
Programa - Pôster Eletrônico - PE17 - História e Saúde
A PANDEMIA DE COVID-19 SOB O REGIME VISUAL DOS MEMES: DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 Pós-doutoranda do Departamento Museu da Vida Fiocruz (DMVF//COC); Núcleo de Estudos da Divulgação Científica (NEDC); Núcleo de Estudos de Público e Avaliação em Museus (Nepam).
2 Graduanda em Biomedicina na UNIFESO; Bolsista de Iniciação Científica do Departamento Museu da Vida Fiocruz (DMVF) / Casa de Oswaldo Cruz (COC).
3 Pesquisadora em Saúde Pública; coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde/ Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ.
Apresentação/Introdução
A reflexão deste resumo é fruto da pesquisa em andamento “O potencial dos Memes na Divulgação Científica”, realizada no âmbito de pós-doutoramento e que consiste também num desdobramento de projeto de iniciação científica. Partimos da premissa de que os memes são um formato comunicacional eficaz no espraiamento informacional (Chagas, 2021; 2024).
Objetivos
Ampliar e analisar conceitos atrelados aos memes, partindo do entendimento que esse formato comunicacional implicou rupturas no sistema vigente tradicional da comunicação de forma mais acentuada a partir da Covid-19 (Beiguelman, 2021, p.169-170).
Metodologia
Nossa investigação foi elaborada através de pesquisa bibliográfica (Chagas 2021; 2024), Beiguelman (2018; 2021) e documental (acervo de memes com recorte na vacinação e saúde), de abordagem qualitativa, amparada em metodologia de estudo exploratório. Estudos de caso de postagens na plataforma Instagram foram realizados com enfoque no espraiamento de certos memes relacionados à vacinação e ao Sistema Único de Saúde (SUS). A imagem potencializada pelos memes estabelece território em disputa, crucial para a visibilidade comunicacional, o que confere às redes “espaço primordial de construção e realização da política” (Beiguelman, 2021, p.175). Por promoverem novos signos socialmente reconhecidos.
Resultados
A cultura dos memes reconfigurou os modos de interação em múltiplas mídias, em um intenso fluxo transmidiático. Ao investigarmos a forma que os memes são empregados no ambiente digital, observamos que esses formatos têm o poder de solidificar tanto “verdades” quanto desinformações. Esse cenário nos confronta com inúmeras questões, entre elas, a disseminação de desinformação sobre vacinas. A proliferação desinformativa tem gerado preocupações significativas para a saúde pública. Ao sintetizarem ideias complexas de forma simples e eficaz, os memes, atualmente, são ferramentas poderosas de engajamento e disputa de sentidos nas redes sociais, por instaurarem “sensos comuns”.
Conclusões/Considerações
Consideramos de extrema importância a socialização do conhecimento produzido durante o processo desta pesquisa, já que, para Chagas (2024), os memes são o formato de maior circulação nas redes sociais digitais. Ao ampliarmos essa abordagem teórica, potencializamos a produção de mais investigações científicas nessa temática, especialmente na produção da saúde na era digital, e na contenção do espraiamento de notícias falsas sobre vacinas, e saúde.
MEMÓRIAS MINISTERIAIS: A VERSATILIDADE DA HISTÓRIA ORAL NA COMPREENSÃO DA GESTÃO PÚBLICA DA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Apresentação/Introdução
A história oral temática, enquanto método de pesquisa, adota a entrevista de caráter temático, realizada com grupo de indivíduos em torno de um assunto específico, não abrangendo a totalidade da existência do participante, como se utilizou na pesquisa realizada pelos autores, com seis ex-ministros da saúde brasileira entre 2018 e 2020, no intuito de extrair memórias de atuação.
Objetivos
Analisar o uso da história oral temática enquanto ferramenta na construção de motes teóricos essenciais para compreensão das experiências de gestão de ex-ministros da saúde do Brasil.
Metodologia
Estudo de caráter histórico, teórico-metodológico de abordagem qualitativa.
Resultados
O recorte temporal do estudo que utilizou a história oral temática enquanto método de pesquisa, foi de 1995 a 2016, que contemplava 11 ex-ministros da saúde, 10 ainda vivos, dos quais seis concederam entrevistas, sendo quatro presenciais e duas virtuais (online). O roteiro de entrevista foi pré-estruturado com cerca de 10 pontos a serem desenvolvidos. Além do roteiro o pesquisador contava com diário de campo. Os contatos com os participantes foram estabelecidos por e-mail e/ou ligação telefônica, sendo a média de tempo das entrevistas, de uma hora e trinta minutos. As etapas de: 1- transcrição; 2- textualização; 3- transcriação; e 4- análise final, foram exclusivamente realizadas pelo entrevistador.
Conclusões/Considerações
A adoção da história oral temática enquanto método de pesquisa, mostrou-se extremamente versátil para construção de oralidades oriundas de experiências dos executivos federais de saúde, durante seus mandatos ministeriais. Lamenta-se imprevistos que impediram a participação de mais ex-ministros e recomenda-se a não terceirização da transcrição das entrevistas e uso irrestrito do diário de campo.
CENTRO DE MEMÓRIA DA FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA-USP E O ENSINO VIRTUAL INTERUNIDADES E INTERDISCIPLINAR NA FORMAÇÃO EM HISTÓRIA DA SAÚDE PARA A GRADUAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 FSP-USP
Apresentação/Introdução
O trabalho discute a importância da história e da memória na formação crítica em Saúde Coletiva, relatando experiências de estudantes da FSP-USP em projetos interdisciplinares que integram ensino, pesquisa e extensão, com uso de fontes históricas para estimular o pensamento crítico e o engajamento social.
Objetivos
O objetivo é destacar o papel do CM-FSP na formação crítica em Saúde Pública, valorizando a memória institucional, produzindo conhecimento histórico e promovendo práticas dialógicas junto aos estudantes e à comunidade acadêmica.
Metodologia
Utiliza-se abordagem interdisciplinar com ações integradas de ensino, pesquisa e extensão. A análise documental do acervo do CM-FSP baseia-se em relatórios, iconografia, materiais pedagógicos com debates teórico-metodológicos baseados em ampla historiografia sobre Saúde no Brasil. Os estudantes produzem conteúdos didáticos digitais e participam de atividades como podcasts, mostras e cine-debates. A metodologia apoia-se também na Educação Popular em Saúde (Freire, 1987), priorizando saberes diversos e protagonismo discente.
Resultados
Os estudantes criaram e divulgaram conteúdos em mídias sociais e podcasts como “Memórias que Falam”, ampliando o acesso à história da Saúde Pública. Produziram também o “Cine Memória” e o “Cantinho da Memória”, com mostras sobre os 107 anos da FSP e a força das mulheres. Lançaram a plataforma “Acervo Alunes”, com trabalhos acadêmicos disponíveis ao público. As ações fortalecem o vínculo entre história, saúde e formação cidadã, promovendo a reflexão crítica sobre desigualdades e desafios atuais.
Conclusões/Considerações
A memória, ao ser ativada em ações educativas e culturais, transforma-se em instrumento potente de formação crítica, diálogo social e fortalecimento da Saúde Coletiva.
A TRAJETÓRIA DO CENTRO ACADÊMICO EMÍLIO RIBAS DA FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA (1956 A 2018) À LUZ DO PROCESSO HISTÓRICO
Pôster Eletrônico
1 USP/FSP
Apresentação/Introdução
Sabendo que a história tem sua importância na elaboração do pensamento crítico, no questionamento do tempo presente e nas lutas do campo da saúde coletiva. Os propósitos desse trabalho, se originaram a partir de um incômodo coletivo, gerado pela ausência de referências históricas que permitissem não só a compreensão do presente, mas também a construção de identidades e pertencimento universitário.
Objetivos
Historicizar a atuação do Centro Acadêmico Emílio Ribas (CAER), entre 1956 e 2018; construir um fundo documental do CAER; elaborar uma narrativa historiográfica sobre como foi período de Ditadura Militar na Faculdade de Saúde Pública.
Metodologia
A abordagem da pesquisa foi qualitativa, com referências da história crítica, história-social, história do tempo presente. O estudo foi composto por três fases: exploratória, trabalho de campo, análise e tratamento do material empírico e documental. Durante a segunda etapa, realizamos a preservação documental em parceria com o Centro de Memória da Faculdade de Saúde Pública. Na terceira fase, os documentos foram divididos por anos e posteriormente caracterizados, após uma leitura exploratória, o que possibilitou a categorização e a análise documental. Objetivando, confrontar o passado e o presente; articular o que desaparece com o que aparece; e a produção de uma narrativa historiográfica.
Resultados
Cerca de 4 mil documentos passaram pelo trabalho de preservação e caracterização. Eles foram categorizados em 13 categorias. Assim, o fundo documental do Centro Acadêmico Emílio Ribas da Faculdade de Saúde Pública foi fundado. A partir da narrativa historiográfica, vimos que houve repressão institucional direcionada aos estudantes durante o período da ditadura militar, mas também formas de resistência estudantil. Contudo, a quase ausência documental no período de exceção, nos faz indagar: se haviam documentos, onde eles estão?
Também, há indícios da participação do CAER no movimento estudantil nacional, estadual e no movimento estudantil na saúde no início do período de redemocratização.
Conclusões/Considerações
O CAER, se constituiu ao longo do tempo, como uma importante entidade representativa, responsável pela integração estudantil e por diversas lutas políticas no campo da saúde, que carecem de maior elucidação. O “silêncio documental” sobre o período da ditadura militar, nos indica novos caminhos de pesquisas. Além disso, a pesquisa elucidou a importância da Memória Coletiva no processo de inclusão, pertencimento e redemocratização da universidade.
SER MULHER NO SERTÃO NORDESTINO: AS LUTAS E RESISTÊNCIAS PARA INGRESSAR NO MUNDO DO TRABALHO NA PERSPECTIVAS DAS AGENTES COMUNITÁRIAS DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ BRASÍLIA/UFT
2 UECE/MS
Apresentação/Introdução
Manuscrito integrante da tese de doutorado: Agenciamentos de desejos nos territórios das práticas das agentes comunitários de saúde: cartografia das afecções, versa sobre a construção sócio-histórica da profissão Agentes Comunitária de Saúde (ACS). O trabalho tem centralidade na mediação entre políticas sociais de Estado e o cotidiano de vida comunitária.
Objetivos
cartografar as singularidades da produção desejante das ACS para o ingresso na profissão, enquanto prática social, referenciada pelos sentidos, significados, sonhos, desejos e atitudes em constante processo de singularização.
Metodologia
Pesquisa intervenção com base epistemológica na cartografia e esquizoanálise, com possibilidades de mapear paisagens psicossociais, afetos e intensidades. A cartografia pressupõe indissociabilidade e concomitância nos momentos de produção, análise e discussão. Para acessar o plano comum da experiência, realizamos oito oficinas, mediatizada pela arte, com a participação de 24 ACS - mulheres. Utilizamos diário de campo e as oficinas foram gravadas/filmadas. Usamos a análise rizomática, tendo como guia os princípios do rizoma, entendido como um sistema aberto de conexão que transita no meio social, através de agenciamentos diversos. Projeto aprovado na UECE, Nº 26535319.1.0000.5534.
Resultados
O ano de 1989 foi um acontecimento na vida das mulheres de Tauá e Aiuaba, com a possibilidade de encontrar trabalho, mesmo sem reconhecimento social e desvalorização econômica. As experiências das mulheres para conquistar o direito de trabalhar reforça o modelo familiar patriarcal ainda vigente na sociedade contemporânea. No campo micropolítico, o ingresso das ACS no programa foi um acontecimento na vida das comunidades, pois ampliava o acesso a saúde. Nos discursos percebemos 4 linhas narrativas: emancipação por meio do trabalho; alegrias de ser pioneiras; desejo de ter uma profissão; as lutas/resistências para a conquistas dos direitos trabalhistas e melhoria de qualidade de vida.
Conclusões/Considerações
As narrativas trazem a questão do lugar das mulheres na sociedade, onde a profissão ACS é reconhecidamente feminina. Tornar-se ACS descortinou-se como linha de fuga para sair do assujeitamento social dos corpos femininos naturalizados pela dominação masculina. Nos recônditos dos sertões do Ceará, o corpo-mulher ganha outra dimensão, produz novos afetos e novas subjetividades.
Descritores: Agente Comunitário de saúde. Trabalho. Gênero.
A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: A TRAJETÓRIA CARIOCA NA VIRADA DO SÉCULO (1990-2019)
Pôster Eletrônico
1 COC/FioCruz
Apresentação/Introdução
A pesquisa analisa, em perspectiva histórica, a implementação das políticas de Atenção Primária à Saúde (APS) no Rio de Janeiro de 1990 a 2019, considerando a implementação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) como marco histórico da análise. Analisa fatores econômicos, o papel do Estado e a influência do mercado privado na APS no município
Objetivos
Analisar o processo de implementação da APS a partir da ESF no município do Rio de Janeiro (MRJ) (1990-2019), analisar o cenário político-institucional carioca e descrever, no âmbito local, as relações público-privado estabelecidas no âmbito da APS
Metodologia
A pesquisa analisa marcos legais da APS no Brasil, principalmente a partir da Política Nacional de Atenção Básica, os planos municipais de saúde e decretos públicos da cidade do Rio de Janeiro. Utilizou análises da mídia, como jornais locais, para verificar interesses e discursos relacionados às Organizações Sociais (OSs) na APS. Também explora entrevistas, com depoimentos de gestores e especialistas que contribuíram para a consolidação da APS no município. A análise abrange financiamento, recursos humanos, cenário político e gestão, especialmente da expansão do setor privado. Aprofunda-se em literatura acadêmica de 1990 a 2019.
Resultados
A escolha pelo MRJ se deu por aspectos históricos, principalmente a tardia expansão da ESF. Em 2008, a cobertura populacional era de apenas 3,5%. Comparado a outras capitais, o Rio de Janeiro possuía 0,2% de provisão por Equipes de Saúde da Família (EqSF) a cada 10 mil hab., enquanto Belo Horizonte apresentava 2,0% e São Paulo 0,8%. A partir de 2009, a expansão ocorreu expressivamente via OSs. Contudo, desde 2017, percebe-se uma retração da APS no município do Rio de Janeiro: de 1.177 EqSF em 2018 para 1.090 em 2019. Essa queda é atribuída à autonomia administrativa das OSs, possuindo ampla flexibilidade em mudanças de normas, contratação e execução orçamentária.
Conclusões/Considerações
A virada para o séc. XXI e as políticas neoliberais implementadas pelo Estado brasileiro representam fatores significativos para os contextos locais, com mudanças estruturais no modelo de oferta de serviços de saúde. O desmonte do Estado e incentivo pela adoção de OSs na saúde como alternativa financeira para a APS no município se mostrou insuficiente, gerando recuo na cobertura, redução de funcionamento e fragilidade de políticas públicas de saúde
NARRATIVAS HISTÓRICAS E A PANDEMIA DE COVID-19: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Pôster Eletrônico
1 USP/FSP
Apresentação/Introdução
Através da narração histórica é possível tornar o tempo presente compreensível e pensar em possibilidades de futuro, pois ela confere sentido a experiência do tempo. Sabendo que memória e esquecimento caminham juntos, torna-se importante que a saúde coletiva questione: a que as narrativas produzidas durante a pandemia de covid-19 se referem? E de que forma acionam a perspectiva histórica?
Objetivos
Os principais objetivos foram: mapear e analisar o uso da perspectiva histórica em publicações de periódicos científicos feitas durante a pandemia de Covid-19 (2020 e 2023); fazer um levantamento dos temas que apareceram nas publicações selecionadas.
Metodologia
A metodologia utilizada nesse estudo exploratório foi a pesquisa bibliográfica sistemática, portanto, elaboramos um diagrama do fluxo do protocolo de pesquisa, 4 critérios de inclusão e 3 critérios de exclusão. O processo de pesquisa foi dividido em três etapas não lineares: Fase Exploratória; Trabalho de Campo (diálogo com o material documental) e Tratamento do material documental. Adotamos a estratégia de realizar buscas no banco de dados da LILACS, Scielo, HISA e Web Of Science, por meio da utilização de 8 Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Além disso, selecionamos 16 termos e analisamos o quanto eles apareceram nas publicações. A pesquisa foi realizada entre ago.2020 e out. 2023.
Resultados
Mais da metade dos artigos selecionados foram publicados em 2021, número que caiu para menos de 20% em 2022. A partir da leitura analítica dos 65 textos selecionados, foi possível ordenar e sumarizar as informações, e então construir 2 formas de análise, uma com a grande categoria “História do Tempo Presente e Testemunho” e 5 subcategorias: Lições do Passado (56,9%), Materialismo Histórico-Dialético (9,2%), História Crítica (12,3%), Análise Comparativa (16,9%), Memória (4,6%); e outra com 6 categorias: Raça, Racismo Estrutural e/ou Necropolítica; Genocídio; Desigualdades/Iniquidades, Pobreza, Fome; Mortos, Mortes, Mortalidade; Luto, Trauma e Sofrimento; Saúde Mental e Determinação Social da Saúde.
Conclusões/Considerações
A perspectiva histórica é pouco utilizada na saúde coletiva, e precisamos nos apropriar lucidamente da história recente e de toda a carga traumática inclusa. Assim, a saúde coletiva deve trabalhar nas fronteiras, conversando continuamente com os saberes da História e Memória, para entender os adoecimentos coletivos (também causados pelos silenciamentos e apagamentos históricos) e forjar formas de agir em direção a produção de saúde e cuidado.
RETRATO DA SAÚDE COLETIVA: AS CHARGES DA REVOLTA DA VACINA E SUAS REPERCUSSÕES
Pôster Eletrônico
1 SMS/UERJ
2 IMS/UERJ
Apresentação/Introdução
As representações imagéticas da vacinação como se reconhece está ligada a um lento e duradouro processo de incentivo à cultura de vacinação no Brasil, marcado na história pela Revolta da Vacina e a vacinação obrigatória imposta. As representações simbólicas acompanharam o embate de ideias que ocorria na época, e trazem sobre a contextualização política da construção da imagem da política de saúde.
Objetivos
Analisar representações das charges sobre a Revolta da Vacina como elementos simbólicos na construção da imagem da vacinação.
Metodologia
Trata-se de um estudo histórico-cultural na perspectiva da microanálise, descritivo com abordagem qualitativa. A pesquisa conta como cenário a revista “O Malho” e na coleta de dados foram consideradas edições que foram publicadas no mês anterior, o mês do acontecimento e três meses após. A análise foi feita por meio da semiótica com aplicação em matriz de análise. As imagens selecionadas obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: ser charge relacionada à Revolta da Vacina, presença de representações explícitas do conflito, representação de Oswaldo Cruz e a reprodução da população.
Resultados
Foram encontradas 26 charges no período delimitado, dos quais 05 resultaram o corpus de análise. Um personagem marcante foi Oswaldo Cruz, representado como alguém que fazia uso de violência e imposição não dialógica para manipular e vacinar os cidadãos. Outras representações simbólicas reforçam a imposição política-governamental por meio de atos que sugerem agressões ao povo que adotava uma postura contra o governo. Ademais há a representação da classe através de animais pejorativamente conhecidos como sem inteligência.
Conclusões/Considerações
A Revolta da Vacina foi um importante acontecimento para a visão atual de vacinas como benefício individual e, principalmente, coletivo. Entretanto, considerando que a história é cíclica, as representações construídas sobre a saúde ao longo do tempo podem colocar à tona a compreensão de novos movimentos antivacinas e hesitação vacinal.
HISTORIOGRAFIA DA SAÚDE NO BRASIL: INTERFACES COM A POPULAÇÃO NEGRA
Pôster Eletrônico
1 PPGSP/UFC
Apresentação/Introdução
A história da saúde no Brasil está entrelaçada ao modos de exploração colonial, onde a população negra escravizada foi submetida a extremas condições de violência física e psicológica. O discurso médico corroborava a inferioridade racial, enquanto o cuidado em saúde era negado ou centrado em interesses econômicos, perpetuando a subalternidade, estabelecendo iniquidades raciais.
Objetivos
Analisar o percurso de consolidação do campo da saúde coletiva e da construção do sistema de saúde e as interfaces do racismo estrutural, desde o período colonial até as reconfigurações neoliberais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Metodologia
Trata-se de uma revisão historiográfica que analisa a construção das políticas e práticas de saúde no Brasil e suas interfaces com a população negra. O percurso aborda o período colonial, com foco no modelo plantation e na medicina escravista ; o Brasil Império e a institucionalização da medicina ; a República e as políticas eugenistas ; e a criação do SUS e suas posteriores contrarreformas neoliberais, com o avanço da privatização.
Resultados
A análise revela um contínuo de exclusão. No período colonial, a saúde da população negra era negligenciada, vista apenas pela ótica da produtividade escravista. A abolição não trouxe reparação, e a saúde pública no início da República foi marcada pela eugenia. A assistência via previdência (IAPs) era restrita a trabalhadores formais, excluindo a maioria negra. A criação do SUS representou um projeto de universalização, mas sua efetividade tem sido minada por políticas neoliberais e subfinanciamento crônico.
Conclusões/Considerações
A trajetória da saúde no Brasil evidencia que as estruturas de exclusão racial, forjadas no período escravocrata e eugenista, se reconfiguram e persistem na contemporaneidade. Mesmo com a conquista do SUS como direito universal, o avanço de lógicas neoliberais e privatistas ameaça sua sustentabilidade e aprofunda as iniquidades históricas que afetam desproporcionalmente a população negra.
NAS SOMBRAS DO PAVILHÃO DO MANICÔMIO: RELATO DE UMA PESQUISA SOBRE SAÚDE MENTAL NO AMAZONAS
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ/ILMD
Período de Realização
Abril de 2025 a junho de 2025.
Objeto da experiência
Análise pessoal do impacto do saudosismo pelo antigo Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro (HPER) na consolidação do novo modelo do CESMAM, a partir de vivências e diálogos.
Objetivos
Descrever minhas percepções como pesquisador sobre o saudosismo pelo HPER, obtidas durante a vivência no CESMAM e conversas com profissionais; analisar como essa nostalgia afeta a transição para o novo modelo de cuidado; e propor estratégias para fortalecimento da Reforma Psiquiátrica no Amazonas.
Metodologia
Como parte da pesquisa de mestrado, minha vivência com os profissionais no Centro de Saúde Mental do Amazonas (CESMAM), inaugurado em 16 de agosto de 2022 após a desativação progressiva do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro (HPER) — dada pela Reforma Psiquiátrica e pela Lei Estadual nº 3.177/2007 —, observei a presença de saudosismo pelo HPER, havendo uma crença que, apesar de suas limitações, oferecia "solução" para a "contenção" dos surtos e "guarda" de indivíduos com transtornos mentais.
Resultados
Minha observação aponta que o saudosismo pelo HPER tem sido um entrave silencioso, mas poderoso, para a consolidação do CESMAM e dos princípios da Reforma Psiquiátrica. A confusão sobre a identidade do CESMAM – se ainda era o HPER ou algo totalmente novo – era recorrente nas conversas. Percebi que profissionais com longos anos de experiência no antigo modelo também demonstram dificuldades em se adaptar à lógica desinstitucionalizante, já que o CESMAM atende urgência/emergência psiquiátrica.
Análise Crítica
Partindo da vivência no CESMAM, os diálogos me levaram ao aprendizado crucial de que a Reforma Psiquiátrica é um processo que transcende a mera substituição de edifícios. O saudosismo pelo HPER é um sintoma dos seus antigos servidores remanejados para o CESMAM e a ausência de uma comunicação sobre o “novo modelo” de cuidado permite que a nostalgia pelo "hospital que resolvia" persista. Nota-se que a desativação física do HPER não garantiu, por si só, a adesão a um modelo antimanicomial.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomendo campanhas de comunicação contínuas e didáticas, que esclareçam a identidade do CESMAM, da RAPS, da lógica antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica. É vital o investimento em educação permanente para profissionais de saúde do serviço, visando a mudança de práticas sensíveis. Fortalecer a RAPS é essencial para oferecer alternativas seguras e eficazes à internação, consolidando um cuidado humanizado no estado.
VIGILÂNCIA SANITÁRIA: MOVIMENTO SOCIAL, COOPERAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA E DESENVOLVIMENTO
Pôster Eletrônico
1 ISC/UFBA
Período de Realização
A experiência teve início no ano 2000 e continua em desenvolvimento.
Objeto da experiência
Ensino, pesquisa e cooperação interinstitucional em vigilância sanitária (VISA) na UFBA, contextos e estímulos para o desenvolvimento da área.
Objetivos
Discorrer e refletir sobre a experiência do ISC/UFBA no movimento social e político-acadêmico da vigilância sanitária no país para alavancar a pesquisa, o ensino e a cooperação, no esforço para integrar a temática na Saúde Coletiva e no processo de organização e implementação do SUS.
Descrição da experiência
Introduziu-se o tema na UFBA no final dos anos 1980, recomendação da 1ª Conferência Nacional de Saúde do Consumidor (1986). O acúmulo de problemas com a desatenção à área levou a forte crise sanitária e uma reforma em 1999 num contexto político-econômico favorável. A demanda por pessoal qualificado com a criação da Anvisa e a organização do Sistema mobilizou instituições acadêmicas; algumas foram constituídas em centros colaboradores, como o ISC/UFBA. Neste contexto foi criado o GTVISA/ABRASCO.
Resultados
Introduziu-se o tema na UFBA no final dos anos 1980, recomendação da 1ª Conferência Nacional de Saúde do Consumidor (1986). O acúmulo de problemas com a desatenção à área levou a forte crise sanitária e uma reforma em 1999 num contexto político-econômico favorável. A demanda por pessoal qualificado com a criação da Anvisa e a organização do Sistema mobilizou instituições acadêmicas; algumas foram constituídas em centros colaboradores, como o ISC/UFBA. Neste contexto foi criado o GTVISA/ABRASCO.
Aprendizado e análise crítica
A Universidade deve atuar a serviço da sociedade e em conexão com os movimentos sociais. Desenvolveu-se uma expertise com o Mestrado Profissional (MP) em Vigilância Sanitária e por demanda institucional realiza-se, atualmente, um MP em vigilância sanitária e ambiental. Neste percurso, o GTVISA/ABRASCO passou a se constituir um ator político-acadêmico relevante na relação academia-serviços e no movimento para ampliar o entendimento da vigilância sanitária na Saúde Coletiva. Veja-se o Simbravisa.
Conclusões e/ou Recomendações
O desenvolvimento de certas áreas da saúde, exemplo vigilância sanitária, saúde ambiental, saúde do trabalhador, a mobilização social e o investimento político institucional são cruciais. Em que pese avanços a VISA ainda é pouco priorizada nas políticas de saúde e no fomento a pesquisas; permanece com lacunas no conhecimento e no desenvolvimento teórico-conceitual, com poucos registros na história da Saúde Pública e da Saúde Coletiva no país.
LUTA ANTIMANICOMIAL E O MUSEU DA SAÚDE MENTAL DE GOIÁS: DISPOSITIVO DE ACESSO AO DIREITO A MEMÓRIA COLETIVA, ONTEM, HOJE E SEMPRE.
Pôster Eletrônico
1 UFG
Período de Realização
Museu da Saúde Mental de Goiás foi lançado em 2023
Objeto da experiência
O Museu é digital, aberto, comunitário e participativo. Compreende a história e as produções da saúde mental goiana como patrimônio cultural e imaterial.
Objetivos
Os objetivos desses recursos, site/repositório e rede social, é se constituírem como meios de conservação, comunicação, acessibilidade e visibilidade da memória e da cultura da saúde mental no estado.
Descrição da experiência
O Museu é produto técnico do Projeto Memória da Saúde Mental em Goiás. No site constam acervos de arte, fotos, vídeos e biblioteca. No Instagram buscamos popularizar o acervo do Museu e interagir como público. Outra estratégia são as exposições itinerantes com obras de artistas que frequentam os serviços da saúde mental.
Resultados
O site, dois na verdade, foram desenvolvidos por estudante bolsista do projeto. O Instagram segue com postagens autorais e compartilhadas (quando atividade em parceria) com mais de 280 postagens e 1075 seguidores. Já foram realizadas quatro exposições (2019, 2023, 2024 e 2025) com curadoria, organização e montagem pela equipe do projeto e parcerias institucionais.
Aprendizado e análise crítica
Compreendemos que o Museu da Saúde Mental de Goiás possui um papel social relevante ao tornar a história da saúde mental do estado acessível e privilegiando a voz, a produção e as narrativas dos atores sociais frequentemente silenciados: usuários e seus familiares e trabalhadores dos serviços. Temos bons retornos dos participantes das exposições e dos visitantes do museu digital, tanto no site, quanto na rede social, o que nos estimula a continuar com o projeto.
Conclusões e/ou Recomendações
Existem desafios inerentes ao próprio campo da saúde mental e a produção social de sentidos nele. Também do domínio das ferramentas tanto da abordagem histórica de pesquisa e extensão, quanto daquelas relacionadas ao uso de tecnologias da comunicação e gestão de acervos. O projeto vive e resiste pela força, lucidez e persistência dos corações militantes que dele se aproximam e ali fazem seu possível pelo direito à memória na luta antimanicomial.

Realização: