que as da fase piloto e os participantes pareceram mais à vontade para narra-las. Foi possível obter histórias com enredo, personagens, cenas, cenários e não apenas uma sucessão de acontecimentos fragmentados.
Conclusões/Considerações
Não obstante a possibilidade de criar estratégias objetivando captar bons narradores, a inclusão de uma etapa visando estimular a capacidade de contar as próprias histórias pareceu profícua não apenas no contexto da pesquisa. Vislumbrou-se seu potencial para as práticas de Cuidado, na medida em que o exercício de compreensão do texto pode levar a uma melhor compreensão de si e do mundo, tal como desenvolvido em iniciativas como a Medicina Narrativa.
A INTEGRAÇÃO CIBERNÉTICA EM SAÚDE: UM OLHAR A PARTIR DAS IAS EMBARCADAS EM SERVIÇOS DE MSAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Unicamp/Fiocruz
Apresentação/Introdução
A mSaúde refere-se à prática médica e de saúde pública mediada por dispositivos móveis. Seu avanço impulsiona o auto-monitoramento e a gestão de tratamentos complexos, mas também traz desafios urgentes. A literatura aponta lacunas conceituais, evidenciando a necessidade de modelos teóricos que orientem sua concepção e desenvolvimento em consonância, por exemplo, com os princípios do SUS.
Objetivos
O objetivo geral é propor um modelo conceitual para a análise dos sistemas de Inteligência Artificial (SIA) embarcados na mSaúde. Particularmente, à luz do princípio da integralidade, um modelo de integração entre os polos das tecnologias em saúde.
Metodologia
A proposta foi desenvolvida a partir de revisão bibliográfica e análise teórica ancorada em referenciais da Teoria do Processo de Trabalho em Saúde (TPTS), em especial as tecnologias em saúde e o conceito de modelos de atenção à saúde (MA), para caracterizar os polos tecnológicos da clínica e da saúde pública. A abordagem infraestrutural dos SIA centrou-se no Sistemas de Recomendação embarcados na mSaúde para descrever sua atuação como mediador digitai entre a experiência do usuário e o ecossistema digital baseado em computação em nuvem.
Resultados
O estudo propõe o conceito de “integração cibernética em saúde” como uma nova possibilidade de articulação entre os polos clínico e sanitário, viabilizada pela automação do ciclo de feedback com base nos SIA. Os aplicativos de mSaúde, ao mesmo tempo em que oferecem assistência “customizada” (tecnologia clínica), também geram dados populacionais (tecnologia sanitária), permitindo retroalimentação entre ambos os níveis. Essa dinâmica é exemplificada pela atuação dos Sistemas de Recomendação em Saúde (SRS), que processam big data e small data para realizar intervenções em tempo real.
Conclusões/Considerações
A mSaúde apresenta-se como uma tecnologia potencialmente capaz de integrar ações individuais e coletivas em saúde, contribuindo para a efetivação do princípio da integralidade. O modelo aqui apresentado visa contribuir na construção de soluções digitais alinhadas princípios SUS, promovendo um instrumento de inteligibilidade da novas formas de serviços de saúde no contexto de transformação digital.
A DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE NOS CURSOS DE BACHARELADO EM SAÚDE COLETIVA NO BRASIL: PERSPECTIVAS HEGEMÔNICAS OU CRÍTICAS?
Pôster Eletrônico
1 Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat), Instituto Aggeu Magalhães - Fiocruz Pernambuco
2 Universidade de Brasília (UnB)
3 Departamento de Medicina Preventiva, Universidade de São Paulo (USP)
4 Departamento de Saúde Coletiva, Instituto Aggeu Magalhães (IAM), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Departamento de Saúde coletiva Programa de pós-graduação em saúde Coletiva (PPGSCOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
5 Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade de Pernambuco ((FCM/UPE)
Apresentação/Introdução
A Saúde Coletiva surgiu como campo crítico a partir da Reforma Sanitária Brasileira e da Medicina Social Latino-Americana. Sua consolidação no Brasil se deu com base na categoria 'determinação social', essencial à crítica ao modelo biomédico. Hoje, seu esvaziamento na formação de novos sanitaristas é motivo de preocupação.
Objetivos
Este estudo visa analisar a presença ou ausência da categoria ‘Determinação Social da Saúde’ nos Projetos Políticos Pedagógicos dos cursos de Saúde Coletiva no Brasil.
Metodologia
Foi realizado um estudo descritivo-documental com dados do e-MEC, por meio de consulta avançada com os filtros: curso de graduação, nome “Saúde Coletiva” e situação “em atividade”. Os dados foram organizados no Excel® 2016 e analisados por frequências. Coletaram-se documentos como PPPs, matrizes e ementas disponíveis nos sites das instituições. A análise teve duas etapas: leitura flutuante do material e identificação do conteúdo sobre ‘determinantes sociais da saúde’ e ‘determinação social’, organizando os resultados conforme a abordagem adotada — hegemônica ou crítica marxista.
Resultados
No Brasil, os bacharelados em Saúde Coletiva da UFAC e da UnB/Ceilândia iniciaram em 2008. Em 2025, há 41 cursos registrados no MEC, 97,6% (N=40) presenciais e com grau de bacharelado. Destes, 50% são de universidades estaduais, 37,5% federais e 12,5% privadas. Em 16 cursos públicos (40%), os ‘determinantes sociais’ orientam a formação, sem crítica ao modo de produção capitalista. Apenas dois abordam a ‘determinação social’ de forma teórica e periférica. Entre os cinco cursos privados, três não têm documentos, um ignora os termos, e outro adota enfoque mercadológico, com disciplinas como Marketing e Comunicação Empresarial, destoando da saúde coletiva.
Conclusões/Considerações
O cenário mostra afastamento das premissas da saúde coletiva e adesão ao discurso de organismos multilaterais ao adotarem ‘determinantes’. Embora pareça priorizar o social, essa escolha omite o nexo entre capitalismo e produção de doenças, desviando o debate sobre ‘trabalho explorado’ e ‘capitalismo’ na determinação do processo saúde-doença.
COMPLEXIDADE E ABORDAGEM SISTÊMICA
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 PUC-RJ (aposentado)
Apresentação/Introdução
Os fenômenos complexos, especialmente de natureza social, representam um imenso desafio para o entendimento e a intervenção. É o caso da saúde coletiva, um campo de pesquisa e prática, que demanda ações amplas, interdisciplinares, integradas e continuadas. Os conceitos de complexidade de Edgar Morin e de sistema são a base dessa pesquisa de caráter conceitual e metodológico.
Objetivos
Construir um arcabouço metodológico para modelar e agir consistentemente sobre situações complexas, integrando diferentes disciplinas e, quando aplicável, diferentes metodologias sistêmicas comumente aplicadas no campo da saúde coletiva.
Metodologia
A partir de uma proposta metodológica trazida do campo da gestão, foram desenvolvidos diversos estudos no campo da saúde coletiva, tais como o controle de vetores, a hipertensão e a diabetes, o controle da tuberculose, o sobrepeso infantil etc. Paralelamente, os conceitos fundamentais da proposta original foram sendo formalizados e ampliados, ao mesmo tempo em que novos e inovadores conceitos foram definidos e testados naqueles estudos, trazidos por alunos e colegas, num processo de fertilização mútua. Todo o processo envolveu os estudos de dezenas de autores que trabalham com conceitos e/ou experiência prática com sistemas complexos
Resultados
Um arcabouço metodológico rigorosamente definido e testado denominado Metodologia Sistêmica para a Ação (MSA), que inclui uma epistemologia — como observar um problema social complexo visando o entendimento e a ação —, uma forma de criação coletiva, uma técnica original para delimitar e modelar problemas complexos e o método propriamente dito. O arcabouço é intrinsecamente interdisciplinar e inclui diferentes formas de integrar diversas abordagens sistêmicas dentro da MSA: dinâmica sistêmica, modelos baseados em agentes (ABM), "causal loop" e "soft systems methodology".
Conclusões/Considerações
A necessidade de enfrentar os problemas complexos no campo da saúde coletiva, que envolvem uma grande quantidade de aspectos e dimensões — epidemiológicas e médicas, organizacionais, gerenciais, econômicas, culturais, políticas etc. — e que demandam não apenas explicar causalmente, mas agir simultaneamente sobre todas elas, foi a motivação desta proposta, que pode ser utilizada como forma de aprendizagem coletiva e ação.
COMPARANDO O ÍNDICE DE RIQUEZA DHS (DEMOGRAPHIC AND HEALTH SURVEYS) COM O ÍNDICE DE RIQUEZA POLICÓRICO DE DOIS COMPONENTES COMO ALTERNATIVA
Pôster Eletrônico
1 UFPEL; International Center for Equity in Health
Apresentação/Introdução
A mensuração da posição socioeconômica é essencial nas pesquisas de equidade em saúde. Os índices de riqueza baseados em bens e características dos domicílios são amplamente usados, mas sofrem críticas por subestimar a riqueza de domicílios rurais. Este estudo compara o índice de riqueza utilizado pela DHS com um baseado em análise de componentes principais policórica (ACPP) com dois componentes.
Objetivos
Utilizando dados de consumo como padrão ouro, avaliar se a alternativa ACPP tem melhor desempenho que o índice de bens DHS na classificação socioeconômica de domicílios em inquéritos de saúde em países de baixa e média renda, reduzindo o viés urbano.
Metodologia
Analisamos sete países (Etiópia, Guiné-Bissau, Malawi, Mali, Senegal, Tanzânia e Uganda) a partir de inquéritos recentes LSMS (Living Standards Measurement Study), visto que incluem dados de bens e de consumo. Os domicílios foram classificados em quintis de riqueza usando consumo domiciliar (padrão ouro), ACPP de dois componentes e o índice da DHS. Avaliamos a concordância dos quintis dos dois índices testados com os quintis de consumo, utilizando a concordância bruta e o coeficiente kappa de Cohen. Por fim, realizamos análises estratificadas para áreas urbanas e rurais.
Resultados
Em todos os países e áreas analisadas, a ACPP apresentou melhor desempenho na classificação socioeconômica do que o índice DHS. As concordâncias brutas entre a ACPP e os quintis de consumo foram, em média, 4,1 pontos percentuais maiores (77,3% vs. 73,2%), com destaque para áreas urbanas (4,8 p.p.). As diferenças nos coeficientes kappa de Cohen foram ainda mais expressivas: a ACPP apresentou valores 1,53 vezes maiores em média (0,400 vs. 0,261), chegando a 1,75 vezes nas áreas urbanas (0,433 vs. 0,247) e 1,63 vezes em áreas rurais (0,341 vs. 0,209), mitigando o viés urbano observado no índice DHS.
Conclusões/Considerações
O índice DHS subestima sistematicamente a riqueza de domicílios rurais, enviesando as análises socioeconômicas de desigualdade em saúde materno-infantil em países de baixa e média renda. Os quintis baseados na ACPP de dois componentes apresentaram consistentemente maior concordância com os quintis de consumo, classificando melhor os domicílios rurais e reduzindo o viés urbano inerente aos indicadores de riqueza baseados em bens.
CONVERGÊNCIA POPULACIONAL ÀS MEDIDAS GOVERNAMENTAIS EM POLICRISES PANDÊMICAS: UMA CONTRIBUIÇÃO TEÓRICA.
Pôster Eletrônico
1 Instituto Federal de Brasília - IFB
Apresentação/Introdução
Na policrise pandêmica do Covid-19, os altos níveis de negacionismo científico, desigualdade e desinformação atuaram como um vírus social que alimentava o vírus biológico do Covid-19, fomentando a não convergência populacional a medidas governamentais essenciais de caráter não farmacológico na ausência de vacinas e medicamentos eficazes, não havendo estudos específicos nesta delimitação.
Objetivos
Com o objetivo de preencher tal lacuna, apresentamos uma teoria sobre a convergência populacional às medidas governamentais em policrises pandêmicas.
Metodologia
A metodologia consistiu no desenvolvimento de hipóteses teóricas para diferentes situações e cenários com níveis de convergência da população às melhores práticas epidemiológicas adotadas pelo governo, representadas graficamente, além de considerações sobre os melhores resultados e legitimidade das políticas governamentais e práticas populacionais.
Resultados
Os resultados teóricos apontam para a existência de no mínimo quatro situações mais comuns com resultados que podem ser classificados em termos de desejabilidade ótima por parte de policymakers.
Conclusões/Considerações
Nas conclusões, apresentamos contribuições úteis para a compreensão das restrições pandêmicas e soluções necessárias para enfrentar questões complexas em termos de governança, comunicação, educação, coesão social, mobilização da sociedade civil e dos movimentos sociais nas lutas democráticas e de controle social, entre outras.
POLÍTICAS PÚBLICAS DA PREP NA AMÉRICA DO SUL: BANCO DE DADOS DE MAPEAMENTO E COMPARAÇÃO ENTRE POLÍTICAS PÚBLICAS NACIONAIS DE PREVENÇÃO FARMACOLÓGICA AO HIV
Pôster Eletrônico
1 FMUSP
2 UFRN
3 UEA
4 Unicamp, UEA, CNPq
5 UEPA
6 UFMS
7 UFRGS
8
Apresentação/Introdução
A PrEP como política pública de prevenção ao HIV tem ocorrido diversamente na América do Sul. O projeto PrEP América do Sul reúne ações variadas para compreender acesso, uso e gestão da profilaxia na região. Este trabalho foca no mapeamento e sistematização de documentos e diretrizes nacionais, num banco de dados comparativo inédito, envolvendo políticas públicas de PrEP em países sul-americanos.
Objetivos
Busca-se apresentar pesquisa documental e comparativa que deu fruto ao banco de dados de políticas nacionais de PrEP e discutir sua utilização em análises comparativas das formulações e implementações da estratégia entre países da região.
Metodologia
Trata-se de um estudo documental e comparativo. Ao longo de 2024, foram mapeados e coletados documentos oficiais em todos os países da América do Sul e no território da Guiana Francesa. A coleta e sistematização dos dados se fez por uma equipe interdisciplinar e multicêntrica de distintas instituições de pesquisa no Brasil, focando na identificação de diretrizes, normativas, políticas nacionais etc. Os documentos foram analisados a partir de categorias comuns previamente discutidas, como, por exemplo, tipos de PrEP disponíveis, critérios de elegibilidade e modelo de acesso. O banco de dados está em fase de organização final e a possibilidade de sua disponibilização pública está em avaliação.
Resultados
O banco reúne informações detalhadas da política de PrEP em 13 territórios sul-americanos. Observa-se a forte heterogeneidade entre os países no que se refere à incorporação da PrEP, como formas de regulamentação/autorização, instituições e agentes envolvidos, modalidades disponíveis (oral e injetável) e definição de públicos prioritários. O banco segue em fase de finalização, contudo, tem alto potencial de uso para pesquisadores, ativistas e gestores como ferramenta para reflexão, monitoramento e advocacy em saúde pública.
Conclusões/Considerações
A construção do banco fortalece a produção colaborativa de conhecimento e amplia o debate sobre as políticas de prevenção farmacológica do HIV na América do Sul. A reunião desses dados comparativos cria condições favoráveis à realização de pesquisas futuras, formulação de políticas públicas e articulações regionais.
ATUALIZAR PARA INTEGRAR: POR QUE PRECISAMOS REDEFINIR A SAÚDE COLETIVA?
Pôster Eletrônico
1 Prefeitura Municipal de Campinas/Unicamp
2 Universidade de São Paulo/Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
3 Unesp/Faculdade de Medicina de Botucatu
4 Unicamp/Faculdade de Ciências Médicas
Apresentação/Introdução
A Saúde Coletiva enquanto campo de saberes e práticas é convidada a repensar seu domínio a partir de alguns fenômenos identificados no presente. Dentre eles, há a nebulosidade de seu domínio, frequentemente fundido a outros conceitos, bem como o desalinho de suas subáreas, e o desenvolvimento destas em detrimento do desenvolvimento do todo.
Objetivos
Apresentar uma proposição conceitual para a Saúde Coletiva, desfusionada de outros conceitos e integrada com seu universo conceitual ancestral e atual.
Metodologia
O presente trabalho é derivado de uma tese de doutorado em Saúde Coletiva, cujo delineamento se constitui em abordagem qualitativa, transversal e exploratória. O recorte apresentado corresponde a uma revisão narrativa da dimensão histórica e social da Saúde Coletiva, analisada à luz do Paradigma da Complexidade de Edgar Morin.
Resultados
Foi elaborada uma matriz de inteligibidade capaz de integrar o domínio da Saúde Coletiva e suas subáreas em uma ecologia de saberes. Da matriz postula-se que a Saúde Coletiva é um campo de saberes descendente de movimentos precursores, institucionalizado a partir de diferentes subáreas do conhecimento articuladas transdisciplinarmente no campo da saúde, para intervir no continuum saúde-adoecimento-provisão de cuidados e na construção de políticas públicas, em sua integralidade de etapas e multidimensionalidade de fatores individuais, coletivos e populacionais.
Conclusões/Considerações
A Saúde Coletiva pôde ser conhecida e integrada em sua complexidade, nas suas subáreas disciplinares institucionalizadas e também nos seus conceitos centrais e heranças ancestrais.
ESCALABILIDADE DOS ITENS DO ASSIST PARA TABACO, ÁLCOOL E MACONHA EM ADOLESCENTES: UMA ANÁLISE DA APLICAÇÃO DA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM NÃO PARAMÉTRICA.
Pôster Eletrônico
1 Unigranrio|Afya
2 UERJ
Apresentação/Introdução
O uso de substâncias psicoativas (SPA) na adolescência representa um desafio para o sistema de saúde. A iniciação precoce é um fator de risco para transtornos mentais e comportamentos de risco, com impactos na vida adulta. A utilização de instrumentos de triagem com boas propriedades psicométricas é essencial para mensurar a intensidade de uso de uma SPA nesse grupo etário.
Objetivos
Investigar a estrutura escalar dos itens do ASSIST para tabaco, álcool e maconha, avaliando se eles têm capacidade de ordenar os adolescentes em um crescente continuum de intensidade de uso ao longo do traço latente.
Metodologia
Estudo transversal por amostragem estratificada por conglomerados, com a participação de 693 adolescentes de 15 a 19 anos, matriculados na rede pública e privada de ensino da IX Região Administrativa do Rio de Janeiro. A estrutura escalar das escalas de tabaco, álcool e maconha do ASSIST foi avaliada por substância. Aplicou-se o modelo não paramétrico da Teoria de Resposta ao Item (TRI), apropriado para componentes ordinais, com a utilização do Coeficiente H de Loevinger para avaliar a escalabilidade dos itens e de seus respectivos pares, bem como a ilustração gráfica dos percentuais dos erros de Guttman (EG) por pares de itens, em que a gradação das cores reflete o nível de aceitabilidade dos EG.
Resultados
Os coeficientes H de Loevinger sinalizaram escalabilidade satisfatória, com valores superiores a 0,3 por item e para o total de cada substância avaliada. A ilustração gráfica por SPA mostra que a maioria das células é sombreada em tons esverdeados a amarelados, indicando que esses pares de itens têm percentual dos EG < 70%, reforçando a capacidade de ordenação dos adolescentes ao longo do traço latente. Esses achados indicam que os itens do ASSIST para as três SPA avaliadas, quando tratados de forma ordinal, apresentam boas propriedades psicométricas de estrutura escalar.
Conclusões/Considerações
A análise evidenciou que o ASSIST é capaz de mensurar adequadamente a intensidade de uso de tabaco, álcool e maconha em adolescentes. O conjunto de itens desse instrumento dimensional pode fazer parte de um kit de ferramentas tanto em estudos epidemiológicos para o monitoramento do uso de SPA, quanto na triagem clínica para rastreamento e identificação precoce de problemas relacionados ao uso de SPA nesse grupo etário.
INVARIÂNCIA DE MEDIDA: USO DO PATIENT HEALTH QUESTIONNAIRE (PHQ-8) PARA MENSURAÇÃO E COMPARAÇÃO DA DEPRESSÃO POR GÊNERO E INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
2 Hospital Municipal de Ituaçu.
3 Universidade Estadual do Rio de Janeiro
Apresentação/Introdução
Avaliar vulnerabilidades exige uso de instrumentos com invariância de medida. Isto é essencial para avaliar fenômenos complexos, subjetivos e multifatoriais, como depressão. O PHQ-8 apresenta boas propriedades psicométricas, mas sua equivalência entre grupos ainda carece de evidências, propriedade crucial para avaliações consistentes e eficazes em diferentes contextos de pesquisa e de serviços.
Objetivos
Investigar a invariância de medida do Patient Health Questionnaire de oito itens (PHQ-8) com foco na intersecção de gênero (mulheres e homens) e inserção no mercado de trabalho (trabalhadores e não trabalhadores).
Metodologia
Estudo metodológico com amostra probabilística (amostragem por conglomerado estratificada) de 4.170 residentes com 15 anos ou mais de idade de município de grande porte do nordeste Brasileiro. Dados coletados face-a-face por equipe treinada, utilizando questionário que incluiu a versão gratuita em português brasileiro do PHQ-8. O instrumento avalia a frequência de oito sintomas depressivos, conforme critérios diagnósticos do DSM, em escala tipo Likert de 4 pontos.
A invariância de medida foi avaliada por métodos robustos e complementares: Análise Fatorial Confirmatória Multigrupo (AFC-MG), técnica de Alinhamento (Alignment) e variações nos índices de ajuste dos modelos livres e restritos.
Resultados
O PHQ-8 demonstrou equivalência (uni)dimensional em todos os grupos analisados. Verificou-se invariância total do instrumento entre os grupos de trabalho (trabalhadores e não trabalhadores), invariância parcial (quase total) entre os grupos de gênero (homens e mulheres) e entre os grupos definidos pela intersecção: gênero e trabalho (homens e mulheres trabalhadores/as, e homens e mulheres não trabalhadores/as).
Não foram observadas violações de invariância nos interceptos dos itens; indicando que o PHQ-8 é instrumento intercambiável entre os grupos avalaidos e aplicável ao diagnóstico e a comparação da depressão na pesquisa epidemiológica e nas práticas dos serviços de saúde.
Conclusões/Considerações
Este é o primeiro estudo a avaliar a invariância de medida da versão brasileira do PHQ-8 considerando três dimensões: gênero, trabalho e a interseção entre ambos. Os resultados corroboram a estrutura unidimensional do PHQ-8 em todos os grupos analisados. A AFC-MG, em conjunto com a Alignment e a variações nos índices de ajuste são técnicas metodológicas inovadoras que permitem avanço nas pesquisas quantitativas comprometidas com a transformação social.
PARA UMA TEORIA CRÍTICA DA SAÚDE DIGITAL: MODOS DE CUIDADO E MODELOS DE ATENÇÃO EM SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 ISC/UFBA
2 FMUSP
Apresentação/Introdução
Desde que Ricardo Bruno MENDES-GONÇALVES elaborou a Teoria do Processo de Trabalho em Saúde (TPTS), tecnologias digitais foram introduzidas na vida social e nas formas de apropriação do conhecimento científico, revelando contradições na construção de sentidos. A transformação digital produz novas configurações de sujeitos humanos que precisam de uma hermenêutica crítica para serem compreendidos.
Objetivos
Avaliar como a TPTS pode contribuir para uma teoria crítica da Saúde Digital capaz de desconstruir a alienação tecnológica nos processos de transformação digital na saúde, a partir de uma epistemologia da reflexividade numa perspectiva decolonial.
Metodologia
A questão central é: como construir uma hermenêutica ajustada à infosfera contemporânea marcada por uma biopolítica dos corpos informacionalizados, especialmente frente à emergência de novos sujeitos - como gêmeos digitais, ciborgues e infovíduos,. Trata-se de apostar na construção de uma saúde verdadeiramente coletiva, mesmo quando o horizonte normativo de uma saúde solidária e efetivamente emancipadora tem suas bases de operação concreta tão alteradas pela emergência das tecnologias digitais. Para isso, buscaremos uma fundamentação epistemológica e teórica para avaliar pertinência e atualidade da TPTS, identificando modos de cuidado e modelos de organização tecnológica da atenção em saúde.
Resultados
Apresentamos um quadro conceitual formado por MODOS DE CUIDADO e FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO. Modos de cuidado são: individual-etiológico e coletivo-informacional. O primeiro compreende: modelo clínico-semiológico de cuidado artesanal; modelo biotecnológico intensivo em tecnologia. O modo de cuidado coletivo-informacional se desdobra em: modelo socioepidemiológico dos sistemas regionalizados de saúde; modelo do Cuidado Integral Digital; modelos multimodais dos ecossistemas digitais. Ecossistemas digitais de saúde devem constituir redes sociotécnicas de cuidado, reterritorializadas pela metapresencialidade, valorizando práticas solidárias enraizadas em comunidades e realidades locais.
Conclusões/Considerações
Postulamos uma ecologia de saberes sensíveis, uma ‘epistemodiversidade digital’, na qual objetos técnicos, sistemas sociotécnicos, agentes humanos e transumanos podem produzir mudanças sistêmicas no campo da saúde. Políticas de Saúde Digital devem se inscrever num projeto mais amplo de transformação social, ao promover uma apropriação sociotécnica emancipadora, integrando ações coletivas para a produção do comum e a radicalização da democracia.
O CUIDADO INTERDISCIPLINAR A PESSOAS COM TRANSTORNOS ALIMENTARES: A EXPERIÊNCIA DE TRATAMENTO E PESQUISA DO NAPTA/UERJ
Pôster Eletrônico
1 UERJ
2 PPC/UERJ
Apresentação/Introdução
Os transtornos alimentares (TA) são condições complexas e multifatoriais caracterizadas por relações disfuncionais com a alimentação, associados muitas vezes a preocupações extremas com peso e imagem corporal. Representam riscos importantes para a saúde e são influenciados por fatores biológicos, psicológicos e sociais, exigindo abordagens interdisciplinares para atender à complexidade dos casos.
Objetivos
Discutir desafios e possibilidades no tratamento dos TAs, identificando a importância das discussões dos casos clínicos na construção de práticas interdisciplinares inovadoras no tratamento desses casos e suas implicações na formação do nutricionista.
Metodologia
O estudo foi realizado no Núcleo de Assistência e Pesquisa em Transtornos Alimentares (NAPTA), que se insere no ambulatório de Nutrição da PPC. O NAPTA é composto por equipe multiprofissional de nutricionistas, psicólogos e psiquiatras que opera na lógica interdisciplinar. São realizadas reuniões de equipe semanais, baseadas na construção do caso clínico (Viganò, 2010) para a discussão das intervenções nos tratamentos. Além de profissionais voluntários, a participação de estudantes permite coletar e organizar os principais questionamentos, bem como aprofundar o estudo quanto ao manejo pelo nutricionista dos aspectos subjetivos dos TAs.
Resultados
No contexto dos transtornos alimentares, compreender a interdisciplinaridade na prática é um desafio para estudantes e profissionais, pois exige a articulação de saberes em um diálogo que vá além da soma de conhecimentos. A formação acadêmica fragmentada em especialidades, dificulta a construção de abordagens em que as disciplinas colaboram no tratamento de modo integrado e que resultem na redução da gravidade dos sintomas alimentares. A construção do caso clínico permite identificar os pontos de não saber a serem enfrentados pela equipe apontando caminhos para o manejo interdisciplinar que promova intervenções eficazes.
Conclusões/Considerações
O cuidado interdisciplinar é imprescindível para abordar a complexidade dos TAs, indo além da visão biomédica. Identifica-se a necessidade de mudanças na formação do nutricionista, considerando a importância dos aspectos subjetivos e sua inserção e integração na equipe interdisciplinar. Os achados contribuem para avanços na Atenção Especializada e para a construção de abordagens inovadoras no tratamento dos transtornos alimentares.
O SABER DE EXPERIENCIA-FEITO E A CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA DE CONHECIMENTO EM CONTEXTOS INDÍGENAS A PARTIR DOS CÍRCULOS DE CULTURA
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ CE
2 RENASF FIOCRUZ CE INDIGENA TABAJARA
3 RENASF FIOCRUZ CE
4 UNB
5 INDIGENA
6 INDIGENA TABAJARA
Apresentação/Introdução
A pesquisa se constitui em um processo de Investigação - Ação – Participativa com povos indígenas do Sertão do Ceará considerando seus modos de vida e tendo a produção de conhecimento a serviço da transformação coletiva da realidade. Os círculos de cultura foram estratégia para partir do saber de experiencia feito e de como seus modos vida podem contribuir para enfrentar mudanças climáticas.
Objetivos
Descrever o processo do círculo de cultura na pesquisa; problematizar seu papel na inclusão de saberes dos sujeitos locais, no desvelar a realidade e suas interações culturais, sociais, político-econômicas; na construção compartilhada do conhecimento.
Metodologia
Os encontros iniciaram com o círculo de cultura tendo como tema gerador geral: Vigilância Popular, promoção da saúde e o cuidar frente às mudanças climáticas e a partir dele a investigação do universo vocabular por meio de palavras geradoras, que, em roda, trouxeram a potência do diálogo para desvelar singularidades e temas que a seguir foram problematizados em grupos menores, tendo como ancora a questão: de que modo nosso modos de vida contribuem para a vigilância popular e a promoção da saúde frente às mudanças climáticas? A problematização gerou sínteses que foram expressas em diversas linguagens e trouxeram reflexões e proposições para superação das situações-limite identificadas
Resultados
O círculo se inicia com o toré trazendo a importância da espiritualidade nos modos de pesquisar. As palavras pronunciadas, ajudaram a expressar os múltiplos sentidos. Trouxeram potencias, desafios e remeteram à importância do território, da luta, coletividade e determinação, educação, amorosidade, escuta, cuidado e fé. As palavras germinaram três temas: cuidado com a Mãe Terra, saúde dos povos indígenas, luta e organização. Os grupos trouxeram a importância da luta pela demarcação das terras, preservação da biodiversidade medicina ancestral, interculturalidade e o diálogo com o SUS. As sínteses coletivas foram expressas em cartazes, cordéis e músicas revelando a potência da arte na pesquisa.
Conclusões/Considerações
Os círculos de cultura propiciaram a inclusão de povos indígenas, a valorização de seus saberes, a problematização de iniquidades e produção de inéditos viáveis para a superação de situações-limite frente às mudanças climáticas no semiárido. A produção do conhecimento foi processual e compartilhada com lideranças indígenas, profissionais de saúde e incluíram modo de vida, saberes e práticas desses povos na promoção e vigilância popular da saúde.
APOIO MATRICIAL EM PERSPECTIVA: REVISÃO DE ESCOPO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO CAMPO DA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Unesp IGCE
2 UFSCar
3 UFBA
Apresentação/Introdução
O Apoio Matricial é uma metodologia de gestão e cuidado consolidada no SUS, que articula equipes e saberes na construção compartilhada do cuidado. Seu desenho combina dimensões clínico-assistencial e técnico-pedagógica, sendo adaptado a diferentes contextos e demandas. Ao longo dos anos, tornou-se central na organização das redes de atenção e nos modos de produzir saúde.
Objetivos
Apresentar e analisar o panorama do conhecimento científico sobre o apoio matricial na saúde, destacando tendências e lacunas.
Metodologia
Revisão de Escopo seguindo o protocolo PRISMA-ScR, com busca nas bases Web of Science e PubMed utilizando os descritores "matrix support" ou "matriciamento", combinados com "health" ou "care", sem recorte temporal. Aos 399 documentos identificados, aplicaram-se os seguintes critérios: inclusão de artigos de periódico que mencionam diretamente o Apoio Matricial e exclusão de duplicatas, outros tipos de documentos e usos do termo fora do contexto da prática analisada. A triagem foi realizada por duas codificadoras seguindo procedimentos da Análise de Conteúdo (coeficiente alpha de Krippendorff = 0,899), resultando em 204 artigos para análise bibliométrica com o software VOSviewer.
Resultados
O Apoio Matricial é abordado de maneira central em 51% dos artigos, demonstrando maturidade do tema e sua consolidação. A produção cresceu significativamente a partir de 2010, com concentração regional no Sudeste (42% das publicações), seguido pelo Sul (21%) e Nordeste (20%). Destaca-se que em termos de citações, o Sudeste lidera com 56% seguido pelo Nordeste com 17%. A Unicamp destacou-se como a instituição mais produtiva (21 artigos) e citada (615 citações), enquanto as redes de coautoria revelaram núcleos colaborativos centrados na FOC, UFRGS, USP e UFC. Entre autores, Campos, GWS liderou em produção (10 artigos, 444 citações), seguido por Campos, Rosana-Onocko (9 artigos, 123 citações).
Conclusões/Considerações
O panorama traçado contribui para a compreensão da trajetória e dos sentidos atribuídos a essa estratégia no campo da saúde. A consolidação da temática na produção científica revela avanços importantes, mas também evidencia lacunas conceituais, regionais e operacionais. Como desdobramento, pretende-se aprofundar a análise em direção a aspectos conceituais e práticos, por meio de estudos qualitativos.
SAÚDE COLETIVA NO BRASIL: TEORIA, PRÁTICA E POPULARIZAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
Apresentação/Introdução
Este trabalho propõe uma análise do conceito de saúde coletiva, com foco no aprofundamento teórico e prático, somado à problematização do quão a população brasileira tem conhecimento e informação do que é de fato saúde coletiva. Assim, a questão que se apresenta é de como no Brasil, que possui o Sistema Único de Saúde (SUS), o conceito de saúde coletiva é percebido socialmente.
Objetivos
Apresentar uma análise teórica da tendência da percepção dos(as) brasileiros(as) sobre saúde coletiva: 1/ Estudo atualizado do conceito de saúde coletiva; e 2/ Pesquisar a relação SUS-saúde coletiva.
Metodologia
É direcionada por uma pesquisa teórica, a partir de descrições conceituais e empíricas. Assim, para o estudo do conceito de saúde coletiva é proposto duas dimensões de análise, uma no âmbito epistêmico e outra no âmbito político. A base principal para extração de informações é o SUS, tendo como prioridade os programas de cuidados e o modelo de regulação. Assim, para além de seus princípios e diretrizes, encontrar características que dialoguem com o conceito de saúde coletiva. Compreendendo melhor a relação destes com o SUS, busca-se indícios para uma breve sistematização e respectiva tendência de percepção. Bem como, possíveis limites e restrições, institucionais ou não, e possíveis alternativas.
Resultados
Uma vasta bibliografia debate as origens históricas e conceituais de Saúde Coletiva. Sendo sinalizado na década de 1950, e consolidado na década de 1970, a partir do movimento sanitário brasileiro. Conforma um campo social (de conhecimento), referenciado em teoria sociológica. Incorporado pela América Latina. Tem como prerrogativa a defesa de sistemas de saúde a partir do Estado com foco na medicina social (preventiva). Reforça a intrínseca relação entre o conceito de Saúde Coletiva e o SUS. Assim, é possível demonstrar que a popularização da saúde coletiva vai além do SUS. Pois, independente das adversidades, demanda intersecção com outros campos, em especial, da educação e da cultura.
Conclusões/Considerações
Saúde coletiva se inscreve também no campo político. A própria conquista do SUS no âmbito constitucional da experiência brasileira é diferenciada do restante do mundo. Não obstante, para que o conjunto de princípios e diretrizes preconizados pelo campo e pelo conceito de saúde coletiva sejam colocados em prática amplamente, é necessário que estejam nos planos pedagógicos das escolas e na interação cultural das unidades de saúde com os territórios.
“DETERMINAÇÃO SOCIAL, NÃO!”: UMA REFLEXÃO ACERCA DA DIMENSÃO DO SUJEITO NA SAÚDE COLETIVA A PARTIR DA TEORIA PSICANALÍTICA
Pôster Eletrônico
1 Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG)
2 Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS/UFG)
Apresentação/Introdução
Embora não haja uma definição única de Saúde Coletiva, é impossível pensar esse campo sem considerar a interdisciplinaridade como um de seus componentes. Outrossim, sendo o aspecto psicológico indispensável para compreender o conceito de saúde, buscamos aqui propor uma provocação a uma concepção circunspecta desse conceito a partir das contribuições psicanalíticas acerca do processo saúde-doença.
Objetivos
Apresentar o desenvolvimento de uma pesquisa teórica cujo objetivo é identificar possibilidades e limites de intersecção entre a teoria psicanalítica e o campo da Saúde Coletiva no que se refere à dimensão do sujeito na determinação social da saúde.
Metodologia
A flexibilidade da revisão narrativa a torna útil à pesquisa qualitativa de caráter teórico, crítico e ensaístico que aqui apresentamos. Partimos da contribuição que fez Minayo à Saúde Coletiva ao insistir na dimensão do sujeito ante a determinação social da saúde. Adiante, buscamos recursos nos desenvolvimentos matriciais da psicanálise sobre a personalidade e o adoecimento psíquico para formular nosso tensionamento que se dirige em duas direções: à insuficiência da psicanálise freudiana em destacar a essencialidade do social na constituição da subjetividade humana e à insuficiência prevalente no campo da Saúde Coletiva em articular a dimensão do sujeito com a determinação social da saúde.
Resultados
Não acompanhamos todas as asserções de Minayo em “Determinação social, não! Por quê?” (2021), mas compreendemos que a determinação social não arremata a complexidade da saúde como processo. Embora a autora faça justiça à subjetividade a partir de referenciais diversos, vemos em Freud contribuições úteis para desdobrar a reflexão aí provocada. Na psicanálise, a subjetividade se constitui entre conflitos somatopsíquicos decorrentes de injunções culturais sobre uma matriz pulsional inerente ao indivíduo. Assim, aspectos subjetivos influenciam os processos de saúde-doença, mas sem evocar a ideia de intencionalidade individual para explicar as formações sintomáticas fundamentais da vida humana.
Conclusões/Considerações
Alguma insuficiência se apresenta como condição comum entre diversas disciplinas e campos que se debruçam sobre a relação sujeito-sociedade e os processos de saúde-doença, tal como se vê na psicanálise, nas ciências sociais, da saúde etc. Propomos, portanto, que o empenho em buscar possibilidades de intersecções e a construção de modelos sintéticos coerentes se mostra uma alternativa producente na perspectiva interdisciplinar da Saúde Coletiva.
ACEITAÇÃO E HESITAÇÃO DA VACINA CONTRA O HPV ENTRE ADOLESCENTES EM ESCOLAS PÚBLICAS: O POTENCIAL DOS GRUPOS FOCAIS NA ABORDAGEM DE TEMAS DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 FCMSCSP/Grupo de Pesquisa em Gestão da Educação e Trabalho em Saúde - GETS
2 FCMSCSP
3 Editora-chefe do @sitedrauziovarella e colunista UOL
Apresentação/Introdução
Os grupos focais (GF) são uma ferramenta poderosa para abordar temas de saúde entre adolescentes, pois permitem um espaço de diálogo protegido e facilitam a troca de experiências e reflexões coletivas sobre questões como sexualidade e prevenção de doenças, como o câncer de colo de útero em decorrência do Papilomavírus Humano (HPV); podem contribuir com o engajamento da escola e a autonomia dos adolescentes.
Objetivos
Refletir sobre o uso dos GF na identificação de barreiras e facilitadores para a vacinação contra o HPV, para contribuir com os estudos de aceitação e hesitação vacinal.
Metodologia
Foram realizados 16 GF em 4 escolas públicas no município de São Paulo. Em cada escola, foram realizados 2 GF com meninas dos 6° e 7° anos e 8° e 9° anos, e 2 GF com meninos nos mesmos períodos, com cerca de 128 participantes no total. Foram discutidos temas como informação sobre saúde, benefícios da vacinação, influências familiares, conhecimentos sobre HPV e ISTs, bem como estratégias para aumentar a adesão às vacinas e o papel da escola nas informações de saúde e na educação sexual. Os grupos tiveram duração média de 1h30 e foram realizados no período letivo, em espaços como bibliotecas ou salas de aula. As sessões foram gravadas e transcritas para a análise de conteúdo.
Resultados
Os GF revelaram que os adolescentes possuem informações sobre vacinas, vacinação e o vírus do HPV não muito precisas, mas o suficiente para entender seu potencial de proteção. As informações foram obtidas nas midias digitais e nas aulas de ciências, com destaque para os influenciadores digitais, jogadores de futebol e professores de ciências. A hesitação vacinal está associada à falta de informação de qualidade, preocupações sobre efeitos adversos e influência de crenças familiares. No entanto, a abordagem coletiva no ambiente escolar permitiu a troca de experiências, esclarecimento de dúvidas e lacunas sobre vacinação, destacando o papel da escola na promoção da educação em saúde.
Conclusões/Considerações
A utilização de GF em escolas públicas demonstrou ser uma estratégia eficaz para compreender e abordar a hesitação vacinal entre adolescentes. A promoção de diálogos abertos e educativos pode contribuir significativamente para o aumento da adesão à vacina contra o HPV, que ainda enfrenta muitos desafios. As devolutivas dos resultados do estudo às escolas possibilitarão o avanço do conhecimento e a qualificação das informações fornecidas.
DOENÇAS E ACIDENTES DE TRABALHO NOS TRABALHADORES DA SAÚDE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 PPGSAT-UFBA
2 UFBA
3 Escola de Enfermagem- UFBA
Apresentação/Introdução
As doenças e os acidentes entre trabalhadores da saúde representam uma preocupação constante para gestores, pesquisadores e para a sociedade em geral. Esses trabalhadores atuam em diferentes níveis e complexidades do sistema de saúde, desempenhando funções essenciais, muitas vezes em ambientes marcados por sobrecarga, escassez de recursos e condições de trabalho precárias.
Objetivos
Identificar a produção de conhecimento sobre doenças e acidentes de trabalho entre trabalhadores da saúde, com base na literatura científica nacional da última década.
Metodologia
Revisão integrativa da literatura dos últimos dez anos (2013–2023), com buscas nas bases SciELO, PubMed, Scopus, Web of Science, Medline, IBECS, PAHO-IRIS.. Os descritores utilizados foram: Occupational Injury, Occupational Accident, Occupational Disease, Occupational Illnesses, Health Personnel, Healthcare Worker, Health Care Professional, Brazil, em português e inglês, com os operadores booleanos AND e OR. A busca resultou em 332 artigos, dos quais 24 atenderam aos critérios de inclusão. A triagem foi realizada por três revisores, utilizando o cegamento simples.
Resultados
A maior proporção dos estudos abordaram acidentes com material biológico, transtornos psíquicos e doenças infecciosas. Entre os problemas nas condições do ambiente de trabalho, destacam-se: exposição a agentes infecciosos, posturas inadequadas, sobrecarga de trabalho, pressão por produtividade, risco de quedas. As intervenções sugeridas envolvem treinamentos em biossegurança, apoio psicológico, campanhas de vacinação e melhorias nos processos de trabalho e na prevenção de agravos à saúde dos trabalhadores da saúde.
Conclusões/Considerações
A revisão evidencia a elevada prevalência de agravos à saúde entre trabalhadores da saúde, notadamente os acidentes com material biológico, associados a condições laborais adversas. Ressalta-se a necessidade de intervenções estruturais no ambiente de trabalho, e a prevenção contínua.
CONSTRUÇÃO DE TÁBUAS DE MORTALIDADE SUAVIZADAS E EXPANDIDAS DOS ESTADOS E REGIÕES BRASILEIRAS, 2000 – 2030: SUBSÍDIO PARA A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO CÂNCER.
Pôster Eletrônico
1 UFMG
Apresentação/Introdução
Tábua de mortalidade é uma ferramenta demográfica que expressa funções da mortalidade por idade de uma população. No Brasil, devido às desigualdades regionais, é essencial produzi-las em nível subnacional para estudar variações na mortalidade, expectativa de vida e indicadores como a sobrevivência líquida, útil na vigilância epidemiológica do câncer. Porém, sua disponibilidade é limitada.
Objetivos
Nosso objetivo foi construir as tábuas de mortalidade suavizadas das regiões geográficas e unidades federativas do Brasil de 2000 até 2030 a partir das tábuas resumidas publicadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Metodologia
O IBGE é responsável pela publicação das tábuas de mortalidade do Brasil. Em nível subnacional, elas são disponibilizadas em formato resumido, com faixas etárias de 5 anos. A partir dessas tábuas, foi feita a expansão e suavização por idade simples de 0 até 100 anos, para cada sexo e ano, de 2000 a 2030, usando a lei de mortalidade de nove parâmetros de Heligman-Pollard, modificada por Kostaki. O ajuste do modelo foi avaliado com gráficos da taxa de mortalidade em escala logarítmica e com o cálculo da diferença da expectativa de vida entre as tábuas resumidas e suavizadas, ao nascer e aos 40 anos, por sexo e local. Todas as análises foram realizadas no software livre R, versão 4.4.1.
Resultados
Foram suavizadas 1.984 tábuas de mortalidade ao todo. O modelo conseguiu representar o comportamento das taxas e probabilidades de mortalidade (nMx e nQx) para cada idade, dos 0 aos 100 anos. O ajuste gráfico foi mais preciso nos estados com maior população. As tábuas suavizadas apresentaram uma expectativa de vida ao nascer, em média, 2,3 anos superior à das tábuas resumidas, sendo essa diferença mais acentuada para o sexo feminino. Aos 40 anos, a diferença reduziu para 1,87 ano no sexo masculino. Foi criado um repositório virtual no GitHub para compartilhar as tábuas de mortalidade suavizadas e os resultados da pesquisa.
Conclusões/Considerações
Nosso trabalho contribui com a construção de um elemento fundamental na condução de estudos de sobrevivência líquida do câncer no Brasil. As tábuas suavizadas e expandidas têm grande valor para a saúde coletiva, pois facilitam a vigilância epidemiológica do câncer e outras doenças crônicas não transmissíveis em nível regional e estadual, permitindo o estudo das iniquidades em saúde e a avaliação dos serviços de saúde.
PLANEJAMENTO METODOLÓGICO PARA AUDITORIA DO AMBIENTE ALIMENTAR EM ÁREAS DE ABRANGÊNCIA DE UNIDADES DE SAÚDE EM FORTALEZA E BELO HORIZONTE, BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFC
2 UFMG
3 UECE
4 Prefeitura Municipal de Ubá
Apresentação/Introdução
A análise do ambiente alimentar é fundamental para compreender desigualdades e iniquidades no acesso a alimentos saudáveis, principalmente em territórios vulneráveis. Ademais, os estudos que fazem auditoria no ambiente alimentar são limitados. Dessa forma é fundamental a validação de protocolos para garantir precisão, rigor e confiabilidade dos dados.
Objetivos
Descrever o processo metodológico de planejamento, elaboração dos instrumentos e execução da auditoria do ambiente alimentar do consumidor em áreas de abrangência de Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Fortaleza (CE) e Belo Horizonte (MG).
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal, realizado em 2022 e 2023, nas áreas de abrangência de seis UBS — três em Fortaleza e três em Belo Horizonte — selecionadas conforme diferentes níveis de vulnerabilidade social (baixo, médio e alto). A coleta de dados utilizou instrumentos validados (AUDIT-NOVA, ESAO-R e questionário adaptado para ambulantes) para avaliar estabelecimentos que comercializam alimentos de consumo domiciliar e imediato. Fez -se a descrição dos dados em frequência absoluta e relativa.
Resultados
Foram elaboradas 233 rotas, sendo 20,6% das rotas (n=48) em Fortaleza (n=48) e 79,4% (n=185) das rotas em Belo Horizonte. Com base nos dados secundários foi estimado encontrar 1050 estabelecimentos que comercializam alimentos. A UBS com maior concentração de estabelecimentos foi Padre Eustáquio (36,48%) e a de menor concentração foi José Paracamos (3,14%). Do total de 562 questionários aplicados, 53,21% foram do tipo ESAO-R, 40,21% AUDIT-NOVA e 6,58% com vendedores ambulantes. Houve desafios como recusas de participação e limitações de segurança, mas o planejamento minucioso garantiu abrangência e qualidade na coleta de dados.
Conclusões/Considerações
O estudo oferece um modelo metodológico robusto para auditorias do ambiente alimentar, destacando desafios, soluções e ferramentas aplicáveis. O uso combinado de dados primários e secundários, além da adaptação de instrumentos à realidade local, fortalece a qualidade dos dados. Este protocolo pode subsidiar pesquisas futuras e orientar políticas públicas que busquem melhorar o ambiente alimentar, reduzir desigualdades e promover a alimentação saudável.
ACESSO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA AOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA CIDADE DE NITERÓI, BARREIRAS E DESAFIOS:ANÁLISE INSTITUCIONAL E SEUS DISPOSITIVOS DE REDE EM CUIDAR
Pôster Eletrônico
1 UFF
Apresentação/Introdução
No relatório Global das Nações Unidas 2015, a situação de rua é uma crise global de direitos humanos que requer uma resposta global urgente. Afetando todos os contextos socioeconômicos, as economias desenvolvidas emergentes e em desenvolvimento, na prosperidade e austeridade. Trata-se de um fenômeno diverso, que afeta diferentes grupos de pessoas de diferentes maneiras, mas com características comuns.
Objetivos
Aplicar técnicas e métodos de trabalhos analíticos que contribuam para desenvolvimento, continuidade da assistência e cuidado em saúde das pessoas em situação de rua, garantindo a equidade nas ações
Metodologia
Este estudo utilizará o referencial teórico da análise institucional na perspectiva da socioclínica, estudo exploratório, de caráter qualitativo e abordagem cartográfica. Constitui em um subprojeto do Projeto de Pesquisa
Multicêntrico intitulado: População em Situação de Rua (PSR) – Acesso e barreiras ao cuidado em saúde mental, interseccionalidade e equidade para redução das desigualdades.
Resultados
Espera-se que os resultados possam legitimar as ações de cuidado alcançadas após análise institucional dos serviços em saúde, garantindo qualidade da assistência prestada não só diante dos processos saúde-doença, mas também na qualidade da assistência individual, coletiva e social prestada às pesoas em situação de rua.
Conclusões/Considerações
O projeto está ancorado aos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) tendo como prioridade de pesquisa do milênio atender as demandas da agenda até o ano de 2030,desenvolvendo processos prioritários que respondem as necessidades sociais para redução dos agravos e contemplem diretamente as pessoas em situação de rua, estando vinculadas aos objetivos sobre a erradicação da pobreza, fome zero, água potável e redução das desigualdades.
OS GRUPOS DE DISCUSSÃO COMO FERRAMENTA EPISTEMOLÓGICA: CONTRIBUIÇÕES DE ROSALINE BARBOUR PARA A PESQUISA QUALITATIVA EM SAÚDE COLETIVA
Pôster Eletrônico
1 UFMT/PPGEDU-UFRGS
2 UFRGS
Apresentação/Introdução
A pesquisa qualitativa na Saúde Coletiva tem ampliado seus referenciais teóricos e metodológicos. Entre eles, destaca-se a proposta de Rosaline Barbour sobre grupos de discussão, cuja perspectiva crítica e epistemológica contribui para a compreensão dos sentidos atribuídos ao processo saúde-doença-cuidado, articulando saberes e vivências de distintos sujeitos sociais.
Objetivos
Analisar possíveis contribuições dos grupos de discussão (GD), nos termos de Rosaline Barbour, para a Saúde Coletiva, com foco em potencialidades epistemológicas e metodológicas para investigar experiências, saberes e práticas sociais em saúde.
Metodologia
A obra de referência, Los grupos de discusión en investigación cualitativa, de Rosaline Barbour, articula seus fundamentos à tradição crítica da Saúde Coletiva. Barbour compreende os grupos de discussão não apenas como técnica, mas como construção social surgida da interação entre a familiaridade dos/as participantes e da negociação de significados. Isso rompe com a naturalização dos dados de pesquisa e valoriza os contextos socioculturais. A pesquisa qualitativa em saúde, ao incorporar essa perspectiva, amplia sua capacidade de captar dinâmicas coletivas, conflitos, consensos e contradições, essenciais para a análise de fenômenos complexos como os processos de determinação social da saúde.
Resultados
Os GD de Barbour são dispositivos potentes para a produção de saberes em Saúde Coletiva, incluindo vozes diversas e promovendo deslocamentos epistemológicos, sob uma abordagem construcionista que reconhece contextos relacionais, marcados por repertórios culturais, relações de poder e normas sociais. A interação grupal favorece a emergência de discursos plurais e tensionados, revelando aspectos invisibilizados por abordagens individuais. A lógica dialógica proposta por Barbour contribui para desestabilizar categorias pré-construídas, valorizando a construção coletiva do sentido e o reconhecimento das experiências populares na saúde.
Conclusões/Considerações
Os GD ampliam possibilidades da pesquisa qualitativa em Saúde Coletiva. Valorizam a complexidade dos discursos, a coprodução de sentidos nos grupos e desafiam modelos positivistas e instrumentalizados, fortalecendo abordagens críticas e participativas. Desse modo, os GD configuram estratégia metodológica e política de escuta e intervenção social, alinhada ao compromisso ético-político da Saúde Coletiva com a transformação social.
LASSO HIPERBÓLICO: UMA ABORDAGEM DIFERENCIÁVEL PARA MODELAGEM EM SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
O método de regressão Lasso tem sido amplamente utilizado em estudos na área da saúde por sua capacidade de selecionar automaticamente um subconjunto de variáveis preditoras, reduzindo o risco de overfitting — um problema comum em situações com muitos preditores e poucos pacientes.
Objetivos
A formulação tradicional do Lasso envolve uma função de penalização não diferenciável, o que dificulta a aplicação de algoritmos de otimização contínua. Neste trabalho, propomos uma abordagem baseada no método da Penalidade Hiperbólica.
Metodologia
Este estudo propõe uma reformulação diferenciável do Lasso por meio da Penalidade Hiperbólica, que permite aplicar métodos de otimização contínua. A restrição original do Lasso é suavizada usando a função $ heta(eta_j) = sqrt{eta_j^2 + gamma^2}$, e a penalização é feita por uma função hiperbólica totalmente diferenciável. A nova formulação permite estimar diretamente para valores específicos da restrição, promovendo maior precisão e estabilidade numérica na seleção de variáveis.
Resultados
Diferente das abordagens clássicas, que resolvem o problema de forma indireta para diferentes valores do parâmetro de penalização (λ), nossa proposta permite controlar diretamente o valor da restrição Lasso — ou seja, a soma das penalidades pode ser fixada em um valor específico t. Isso permite uma busca mais precisa por soluções parcimoniosas.
Conclusões/Considerações
A eficácia do método proposto é demonstrada por meio da aplicação a bases de dados reais da área da saúde, destacando seu potencial para seleção de variáveis clínicas relevantes e construção de modelos mais robustos e interpretáveis.
REFLEXÕES SOBRE PRODUÇÃO DE SAÚDE E REGULAÇÃO DA VIDA: PROCESSOS DE CUIDADO EM SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 MS
2 IPUB-UFRJ
3 Prefeitura Rio de Janeiro
4 UFRB
5 IPUB -UFRJ. Enfermeira Quilombola
Apresentação/Introdução
O trabalho foi construído a partir de processamentos coletivos no “Laboratório de Educação, Trabalho e Assistência em Saúde” (Letras) que integra a Pós-Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social.
A partir do mergulho no processo de cuidado de uma usuária e experiências cartográficas, se propõe a problematizar o campo do cuidado em diálogo com referenciais das ciências humanas.
Objetivos
Problematizar como se dão os processos de cuidado, fazendo uso da micropolítica do cuidado e do trabalho em saúde, avaliando até que ponto se dão aberturas à composição de tecnologias capazes de sustentar acessibilidade e novas formas de existência.
Metodologia
A pesquisa se deu por meio de abordagens cartográficas, fazendo uso de diversas formas de escritura e expressão, como diários cartográficos, cadernos de vida, pinturas, entre outras. Abordagem cartográfica, que parte da concepção que a produção do conhecimento se dá a partir do encontro, em processo, no qual somos tomados não só por um olhar estruturado, lógico, com concepções prévias, prontas a serem aplicadas, mas a partir das intensidades que nos afetam, que abrem campos de análises imprevistas, fazem multiplicar-se problematizações em um movimento micropolítico. Como um dos dispositivos analisadores, também foi acompanhado uma “usuária-cidadã-guia”.
Resultados
Foi observado na pesquisa que a produção do processo de cuidado, gestão e políticas de saúde se davam com forte tensionamento frente às necessidades de saúde e redes de conexões existenciais da usuária-cidadã-guia. O processo de cuidado se dispunha mais a controlar seus indicadores de saúde, independentemente de seus desejos, e a as políticas e formas de gestão que constituíam ofertas de cuidado partiam mais de concepções abstratas e representacionais do que à partir de suas necessidades de saúde inscritas em seus territórios de vidas/existências.
Conclusões/Considerações
Sugere-se que a construção do processo de cuidado seja mais afeita à vida des usuáries numa construção em negociação com seus desejos. Processo em ato, onde a saúde não seja subsumida a um repertório centrado em procedimentos como o controle da pressão e glicemia. Uma gestão da vida que vá além de ofertas recortadas por endereço, e mais voltada às necessidades de saúde de cada ume, na produção de territórios existenciais e redes vivas.
DAS INACABÁVEIS FEITURAS DO CUIDADO: RASTREANDO MANUFACTURAS, DISPUTAS E MULTIPLICIDADES EM RELAÇÕES DE CONFLITO COM A SAÚDE.
Pôster Eletrônico
1 FSP/USP
2 Escola Feminista Abya Yala; FSP/USP
3 AMIARN; FSP/USP
Apresentação/Introdução
Refletimos em torno da ideia de "cuidado" como prática em disputa, desde o projeto Cosmopolíticas do Cuidado no fim-do-mundo, a partir de mulheres indígenas, trans e travestis, trabalhadoras sexuais, produtoras urbanas de alimentos, mulheres atravessadas pelo sistema prisional e sujeitas/os negras marcadas pelo racismo; em Amazonas e São Paulo, processos coloniais, fronteiras e mobilidades.
Objetivos
Em abordagem interdisciplinar e pluriepistêmica, apresentamos inacabáveis feituras do Cuidado levadas adiante por coletivos para os quais a Modernidade constitui-se maioritariamente como ameaça, fim-de-mundo ou aliança perigosa.
Metodologia
Este projeto-rede atua a partir de uma composição metodológica heterogênea feita a partir de proposições de coordenação gerais, que incluem etnografia, observação participante, reflexão teórica-conceitual -entre outras das ciências sociais, bem como abordagens contra-coloniais (escrevivência, oralidade e “rabiscamento”) e dispositivos de encontro epistêmico para a produção colaborativa de conhecimento. A base é uma rede de pesquisadores e pesquisadoras em diversos níveis de formação e com diversas trajetórias acadêmicas e profissionais, e que trazem ou produzem alianças de poder/saber com coletivos sociais mais-que-acadêmicos em diversos territórios.
Resultados
Questão central: apesar da autoproclamação na saúde coletiva, “cuidado” e “saúde” são sinônimos-quase nos recortes empíricos estudados. “Cuidado” emerge como marcador de alteridade ontológica com o campo da saúde e está atravessando, as relações de pesquisa e orientação, assim como com o Estado e suas violências. Cuidado aparece conectado, alimentado e tensionado pela noção de Autodefesa entre grupos de mulheres periféricas que disputam espaços de existência contra diversas agências do Estado; Cuidado aparece fortemente associado com LUTA, com políticas de conhecimentos e produção de mundos; com a prática de violências localizadas, com redes maois-que-humanas, com lugares de transgressão.
Conclusões/Considerações
Apresentamos neste trabalho questões que nos interpelam enquanto docentes, estudantes e pesquisadores do campo da saúde. Parte destas questões diz respeito às reais condições de “defensabilidade” da saúde pública como a conhecemos. Outra, sobre como aprendemos a conhecer de forma mais radical as capacidades de luta, resistência, autodeterminação, autodefesa, criatividade, florescimento, conhecimento e cuidado dos coletivos.
REFLETINDO SOBRE A OBESIDADE COMO FENÔMENO SOCIAL: UMA EXPERIÊNCIA FORMATIVA COM A TEORIA DE BOURDIEU NO PPGSC/UFBA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal da Bahia
2 Universidade de Coimbra/ Portugal
Período de Realização
Março a junho de 2025, no componente "Fundamentos das Ciências Sociais e Humanas" do PPGSC/IMS/UFBA.
Objeto da experiência
Reflexão teórica e crítica sobre a obesidade a partir da teoria dos capitais e de habitus de Bourdieu no contexto da formação em Saúde Coletiva.
Objetivos
Desenvolver uma análise crítica sobre a obesidade enquanto fenômeno social, mobilizando a teoria de Pierre Bourdieu; refletir sobre as desigualdades estruturais que moldam práticas alimentares; e valorizar a contribuição das Ciências Sociais na formação em Saúde Coletiva.
Descrição da experiência
Durante o componente, foi proposta a elaboração de um texto autoral com base em um teórico estudado. Escolhi Bourdieu por sua aproximação com minha área de interesse: a obesidade. A partir de seus conceitos de capital econômico, social, cultural e simbólico, construí uma análise que desnaturaliza a obesidade como escolha individual, reconhecendo-a como fenômeno estruturado socialmente. A escrita se constituiu como exercício de articulação entre teoria, vivências profissionais e criticidade.
Resultados
Os capitais econômico, cultural e social moldam práticas alimentares, acesso e percepções de saúde. O volume e a composição desses capitais influenciam o modo como os indivíduos vivenciam a alimentação e o corpo. O conceito de habitus ajudou a pensar como disposições incorporadas influenciam escolhas, mesmo diante de mudanças nas condições materiais. A teoria ampliou a análise da obesidade para além do modelo biomédico, contribuindo para uma visão mais crítica e sensível às desigualdades.
Aprendizado e análise crítica
Combater a obesidade, crescente em todo o mundo, exige políticas que considerem determinantes socioeconômicos e desigualdades sociais, valorizem recursos simbólicos e culturais. Em vez de responsabilizar os indivíduos, é preciso compreender os múltiplos fatores que moldam hábitos alimentares. Pesquisas mostram que o capital cultural influencia mais as escolhas alimentares que o econômico. Assim, políticas sociais e de saúde devem considerar e respeitar a história e a cultura das pessoas.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência evidenciou que abordagens críticas e interdisciplinares sobre a obesidade são fundamentais na formação em saúde. A obesidade é moldada por desigualdades estruturais, não apenas por decisões individuais. Recomenda-se ampliar espaços de reflexão sobre determinantes sociais na pós-graduação e fortalecer políticas públicas que valorizem os saberes e práticas dos grupos sociais, com respeito às suas histórias, contextos e direitos.
A EXPERIÊNCIA DA CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENÇÃO NOS COMPONENTES CURRICULARES DO CURSO DE GRADUAÇÃODE SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE
Pôster Eletrônico
1 UPE
Período de Realização
Foi realizado a curricularizaçao da extensão no período de fevereiro a novembro 2025
Objeto da experiência
A extensão foi curricularizada pela inclusão de 07 Disciplinas Curriculares de Extensão- DCExt, totalizando carga-horária de 345 horas.
Objetivos
Compartilhar como está estruturado o ensino nos componentes curriculares de extensão que deve contemplar os quatros eixos formadores do perfil do sanitarista:, no PPP do CGSC/UPE para formar um sanitarista com competência para atuar nos três entes federativos do SUS.
Metodologia
Para garantir o processo de creditação da extensão no currículo do curso de Saúde Coletiva, de acordo com a Resolução CEPE no 049/2021 da UPE, foram incluídas 07 Disciplinas Curriculares de DCExt, totalizando carga-horária de 345 h. Estas disciplinas se distribuem do primeiro ao sexto período. São elas: Educação Popular em Saúde I, Distrito Sanitário , Sistema Municipal de Saúde , Atenção especializada e hospitalar, Educação Popular em Saúde II , Sistema Estadual de Saúde ,DCEX no SUS.
Resultados
Implantamos disciplinas de extensão integradas ao SUS, distribuídas por período do curso: no 1º período realizamos atividades de educação popular em saúde; no 2º, diagnóstico de linhas de cuidado; no 3º, desenvolvemos atividades teóricas e práticas de extensão nos territórios; no 4º, educação permanente no Complexo Hospitalar da UPE; no 5º, regionalização e indicadores de saúde; e no 6º, saúde mental e rede psicossocial, promovendo articulação entre teoria e prática.
Análise Crítica
O aprendizado nas disciplinas de extensão resultou em produtos que integraram ensino, serviço e comunidade. Na Educação Popular I, realizamos oficinas e pesquisa-ação. Em Linhas de Cuidado, elaboramos protocolos e cards com usuários e profissionais. No Sistema Municipal, produzimos materiais técnicos. Na Educação Popular II, promovemos educação permanente. No Sistema Estadual, desenvolvemos estudos regionais. No SUS/RAPS, criamos vídeos e realizamos grupos focais.
Conclusões e/ou Recomendações
No PPP anterior, os componentes curriculares estavam organizados em eixos como Ciências da Vida, Humanas e Sociais, Gestão, Epidemiologia, Metodologia e Atividades de Campo. O currículo atual integra a extensão, acessibilidade e inclusão, e inclui conteúdos sobre relações étnico-raciais, direitos humanos e educação ambiental, visando formar sanitaristas críticos, sensíveis e comprometidos com os problemas sociais e ambientais.
DOCÊNCIA NA FORMAÇÃO DAS EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS, EMULTI, USANDO O MÉTODO BALINT-PAIDEIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pôster Eletrônico
1 UFCAT
2 SMS-RJ
Período de Realização
4 de fevereiro a 5 de junho de 2025
Objeto da experiência
Exercício da docência na formação de profissionais das equipes multiprofissionais da Atenção Primária à Saúde utilizando o Método Balint-Paideia
Objetivos
Relatar a experiência de atuar como docente de aprendizagem na formação de profissionais de saúde que compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Primária à Saúde, eMulti.
Metodologia
A docência tinha um encontro por semana. Os docentes estimulavam a leitura prévia do material. Em cada encontro, havia dois momentos: apresentação de um caso, por uma dupla, sobre situações clínicas, de gestão ou cases de sucesso e; oferta teórica abordando o trabalho multiprofissional na Atenção Primária à Saúde. Os casos eram explorados, pelas pessoas cursistas, com questões e sugestões e a oferta teórica, pelos docentes, com metodologias ativas. Ao final, acontecia a avaliação do encontro.
Resultados
Em 16 encontros foram apresentados 15 casos sobre Saúde Mental, Crianças em Situação de Vulnerabilidade, Violência contra a Mulher, Gestão da APS, Pessoa Idosa em Situação de Abandono, Grupos de Gestantes, Grupos de Atividades Físicas, Esclerose Múltipla, por discurso livre. Demarcaram sensibilidade a esclerose múltipla, violência, saúde mental. A oferta teórica foi em três módulos, sobre o Método Balint-Paideia, problemas de saúde prioritários para equipes eMulti e dispositivos de cuidados.
Análise Crítica
O Método Balint-Paideia é idealizado pelo Prof. Dr. Gastão Wagner. Inicialmente provoca certo incômodo nas pessoas cursistas, pois não se propõe a repassar regras, fichas e sistemas prontos. Busca refletir, ativamente, a partir da realidade dos casos trazidos e da oferta teórica. O Método explora o afeto, o trabalho multiprofissional, os pactos, a co-gestão e as subjetividades, necessárias para transcender o modelo curativista, explorando e agregando diferentes saberes e profissionalidade.
Conclusões e/ou Recomendações
A docência utilizando o Método Balint-Paideia se apresentou como excelente abordagem, na formação de profissionais das eMulti da APS. Abordar casos reais e discutir o trabalho da equipe multiprofissional, na perspectiva da co-gestão, da horizontalidade de saberes, possibilita novos olhares no cuidado. É uma pedagogia onde os afetos, as subjetividades e a clínica centrada na pessoa ocupam espaço em detrimento do modelo curativista hegemônico.
RELAÇÕES DE PODER NOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM: CONCEPÇÕES DE COLLIÈRE
Pôster Eletrônico
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
Período de Realização
Este estudo foi realizado no segundo semestre de 2024, no mestrado acadêmico de enfermagem da UFMA.
Objeto da experiência
Estudo sobre cuidados de enfermagem, baseado na obra Promover a vida e na tese O exercício do poder nos cuidados de enfermagem: os cuidados de higiene.
Objetivos
Trata-se de um estudo reflexivo, a fim de refletir sobre a relação de poder nos cuidados de enfermagem segundo as concepções de Collière.
Descrição da experiência
Esse relato deu-se com a agregação das reflexões oriundas das leituras de textos na disciplina de Filosofia, Saúde e Enfermagem do mestrado acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão e das vivências acadêmica e profissional da Enfermagem, que a todo o momento são contrastadas as relações de poder nos cuidados de enfermagem.
Resultados
Collière, ao tratar do cuidado libertador, dialoga com teoria do autocuidado de Dorothea Orem, baseada na ideia de que as pessoas podem cuidar de si mesmas.
Quando o enfermeiro atua suprindo o que o paciente não pode fazer por si e o ajuda readquirir capacidades para se readaptar ao meio, abrindo um caminho de aprendizagem que ajuda a readquirir capacidades. A doença pode limitar a autonomia do paciente em fazer aquilo que antes ele poderia fazer, mas não retira sua singularidade e subjetividade.
Aprendizado e análise crítica
O poder não significa relação de dominação ou de controle, mas de suporte, transformação e de reforço do potencial perpassando pela capacidade de tomar decisão, competências que são inerentes ao perfil do profissional enfermeiro.
As práticas de cuidado estabelecidas por Collière norteiam as ações da enfermagem, favorecendo o crescimento e aprimoramento da profissão. Os cuidados não envolvem somente procedimentos e/ou técnicas, mas perpassa a dimensão biopsicossocial humana na sua totalidade.
Conclusões e/ou Recomendações
Nessa perspectiva, podemos afirmar que o paciente é um ser humano singular por total, considerando suas múltiplas dimensões, e sua interação com o enfermeiro transforma sua capacidade potencial em real. E que a relação profissional-paciente deve ser de maneira saudável, mútua, responsável e reciproca, não objetivando uma autoridade ou opressão, mas uma relação linear de responsabilidade e reconhecimento do outro e de suas potencialidades.
REESTRUTURAÇÃO DO COMITÊ REGIONAL DE MORTALIDADE MATERNA, INFANTIL E FETAL: VIVÊNCIA DE UMA RESIDENTE EM SAÚDE COLETIVA
Pôster Eletrônico
1 ESPPE
2 IX GERES
Período de Realização
A experiência foi conduzida entre março e junho de 2025, no contexto do processo de reestruturação do comitê.
Objeto da experiência
Descrever a experiência de uma residente e destacar os desafios e estratégias na reestruturação de um Comitê de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal.
Objetivos
Descrever a participação da residência no processo de reestruturação do Comitê Regional de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, e o papel da gestão na articulação de políticas públicas e intersetorialidade na assistência materno-infantil.
Descrição da experiência
A iniciativa da reestruturação do comitê de mortalidade materna, infantil e fetal surgiu como resposta aos elevados índices de mortalidade na região, visando a estruturação de ações eficazes para a redução desses números. Entretanto, o processo enfrentou desafios, como dificuldades na articulação com diferentes setores e na indicação de membros para compor o comitê, demonstrando a necessidade de estratégias aprimoradas, realizadas entre gestão e residentes, para viabilizar sua implementação.
Resultados
A participação direta na reestruturação dessa iniciativa representa um marco significativo na busca pela redução dos índices de mortalidade, além de proporcionar uma experiência enriquecedora para a formação profissional. Esse envolvimento fortalece a compreensão sobre a Saúde Coletiva com ênfase na gestão de redes de saúde, alinhando-se aos princípios e objetivos do programa de residência, ao promover o desenvolvimento de competências estratégicas essenciais para a atuação eficaz no SUS.
Aprendizado e análise crítica
A iniciativa, embora ainda em implantação, representa um avanço na redução da mortalidade, exigindo planejamento e qualificação contínua dos profissionais para garantir impacto efetivo na assistência materno-infantil. Além disso, proporciona aos residentes uma experiência formativa essencial, favorecendo o aprendizado contínuo sobre processos de gestão na saúde coletiva.
Conclusões e/ou Recomendações
A reestruturação do Comitê Regional de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal fortalece a gestão da saúde coletiva, impactando a redução da mortalidade na região. A experiência da residente destacou a relevância da articulação intersetorial, do planejamento estratégico e da capacitação contínua dos profissionais. Apesar dos desafios, a iniciativa aprimora a compreensão dos processos de gestão e impulsiona políticas públicas mais eficazes.
VALORES CIVILIZATÓRIOS AFRO-BRASILEIROS COMO REFERENCIAL TEÓRICO EM UM ESTUDO SOBRE O ENVELHECIMENTO NA VELHA GUARDA DO SAMBA DE SÃO PAULO
Pôster Eletrônico
1 USP
Período de Realização
Desde outubro de 2024, a partir de evento do Núcleo Ayé - Coletivo negro de uma universidade
Objeto da experiência
Uma epistemologia afrocentrada como referencial para investigar, em um braço de um estudo global, saúde e envelhecimento na comunidade do samba
Objetivos
Refletir sobre o uso de um referencial afrocentrado e manutenção da capacidade funcional. Especificamente: como valores civilizatórios afro-brasileiros sustentam a metodologia de uma pesquisa sobre o impacto da cultura do samba no envelhecimento da velha guarda em São Paulo
Descrição da experiência
O Integrated care for older people approach (ICOPE) é um estudo global da Organização Mundial da Saúde que identifica aspectos da capacidade funcional no envelhecimento. O Brasil seguirá o protocolo internacional e, frente ao reconhecimento de particularidades da velha guarda, elaborou-se um desenho de método misto nos quais os 10 valores civilizatórios afro-brasileiros, advindos da educação infantil, para discutir os mecanismos pressupostos de manutenção da capacidade funcional nesta população
Resultados
O samba emerge como espaço de cuidado e pertencimento e a lente afrocentrada expande a discussão dos 5 domínios do ICOPE, como por exemplo costurando a “vitalidade” com o “axé/energia vital” proposto por Azoilda Trindade. A proposta rompe com o modelo biomédico e reconhece o comunitarismo como tecnologia de cuidado, com grande potencial para a saúde coletiva à medida em que abre espaço para novas perguntas e amplia o olhar analítico sobre fatores de risco e protetivos individuais e coletivos
Aprendizado e análise crítica
Há escassez de estudos sobre os valores civilizatórios afro-brasileiros no campo da saúde coletiva. A pesquisa reflexiva conduzida por um pesquisador negro revela a potência de epistemologias até então restritas à educação infantil. O comunitarismo, aqui, é entendido como uma tecnologia social de cuidado, capaz de influenciar positivamente os determinantes sociais do envelhecimento e promover saúde com base na ancestralidade e no pertencimento, ampliando a “integração” trazida no ICOPE
Conclusões e/ou Recomendações
Os valores civilizatórios afro-brasileiros são um referencial valioso, inédito e viável para análises qualitativas e quantitativas da saúde coletiva. Essa experiência ilustra a potencialidade de epistemologias plurais para compreender a saúde em contextos racializados. Recomenda-se ampliar seu uso em pesquisas e políticas públicas que valorizem a ancestralidade e o pertencimento como determinantes sociais da saúde
A HUMANIZAÇÃO DO PARTO E NASCIMENTO É UMA CONVERGÊNCIA ENTRE CIÊNCIA E PRÁTICA NA SAÚDE, JUSTIÇA SOCIAL, MOBILIZAÇÃO E ATIVISMO E EQUIDADE
Pôster Eletrônico
1 Rede de Humanização do Parto e Nascimento - ReHuNa
Período de Realização
Dezembro de 2023 a Fevereiro de 2024
Objeto da experiência
Sistematizar o papel da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento como movimento político, social e científico no campo da saúde.
Objetivos
Representar visualmente a complexidade da atuação da ReHuNa, evidenciando a convergência entre ciência, equidade, justiça social e mobilização. Construir uma ferramenta gráfica de meta-síntese que facilite a comunicação e defesa do modelo de humanização do parto e nascimento.
Metodologia
As ações da ReHuNa foram organizadas em uma planilha, com categorização por eixo de atuação: eventos científicos, incidências políticas, articulações sociais e ações formativas. As iniciativas foram então agrupadas por afinidade temática, gerando quatro grandes pilares. Essa sistematização deu origem a um gráfico em diagrama de Venn, que representa visualmente as interseções centrais do modelo da humanização do nascimento.
Resultados
A análise identificou quatro pilares de sustentação: (1) Cuidado: ciência, prática clínica e atenção obstétrica; (2) Justiça Social: políticas públicas, direitos humanos e ações jurídicas; (3) Equidade: gênero, raça, deficiência, acesso e trabalho digno; (4) Mobilização e Ativismo: ONGs, movimentos sociais e resistência. A figura resultante sintetiza graficamente como essas dimensões se articulam e se fortalecem mutuamente para sustentar a humanização do parto e nascimento.
Análise Crítica
A figura criada como meta-síntese demonstra como as intersecções entre os pilares originam ações específicas: ciência + justiça = leis; equidade + saúde = inclusão; equidade + mobilização = melhores condições de trabalho; justiça + mobilização = políticas públicas. A centralidade da humanização é resultado da articulação viva entre esses campos. O modelo visual ajuda a explicar porque retrocessos em qualquer eixo afetam diretamente a assistência e mobilizam resistências transversais.
Conclusões e/ou Recomendações
A representação gráfica da humanização como convergência fortalece sua defesa frente a retrocessos. Quando práticas sem evidência, racismo, capacitismo ou mudanças em políticas públicas ameaçam um dos pilares, os demais se articulam em resposta. A figura sistematiza a complexidade do modelo defendido pela ReHuNa e pode ser usada em formações, debates públicos e incidências políticas para ampliar o entendimento e engajamento com a causa.
GUIA PARA A ESTRUTURAÇÃO DE SALAS DE VACINAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DA IX GERÊNCIA REGIONAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO
Pôster Eletrônico
1 IX GERES
2 ESPPE
Período de Realização
O guia foi desenvolvido entre abril e maio, visando orientar a organização das salas de vacinação municipais.
Objeto da produção
O instrutivo orienta a organização das salas de vacina na IX GERES, garantindo condições adequadas de armazenamento e conservação dos imunobiológicos
Objetivos
Este guia propõe um passo a passo estruturado para a organização das salas de vacinação, buscando aprimorar processos, reduzir desafios e garantir condições adequadas para armazenamento e conservação das vacinas.
Descrição da produção
Este guia foi elaborado com base na revisão de documentos normativos, como o manual de normas e rotinas e o POP 38 de boas práticas de imunização e funcionamento das salas de vacinação (2022). Além disso, foram analisadas experiências de municípios referência em boas práticas. As orientações foram sistematizadas de forma objetiva, clara e didática, garantindo uma abordagem eficaz e acessível, respeitando equidade, universalidade e participação democrática.
Resultados
Este documento identificou os principais desafios dos municípios na organização e armazenamento das vacinas. Como resposta, foi elaborada uma proposta detalhada para orientar a disposição das salas de vacinação, destacando problemas prioritários, desafios enfrentados e estratégias de organização. O objetivo é ampliar a capacidade de melhorias e otimizar o funcionamento desses espaços, garantindo eficiência e qualidade no atendimento à população.
Análise crítica e impactos da produção
O documento apresenta uma abordagem estruturada para a organização das salas de vacina, identificando desafios e propondo melhorias. No entanto, uma análise crítica pode destacar pontos como a necessidade de maior aprofundamento na viabilidade das estratégias sugeridas, bem como a inclusão de diretrizes para adaptação a diferentes realidades municipais. Além disso, seria útil reforçar aspectos como capacitação de equipes e gestão eficiente dos recursos disponíveis.
Considerações finais
Este documento contribui significativamente para a organização eficiente das salas de vacina, abordando desafios e propondo estratégias de melhoria. A sistematização das orientações visa garantir uma implementação acessível e eficaz, respeitando princípios fundamentais como equidade e participação democrática. A aplicação prática dessas recomendações pode fortalecer a qualidade do atendimento e ampliar a capacidade de gestão dos imunobiológicos.

Realização: