
Programa - Pôster Eletrônico - PE32 - Saúde Global, Direitos Humanos e Vulnerabilidades
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL FRATERNO NA ROTA DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Pôster Eletrônico
1 UFS
Apresentação/Introdução
O Desenvolvimento Humano Sustentável (DHS) é um caminho em permanente construção e sua aplicabilidade é farta em todos os campos de saber. Refletir sobre o progresso social remete a compreensão transversal embasada nos Direitos Humanos. A Divulgação Científica que catalisa a informação necessária para ações de desenvolvimento humano e o Fraternalismo é a instância jurídica que soma a estes constructos.
Objetivos
Este trabalho objetiva articular os conceitos de Desenvolvimento Humano Sustentável e Divulgação Científica sob a ótica do Constitucionalismo Fraternal.
Metodologia
A metodologia compreende uma pesquisa qualitativa a partir de levantamento bibliográfico nas plataformas BVS, PUBMED e SciELO sobre os termos "Desenvolvimento Humano Sustentável", "Constitucionalismo Fraternal", "Divulgação Científica" e "Objetivos do Desenvolvimento Sustentável".
Resultados
A promoção de Desenvolvimento Humano perpassa pela divulgação de ideias e a garantia de direitos como a informação científica. Na evolução da sociedade fraternal é preciso traçar um projeto aplicável e mensurável com indicadores acessíveis que assegurem à liberdade e compreensão mútua em uma coletividade. Observa-se a intersecção dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a Divulgação Científica – e seus diversos recursos de letramento em Ciência – bem como as prerrogativas constitucionais de um Estado fraterno. A informação se converte em bem comunitário; a troca e a utilização de dados científicos, uma responsabilidade de todos.
Conclusões/Considerações
É indissociável refletir sobre Desenvolvimento Humano Sustentável sem relacionar o conceito de Direitos Humanos e garantias constitucionais. Popularizar a Ciência pode conduzir as sociedades no caminho da solidariedade, respeito e reciprocidade tão almejados. Neste mar de informações, é preciso coragem para buscar novas saídas para uma moderna e mais fraterna humanidade.
A ASSISTÊNCIA DE SAÚDE À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM MUNICÍPIOS DE SANTA CATARINA
Pôster Eletrônico
1 IFSC
Apresentação/Introdução
A compreensão das políticas públicas é essencial para gestores e profissionais de saúde, pois orienta a implementação de ações e o atendimento às necessidades da população. No caso da População em Situação de Rua, o cuidado se torna complexo devido à vulnerabilidade, privação de necessidades básicas, violência, uso de drogas e à discriminação, além das dificuldades de acesso aos direitos sociais.
Objetivos
O objetivo deste estudo é compreender o processo da assistência de saúde para a População em Situação de Rua.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada em outubro de 2023, no maior município de Santa Catarina. A amostra incluiu 29 enfermeiros assistenciais. A coleta de dados foi feita por entrevistas semiestruturadas, com perguntas específicas para cada grupo. As entrevistas foram realizadas nos locais de trabalho dos participantes. A análise dos dados seguiu a técnica de análise temática de Minayo.
Resultados
Os resultados evidenciaram que, apesar da Política Nacional para a População em Situação de Rua ser um avanço, a maioria dos profissionais desconhece sua existência ou enfrenta dificuldades em sua aplicação prática, como falta de capacitação e recursos. Isso limita o acesso da população em situação de rua a serviços adequados. A pesquisa também revelou que a desinformação e o preconceito são barreiras significativas. A falta de integração entre os serviços de saúde e a fragmentação do atendimento dificultam a continuidade do cuidado, o que reforça a necessidade de um atendimento intersetorial e mais humanizado.
Conclusões/Considerações
Este estudo evidenciou as lacunas na assistência à População em Situação de Rua, como o desconhecimento da Política Nacional para esta população por profissionais de saúde, o que impacta diretamente no acesso e nos direitos dessa população. As limitações, como falta de recursos e capacitação, refletem desafios na implementação da política, sendo essencial investir em treinamento e capacitação, além de ampliar a divulgação da política nacional.
O FRACASSO DA AGENDA 2030: DILEMAS DO PROGRESSO NA SAÚDE GLOBAL DO SÉCULO XXI
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Apresentação/Introdução
A pesquisa analisa a situação contemporânea da saúde global no período pós-pandêmico. A análise foca no termo "progresso" nos documentos, interpretado como o monitoramento por meio da mensuração do avanço ou retrocesso das metas de saúde dos ODS. Em nosso entendimento, os relatórios criados para demonstrar o sucesso, revelam uma tendência oposta na saúde global
Objetivos
Analisar a situação contemporânea da saúde global no período pós-pandêmico, com foco no conceito de "progresso" nos documentos da Organização Mundial da Saúde (OMS) referentes ao monitoramento da Agenda 2030
Metodologia
Realizamos pesquisa documental, analisando como fontes primárias as séries de monitoramento estatístico anual da OMS (World Health Statistics-: monitoring health for the SDGs, Sustainable Development Goals) de 2023 (5) e 2024 (7), e o 14º Plano de Trabalho da Assembleia Mundial da Saúde 2025-2028 (8). Essas publicações contemporâneas, de ampla divulgação e relevância, refletem o período pós-pandêmico e marcam a metade da implementação da Agenda 2030
Resultados
A análise revela que a maioria das metas de saúde da Agenda 2030 apresenta insuficiência, estagnação ou retrocessos. Metas como a redução da mortalidade materna e infantil, o fim de epidemias como HIV/AIDS, tuberculose e malária, o acesso à água potável e saneamento, a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, a redução de mortes por acidentes de trânsito e poluição, e a cobertura universal de saúde estão aquém do esperado. A pandemia de COVID-19 exacerbou essas dificuldades, revertendo avanços anteriores e expondo fragilidades nos sistemas de saúde globais. A OMS classifica o progresso como "misto" em direção aos ODSs, mas argumentamos que essa avaliação superestima avanços parciais
Conclusões/Considerações
A Agenda 2030 fracassou na área da saúde, com a perspectiva de progresso distante da realidade. A saúde global é marcada pela reprodução de desigualdades históricas, lentidão, estagnação, reemergências de doenças e novos riscos globais, como emergências climáticas e pandemias zoonóticas. retrocessos e novos riscos globais
A SAÚDE NAS AGENDAS GLOBAIS DO PROGRESSO OU O PROGRESSO DE AGENDA NO SÉCULO XXI
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Apresentação/Introdução
As agendas globais de desenvolvimento, preconizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) servem como referência para as principais problemáticas das décadas do século XXI
Mais especificamente, os objetivos primários de saúde estão condensados na Agenda de Desenvolvimento dos Objetivos do Milênio (ODM) (2000-2015) e na Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) (2015-2030).
Objetivos
A pesquisa analisa a centralidade da concepção de progresso nas agendas globais de saúde do século XXI (ODM e ODS), problematizando sua elaboração teórica como estruturante do êxito projetado, confrontando-a com a realidade da saúde global
Metodologia
A metodologia empregada é a pesquisa documental das agendas e dos relatórios de monitoramento da ONU e OMS e a análise crítico-conceitual do termo "progresso". O estudo dialoga com a teoria do progresso e a crise dessa ideia no final do século XX. Articula essa discussão com a análise da abordagem do desenvolvimento social e sustentável presente nas agendas globais
Resultados
Os resultados demonstram que as agendas globais multitemáticas são tanto uma resposta à crise da ideia de progresso quanto se estruturam na crença persistente no progresso linear e cumulativo, contrastando com a frustração das metas de saúde e o uso acrítico do termo nos relatórios, que frequentemente ignoram riscos apontados pela própria OMS
Conclusões/Considerações
Conclui-se sobre a urgência de problematizar os fundamentos teóricos das agendas, transcendendo a visão simplista de progresso para incorporar a complexidade e desigualdades da saúde global, visando abordagens críticas.
CAMINHOS NA SAÚDE PARA OPERACIONALIZAÇÃO DO PRINCÍPIO “NÃO DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS” DA AGENDA 2030 EM MUNICÍPIOS
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
Apesar do princípio de “não deixar ninguém para trás” (Leave no One Behind - LNOB) ser um guia na implementação da Agenda 2030, ainda faltam metodologias e orientações claras para sua operacionalização. Os desafios na tradução desse princípio em ações concretas exigem abordagens localizadas que alcancem as populações mais vulnerabilizadas em contextos municipais.
Objetivos
Identificar orientações técnicas e científicas para operacionalizar o LNOB em municípios, identificando diretrizes e boas práticas de localização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com foco em equidade e populações vulnerabilizadas.
Metodologia
Realizou-se uma revisão narrativa sobre o LNOB, com foco na localização e na saúde, através de buscas sistemáticas nas bases PubMed, Web of Science e BVS, e buscas manuais no Google Scholar, Google, e em sites de organizações internacionais de referência para a Agenda 2030. Artigos e materiais técnicos publicados entre 2015 e 2024, foram selecionados por critérios de relevância ao princípio, localização e saúde, com triagem por título, resumo e leitura integral para sistematização dos registros. A análise seguiu os fundamentos do pragmatismo e pluralismo, permitindo a integração de diferentes abordagens e experiências de forma complementar.
Resultados
Sistematizou-se a localização em quatro etapas com orientações para LNOB: sensibilização e governança intersetorial e participação social; diagnóstico com dados qualitativos e quantitativos desagregados por gênero, raça e vulnerabilidades específicas; implementação de políticas integradas e financiamento transparente; monitoramento e avaliação contínuos com metodologias participativas. Há também orientações transversais: enfoque de direitos humanos, abordagem interseccional e perspectiva sistêmica com gestão de sinergias e trade-offs. Destacam-se estratégias de combate à hesitação vacinal, Doenças Não Transmissíveis, Doenças Tropicais Negligenciadas e abordagem Saúde em Todas as Políticas.
Conclusões/Considerações
A operacionalização do LNOB para alcançar os mais vulnerabilizados requer adotar abordagens integradas e localizadas, reconhecendo desigualdades estruturais e diversidades contextuais. A saúde é estratégica para efetivar o princípio, mas requer ações participativas e intersetoriais, exigindo capacitação técnica local, diagnósticos interseccionais e sistemas robustos de monitoramento e avaliação participativos.
PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO NA COBERTURA DE INTERVENÇÕES DE SAÚDE NA ÁFRICA SUBSAARIANA: EVIDÊNCIAS DOS INQUÉRITOS DHS E MICS
Pôster Eletrônico
1 Centro Internacional de Equidade em Saúde, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil
2 Centro Internacional de Equidade em Saúde, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Brasil e Causale Consultoria, Pelotas, Brasil
Apresentação/Introdução
A África Subsaariana enfrenta desafios históricos e estruturais na saúde, concentrando a maior carga de mortalidade materna e infantil do mundo. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com acesso adequado aos serviços de saúde. Dessa forma, compreender onde mulheres e crianças acessam esses serviços pode subsidiar estratégias que promovam a cobertura universal de forma equitativa.
Objetivos
Estimar a mediana de partos por cesariana e da busca por tratamento de doenças nas quatro sub-regiões da África Subsaariana e descrever a participação relativa dos setores público e privado, avaliando desigualdades na participação conforme riqueza.
Metodologia
Pesquisa com os dados mais recentes disponíveis, a partir de 2015, dos inquéritos Demographic and Health Surveys (DHS) e Multiple Indicator Cluster Surveys (MICS), de 35 países da África Subsaariana. Foram consideradas a prevalência mediana de partos por cesariana entre mulheres de 15-49 anos e a mediana de crianças de 0-59 meses com pneumonia, diarreia ou febre para as quais foi buscado tratamento nas duas semanas anteriores à pesquisa. Ambas as estimativas foram classificadas segundo o setor prestador e apresentadas por sub-região geográfica (Ocidental, Central, Oriental ou Austral) e pela intersecção entre as sub-regiões e quintis extremos de riqueza (20% mais pobres e 20% mais ricos).
Resultados
A prevalência mediana de partos por cesariana foi inferior a 20% nas sub-regiões Ocidental e Central, alcançando quase 40% na Austral. Em todas, o setor privado superou o público, chegando a 71% na Oriental. Com exceção da sub-região Austral, a mediana entre as mulheres mais pobres ficou abaixo dos 10%. A participação do setor privado variou de 38%-63% nessa população. A mediana da busca por tratamento foi mais alta na Oriental (46%) e mais baixa na Central (22%). Nas demais sub-regiões, a participação do setor privado não ultrapassou 14%, sendo menor na Ocidental (10%). Ela variou de 4%-9% entre os mais pobres e de 21%-42% entre os mais ricos, com maior participação na sub-região Austral.
Conclusões/Considerações
A participação dos setores público e privado variou conforme a intervenção em saúde. Entre as mulheres mais pobres, a presença menos expressiva do setor privado parece ter contribuído para que a mediana de cesarianas permanecesse dentro dos limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde. A participação desse setor teve destaque no quintil mais rico: na região Central para partos por cesariana e na Austral para busca por tratamento.
AS CONTRADIÇÕES DOS SISTEMAS DE SAÚDE MENTAL PÚBLICO NOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA: CONTIBUIÇÕES PARA O DEBATE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Pôster Eletrônico
1 UNILA
2 UFMS
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa propõe analisar comparativamente os sistemas de saúde mental pública na região, compreendendo as especificidades nacionais influenciam o acesso, a qualidade e a eficácia dos serviços prestados. Conforme aponta Silva e Santos (2021), os sistemas de saúde mental na América Latina evidenciam uma diversidade de modelos, fortemente influenciados por legados históricos, culturais e estruturais.
Objetivos
Comparar os sistemas de saúde mental pública dos países da América Latina, destacando as inovações, desafios e práticas que podem servir de exemplo para a melhoria coletiva dos serviços.
Metodologia
Optou-se por uma abordagem qualitativa com base em revisão sistemática da literatura disponível entre 2000 e 2023. Foram selecionadas publicações científicas, dissertações e teses que discutissem indicadores estruturais, operacionais e de desempenho dos sistemas de saúde mental. Dados secundários provenientes de fontes nacionais e internacionais foram analisados, com especial atenção aos aspectos de organização, financiamento e políticas intersetoriais, permitindo a comparação entre diferentes realidades e experiências dos países latino-americanos. Para a análise dos resultados foi utilizado a Análise de Conteúdo (Bardin,, 2016).
Resultados
No Brasil, destaca-se o modelo de Atenção Psicossocial, permitindo maior integração entre os serviços de saúde mental e a rede de atenção básica. No Chile, a centralidade do paciente e a descentralização dos serviços melhoraram a adesão ao tratamento, porém desafios persistem na regionalização dos recursos. Na Argentina a integração de políticas intersetoriais com programas de inclusão social resultou em avanços no acolhimento, ademais das disparidades regionais. Na Colômbia, a consolidação de um modelo de práticas comunitárias com a intervenção hospitalar tem demonstrado eficácia, mas enfrenta limitações com à estabilidade do financiamento e à formação dos profissionais.
Conclusões/Considerações
A comparação dos modelos de saúde mental evidencia que, embora existam iniciativas bem-sucedidas em diversos países, a heterogeneidade dos contextos e a desigualdade na distribuição dos recursos impõem desafios significativos à integração dos serviços. Recomenda-se a adoção de políticas públicas baseadas em evidências, com foco na capacitação dos profissionais, na ampliação e descentralização dos serviços e na promoção de redes integradas de atenção.
A SITUAÇÃO DE SAÚDE NOS TERRITÓRIOS PALESTINOS OCUPADOS: O ENFOQUE DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 FSP - USP
Apresentação/Introdução
A pesquisa analisou os relatórios anuais produzidos pela Organização Mundial da Saúde entre 2014 e 2024 sobre a situação de saúde nos territórios palestinos ocupados (Gaza e Cisjordânia), a fim de contribuir para a compreensão da catástrofe na Palestina sob a ótica da saúde pública e propor uma avaliação da atuação da OMS na crise humanitária.
Objetivos
Analisar a evolução da situação de saúde na Palestina e sistematizar a resposta e o posicionamento da OMS perante esta crise, por meio dos relatórios apresentados na Assembleia Mundial da Saúde dos últimos dez anos (2014-2024).
Metodologia
O trabalho consiste em um estudo de caso com três etapas. Primeiro, tem-se a revisão narrativa da literatura para contextualização do objeto, localização epistemológica e subsídio da análise crítica posterior. A segunda etapa consiste na pesquisa documental, com a leitura dos relatórios produzidos pela OMS e apresentados na Assembleia Mundial da Saúde, consolidação dos dados quantitativos e qualitativos presentes nos documentos e formulação de categorias analíticas a partir de temas recorrentes nos relatórios. Por fim, foi realizada a análise crítica dos resultados obtidos na pesquisa documental, contrastando-os temporalmente entre si e com os achados da literatura.
Resultados
Após análise crítica dos documentos subsidiada pela literatura, observou-se os impactos profundos do processo de colonização dos territórios palestinos sobre a saúde da população local, tanto de maneira direta (violência das forças armadas, por exemplo) quanto sob a perspectiva dos determinantes sociais da saúde (moradias precárias e demolições, fome, pobreza, ausência de saneamento básico, falta de acesso aos serviços de saúde, entre outros). Isso evidencia a posição da OMS de reconhecimento do cenário de ocupação colonial como central para a compreensão da situação de saúde no território, além de sua forte atuação local que não se restringiu aos períodos de escalada da violência.
Conclusões/Considerações
A análise dos relatórios publicados na última década permitiu concluir que a situação catastrófica da saúde nos territórios palestinos não é resultado de um episódio isolado, mas de uma crise prolongada e sistêmica. Traz-se à luz o posicionamento crítico da OMS às violações do direito à saúde e sua atuação extensiva na coordenação da resposta em saúde frente à essa grave crise humanitária.
AÇÕES EM SAÚDE E SECURITIZAÇÃO DA MIGRAÇÃO: ANÁLISE DA FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO NÚCLEO DE SAÚDE DA OPERAÇÃO ACOLHIDA NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
A crise migratória venezuelana impulsionou a criação da Operação Acolhida, resposta estatal marcada por forte presença militar e pela securitização da gestão migratória. Este estudo investiga como essas dinâmicas influenciam as ações em saúde no Núcleo de Saúde da Operação, articulando saúde coletiva, segurança e direitos humanos.
Objetivos
Analisar a formulação e implementação das ações de saúde no contexto da Operação Acolhida, com foco no Núcleo de Saúde, à luz do conceito de securitização da migração e suas implicações para a saúde dos migrantes.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, orientada pelo referencial da Saúde Coletiva e dos Estudos Críticos da Segurança. São utilizadas revisão bibliográfica e documental, além de entrevistas semiestruturadas com atores-chave envolvidos na Operação Acolhida (gestores públicos, profissionais de saúde, militares e representantes de organismos internacionais e ONGs). A análise é guiada pela abordagem da análise crítica do discurso e pela teoria da securitização, com atenção às disputas simbólicas e institucionais que moldam as práticas em saúde destinadas a populações migrantes em contextos de emergência humanitária.
Resultados
Resultados preliminares indicam que o Núcleo de Saúde opera sob tensões entre princípios humanitários e lógicas securitárias. A presença militar estrutura protocolos, fluxos e decisões, muitas vezes subordinando necessidades em saúde à governança da fronteira. Identificam-se também iniciativas inovadoras de cuidado e cooperação interinstitucional, embora limitadas por assimetrias de poder, recursos e visões de mundo. A análise revela como a saúde, neste contexto, torna-se também instrumento de controle social e afirmação da soberania nacional.
Conclusões/Considerações
O estudo evidencia que a securitização da migração impacta diretamente a formulação e implementação de políticas públicas de saúde, ao priorizar o controle e a ordem sobre o cuidado integral. Aponta-se a necessidade de alternativas baseadas em direitos humanos, participação social e reconhecimento da saúde como direito universal, especialmente em cenários de deslocamento forçado.
“O FIM QUER ME BUSCAR” NAVEGADORES DA EQUIDADE COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO À DESINFORMAÇÃO NO SUS.
Pôster Eletrônico
1 UFPR
2 UFRGS
Apresentação/Introdução
Em tempos de promoção da desinformação e ataques à ciência se torna ainda mais urgente discutir acesso à saúde e enfrentamento das iniquidades. Considerando os desafios de atendimento às populações vulnerabilizadas, essa pesquisa se propõe a promover estratégias de enfrentamento à desinformação sobre políticas de equidade no SUS por meio de navegadores do tema.
Objetivos
Analisar as características dos profissionais que se interessam por conteúdos sobre equidade a partir dos dados do curso Equidade Plataforma Lumina/UFRS e discutir o enfrentamento à desinformação e fortalecimento de políticas de equidade no Brasil.
Metodologia
Pesquisa de natureza quantitativa descritiva de base nacional sobre o perfil dos 4291 participantes que concluíram o curso “Políticas de Equidade em Saúde e Enfrentamento das Violências” Lumina UFRGS entre 2020 e 2024; através da análise de dados sobre sexo, idade, identidade de gênero, escolaridade, raça e cor, região do pais, orientação sexual, vinculação com serviços públicos com objetivo de descrever o perfil das pessoas que se interessam pelo tema. Análise dos conteúdos obtidos e cotejamento com literatura sobre Equidade, Educação Popular e Infodemia na saúde para desvelar o caminho para enfrentamento à desinformação e promoção do Letramento em Saúde.
Resultados
De maneira preliminar, a coleta dos dados do perfil do participante do curso “Politicas de Equidade em Saúde e Enfrentamento das Violências” Lumina UFRGS, é de mulheres (77,44%), Cis (58,81%), Heterossexuais (74,35%), residentes na área urbana (93,40%) e na região Sul (32,81%) e Sudeste (30,85%) do Brasil, Nível Superior Incompleto (41,39%), Brancas (56%), na maioria não vinculadas ao serviço público (43,85%).
Conclusões/Considerações
Os dados quantitativos trazem questões sobre gênero e a prática do cuidado; acesso a internet nas áreas rurais; privilégios relacionados a condições de raça, sexualidade e identidade de gênero, entre outros. A pesquisa revela como a normatividade branca, cisgênera e binária e a razão neoliberal interferem nas políticas de equidade e divulgação de informações falsas. Esta pesquisa não possui conflito de interesses.
EMERGÊNCIAS SANITÁRIAS, DEFICIÊNCIA E MEMÓRIA: A POLIOMIELITE NO PRESENTE PARA NÃO CAIR NO ESQUECIMENTO.
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz
2 UFF
Apresentação/Introdução
O resumo decorre de pesquisa nacional sobre memórias de sobreviventes de emergências sanitárias e sua relação com a deficiência, na constituição de lutas por direitos e reparação. Iluminamos pessoas afetadas pela poliomielite e suas repercussões que alcançam o presente, a partir de um olhar para suas trajetórias de vida desde a infância, sob as lentes das ciências humanas e sociais em saúde.
Objetivos
Observar a poliomielite como um acontecimento social, com contornos na vida das pessoas e produzir uma ciência engajada com o aprendizado sobre epidemias, seu enfrentamento e duração no corpo e na vida.
Metodologia
Realizamos 12 entrevistas com pessoas afetadas pela pólio, acionadas em uma rede indicativa de universos familiares (Velho, 1978), a partir da Associação G14 de Apoio aos Pacientes com Pólio e Síndrome Pós-pólio. Posteriormente, realizamos um processo de transcriação das entrevistas (Santhiago, 2008; Caldas, 1999), ação de valorização da oralidade e de seu potencial criativo e literário, que nos permite transitar na articulação entre memórias e estruturas que movimentam e organizam lógicas societárias. Valorizamos as pequenas narrativas, reconstruindo o grande acontecimento da epidemia, na oralidade daqueles que a transmitem por intermédio de suas experiências.
Resultados
Interlocutores se autodeclaram “pessoas em extinção”, evocando memórias que revelam o sentimento de quem é observado no passado e na finitude como “os últimos”, como “pessoas que iam acabar”. Relatos enunciam dívidas históricas relacionadas ao cuidado de uma criança com deficiência que envelheceu e ganhou novas enunciações, a exemplo daquilo que se nomeia na vida adulta e na velhice, não sem conflitos, como “síndrome pós-pólio”. Sobreviventes estão aqui, formam lutas por reparação e cuidado, evidenciadas pela forma como se organizam, buscam seus pares e saem do isolamento, gerando uma rede de familiaridade e referências para afirmar suas existências e reivindicar do Estado atenção à saúde
Conclusões/Considerações
A poliomielite pode não mais existir epidemiologicamente em território brasileiro, mas inúmeras pessoas vivem com suas repercussões na vida e nas memórias, revelando que efeitos permanecem e se intensificam no corpo e na existência. A pólio como acontecimento social passado continua provocando efeitos e demandas no campo das políticas públicas no presente, daí a necessidade de toma-la como questão de “memória, verdade, justiça” (Ventura, 2023).
PARTICIPAÇÃO SOCIAL E TRAJETÓRIAS ASSISTENCIAIS DE PESSOAS COM TUBERCULOSE: DESAFIOS PARA A INTEGRALIDADE DO CUIDADO
Pôster Eletrônico
1 UERJ
Apresentação/Introdução
O presente relato de pesquisa, baseado em uma revisão integrativa da literatura, busca refletir sobre a experiência de compartilhar o conhecimento produzido durante o processo de investigação das trajetórias assistenciais de pessoas com tuberculose. O cerne é enfatizar o cuidado ofertado à população em situação de rua com tuberculose dentro do contexto de vulnerabilidade, estigma e exclusão.
Objetivos
Analisar a participação social e a oferta de cuidado a partir das trajetórias assistenciais de pessoas em situação de rua com tuberculose no Brasil, destacando barreiras e contribuições para políticas públicas integradas e baseadas em direitos.
Metodologia
Realizou-se revisão integrativa da literatura com foco em estudos empíricos publicados entre 2013 e 2023, após a institucionalização das equipes de Consultório na Rua (CnaR). A busca foi feita nas bases BVS, PubMed e SciELO, com descritores sobre população em situação de rua, tuberculose e integralidade do cuidado, aplicando filtros de acesso aberto nos idiomas português, inglês e espanhol. Utilizou-se a estratégia PICO na formulação da pergunta e a revisão seguiu as diretrizes PRISMA.
Resultados
Foram identificados 87 estudos: 69 na BVS, 10 na PubMed e 8 na SciELO. Após leitura completa, selecionaram-se 10 que responderam à questão de pesquisa. Os achados foram organizados em três eixos: acesso ao cuidado, estratégias de atenção e barreiras enfrentadas. Evidenciaram-se ações fragmentadas, descontinuidades no cuidado e ausência de abordagens intersetoriais. Destacaram-se o fortalecimento do vínculo, escuta qualificada e práticas centradas no sujeito. As principais barreiras incluíram estigma, uso de substâncias, migração e invisibilidade social.
Conclusões/Considerações
O enfrentamento da tuberculose na população em situação de rua exige políticas integradas e práticas de cuidado centradas no sujeito, articuladas a direitos humanos e justiça social. É essencial promover a integralidade e alinhar ações aos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), valorizando saberes locais e superando desigualdades estruturais e vulnerabilidades globais.
MIGRANTES E REFUGIADOS EM CATÁSTROFES CLIMÁTICAS: O CASO DAS ENCHENTES NO RIO GRANDE DO SUL EM 2024
Pôster Eletrônico
1 FSP - USP
Apresentação/Introdução
O caso das enchentes no RS em 2024 ilustra o impacto dascatástrofes climáticas sobre a vida das pessoas migrantes e refugiadas. O evento tornou evidente a necessidade de políticas direcionadas para estes grupos no que tange à mitigação das mudanças climáticas e da colaboração entre diversos agentes, o que foi objeto deste trabalho.
Objetivos
Mapear e sistematizar as respostas de promoção e proteção à saúde do poder público e das principais organizações internacionais da governança das migrações e refúgio à catástrofe climática do Rio Grande do Sul.
Metodologia
A metodologia consistiu em: (i) revisão narrativa da literatura de para aprofundamento dos conhecimentos sobre o objeto de pesquisa; (ii) pesquisa documental para mapeamento das políticas de saúde para migrantes e refugiados implementadas pelas três esferas de governo (municipal, estadual e federal) e pelas principais organizações internacionais em migração e refúgio, a partir dos documentos públicos disponibilizados nos acervos digitais dos governos, ACNUR e OIM; e (iii) realização de entrevistas, em junho de 2024 no formato virtual,com representantes do Ministério da Saúde e do ACNUR no Brasil sobre as ações em saúde para a população migrante e refugiada durante e após as enchentes.
Resultados
A pesquisa documental revelou a existência de respostas em saúde direcionadas a migrantes e refugiados pelo poder público e principalmente pelas organizações internacionais, como a produção de relatórios com indicadores de saúde, distribuição de kits essenciais, capacitação das equipes e apoio jurídico. As entrevistas, por sua vez, discutiram as diversas ações tomadas para resposta à emergência e apontaram limites comoas dificuldades da coordenação entre os agentes envolvidos e destacando desafios persistentes quanto à infraestrutura e assistência específica de longo prazo para pessoas em situação de deslocamento frente aos novos desafios climáticos.
Conclusões/Considerações
Em que pese a existência de políticas direcionadas a migrantes e refugiados no caso da catástrofe do RS, permanece a necessidade de investimentos e fortalecimento das políticas públicas para gestão de crise e para o acolhimento e cuidados em saúde com pessoas migrantes e refugiadas, compreendendo as necessidades específicas desses grupos no contexto das mudanças climáticas.
SISTEMAS DE SAÚDE NO SUL GLOBAL: UMA ANÁLISE COMPARADA DOS PAÍSES DO BRICS
Pôster Eletrônico
1 ENSP/Fiocruz
2 UERJ
3 UFRJ
4 ISC/UFF
5 UEL
6 ISC/UFBA
7 UNIFAL-MG
Apresentação/Introdução
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul possuem sistemas de saúde com configurações variadas e desafios comuns. Comprometeram-se, desde a Assembleia Mundial da Saúde de 2012, em atuar para melhorar a saúde das suas populações.
O avanço da saúde global desde o sul evidenciou a necessidade de investigações que sistematizem as características desses sistemas e suas potencialidades de cooperação.
Objetivos
O objetivo geral foi analisar os sistemas de saúde dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), considerando o contexto do sul global e as características gerais de cada país entre 2012 e 2025.
Metodologia
Sob o referencial histórico-institucional, buscou-se responder: Quais as características, semelhanças e diferenças entre os sistemas de saúde dos BRICS? Como podem enfrentar as desigualdades que marcam o sul global?
Três eixos orientaram a análise: 1) Panorama global e nacional dos BRICS; 2) Configuração institucional e funcionamento dos sistemas de saúde; e 3) Análise comparada, destacando condicionantes, desafios e possibilidades de cooperação sul-sul.
Foi realizado um estudo de casos múltiplos com base no método histórico-comparado e suas contribuições para análise de políticas de saúde. As técnicas de pesquisa foram revisão bibliográfica, análise documental e de dados secundários.
Resultados
Os sistemas de saúde dos BRICS possuem semelhanças e diferenças. Sob variadas configurações, no Brasil, Rússia e China, destaca-se o peso do setor público no financiamento, regulação e prestação de serviços; enquanto na Índia e África do Sul, há menor participação do Estado nessas funções.
Em que pese as diferenças, há vários desafios comuns: déficit de financiamento público, complexo mix público-privado, iniquidades no acesso e na qualidade de serviços de saúde, dupla carga de doenças com alta prevalência de doenças crônicas e infecciosas.
Desigualdades estruturais condicionam os resultados em saúde, demandando ações estatais abrangentes com participação da sociedade.
Conclusões/Considerações
A cooperação entre os BRICS é estratégica para o enfrentamento de desigualdades estruturais e em saúde no sul global. Iniciativas para fortalecimento de sistemas universais devem ser priorizadas.
Sistemas públicos de saúde robustos podem gerar melhorias sociais e econômicas diretas e indiretas. Atenção primária, saúde digital, ciência, tecnologia e produção de fármacos e biofármacos são áreas estruturantes para cooperação técnica e tecnológica.
SISTEMAS DE SAÚDE E VIGILÂNCIA NA CHINA: CARACTERÍSTICAS, POSSIBILIDADES E DESAFIOS – LIÇÕES PARA OUTROS PAÍSES DO SUL GLOBAL
Pôster Eletrônico
1 ENSP/Fiocruz
Apresentação/Introdução
A China está entre os países mais populosos e poderosos, econômica e politicamente, no mundo contemporâneo. Desde os anos 2000, tem empreendido reformas nos sistemas de saúde e vigilância, visando ampliar a cobertura, fortalecer a atenção primária e organizar estruturas nacionais de resposta a emergências sanitárias. Em que pese a melhoria de indicadores sanitários, ainda persistem desigualdades.
Objetivos
O objetivo geral foi analisar as características, possibilidades e desafios dos sistemas de saúde e vigilância no caso da China pós-pandemia de covid-19.
Metodologia
Partindo da premissa de que a institucionalidade do sistema de saúde é condicionada pelas condições estruturais e conjunturais, este estudo se ancorou no referencial histórico-institucional. Buscou-se responder: Quais as características dos sistemas de saúde e vigilância da China? A covid-19 produziu mudanças na sua organização e funcionamento? Quais?
Para isso, o estudo foi orientado por três eixos de análise: 1) Configuração do sistema de saúde; 2) Organização do sistema de vigilância em saúde; e 3) Implicações da covid-19 para a saúde e vigilância.
Foi realizado um estudo de caso em profundidade, a partir de ampla revisão bibliográfica, análise documental e de dados secundários.
Resultados
O sistema de saúde chinês é do tipo seguro social estratificado, de cobertura quase universal (97%) e financiamento tripartite (variável entre os três programas vigentes). A estratificação por condição de trabalho e localização geográfica é associada a desigualdades na oferta e acesso.
A vigilância em saúde é coordenada em rede pelo China CDC. Regulamentada nacionalmente, sua organização se caracteriza pela articulação entre diversas estruturas de saúde pública presentes nas quatro esferas de governo.
A covid-19 promoveu ampliação da digitalização, da capacidade assistencial e de vigilância; além de fortalecer a governança multinível e intersetorial, com liderança e planejamento central.
Conclusões/Considerações
Possibilidades e desafios dos sistemas de saúde e vigilância na China envolvem: ampliar acesso e financiamento público; melhorar a qualidade dos serviços de atenção e vigilância nos diversos níveis territoriais; otimizar o sistema de comando e decisão de emergências em saúde pública; integrar serviços de vigilância e de atenção à saúde; e fortalecer a capacidade produtiva local. Tais aspectos indicam caminhos para outros países do sul global.
IDEAÇÃO SUICIDA E SINTOMATOLOGIA DEPRESSIVA MODERADA/GRAVE EM MULHERES EM SITUAÇÃO DE RUA ATENDIDAS POR SERVIÇOS PÚBLICOS DE ACOLHIMENTO
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Enfermagem – Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG)
2 Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública – Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG)
Apresentação/Introdução
Mulheres em situação de rua enfrentam múltiplas vulnerabilidades relacionadas às desigualdades sociais e de gênero. A precariedade das condições de vida potencializa riscos à saúde mental, favorecendo o surgimento de sintomas depressivos e ideação suicida. O tema ainda é pouco explorado no contexto científico e nas políticas públicas.
Objetivos
Estimar a prevalência de sintomatologia depressiva moderada a grave e ideação suicida em mulheres em situação de rua acolhidas por serviços públicos em uma capital da região Centro-Oeste do Brasil.
Metodologia
Estudo descritivo, transversal, realizado entre julho de 2018 e fevereiro de 2019 com 28 mulheres em situação de rua atendidas pelo CAC e Centro Pop. Os dados foram coletados por entrevista estruturada, incluindo o Inventário de Depressão de Beck (BDI) e informações sociodemográficas. Foram utilizados critérios de inclusão como uso dos serviços no momento da coleta. A análise foi feita no SPSS® v.24, com estatística descritiva. O BDI foi validado com alfa de Cronbach 0,84, indicando boa consistência interna. Aprovado pelo CEP/UFG, Protocolo 045/2013
Resultados
A média de idade foi 35,2 anos; 64,3% tinham ensino fundamental incompleto; 92,9% heterossexuais, 55,6% estavam sem renda; 75% se autodeclararam pretas/pardas; 50,1% casadas/união estável. Ideação suicida foi relatada por 60,7% e 50% tinham histórico de tratamento psicológico/psiquiátrico, dado demonstra que, mesmo com algum acesso a serviços, as necessidades de cuidado permanecem desatendidas. A média do BDI foi 25,25 pontos. Observou-se níveis de depressão moderada/grave encontrados (64,3%), que são mais que o dobro da média nacional, e semelhantes aos observados em grupos igualmente vulneráveis, como mulheres encarceradas ou vítimas de violência.
Conclusões/Considerações
O estudo reforça a urgência na necessidade de atenção à saúde mental, de ações intersetoriais e na proteção social dessas mulheres em situação de rua, devido alta prevalência de sintomas depressivos e ideação suicida. Sugere-se novas pesquisas com amostras representativas de mulheres que vivem em outros contextos sociais e geográficos são desejadas.
PLANOS DE CONTINGÊNCIA PARA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA FRENTE ÀS EMERGÊNCIAS CLIMÁTICAS: DESAFIOS E CONSTRUÇÃO DE SABERES NO III ENCONTRO ESTADUAL DAS ECR-RS
Pôster Eletrônico
1 Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Coletiva, Escola de Enfermagem e Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RIMSCOL/EENFSC/UFRGS)
2 Área Técnica da Saúde da População em Situação de Rua, Divisão de Políticas de Promoção da Equidade em Saúde, Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde, Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (ATSPSR/POPES/DAPPS/SES-RS)
3 Escola de Enfermagem e Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EENFSC/UFRGS)
Apresentação/Introdução
Desde 2013, as equipes dos Consultórios na Rua (eCR) do Rio Grande do Sul (RS) se reúnem em encontros promovidos pela Secretaria Estadual da Saúde. O III Encontro (2024) abordou desafios e possibilidades das eCR nos municípios, com foco nas consequências do estado de calamidade pública e emergência causadas pelas chuvas e enchentes que afetaram o RS.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi relatar a participação no encontro, analisando a existência e efetividade dos planos de contingência para a população em situação de rua (PSR) nas enchentes de 2024, além de identificar fragilidades e potencialidades das eCR.
Metodologia
Este estudo qualitativo descritivo, do tipo relato de experiência, apresentou as impressões de uma residente em Saúde Coletiva durante sua participação no evento. Essa abordagem valoriza a prática como fonte fundamental de aprendizado, contribuindo tanto para o conhecimento científico quanto para o saber popular. No contexto acadêmico, buscou-se relatar a experiência vivida de forma informal, sem reflexão crítica imediata, e simultaneamente promover uma análise crítica mais aprofundada, fundamentada em teoria e metodologia específicas. A triangulação entre a experiência prática e os dados do relatório oficial do encontro conferiu maior robustez à análise.
Resultados
Realizado em Porto Alegre, o encontro reuniu 140 participantes de 19 municípios. Utilizou-se análise categorial temática, baseada na relatoria das atividades, para identificar os objetivos do estudo. Constatou-se a inexistência prática de planos de contingência para a PSR, inviabilizando avaliar sua efetividade. Quanto às eCR, verificou-se ausência de protocolos padronizados e insuficiência de recursos, como profissionais e infraestrutura. Destacou-se a resiliência e integração das eCR com redes locais. Ressaltou-se a necessidade urgente de melhor articulação entre municípios e governos para fortalecer respostas em emergências.
Conclusões/Considerações
Constatou-se que, com mais tempo e encontros focados, seria possível aprofundar discussões e propor ações eficazes para diferentes níveis de governo, viabilizando planos de contingência para a PSR. A troca de experiências e a participação de comitês intersetoriais, OSCs e movimentos sociais são essenciais. É fundamental dar continuidade às discussões e pesquisas iniciadas após as enchentes de 2024.
A RESPOSTA À PANDEMIA DE COVID-19 NO COMPLEXO DE PARAISÓPOLIS, SÃO PAULO, SP: A ATUAÇÃO DO FÓRUM MULTIENTIDADES DE PARAISÓPOLIS NOS ANOS DE 2020 E 2021
Pôster Eletrônico
1 FSP-USP
2 FSP/IRI-USP
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa realizou o estudo da resposta à pandemia de covid-19 no Complexo de Paraisópolis, São Paulo, SP, vinculada ao projeto internacional que investiga como mobilizações comunitárias alavancaram processos de elaboração de políticas durante a pandemia de covid-19, tanto pela reivindicação de políticas públicas como através do provimento de necessidades urgentes.
Objetivos
Analisar a atuação do Fórum Multientidades na resposta à covid-19 em Paraisópolis (2020-2021), através do levantamento de ações, pautas, atores e formação histórica por meio de análise documental, entrevistas e observação participante.
Metodologia
A pesquisa combinou análise documental, entrevistas semiestruturadas e observação participante. Foram coletadas atas e documentos do Fórum Multientidades e sistematizados em uma base de dados. Também foram realizadas entrevistas com atores-chave e acompanhadas reuniões presenciais e virtuais do Fórum. O diário de campo subsidiou os relatórios e aprofundou a compreensão sobre as dinâmicas do Fórum. A participação direta nas reuniões e a análise sistemática dos dados permitiram identificar lideranças, pautas prioritárias e articulações institucionais relevantes no contexto local.
Resultados
Foram realizadas três entrevistas com participantes-chave, que revelaram o papel do Fórum como espaço de articulação intersetorial durante a pandemia, promovendo ações coordenadas em saúde, segurança alimentar e assistência social. A observação participante nas reuniões possibilitou compreender dinâmicas atuais do Fórum, identificação de lideranças e pautas prioritárias. Os dados reforçam a importância desses espaços como instância coletiva de resposta à crise, conectando entidades locais, poder público e instituições privadas. O Fórum Multientidades de Paraisópolis demonstrou ser espaço estratégico de articulação intersetorial, capaz de mobilizar respostas coletivas diante da pandemia.
Conclusões/Considerações
As entrevistas realizadas com participantes-chave do Fórum Multientidades revelam o papel estratégico e transformador que espaços coletivos de articulação intersetorial podem desempenhar em territórios marcados por desigualdades históricas e vulnerabilidades profundas, como Paraisópolis. A experiência acumulada pelo Fórum evidencia sua relevância como instância de mobilização e resposta coletiva às crises.
HORTAS COMUNITÁRIAS E SEUS BENEFÍCIOS PARA POPULAÇÃO EM VULNERABILIDADE SOCIAL
Pôster Eletrônico
1 CESUPI
2 UFBA
3 UFBA/ISC
Apresentação/Introdução
As hortas comunitárias são importantes para a população em vulnerabilidade social, pois, boa parte dessa população corre risco alimentar. Considerando isso, as mesmas podem ser vistas como uma autodefesa dessa população. Acredita-se que, ao cultivar alimentos localmente e participar de atividades coletivas, os moradores terão acesso a uma dieta mais diversificada e rica em nutrientes.
Objetivos
Investigar os benefícios das hortas comunitárias para a saúde da população em vulnerabilidade.
Metodologia
Revisão bibliográfica foi do tipo narrativa, o que permitiu uma análise ampla e abrangente do tema, com a inclusão de uma variedade de materiais e discussão de diferentes aspectos do assunto. A busca foi realizada em diversas bases de dados acadêmicas, como Scielo, PubMed, Web of Science, além de livros, teses e monografias relacionadas ao tema. Também foram consultados materiais de organizações governamentais e não governamentais que tratavam de hortas comunitárias. Foram incluídos trabalhos de 2008 a 2024, em português e inglês. Além disso, houve recorte na população de adultos e crianças em situação de baixa renda.
Resultados
Encontrados nove trabalhos. Um resultado apontou o benefício das hortas para a população em vulnarabilidade, destacando a população negra, é o fortalecimento da inclusão social. Ao participar ativamente da prática agrícola em um ambiente comunitário, têm a oportunidade de conectar com membros da comunidade, fortalecendo os laços sociais e promovendo a coesão comunitária. Outros resultados identifiacaram limitações, como a variabilidade nos resultados em função das condições locais e do apoio institucional. Em comunidades sem suporte contínuo, os impactos positivos das hortas podem ser reduzidos devido à falta de recursos, problemas de organização e outras barreiras estruturais.
Conclusões/Considerações
Evidenciou a importância das hortas comunitárias como uma estratégia eficaz para promover a segurança alimentar, a saúde e a inclusão social da população em situação de vulnerabilidade. As hortas vão além da produção de alimentos frescos, representando uma forma de resistência contra o racismo alimentar, pois proporcionam acesso a uma alimentação saudável e acessível.
BRICS NA GESTÃO DA PANDEMIA DE COVID-19: UM ESTUDO COMPARATIVO COM FOCO NAS AÇÕES DE DISTANCIAMENTO SOCIAL E VACINAÇÃO ENTRE AS NAÇÕES DO BLOCO
Pôster Eletrônico
1 UNIFAL-MG
2 ENSP/Fiocruz
Apresentação/Introdução
A pandemia da covid-19 causou uma crise multidimensional desafiando as capacidades locais, nacionais e globais de preparação e resposta, colocando em evidência sobretudo os sistemas de saúde e sua resiliência. Neste contexto, os países do BRICS assumiram uma grande projeção no cenário mundial de resposta à crise sanitária em relação às medidas de distanciamento social e vacinação.
Objetivos
Analisar, de forma comparada, as medidas de distanciamento social e vacinação implementadas pelos países do BRICS em resposta à pandemia da covid-19.
Metodologia
Estudo exploratório ancorado nas contribuições do institucionalismo histórico e do método histórico-comparado em ciências sociais. Dois eixos foram priorizados: as medidas de distanciamento social e de vacinação entre os países do BRICS, por terem tido relevância estratégica durante a pandemia de covid-19. A coleta de dados foi delimitada entre março de 2020 e maio de 2023. Na primeira etapa foi feita análise documental, bibliográfica e de dados secundários. A segunda etapa consistiu na análise comparada entre os achados, destacando semelhanças e diferenças. Não foi necessária a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
Resultados
Parte dos países do BRICS apresentaram características semelhantes, como a adoção de medidas de distanciamento social pouco extensas, flexíveis e sob coordenação descentralizada (com exceção da China), fragilidade das medidas de auxílio social (Brasil, Índia e África do Sul) e o uso de recursos biotecnológicos (presentes na China e Rússia). A respeito da vacinação, três aspectos se assemelham: início tardio (exceto na China e Rússia); cobertura vacinal (esquema completo) inferior a 70% da população em dezembro de 2022 (exceção para China e Brasil); e a hesitação vacinal.
Conclusões/Considerações
As respostas adotadas pelos países do BRICS em termos de distanciamento social e vacinação contra covid-19 foram diversas e relacionadas a fatores políticos, sociais e econômicos, que condicionaram a implementação de tais medidas.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SAÚDE MENTAL: O QUE A PESQUISA DIZ SOBRE A AMÉRICA LATINA
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
Os relatórios sobre as mudanças climáticas são taxativos quanto à sua gravidade e implementar ações de adaptação e mitigação, é fundamental a segurança dos afetados por eventos climáticos extremos. A América Latina, apresenta alta vulnerabilidade aos impactos destes eventos que pode desencadear, dentre as diversas demandas, transtornos mentais, seja pelo temor do futuro, seja pelo trauma vivenciado.
Objetivos
Compreender as vulnerabilidades relacionadas às mudanças climáticas na saúde mental na América Latina, identificando lacunas e oportunidades na produção científica para subsidiar intervenções e políticas com seus impactos na saúde mental da população.
Metodologia
Para o diagnóstico dos artigos aderentes ao tema e a região, uma revisão de literatura foi realizada nas principais bases científicas sobre o tema mudanças climáticas e saúde mental, entre os anos de 2015-2024, com o marco temporal iniciado pelo Acordo de Paris, e seguindo os critérios de buscas por região, América Latina, e pelas palavras chaves: “climate change and mental health” AND “latin américa” OR “solastalgia” OR “climate anxiety” OR “eco-anxiety”, conforme descritores em ciências da saúde da biblioteca virtual da Saúde (BVS). Com isto, três bases foram selecionadas, sendo: Pubmed, Web of Science e Scopus, e foram escolhidos e analisados 32 artigos.
Resultados
Com os critérios aplicados, tem-se os países com estudos: Brasil (6), Peru (5), Chile (3), Colômbia (2), México (2), e múltiplos (14). Os temas variam entre população, zona geográfica, evento climático, vulnerabilidade socioeconômica e ambiental. Quanto a saúde mental, as emoções são negativas, prevalentes em áreas vulneráveis, e o temor do futuro é constatado em todos eles, com publicações deficitárias, já que parâmetros internacionais estabelecem a criação de 80% de planos, até 2030. As cidades latinas têm 4% de produção científica sobre doenças virais e poluição do ar e apenas 1% das medidas são de enfrentamento e 5% do orçamento global é destinado à saúde mental em países vulneráveis.
Conclusões/Considerações
Os impactos das emergências climáticas estão postos, e a América Latina é uma área de risco a ser preparada para enfrentar a crise. Apontar esta lacuna se faz necessário para que novas pesquisas sejam estimuladas promovendo ações de adaptação e mitigação, minimizando o grau dos impactos causados por eventos extremos na saúde mental e maior engajamento, seja individualizado ou coletivo, a depender do setor e suas obrigações legais.
DESMATAMENTO, FOGO E VIOLÊNCIA: UMA ANÁLISE ECOLÓGICA DOS MUNICÍPIOS DA AMAZÔNIA LEGAL
Pôster Eletrônico
1 ISGlobal
Apresentação/Introdução
A crescente degradação ambiental na Amazônia Legal brasileira, impulsionada pelo desmatamento e pelas queimadas, levanta preocupações não apenas ecológicas, mas também sociais. Este estudo investiga como essas transformações territoriais se associam a formas de violência física, contribuindo para uma leitura epidemiológica dos impactos ambientais sobre a saúde coletiva.
Objetivos
Investigar a associação entre a degradação ambiental — medida por áreas desmatadas e queimadas — e os indicadores de violência letal e autoinfligida nos 775 municípios da Amazônia Legal, entre 2017 e 2022, considerando efeitos espaciais e temporais.
Metodologia
Foram integradas bases geoespaciais vetoriais dos 772 municípios da Amazônia Legal com dados anuais (2017–2022) sobre desmatamento (DETER/INPE), queimadas e taxas de homicídio e suicídio (IPEA). As áreas desmatadas e queimadas foram calculadas em km² por município e ano, com geometria validada e reprojetada (EPSG:5880). Análises de correlação de Spearman avaliaram associações bivariadas. Em seguida, modelos de efeitos aleatórios para dados em painel foram ajustados, incorporando exposições do ano corrente, defasadas (t–1) e espaciais (municípios vizinhos), com estrutura de vizinhança baseada em contiguidade (queen criterion) e matrizes espaciais normalizadas.
Resultados
As correlações de Spearman indicaram associações estatisticamente significativas. As taxas de homicídio correlacionaram-se com o desmatamento (ρ = 0,18; p < 0,001) e queimadas (ρ = 0,15; p < 0,001), enquanto os suicídios apresentaram correlações menores (ρ = 0,08 e ρ = 0,04, respectivamente). As associações foram mais pronunciadas ao considerar médias acumuladas de 2017 a 2021. No entanto, modelos de regressão para dados em painel com efeitos aleatórios não revelaram significância estatística entre desmatamento (atual, defasado ou espacial) e os desfechos estudados. Para homicídios, o coeficiente da variável espacial foi β = 0,031 (p = 0,43); para suicídios, β = –0,003 (p = 0,71).
Conclusões/Considerações
Embora se observem correlações entre desmatamento e violência, os modelos não sustentam associações consistentes. A ausência de variáveis individuais como gênero ou auto-determinação étnica, e de maior refinamento espaço-temporal, limita a capacidade da análise epidemiológica de apreender a complexidade das experiências locais de violência.
ADAPTABILIDADE DE JOVENS NO CONTEXTO URBANO PERIFÉRICO DA COVID-19: DO ESQUECIMENTO AO PROTAGONISMO E AÇÃO REFLEXIVA
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Saúde Púlica - Universidade de São Paulo
2 UNAS Heliópolis e Região
Apresentação/Introdução
No contexto da Covid-19 e do pós-pandemia, a população jovem foi preterida pelo entendimento do quadro agudo sobre situações de risco na crise sanitária. Porém, de um lado a juventude foi afetada de formas múltiplas e em consequências sobrepostas e, de outro, esse grupo populacional também teve que reagir e se adaptar às mudanças e impactos do desafiador contexto pandêmico.
Objetivos
Nesta pesquisa, investigamos a adaptabilidade e a agência de jovens da periferia de São Paulo diante das contingências no acesso à educação, alimentação e lazer e nas relações intrínsecas a essas formas de privação.
Metodologia
Pesquisa participativa de base comunitária realizada com 28 jovens de 10 a 24 anos nas comunidades urbanas de Paraisópolis e Heliópolis, na cidade de São Paulo - projeto PANEX-Youth. O itinerário ocorreu ao longo de ao menos seis oficinas em cada uma das comunidades estudadas, onde os jovens elaboraram, refletiram e debateram ´visual webs´. Esse instrumento dialógico promoveu encadeamento entre situações vividas na pandemia a partir de colagem de imagens fornecidas pelos próprios jovens em composição relacionando situações e experiências vividas. Uma dinâmica reflexiva em rodas de conversa sobre a elaboração do instrumento propiciou a coleta de dados qualitativos.
Resultados
Apresentamos três categorias de resultados: Empoderamento e respostas à crise – os jovens criaram alternativas e soluções para suas situações envolvendo a dificuldade de acesso à educação, alimentação e lazer, sendo que enfrentaram condições inerentes à vulnerabilidade de suas famílias; Posicionamento crítico – sobretudo pelo processo reflexivo e participativo, os jovens participantes demonstraram percepções, opiniões e posicionamentos contundentes, como no caso da precariedade das respostas do setor educação; Diálogos e conexões intergeracionais – foram registrados vários protagonismos jovens em interlocução com adultos e instituições, corroborando adaptações relevantes ao contexto.
Conclusões/Considerações
Podemos considerar, que a despeito da pouca atenção dada aos jovens na crise sanitária, as consequências da pandemia foram amplas e inter-relacionadas para esse grupo, porém a capacidade de agência juvenil e sua compreensão da problemática demonstraram como estes atores podem ser fundamentais na gestão de crises similares.
PANORAMA DAS DOENÇAS NEGLIGENCIADAS NO BRASIL E NO MUNDO: DETERMINAÇÕES SOCIAIS, POLÍTICAS PÚBLICAS E A INVISIBILIZAÇÃO DAS POPULAÇÕES ATINGIDAS
Pôster Eletrônico
1 ENSP
Apresentação/Introdução
As Doenças Negligenciadas compõem um grupo de enfermidades infecciosas que afetam mais de um bilhão de pessoas no mundo, concentrando-se especialmente em regiões tropicais e subtropicais. Representam um desafio para o século XXI, sobretudo diante do avanço das mudanças climáticas e seus impactos sobre populações vulnerabilizadas.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é apresentar como o tema se insere nas agendas global e nacional atualmente, quais questões mobiliza e suas determinações sociais.
Metodologia
Como metodologia, o presente trabalho faz uma revisão bibliográfica acerca do debate sobre o conceito de doenças tropicais negligenciadas. Em seguida, analisa as principais políticas públicas e diretrizes globais relacionadas às doenças negligenciadas, a partir de documentos da Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde do Brasil para observar com o intuito de compreender como essas políticas enfrentam (ou não) as determinações sociais em questão. Ademais, investiga os indicadores socioeconômicos, de raça e gênero divulgados nesses documentos oficiais visando identificar quem são as pessoas mais afetadas e por quê.
Resultados
A análise dos documentos revela que essas doenças atingem majoritariamente populações de países historicamente colonizados, presas a ciclos de exploração e pobreza. No Brasil, os dados oficiais analisados revelam maior incidência entre homens, populações indígenas, pretas e pardas, com destaque para faixas etárias de jovens e idosos. Identificou-se que, embora as políticas da OMS e do Ministério da Saúde reconheçam essas doenças como problema de saúde pública, há fragilidades no enfrentamento das determinações sociais, especialmente no que diz respeito a recortes de raça e gênero.
Conclusões/Considerações
O trabalho possui relevância para a saúde pública na medida em que traz uma reflexão crítica sobre onde se encontra a negligência: nas doenças ou nas populações? Com essa provocação, pretende-se contribuir para o aprofundamento do debate à luz da determinação social da saúde, bem como para o desenvolvimento de abordagens que promovam a equidade no acesso à saúde.
AVALIANDO O PAPEL DA EXPERIÊNCIA, ENGAJAMENTO E SATISFAÇÃO NA INTENÇÃO COMPORTAMENTAL DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA USUÁRIAS DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz Minas/UFMG
2 Fiocruz Minas/UFOP
3 Fiocruz Minas
Apresentação/Introdução
A análise da percepção da população em situação de rua (PSR) sobre serviços públicos é central para avaliar e melhorar políticas. Deve-se ir além da satisfação dos usuários, considerando outros fatores e suas interações, que influenciam o comportamento da PSR em relação ao uso dos serviços disponíveis. Essa abordagem é pouco empregada na literatura para essa população.
Objetivos
analisar a experiência (EXP) da PSR com os profissionais enquanto um antecedente do engajamento (ENG) para avaliar a satisfação (SAT) e a intenção comportamental (INT) de retorno ao serviço e sua indicação para outras pessoas em situação de rua.
Metodologia
Estudo transversal, quantitativo, exploratório, de análises fatoriais, realizado com usuários dos Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros Pop) e o Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS). Foi utilizado o método de coleta de dados com amostragem não probabilística por conveniência. Foram coletados dados com 302 usuários dos serviços. O instrumento de pesquisa foi baseado em uma escala de marketing validada conforme estudo prévio. O instrumento de pesquisa foi submetido à processos de pré-teste após a tradução e adaptações da linguagem da escala, seguido de sua validação. Foram realizadas equações estruturais, no ambiente R, pelo software Jamovi.
Resultados
A amostra era composta majoritariamente de homens cis (85,5%), pardos (53,3%), solteiros (69,1%) com pelo menos ensino fundamental completo (47,4%). Os resultados mostraram que EA tem impacto positivo e significativo em ENG (β = 0,80; p <.001), ENG também impacta de forma positiva e significativa em SAT (β = 0,81; p <.001), enquanto este último tem efeito positivo e significativo em INT (β = 0,71; p <.001). ENG não tem impacto direto sobre INT, mas apresenta efeito indireto positivo e significativo neste construto quando mediado por SAT. O tempo de rua, cidade de nascimento e tipo de assistência recebida estimaram diferenças significativas na EXP, ENG, SAT e INT.
Conclusões/Considerações
Os resultados evidenciam a importância de considerar diferentes elementos para a compreensão do comportamento dos usuários em relação ao uso dos serviços. Considerar esses fatores pode contribuir para políticas mais efetivas, centradas no usuário, especialmente aqueles em vulnerabilidade. A escuta qualificada e o fortalecimento de vínculos são estratégicos para ampliar o acesso e o uso contínuo dos serviços por essa população.
MIGRANTES E REFUGIADOS LGBTQIA+ NO CONTEXTO DA AMÉRICA LATINA: ACESSO E BARREIRAS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UNB
Apresentação/Introdução
A questão da migração e refúgio de pessoas LGBTQIA+ tem ganhado crescente atenção no contexto da América Latina, diante das múltiplas barreiras que esses indivíduos enfrentam em busca de segurança e dignidade. No Brasil, diversas políticas públicas têm sido implementadas para garantir os direitos dessa população vulnerável, mas a realidade revela desafios significativos para as instituições.
Objetivos
Tem como objetivo conhecer a natureza das instituições e seus serviços ofertados para a população migrante e refugiado LGBTQIA+.Compreender as principais dificuldades enfrentadas pela população LGBTQIA+ refugiada
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de método misto, de abordagem qualitativa, que inclui uma etapa de pesquisa do tipo revisão integrativa da literatura e uma etapa de pesquisa descritivo-exploratória. No que tange à revisão, ela incluiu o contexto da América Latina e adotou bases: Sage, Willey, Pubmed, Scopus e BVS. Amostra foi constituída por 61 artigos. Em relação à pesquisa de campo, o mapeamento limitou-se ao contexto do Brasil, organizações situadas em 05 estados - Amazona, Distrito Federal, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo - aceitou participar do estudo. Os instrumentos de pesquisa adotados incluíram: entrevista semi estruturada, diário de campo e registros em áudio.
Resultados
A análise dos dados oriundos da revisão integrativa e da pesquisa de campo revelaram que o perfil sociodemográfico de migrantes e refugiados LGBTQIA+ é caracterizado por diversos desafios específicos. Muitos migrantes e refugiados LGBTQIA+ fogem de perseguições devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero em países onde há discriminação institucionalizada, violência ou falta de proteção legal. Essa migração pode ser forçada ou voluntária.Com base nos artigos analisados e nas entrevistas observa-se que muitos migrantes LGBTQIA+ têm níveis educacionais variados, mas frequentemente são mais escolarizados do que a média de refugiados
Conclusões/Considerações
Diante do que foi exposto, é possível observar dificuldades de acesso da população de refugiados e migrantes LGBTQIA+ às políticas públicas de saúde e demais serviços no contexto do Brasil e América Latina.essa população está propensa a sofrer diversas formas de violências e vulnerabilidades, em decorrência de barreiras e problemáticas sociais e econômicas que dificultam a adaptação com o idioma, cultura, religião e acesso a serviços públicos.
SAÚDE MENTAL GLOBAL E SOFRIMENTO SOCIAL: DETERMINAÇÃO MACROESTRUTURAL
Pôster Eletrônico
1 ENSP/Fiocruz
2
Apresentação/Introdução
A saúde mental tem ganhado centralidade nas agendas globais diante do aumento expressivo de diagnósticos psiquiátricos em diversos contextos sociais. Ainda que as manifestações do sofrimento sejam locais, há padrões comuns que apontam para causas estruturais compartilhadas. Esta pesquisa propõe compreender a saúde mental global a partir das macroestruturas econômicas, políticas, sociaIs
Objetivos
Compreender como os sistemas econômicos, políticos, sociais e culturais contribuem para a produção do sofrimento social em diferentes contextos, com ênfase nas experiências do Sul Global
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e analítica, fundamentada na análise hermenêutica-dialética. A coleta de dados é realizada por meio de três estratégias articuladas: (1) análise documental de políticas e diretrizes internacionais de saúde mental; (2) entrevistas semiestruturadas com pesquisadores, profissionais e usuários de serviços de saúde mental; e (3) organização de um Seminário Internacional de Saúde Mental Global no Brasil, reunindo participantes nacionais e internacionais para discussão crítica das macroestruturas geradoras de sofrimento. O seminário inclui grupos focais, rodas de conversa e sistematização coletiva dos debates.
Resultados
A pesquisa produz uma análise crítica das diretrizes e práticas hegemônicas da saúde mental global, destacando suas limitações na abordagem de determinantes estruturais. Esse trabalho contribui para identificar como as macroestruturas influenciam o sofrimento coletivo e como diferentes atores, especialmente do Sul Global — constroem alternativas e resistências frente aos modelos medicalizantes e individualizantes. A sistematização dos debates do seminário internacional contribuirá com proposições para políticas públicas que reconheçam o processo de determinação global do sofrimento mental e que promovam abordagens que considerem os fatores comuns a diferentes sociedades.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que compreender a saúde mental global requer ir além dos modelos clínicos e biomédicos, adotando uma abordagem que reconheça os efeitos da desigualdade global, da colonialidade e da necropolítica sobre o sofrimento social. O estudo contribui para a construção de políticas de saúde mental que articulem justiça social, justiça climática e direitos humanos, valorizando saberes e práticas do Sul Global.
MIGRAÇÃO, TRABALHO E SAÚDE: POR UMA AGENDA DE PESQUISA EM SAÚDE COLETIVA
Pôster Eletrônico
1 IMS-UERJ
Apresentação/Introdução
A partir de pesquisas de mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UERJ, incentiva-se a criação de uma agenda de pesquisa em migração, trabalho e saúde. Ao reconhecer o papel da saúde coletiva na identificação de questões sociais e políticas do acesso e manutenção da saúde de populações vulnerabilizadas, a migração é um assunto importante a adentrar este campo.
Objetivos
Propor uma agenda de pesquisa em migração na saúde coletiva, a fim de alargar os campos de atuação da área, conjugando questões contemporâneas de direitos humanos, direito à saúde, ao trabalho, à educação, à moradia e, propriamente, à migração.
Metodologia
Com metodologias qualitativas junto de ferramentas de entrevistas, observação participante e etnografias, ao longo das formações de cada membro deste grupo de trabalho, esta análise dos estudos se estabelece. Além disso, a vertente bibliográfica também foi acionada, proporcionando um discernimento amplo e antenado, tanto para preparar as investigações, quanto para auxiliar na análise dos dados produzidos. Sendo assim, foram realizadas pesquisas qualitativas com as populações congolesa e venezuelana no Rio de Janeiro e haitiana no Rio Grande do Sul, de forma virtual, devido a pandemia de covid-19, e presencial em distintos contextos de atuação e acesso a tais grupos migratórios.
Resultados
A migração se estabelece como novo modo de andar a vida e busca pelo bem viver, depois o trabalho surge como possibilidade de integração local e autonomia financeira e, por último, a saúde recebe atenção quando necessária. Contudo, a saúde está presente em todas as etapas, desde a decisão de migrar, até a partida e chegada em novos territórios, pois exigem corpos saudáveis e dispostos a enfrentar as intempéries das mobilidades contemporâneas e em contextos precarizados. Desse modo, o discernimento da saúde destas populações corrobora com a ampliação da saúde, a partir dos determinantes sociais da saúde, nos acessos sociais e políticos ao trabalho, educação e assistência social.
Conclusões/Considerações
A partir das pesquisas entende-se a demanda de desenvolvimento de uma área de atenção à saúde das populações migrantes e refugiadas na Saúde Coletiva. Distintas dimensões impactam direta e indiretamente a busca do bem viver. Focar nestas perspectivas potencializa as possibilidades de acesso e atenção da saúde coletiva à todas as populações vulnerabilizadas, seja por raça, etnia, gênero, sexualidade e qualquer outras marcas da diferença.
O CORPO DA RUA E O DIREITO AO DESCANSO: DORMIR COMO RESISTÊNCIA AO CONTROLE NAS MARGENS URBANAS
Pôster Eletrônico
1 Universidade de São Paulo (USP)
2 Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ)
Apresentação/Introdução
Introdução: Nas margens urbanas, o corpo em situação de rua torna-se alvo de múltiplas formas de controle que negam até mesmo o direito ao descanso. Este estudo problematiza como o ato de dormir, enquanto necessidade vital e expressão da vulnerabilidade humana, é atravessado por violências institucionais e disputas sobre quem pode habitar e permanecer nos espaços públicos da cidade.
Objetivos
Objetivo: Analisar a privação do sono como tecnologia de opressão sobre corpos em situação de rua e o descanso, quando possível, como forma de resistência, afirmação de existência e direito à cidade diante da vigilância e exclusão urbana.
Metodologia
Metodologia: Trata-se de um estudo de cunho etnográfico e historiográfico, com abordagem qualitativa e interpretativa, ancorado na antropologia urbana, na fenomenologia do corpo e na saúde coletiva. A pesquisa mobiliza conceitos como biopolítica, sofrimento social e gestão dos corpos para analisar formas de disciplinamento e exclusão que operam sobre os corpos da rua. A metodologia reflete um compromisso ético e político de ouvir e visibilizar vivências silenciadas, considerando o espaço urbano como um campo de disputa e o corpo como um local de manifestação de desigualdades e resistências.
Resultados
Resultados: O descanso de pessoas em situação de rua é sistematicamente interditado por ações governamentais e sociais que buscam apagar esses corpos do espaço público. Abordagens noturnas, barulhos intencionais e remoções forçadas atuam como mecanismos de controle e desgaste. Ademais, a falta de vagas em abrigos e as condições precárias desses locais indicam uma forma de acolhimento que também se fundamenta na disciplina, vigilância e desumanização. Nesse contexto, o ato de dormir, quando possível, se transforma em um gesto político de resistência: um corpo em repouso se faz presente, afirma sua existência e denuncia a violência dos mecanismos de exclusão urbana.
Conclusões/Considerações
Considerações finais: A negação do descanso reflete uma violência sistemática de tortura sobre os corpos mais vulneráveis. Além da falta de abrigo, há uma insuficiência de vagas e condições desumanas nos equipamentos disponíveis. Reconhecer o sono como um direito humano implica desafiar as maneiras como o Estado regula a presença urbana e confrontar políticas que perpetuam a exaustão e a desumanização.
HÁBITOS DE SAÚDE DE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE NO ESTADO DO CEARÁ
Pôster Eletrônico
1 UFC - Universidade Federal do Ceará
Apresentação/Introdução
Mulheres em situação de privação de liberdade estão expostas a múltiplas vulnerabilidades que afetam diretamente seus hábitos de saúde, bem como limitações no acesso às principais ações voltadas à promoção da saúde. A compreensão desses hábitos é essencial para fundamentar intervenções em saúde mais eficazes, considerando aspectos sociais, culturais e institucionais na promoção do cuidado.
Objetivos
Identificar os hábitos de saúde de mulheres privadas de liberdade.
Metodologia
Trata-se de relato de pesquisa de abordagem quantitativa, descritiva e transversal, realizada em três Unidades Prisionais Femininas do Estado do Ceará. A amostra foi composta por 396 mulheres privadas de liberdade. Os dados foram coletados por meio de um questionário estruturado, aplicado individualmente, contendo questões sobre saúde sexual, prevenção do câncer de colo uterino, uso de substâncias psicoativas, e acesso aos serviços de saúde. As informações foram analisadas estatisticamente com auxílio do software SPSS, por meio de estatística descritiva. O estudo respeitou os preceitos éticos da pesquisa com seres humanos, com aprovação em comitê de ética.
Resultados
Os dados revelaram prevalência de tabagismo em 203 (51,3%) mulheres e uso de outras drogas em 170 (42,9%) antes da prisão. Durante o cárcere, 3 (0,8%) mulheres relataram uso de tabaco e 2 (0,5%) uso de drogas. A maioria 265 (66,9%) não possuíam histórico de IST, e 110 (27,8%) fizeram o Papanicolau há menos de um ano, sendo grande parte 214 (54%) realizados fora do sistema prisional. Após o encarceramento, 24 (6,1%) descobriram IST na admissão e 16 (4%) delas por exames de rotina. Apenas 146 (36,9%) relataram acesso mensal ao serviço de saúde da unidade. Grande parte 245 (61,9%) não receberam orientações sobre IST, e 365 (92,2%) disseram que não há distribuição de preservativos no local.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que as mulheres privadas de liberdade enfrentam múltiplas vulnerabilidades em relação aos hábitos de saúde, especialmente quanto a baixa cobertura de exames preventivos e limitado acesso a serviços e insumos de saúde no sistema prisional. Tais achados reforçam a necessidade de estratégias de cuidado que considerem o contexto da privação de liberdade, promovam ações educativas e ampliem o acesso a serviços de saúde dentro das unidades.
CONHECIMENTO RELACIONADO À PREVENÇÃO DE CCU DE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE NO ESTADO DO CEARÁ
Pôster Eletrônico
1 UFC - Universidade Federal do Ceará
Apresentação/Introdução
Mulheres internas do sistema prisional apresentam maior vulnerabilidade quando comparadas à população livre, refletindo em uma maior susceptibilidade ao Câncer de Colo de Útero, dada a dificuldade de acesso às informações necessárias para o diagnóstico precoce e tratamento da doença, bem como as principais estratégias de promoção da saúde, tendo em vista que podem ter menor acesso aos serviços.
Objetivos
Analisar o conhecimento relacionado à prevenção do Câncer de Colo de Útero das mulheres privadas de liberdade no estado do Ceará.
Metodologia
Trata-se de um relato de pesquisa, com abordagem quantitativa e descritiva, realizado de setembro a novembro de 2022, em três Unidades Prisionais Femininas do estado do Ceará. A população foi composta por 396 mulheres privadas de liberdade. Os dados foram coletados mediante questionário estruturado, aplicado de maneira digital e individual, contendo perguntas relacionadas ao conhecimento acerca do CCU, como a finalidade e os cuidados necessários para a realização do exame. Tais informações foram analisadas estatisticamente através do Software SPSS, e apresentadas em tabelas e gráficos. Seguiram-se as recomendações legais para pesquisa com seres humanos, após aprovação do comitê de ética.
Resultados
Diante dos dados coletados verificou-se que 340 (85,9%) das mulheres conheciam previamente o exame de prevenção do CCU e a maioria 224 (56,6 %) tinham conhecimento sobre sua finalidade. Quase metade 188 (47,5%) das mulheres desconheciam sobre quais são os cuidados prévios que devem ser tomados para a realização do exame. Contudo, as que referiram ter algum conhecimento sobre esses cuidados, em torno de 136 (34,6%) delas apontaram ser necessário não estar no período menstrual e 129 (32,6%) referiram que não ter relações sexuais nas 24 horas antes de realizar o exame seria um desses cuidados. A maioria 300 (75,8%) das entrevistadas apresentaram conhecimento inadequado quanto à prevenção de CCU.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que embora a maioria das mulheres privadas de liberdade conheça o exame de prevenção do CCU, prevalece um conhecimento limitado sobre sua finalidade e cuidados necessários para sua realização. A desinformação sobre aspectos fundamentais do exame indica fragilidades na promoção em saúde dentro do sistema prisional, reforçando a importância de ações educativas contínuas, que promovam o empoderamento e fortaleçam a prevenção do CCU.
CESÁREAS NO PIAUÍ: UM OLHAR SOBRE AS DESIGUALDADES SOCIAIS NA VIA DE PARTO
Pôster Eletrônico
1 UFPI
Apresentação/Introdução
O Brasil é um dos países que mais realiza partos cesáreos no mundo, possuindo uma taxa de 56%, valor significativamente superior aos 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde e os estados do Nordeste, como o Piauí, refletem esse cenário nacional.
Objetivos
Analisar a distribuição dos tipos de parto (vaginal e cesáreo) segundo características sociodemográficas maternas no Piauí, no ano de 2023.
Metodologia
Trata-se de estudo descritivo, de corte transversal, com dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) disponibilizados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram calculadas as proporções de partos vaginais e cesáreos segundo as variáveis sociodemográficas escolaridade, idade e raça/cor para o Piauí no ano de 2023.
Resultados
Foram realizados 42.144 partos no Piauí no ano estudado. Com base nisso, a taxa geral de cesáreas no estado foi de 62,6%. À vista das variáveis sociodemográficas, a proporção de cesáreas aumentou de 49,1% entre mães com nenhum ano de instrução para 79,4% entre aquelas com 12 anos ou mais de instrução. Quanto à idade, a proporção de cesáreas em relação aos partos vaginais foi maior em todas as faixas etárias. No entanto, houve maior prevalência de cesáreas na faixa de 10 a 34 anos (43,8%). No quesito raça/cor, a proporção de cesáreas também foi maior para todas as categorias, no entanto, houve uma prevalência de 70,8% em mulheres de cor branca.
Conclusões/Considerações
Com base nos achados, nota-se que a escolha da via de parto no Piauí é fortemente influenciada pelas desigualdades sociais, e não apenas por critérios clínicos. A alta prevalência de cesáreas em estratos de maior escolaridade e na raça/cor branca aponta para a medicalização excessiva do parto, a autonomia limitada da mulher, mercantilização do parto e para a necessidade de políticas que fortaleçam e incentivem o parto normal.
O ACESSO AO CUIDADO EM SAÚDE BUCAL NA PERSPECTIVA DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: ANÁLISES QUALITATIVAS INICIAIS
Pôster Eletrônico
1 UFU
Apresentação/Introdução
Pessoas em situação de rua vivenciam vulnerabilidades sociais que afetam diretamente o acesso a serviços de saúde, incluindo o cuidado odontológico. Essas desigualdades são agravadas por barreiras institucionais, estigmas sociais e uso de substâncias.
Objetivos
Compreender os significados atribuídos por pessoas em situação de rua à sua experiência de acesso ao cuidado em saúde bucal, identificando obstáculos enfrentados e estratégias utilizadas.
Metodologia
Optou-se por um delineamento qualitativo, com base na Teoria Fundamentada nos Dados. A pesquisa foi realizada com indivíduos em situação de rua que não recorrem a abrigos institucionais. A amostragem foi intencional, finalizada por saturação teórica. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, guiadas por um roteiro temático. Ao todo, foram realizadas 12 entrevistas, cujo conteúdo foi analisado em profundidade, permitindo a identificação de categorias que expressam as vivências e percepções dos participantes em relação ao acesso ao cuidado odontológico.
Resultados
A análise inicial dos dados evidenciou cinco categorias: Impacto do uso de drogas na saúde bucal; Barreiras para o acesso ao cuidado em saúde bucal; Estratégias utilizadas para o acesso ao cuidado em saúde; Recursos existentes e suas limitações; Estratégias desenvolvidas diante da falta de acesso. Relatos indicam abandono odontológico, agravado por ausência de documentação, discriminação e uso de drogas. A autogestão da dor, com extrações dentárias improvisadas e uso de substâncias analgésicas, é frequente. O Consultório de Rua é citado como recurso médico acessível, mas com atuação restrita na odontologia.
Conclusões/Considerações
As pessoas em situação de rua enfrentam barreiras estruturais e simbólicas que comprometem o acesso à saúde bucal, resultando em práticas perigosas de cuidado autônomo. Os achados indicam a necessidade de ampliar a atuação dos serviços itinerantes, com inclusão efetiva da atenção odontológica, além de estratégias intersetoriais que reconheçam a complexidade das trajetórias de vida dessa população.
MULHERES LATINO-AMERICANAS EM DESLOCAMENTO, MERCADO DE DROGAS E SAÚDE: INVISIBILIDADE E VULNERABILIZAÇÃO
Pôster Eletrônico
1 CLAVES/ENSP/FIORUZ e PUC-Rio
2 CLAVES/ENSP/FIORUZ
Apresentação/Introdução
Este trabalho discute o fenômeno das mulheres em deslocamento pela América Latina em função do mercado internacional de drogas e impactos na vida e saúde. Para tanto tece um diálogo com a literatura latino-americana, a partir da perspectiva interseccional, buscando compreender de que forma este mercado impacta material e subjetivamente os deslocamentos por fronteiras nacionais e internacionais.
Objetivos
Conhecer o que os estudos na/da região vêm produzindo em termos de pesquisas empíricas e reflexões teóricas acerca do trânsito de deslocamentos de mulheres pela AL em função do mercado de drogas
Metodologia
Como o encontro entre gênero, pobreza, questão racial e território as deixa mais expostas às violências é uma pergunta-guia de nossa reflexão. Foi realizada busca livre nas bases Scielo, Bibliteca Virtual em Saúde, Google Acadêmico e Scilit utilizando conjuntos de descritores que abarcaram categorias relacionadas à gênero, migração, drogas e violência, além de busca ativa por outros documentos a partir da experiência das autoras com temas transversais ao problema central.
Resultados
Há escassez da produção científica dedicada a compreender a relação entre mulheres, deslocamentos pela AL e mercado de drogas, no que apontamos para a relevância da produção de conhecimento que colabore com subsídios e reflexões que visibilizem um grave problema social, político, econômico e de segurança. Dois caminhos emergem: deslocamentos em função de domínio de espaço por grupos armados envolvidos na produção e venda de drogas; mulheres atuando como mulas – atravessando fronteiras para comercializar drogas.
Conclusões/Considerações
Mulheres latino-americanas continuam a ter sua vida marcada pela colonização, exploração de seu corpo e subjugação como mão de obra barata, remontando ao escravismo, à misoginia e ao racismo, o que produz vulnerabilidades. Destacamos a pouca visibilidade do tema e que a condição de gênero e de região de moradia - subjugadas no jogo de forças global - as deixam ainda mais expostas às violências já inerentes à condição de migração.
PERSPECTIVA DE GESTORES DE ALBERGUES SOBRE O ACESSO À SAÚDE BUCAL DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: ANÁLISES INICIAIS DE UMA PESQUISA QUALITATIVA
Pôster Eletrônico
1 UFU
Apresentação/Introdução
Introdução: Pessoas em situação de rua enfrentam desafios para acessar o cuidado em saúde bucal, agravados por múltiplas vulnerabilidades. Nesse cenário, os gestores de albergues emergem como atores estratégicos, capazes de oferecer uma leitura institucional sobre essas barreiras e os caminhos possíveis para ampliar o cuidado em contextos de exclusão social.
Objetivos
Objetivo: Compreender os significados atribuídos por gestores de albergues ao acesso à saúde bucal por pessoas em situação de rua, com o intuito de compreender suas percepções sobre obstáculos, necessidades e possibilidades de cuidado nesse contexto.
Metodologia
Metodologia: O estudo adotou uma abordagem qualitativa, realizado com gestores de albergues localizados em um município do interior de Minas Gerais. A seleção dos participantes foi intencional, e a coleta de dados foi encerrada por exaustão. As entrevistas foram semiestruturadas, conduzidas com o auxílio de roteiro temático, e os dados analisados por meio da Teoria Fundamentada nos Dados. Ao todo, sete entrevistas compuseram a pesquisa. A análise dos dados permitiu a identificação de quatro categorias interpretativas sobre o acesso à saúde bucal da população em situação de rua.
Resultados
Resultados: As categorias emergentes foram: Influências da adicção na Saúde Bucal; Situação de rua restringindo o autocuidado; Barreiras do acesso ao Cuidado em Saúde Bucal; Importância do suporte oferecido pelos Albergues. Os gestores destacam que a situação de rua limita o autocuidado e agrava problemas odontológicos. Apesar da atuação dos albergues no encaminhamento e acolhimento, o acesso continua fragmentado e insatisfatório, refletindo a falta de articulação com os serviços públicos de saúde bucal.
Conclusões/Considerações
Conclusão: Os dados apontam que os gestores reconhecem tanto as fragilidades dos serviços quanto a função estratégica dos albergues como espaços de mediação. Contudo, as ações ainda são pontuais e insuficientes. Faz-se necessária uma abordagem intersetorial que integre saúde, assistência e direitos humanos, promovendo um cuidado mais efetivo e sensível às vulnerabilidades enfrentadas por essa população.
EQUIPAMENTOS SOCIAIS COMO ACESSO E/OU BARREIRA AO CUIDADO PARA PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA
Pôster Eletrônico
1 Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Apresentação/Introdução
A População em Situação de Rua (PSR) comumente é apontada enquanto um fenômeno polissêmico de exclusão social e, com isso, sofre com o acesso a uma série de direitos básicos. Isso traz à baila a reflexão sobre o quanto a saúde no Brasil, apesar de direito universalizado, têm se apresentado em relação a PSR enquanto acesso ou barreiras.
Objetivos
Essa pesquisa objetiva dar visibilidade a fatores que produzem barreira e os que facilitam o acesso de pessoas em situações de rua à equipamentos sociais em um município de grande porte no norte do Paraná.
Metodologia
Trata-se de um recorte da pesquisa “População em situação de rua: acesso e barreira ao cuidado em saúde mental, interseccionalidade e equidade para a redução das desigualdades”, projeto nacional coordenado pela Universidade Federal Fluminense, em execução, nos anos 2024-2026, em município do sul do país, com resultados parciais. É de abordagem cartográfica, na perspectiva do pesquisador in-mundo, ou seja, a partir da imersão em campo e do permitir se afetar no encontro com usuários e trabalhadores envolvidos. É com essas afetações que o pesquisador-cartógrafo realiza, de forma autoanalítica e em processamento com o grupo de pesquisa, sua reflexão por intermédio de intercessores teóricos.
Resultados
A entrada no campo de pesquisa deu-se pelo Centro POP, dispositivo da assistência social que atende a PSR no município. Lá os pesquisadores conheceram o “Trilhas da Cidadania”, projeto que preconiza etapas para os usuários superarem a situação de rua. Tal modelo foi caracterizado por usuários e trabalhadores, como sendo responsável por criar barreiras para a PSR. Seguindo o mapeamento de ofertas do município, outro projeto apresentado foi o “Novas Trilhas”, promovido por entidades sem fins lucrativos articuladas juntamente com a prefeitura. Lá a PSR pode transitar livremente e usufruir de alimentação, higiene pessoal, oficinas, sem requisitos ou etapas pré estabelecidos.
Conclusões/Considerações
Embora a saúde seja direito universal, cartografar revelou algumas contradições: políticas públicas que visam incluir a População em Situação de Rua (PSR) acabam, muitas vezes, reforçando mecanismos de exclusão. Ademais, A PSR cria caminhos próprios, fora das instituições, para cuidar de si e sobreviver, evidenciando como relações sociais e de poder atuam como barreiras na construção de seus cuidados.
A RELAÇÃO ENTRE O COLONIALISMO E O CAPITALISMO: POSSIVEIS ASPECTOS COLONIAIS PRESENTES NAS FORMAS DE SE PRODUZIR CUIDADO
Pôster Eletrônico
1 UFF
Apresentação/Introdução
O capitalismo se estrutura sobre bases coloniais, herdando do colonialismo os mecanismos de dominação e exploração que sustentam sua lógica. Este estudo analisa como tais marcas persistem nas formas de se produzir cuidado, apagando saberes locais e reforçando desigualdades ancoradas na racialização, marginalização e controle dos corpos.
Objetivos
Investigar a relação entre o capitalismo e o colonialismo e se há traços coloniais nas formas de se produzir cuidado.
Metodologia
A pesquisa se utiliza da abordagem qualitativa, por compreender que os processos sociais e históricos, como o colonialismo e o capitalismo, atravessam a produção do cuidado de forma simbólica, política e estrutural. Partindo da premissa de Minayo (2010), adota-se a perspectiva de que os significados construídos pelos sujeitos em seus contextos concretos são centrais para a análise. A investigação se dará por meio de revisão bibliográfica crítica e entrevistas semiestruturadas com profissionais da saúde coletiva, a fim de identificar marcas coloniais nas práticas de cuidado. Busca-se compreender como saberes hegemônicos e lógicas produtivistas influenciam as formas de cuidar.
Resultados
Verificou-se que os modos institucionais de cuidado são atravessados por uma racionalidade neoliberal e colonial, que prioriza o controle, a produtividade e a gestão da vida. Essa lógica resulta na exclusão de práticas comunitárias, na medicalização excessiva e na deslegitimação de saberes não ocidentais. Corpos racializados e marginalizados são alvos de intervenções padronizadas, que não consideram suas singularidades. Ao mesmo tempo, emergem resistências micropolíticas nas brechas institucionais, onde o cuidado é reinventado por meio de redes autônomas, escuta e solidariedade, afirmando práticas que escapam à lógica do capital e da colonialidade.
Conclusões/Considerações
A produção do cuidado em saúde segue marcada pela colonialidade e pela lógica capitalista, que normatizam corpos e apagam modos alternativos de existir. É, portanto, fundamental repensar políticas públicas que reconheçam a pluralidade dos saberes e valorizem práticas coletivas, territoriais e afetivas de cuidado. Romper com essas estruturas é essencial para a construção de um cuidado emancipador e anticolonial.
O ACESSO A EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL NA CRISE DA COVID-19: DESAFIOS DA SEGURANÇA DA SAÚDE GLOBAL
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
A pandemia de covid-19 expôs a fragilidade da Segurança da Saúde Global, trazendo ao centro do debate o acesso a Equipamentos de Proteção Individual (EPI). A escassez de insumos essenciais para os profissionais de saúde na linha de frente comprometeu a capacidade de resposta à crise sanitária, gerando discussões sobre as cadeias de suprimentos e a equidade na distribuição.
Objetivos
Analisar os desafios no acesso a EPI durante a pandemia de covid-19. Especificamente, identificar os fatores que levaram à sua escassez e analisar os impactos dessa insuficiência na resposta global à crise sanitária.
Metodologia
Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, com abordagem qualitativa, exploratória e descritiva. Realizou-se uma busca e seleção de materiais bibliográficos (artigos científicos, relatórios de organizações internacionais como OMS e OPAS) em bases de dados científicas. A análise focou nos fatores que impactaram a cadeia de suprimentos de EPI, as estratégias de mitigação adotadas e as consequências da escassez para os sistemas de saúde e seus profissionais durante a pandemia de covid-19.
Resultados
A escassez global de EPI foi inevitável e multifatorial, agravada pela alta demanda, compra descontrolada e interrupções na cadeia produtiva, altamente dependente da Ásia. A crise expôs a vulnerabilidade dos países a restrições de exportação e a inadequação dos mecanismos de mercado para regular bens públicos globais. A falta de EPI resultou em maior risco de infecção para profissionais de saúde, aumento da ansiedade e problemas de saúde mental, além de ter exacerbado as desigualdades no acesso à saúde, principalmente em países de baixa e média renda.
Conclusões/Considerações
A crise da covid-19 demonstrou que a segurança sanitária global exige mais do que prontidão técnica, demandando investimentos em infraestruturas de saúde resilientes e em cadeias de suprimentos robustas e equitativas. Falta desenvolver mecanismos de governança global e cooperação internacional para garantir o acesso a insumos essenciais em futuras pandemias, de forma a reduzir dependências e promover a equidade no acesso.
LIÇÕES DA COVID-19 PARA A SAÚDE GLOBAL: ANÁLISE COMPARATIVA DAS RESPOSTAS DE BRASIL, ARGENTINA E ESTADOS UNIDOS
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
Este trabalho analisa as diferentes capacidades de resposta e modelos de enfrentamento do Brasil, Argentina e Estados Unidos à pandemia da Covid-19. A análise inclui os dois países com maior número de mortes e explora distintas arquiteturas de saúde e dinâmicas políticas de resposta a crises enquanto um campo rico para a compreensão da Segurança da Saúde Global e lições para o futuro.
Objetivos
Analisar comparativamente a resposta à pandemia de Covid-19 do Brasil, Argentina e Estados Unidos, identificando fragilidades e convergências em seus modelos de enfrentamento para extrair lições à abordagem de futuras crises sanitárias.
Metodologia
Estudo qualitativo, exploratório, baseado em estudo de caso comparativo, com revisão bibliográfica e análise documental. A metodologia envolveu a análise de políticas públicas, diretrizes de organismos internacionais (OMS/OPAS), dados demográficos e epidemiológicos e produção científica sobre a resposta à Covid-19 nos três países, até dezembro de 2023. Foram comparadas estratégias de contenção, governança federativa, capacidade instalada e indicadores como o Global Health Security Index (GHSI) e taxas de mortalidade.
Resultados
A análise revelou um descompasso entre a capacidade teórica e a resposta efetiva. Os EUA, apesar da liderança no GHSI, tiveram uma resposta fragmentada e politizada, com altas taxas de mortalidade. A Argentina demonstrou agilidade inicial com medidas centralizadas, mas a resposta foi erodida por tensões federativas e fragilidades socioeconômicas. O Brasil, dotado de um sistema universal (SUS) com grande capilaridade, teve sua capacidade minada pela ausência de coordenação federal, pelo negacionismo político e pelo subfinanciamento crônico, resultando em uma das maiores mortalidades do mundo.
Conclusões/Considerações
A pandemia demonstrou que a governança, a coordenação federativa e a confiança no governo e na ciência são fatores mais determinantes para o sucesso da resposta a uma crise sanitária do que apenas a capacidade do setor saúde ou a riqueza do país. As lições das experiências de Brasil, Argentina e EUA reforçam a necessidade de fortalecer a saúde pública, o diálogo político e mecanismos de proteção social como pilares da Segurança da Saúde Global.
EPISTEMICÍDIO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: REFLEXÕES SOBRE APAGAMENTOS E VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DE GRUPOS VULNERABILIZADOS
Pôster Eletrônico
1 Universidade Federal do Ceará (UFC)
Apresentação/Introdução
Este é um estudo exploratório que se propõe a refletir sobre a violação dos direitos humanos de “minorias” sociais por uma forma simbólica e oculta que chamamos de epistemicídio. Com a obra de Sueli Carneiro, entendemos o epistemicídio como a morte do conhecimento, sendo um dos dispositivos que a colonização branca e europeia operou sobre os povos que dominou, em sua maioria negros e indígenas.
Objetivos
Objetivamos compreender na literatura científica brasileira, produzida nos últimos 20 anos, o conceito de epistemicídio e como ele dialoga com o de direitos humanos, considerando a relevância deste tema ainda invisibilizado na Saúde Coletiva.
Metodologia
Realizamos uma análise narrativa de literatura nas bases Scielo e Portal de Periódicos da Capes. A busca foi realizada em dezembro de 2024, com publicações do período que compreende 2004 a 2024. Utilizando os descritores combinados “epistemicídio” e “direitos humanos” encontramos somente 3 trabalhos. Assim, partimos para o uso apenas do descritor “epistemicídio”, realizando uma análise qualitativa dos estudos encontrados. Dos 185 documentos, selecionamos 18 artigos relacionados à temática dos direitos humanos. Verifica-se uma produção incipiente até 2010, com um crescimento acentuado a partir de 2020, quando epistemologia decolonial tem ganhado força em espaços acadêmicos do sul global.
Resultados
Os trabalhos apontam para o apagamento dos saberes afrodiaspóricos e dos povos originários, fundamentais para as interpretações e práticas de vários campos do conhecimento. O epistemicídio é apresentado como forma de violação oculta dos direitos humanos de minorias sociais como negros, mulheres e indígenas. Essa violação se processa no âmbito do direito à vida, à saúde, às terras, à educação, entre outros. Apesar disso, resistências são identificadas, incidindo em políticas públicas no Brasil e em outros países da América Latina e África. A educação decolonial é apresentada como uma forma de proteção dos direitos humanos dos grupos sociais subalternizados.
Conclusões/Considerações
A discussão sobre o epistemicídio é crucial para a Saúde Coletiva. Ele é uma forma disfarçada e gradual de tirar direitos de grupos sociais com pouco ou nenhum poder. Saberes são apagados e direitos são violados, assim como formas de cuidado e bem viver. A educação e a ciência necessitam ser decoloniais, antirracistas e engajadas na proteção dos direitos humanos de todos, especialmente dos grupos vulnerabilizados.
ANÁLISE CULTURÔMICA COMO ESTRATÉGIA METODOLÓGICA PARA ESTUDO DO ESTIGMA DO PESO EM REDES SOCIAIS: RESULTADOS PRELIMINARES BASEADOS NO YOUTUBE BRASIL
Pôster Eletrônico
1 UFPB
2 UFRN
3 SES-MS
4 UFOP
5 UERJ
6 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
O estigma do peso opera como forma de violência com impactos significativos na saúde e tem ganhado escala em contextos digitais. A análise culturômica, abordagem baseada na análise de comportamentos em redes sociais, permite a identificação de discursos estigmatizantes para compreender o fenômeno do estigma na sociedade e fomentar o delineamento de estratégias para sua erradicação.
Objetivos
O objetivo do projeto é aplicar a abordagem culturômica para analisar a evolução temporal do estigma de peso/gordofobia em comentários do YouTube.
Metodologia
Realizamos um estudo computacional em múltiplas etapas para investigar o estigma relacionado ao peso em conteúdos em língua portuguesa no YouTube. Nossa abordagem envolveu a obtenção de dados por meio da API da plataforma YouTube, seguida da aplicação de técnicas de processamento de linguagem natural para refinar esses dados. Em seguida, utilizamos modelos de aprendizado de máquina para classificação e análise temática, além de examinarmos estatisticamente padrões temporais e o engajamento dos usuários. Utilizamos linguagem de programação Python para realização do estudo.
Resultados
Os comentários gordofóbicos nos vídeos brasileiros começaram a surgir de forma mais expressiva em 2017 e 2018, com picos epidêmicos em setembro de 2018, fevereiro de 2023 e no mesmo mês em 2025. Apesar dos comentários gordofóbicos apresentarem um aumento ao longo do tempo, com um maior número surgindo após 2023, há uma diminuição dos comentários contendo gordofobia explícita e um aumento da gordofobia implícita. Comentários gordofóbicos aparecem cerca de 1,41 vezes mais em vídeos classificados como gordofóbicos (p < 0.01) e não há diferenças no engajamento dos comentários gordofóbicos e não gordofóbicos (médias de likes de 12.06 e 11.20, respectivamente, p = 1.0).
Conclusões/Considerações
A persistência da gordofobia nas redes, mesmo em formas sutis, exige respostas intersetoriais. A análise culturomica oferece subsídios para políticas públicas que enfrentem o estigma de peso nos ambientes digitais e offline, promovendo ações de educação, regulação de conteúdo e promoção da saúde que respeitem a diversidade corporal.
MAPEAMENTO DAS DOENÇAS RELACIONADAS AO SANEAMENTO AMBIENTAL INADEQUADO (DRSAI) NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ANTES DA CONCESSÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO
Pôster Eletrônico
1 Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente - FIOCRUZ/ENSP, Projeto de Pesquisa Vigilância Popular em Saneamento e Saúde
2 Projeto de Pesquisa Vigilância Popular em Saneamento e Saúde
3 Projeto de Pesquisa Vigilância Popular em Saneamento e Saúde; Cooperação Social da Presidência da Fiocruz
4 FIOCRUZ/ENSP - Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental; Projeto de Pesquisa Vigilância Popular em Saneamento e Saúde
5 1-Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente - FIOCRUZ/ENSP; 2- Programa de Engenharia Ambiental – PEA/UFRJ; 3-FIOCRUZ/ENSP - Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental; 4-Projeto de Pesquisa Vigilância Popular em Saneamento e Saúde
Apresentação/Introdução
Água e saneamento são direitos humanos, mas o Estado do Rio de Janeiro (ERJ) ainda enfrenta elevado déficit de acesso a esses serviços. Desde 2021, a concessão a empresas tem restringido o acesso a esses serviços, principalmente em áreas socioeconomicamente vulneráveis. Assim, favorece a ocorrência de Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI), que indicam riscos à saúde pública.
Objetivos
Mapear a ocorrência de Doenças Relacionadas Ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI) nos municípios do Estado do Rio de Janeiro, no período de 2017 a 2021, a fim de verificar as condições antes da concessão dos serviços de saneamento no Estado.
Metodologia
Estudo exploratório com dados secundários sobre DRSAI no período de 2017 a 2021 (antes da concessão do saneamento). Os dados do DATASUS foram coletados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação e pelo Sistema de Internação Hospitalar. Foram analisadas 10 DRSAI consideradas de notificação compulsória: dengue; doença de chagas; esquistossomose; febre amarela; febre tifoide; hepatite A; leishmaniose tegumentar; leishmaniose visceral; leptospirose; e malária. Dados socioeconômicos obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para calcular a taxa de incidência (TI) de DRSAI por município e casos de internação hospitalar por favelas e Comunidades Urbanas (FCU).
Resultados
Entre 2017 e 2021, a TI de DRSAI foi de 79,2/100 mil habitantes no ERJ. As maiores TI foram em São Francisco de Itabapoana (578,1), Miracema (561,6) e Vassouras (493,8). A dengue teve a maior TI, 76/100 mil hab., seguida pela leptospirose com 1/100 mil hab. Em FCU, corroboraram, foram 28 casos por leptospirose e 18 casos por Dengue. Em FCU a maior frequência de DRSAI foi na zona norte, centro e baixada fluminense. O ano de 2019 apresentou a maior TI, 217/100 mil no ERJ, coincidindo com o aumento de casos de dengue no verão deste ano. 2021 teve a menor incidência, influenciado pela pandemia de COVID-19. A febre tifoide teve a menor taxa de incidência, de 0,01 caso/100 mil habitantes.
Conclusões/Considerações
Os municípios do noroeste fluminense, e as FCU da zona norte, centro e baixada fluminense apresentaram as maiores incidências de DRSAI no ERJ, indicando carência de saneamento básico nestas regiões. Menores taxas ocorreram nos municípios da região serrana, sugerindo melhores condições de infraestrutura de saneamento. O ERJ apresentou elevada incidência, evidenciando problemas no saneamento, e onde devem ser priorizados os serviços para promoção da saúde.
ACESSO AO CUIDADO EM SAÚDE BUCAL POR PESSOAS ALBERGADAS: ANÁLISES INICIAIS DE UM ESTUDO QUALITATIVO
Pôster Eletrônico
1 UFU
Apresentação/Introdução
O acesso à saúde bucal permanece desigual para populações em situação de vulnerabilidade social, como as pessoas em situação de rua. A vivência temporária em albergues pode modificar essa relação com os serviços de saúde, ao mesmo tempo em que revela barreiras persistentes de acesso e permanência no cuidado odontológico, marcadas por estigmas e dificuldades estruturais.
Objetivos
Compreender os significados produzidos por pessoas em situação de rua acolhidas em albergues sobre o acesso ao cuidado em saúde bucal, considerando as barreiras enfrentadas e o papel dessas instituições como possíveis mediadoras de cuidado.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa conduzida com pessoas albergadas em um município do estado de Minas Gerais. A amostragem foi intencional e delimitada por saturação teórica. As informações foram obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas, conduzidas com o auxílio de um roteiro temático. A análise dos dados foi pautada na Teoria Fundamentada nos Dados, o que possibilitou a identificação de quatro categorias. Foram realizadas 12 entrevistas, que forneceram subsídios para a compreensão dos sentidos atribuídos ao cuidado em saúde bucal nesse contexto de acolhimento institucional.
Resultados
A análise qualitativa revelou quatro categorias principais: Situação de Rua prejudicando a Saúde Bucal; Barreiras percebidas no Sistema Único de Saúde; Consequências das discriminações sofridas; O albergue como mediador para os serviços essenciais. As dificuldades apontadas incluem a falta de documentos, constrangimento e um sistema de saúde fragmentado. Embora os albergues contribuam com suporte e encaminhamentos, seu impacto é condicionado pela fragilidade das conexões com os serviços de saúde bucal.
Conclusões/Considerações
O estudo evidencia que, embora os albergues possam representar um ponto de apoio ao cuidado, o acesso à saúde bucal permanece limitado por fatores estruturais, preconceitos e insuficiente articulação entre serviços. As ações de saúde devem considerar a complexidade dessa população, fortalecendo os vínculos institucionais e promovendo abordagens integrais e menos discriminatórias.
MIGRANTES INTERNACIONAIS NO BRASIL: ACESSO À SAÚDE E ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE.
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Apresentação/Introdução
Este estudo é um dos resultados da pesquisa: "Acesso à saúde e vulnerabilidades de migrantes internacionais no contexto de disseminação da COVID-19:uma pesquisa interinstitucional em rede colaborativa". Este analisa as contradições entre as diretrizes para o atendimento qualificado à população migrante no Sistema Único de Saúde (SUS) e os relatos de migrantes que acessaram o SUS.
Objetivos
As diretrizes técnicas e práticas para o atendimento da população migrante salientam o fortalecimento do cuidado integral. Contudo, os dados relatam que ainda há barreiras como linguística e sócio econômicos nos itinerários terapêuticos
Metodologia
O estudo qualitativo, por meio da etnografia multissituada realizou entrevistas semiestruturadas com 84 migrantes internacionais dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Amazonas, Mato Grosso. Os critérios de seleção foram: maiores de 18 anos e residentes no Brasil. Os dados foram coletados entre outubro de 2022 a janeiro de 2023.
Resultados
As populações migrantes ou pessoas em deslocamento não devem ser limitas ao aspecto de apenas atravessamento geográfico entre países. Pensar essas populações nos princípios do SUS deve-se, também, considerar a circulação e acesso a todos os espaços socioculturais e no acesso aos diferentes serviços públicos do país de acolhida. A exemplo do acesso à renda, mercado de trabalho e, principalmente, acesso à saúde. Para além do recebimento dessa população, é necessário acolher e inserir nas políticas sociais do país. O acesso ou não a esses espaços pode ser fator de impacto no direito à saúde dos migrantes internacionais.
Conclusões/Considerações
As populações migrantes, que vivem a mais tempo no país, reconhecem o fortalecimento das diretrizes a equidade no acesso à saúde. Porém, os relatos também demonstram que ainda há gargalos no asseguramento do cuidado integral e a promoção da saúde, alinhadas aos princípios do SUS e aos tratados internacionais orientados pela Organização Internacional para as Migrações.
UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE PRISIONAIS: ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS NO SUS PARA O CUIDADO DE PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE NO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DA PAPUDA – DF
Pôster Eletrônico
1 IMS-UERJ
2 SES-DF
3 SESAB-BA
Apresentação/Introdução
A população privada de liberdade no Brasil está entre as maiores em números absolutos, quando comparados com outros países, sendo 849.860 pessoas em cumprimento de pena em 2024. Ofertar acesso à saúde com qualidade, dignidade e equidade para pessoas privadas de liberdade constitui um desafio para o Sistema Único de Saúde.
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo discutir as estratégias e práticas das equipes de saúde da Papuda/DF, analisando a relação entre os caminhos na micropolítica para fortalecer o cuidado e a articulação em rede com as prescrições da macropolítica.
Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa exploratória, com revisão da literatura sobre Saúde Prisional, Trabalho em Saúde, Integralidade e APS. As técnicas de campo incluíram grupo focal com equipes das UBSP da Papuda/DF, entrevistas semiestruturadas, observação participante com uso de narrativas em saúde e análise documental. Os dados foram interpretados por Análise de Conteúdo, dialogando com o campo e a literatura. As categorias analíticas foram: acesso, coordenação do cuidado, integralidade, longitudinalidade, família, relações interpessoais e vínculo, território, cultura e comunidade e saúde mental.
Resultados
As políticas de saúde prisional nacional e do DF favorecem a articulação entre SEAPE e SES-DF, apoiando o trabalho das equipes da Papuda. A comunicação com a rede de atenção ainda é um desafio. Há potencial para ampliar o uso de PTS, ações coletivas, intersetoriais e práticas integrativas, promovendo a integralidade e a desmedicalização. O território apresenta vulnerabilidades e restrições institucionais, impactando as relações profissionais-pacientes. O estudo dá visibilidade às práticas de cuidado e pode subsidiar o aprimoramento de políticas e ações na saúde prisional.
Conclusões/Considerações
O estudo buscou compreender a identidade da APS Prisional no DF, analisando a distância entre políticas e práticas no cotidiano das equipes de saúde. Evidenciou-se a complexidade do território-prisão, os desafios da integração com a rede SUS, a diversidade de práticas e a necessidade de articulação intersetorial, valorizando estratégias de cuidado integral, mesmo em contextos adversos.
NEGOCIAÇÕES DO ACORDO SOBRE PANDEMIAS: UM ESTUDO CRÍTICO DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA NO ÂMBITO DO ÓRGÃO INTERGOVERNAMENTAL DE NEGOCIAÇÃO (OIN).
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
A possibilidade de adotar um acordo internacional sobre pandemias no âmbito da Organização Mundial da Saúde (OMS) surgiu no segundo ano da pandemia de covid-19. A proposta se inscrevia na esteira do aumento das iniquidades sociais, em razão de uma resposta internacional à crise sanitária frágil e desigual, aquém das necessidades internacionais, regionais e locais.
Objetivos
Analisar as negociações do acordo sobre pandemias da OMS sob a perspectiva de representantes brasileiros de organizações sociais. E avaliar como o Estado brasileiro envolveu a sociedade civil na formulação de suas posições sobre tal instrumento.
Metodologia
As técnicas de pesquisa utilizadas são: revisão da literatura narrativa relacionada ao campo da saúde global e sociedade civil; pesquisa documental e estudo de caso. A metodologia escolhida para analisar o estudo de caso é o process tracing, o qual está relacionado à investigação das relações causais de um determinado caso, assim como seus efeitos. O estudo de caso será verificado através da realização de entrevistas com representantes brasileiros de organizações da sociedade civil, envolvidos no processo de negociação do acordo e/ou reconhecidos como importantes no acompanhamento e apropriação deste processo.
Resultados
Como resultados preliminares, nota-se dois tipos de tensões nas negociações. O primeiro ligado ao processo, ou seja, às decisões de condução que limitaram a participação da sociedade civil e dos países em desenvolvimento. A sociedade civil teve acesso restrito às discussões, sendo forçada a buscar outros canais para que as delegações pudessem ouvir e avaliar suas posições. O segundo trata-se do conteúdo das obrigações assumidas pelos Estados: a discussão principal é sobre acesso a patógenos e repartição de benefícios, tema que revela a influência do setor privado sobre a governança da saúde global, acentuando o embate entre Norte e Sul Global.
Conclusões/Considerações
Apesar da aprovação do acordo sobre pandemias, na 78ª Assembleia Mundial da saúde, persiste a dificuldade em alcançar consensos e a resistência dos países do Norte Global em fazer concessões, resultando em um acordo frágil, no sentido de refletir pouco a crítica de entidades que representam as populações e apontam suas principais demandas e dificuldades, principalmente durante a pandemia de covid-19.
ACOLHIMENTO, PERMANÊNCIA E EXPERIÊNCIA DE ESTUDANTES ESTRANGEIROS EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO SUPERIOR NO ESTADO DA BAHIA.
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Apresentação/Introdução
A internacionalização da educação superior tem sido compreendida como um fenômeno complexo. O estudo tem como questão de investigação: quais documentos publicados pela UFBA e/ou pelo Instituto de Saúde Coletiva abordam temas relacionados ao acolhimento, à experiência e à permanência de estudantes estrangeiros na instituição? Quais encaminhamentos ou tratativas foram descritos nesses materiais?
Objetivos
Mapear e analisar documentos relacionados ao acolhimento e permanência de estudantes estrangeiros em uma instituição pública de ensino superior no estado da Bahia.
Metodologia
O estudo realizado é uma pesquisa qualitativa exploratória, que utilizou a análise documental como técnica de coleta de dados. Foram examinados documentos disponíveis no site da Universidade Federal da Bahia e suas instâncias, no período entre 16 de outubro e 10 de novembro de 2023. Para a análise do material, foi adotado um roteiro estruturado com questões derivadas das categorias (acesso, acolhimento e políticas de permanência).
Os documentos foram caracterizados segundo seu gênero textual, forma (incluindo documentos oficiais, resoluções, regimentos, editais, documentos informativos, manuais, guias e cartilhas), além do título e do assunto tratado.
Resultados
A análise documental foi organizada em três categorias. No acesso, destacam-se critérios de ingresso e intercâmbio para estudantes estrangeiros, com vagas e bolsas reguladas por agências de fomento. Programas como Preciosa e Amigo UFBA incentivam a mobilidade e apoio linguístico. No acolhimento, a UFBA oferece orientações sobre documentação, serviços institucionais, estrutura dos cursos, informações sobre a cidade de Salvador, noções básicas do Sistema Único de Saúde (SUS) e direitos dos imigrantes. Na permanência, os serviços da universidade, bolsas e o Programa Amigo UFBA contribuem para a integração e continuidade dos estudos.
Conclusões/Considerações
O estudo apresentou limitações metodológicas e práticas, como a amostragem não representativa e o tempo reduzido para elaboração da pesquisa. Destaca-se a ausência de políticas institucionais robustas, apesar da relevância crescente do tema diante da nova Lei de Migrações. A experiência possibilitou aprendizado coletivo e recomenda-se aprofundar a temática e incluí-la no Plano Diretor do Instituto.
BEM-ESTAR NA PERSPECTIVA DOS POVOS DA AMAZÔNIA: UMA ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE VIDA E SAÚDE NA RDS DO RIO NEGRO-AM
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1 UEA
Apresentação/Introdução
Introdução: A relação entre qualidade de vida e desenvolvimento econômico fundamentada na renda reduz a noção de bem-estar na perspectiva amazônica, pois ignora dimensões fundamentais como a soberania territorial, autonomia cultural e conhecimentos tradicionais que estruturam a vida dos povos da região.
Objetivos
Objetiva-se analisar as condições de vida e saúde das famílias da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro (RDS Rio Negro), com ênfase na caracterização do que entendem por seu bem-estar, de modo a evidenciar as múltiplas dimensões.
Metodologia
Metodologia: A RDS Rio Negro está situada na região metropolitana de Manaus, à margem direita do Rio Negro, possui 19 comunidades rurais, aproximadamente 622 famílias residem no território (AMAZONAS, 2016). Trata-se de uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa na coleta de dados, combinando técnicas como: formulários socioeconômicos, entrevistas semiestruturadas, observação direta e mapeamento participativo.
Resultados
A maioria das famílias na reserva vive com menos de um salário-mínimo, dependendo da agricultura e pesca artesanal. As precárias condições de vida e saúde levam moradores e gestores a questionarem os modelos sustentáveis das Unidades de Conservação na Amazônia, que falham em promover mudanças estruturais no bem-estar. Para eles, saúde está ligada ao controle coletivo do território, exigindo uma reformulação das políticas que não abrangem essa complexidade.
Conclusões/Considerações
Em conclusão, as famílias da RDS do Rio Negro enfrentam desafios para alcançar o bem-estar baseado na ideia de abundância, especialmente na autonomia alimentar. É preciso tencionar a eficácia ambiental das Unidades de Conservação frente à fragilidade das políticas sociais, que perpetuam desigualdades e precariedade. Destaca-se que a UC não pode se limitar a um marco simbólico, desvinculado das realidades concretas dos territórios.
ESCUTAR, AFETAR-SE E RESISTIR: NOTAS DE CAMPO DE UMA MULHER PESQUISADORA COM MULHERES MIGRANTES INTERNACIONAIS
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1 Instituto de Saúde Coletiva/Universidade Federal de Mato Grosso
Apresentação/Introdução
Este relato nasce da travessia de uma mulher pesquisadora entre outras mulheres migrantes internacionais em Cuiabá/MT, durante a pandemia de Covid-19. Ao investigar suas múltiplas vulnerabilidades, o campo revelou mais que dados: emergiu como território de afetos e resistências. Assumiu-se, aqui, o compromisso ético de uma escuta implicada.
Objetivos
Narrar os deslocamentos ético-metodológicos enfrentados pela pesquisadora na escuta de mulheres migrantes em situação de vulnerabilidade durante a pandemia, refletindo sobre as marcas deixadas no corpo, na escrita e na produção de conhecimento.
Metodologia
Pesquisa qualitativa com mulheres haitianas e venezuelanas residentes em Cuiabá/MT, participantes do projeto nacional “Acesso à saúde e vulnerabilidades de migrantes internacionais no contexto da Covid-19”. A seleção se deu majoritariamente por bola de neve, diante do medo e da insegurança. A escuta, mais que coleta, foi prática ética. A transcrição exigiu cuidado e autorreflexão sobre como dar forma à dor sem estetizá-la. A perspectiva feminista e decolonial norteou a análise, valorizando o saber situado e a implicação do corpo na produção do conhecimento.
Resultados
O campo mostrou que, antes mesmo da fala, havia cuidado. Uma mulher, mesmo com o básico escasso, preparou comida, ofereceu seu cartão de transporte porque o da pesquisadora havia falhado, e esperou sob a chuva até que ela embarcasse em segurança. A escuta da dor foi arrebatadora: ausência da família, abandono, fome, filhos deixados para trás. A vontade de segurar suas mãos foi real — mas conter-se era uma escolha ética. A escrita se tornou extensão desse compromisso com uma escuta que não reduz. Os gestos reconfiguraram o papel da pesquisadora: mais que observadora, corpo atravessado e convocado à resistência. O campo produziu vínculos e sentidos – não apenas dados.
Conclusões/Considerações
O campo foi espaço de deslocamento epistemológico. Ouvir, transcrever e escrever exigiram o reconhecimento dos limites da objetividade e da força do afeto como motor ético. Este relato restitui algo do que essas mulheres ofertaram, mesmo sem ter. Escutar suas dores é resistir à desumanização. Produzir conhecimento, aqui, foi também afirmar: afeto não é fraqueza – é força política.
ENFRENTAMENTO DOS DETERMINANTES COMERCIAIS DA SAÚDE E A PROMOÇÃO DA EQUIDADE SOCIAL E EM SAÚDE PELA PERSPECTIVA DE GRUPOS VULNERABILIZADOS
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1 Universidade Federal Fluminense; ACT Promoção da Saúde
2 Universidade Federal Fluminense
3 Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz
Apresentação/Introdução
Os determinantes comerciais da saúde (DCS) são os caminhos por onde os atores comerciais (AC) influenciam a saúde e a equidade, sobretudo no Sul Global, onde a regulação é mais flexível. Isso favorece o consumo de produtos nocivos, a degradação ambiental e condições de trabalho precárias, o que aprofunda desigualdades entre e dentro dos países, com transferência de riquezas ao Norte Global.
Objetivos
Considerando o papel dos DCS no acirramento das desigualdades, o presente trabalho buscou analisar como a literatura aborda propostas de enfrentamento ao problema pela perspectiva dos grupos vulnerabilizados e suas especificidades.
Metodologia
Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, através da busca de descritores-chave nas bases PubMed/Medline e Scopus, considerando publicações de 2019 a 2024. A coleta dos dados foi realizada entre outubro e dezembro de 2024. Foram utilizados os termos: “commercial determinants of health” AND “health equity”; “commercial determinants of health” AND “health inequities”; “commercial determinants of health” AND “colonialism”; “commercial determinants of health” AND “equity”; “commercial determinants of health” AND “social determinants of health”. Foram incluídos estudos que trouxessem propostas de endereçamento dos DCS, sobretudo pela perspectiva dos grupos vulnerabilizados.
Resultados
Foram encontrados 31 estudos, mas apenas seis atenderam aos critérios de inclusão. Cinco estudos foram conduzidos na Austrália, dos quais dois analisaram os DCS pela perspectiva de comunidades indígenas na região de Vitória, sendo os únicos que trouxeram propostas de enfrentamento ao problema pela visão de grupos e indivíduos vulnerabilizados. Outros três estudos reconheceram os impactos dos DCS sobre a equidade mas trouxeram propostas generalistas de enfrentamento, sem considerar particularidades de grupos vulnerabilizados. Por fim, apenas um estudo abordou as consequências dos DCS, tendo sido sobre a população rural do Canadá, país do Norte Global.
Conclusões/Considerações
A literatura sobre equidade e DCS ainda é escassa e pouco centrada nas particularidades de grupos vulnerabilizados, com predominância de propostas de enfrentamento generalistas, como taxação global de transnacionais e responsabilização dos AC sobre direitos humanos. Nesse sentido, urge a incorporação de perspectivas locais, sobretudo de grupos e indivíduos do Sul Global, para elaborar políticas efetivas e universais de enfrentamento dos DCS.
MIGRAÇÃO INTERNACIONAL FEMININA NO BRASIL (2000–2024): ANÁLISE COMPARATIVA DOS PERFIS E DESAFIOS EM PORTO ALEGRE, RIO DE JANEIRO E BOA VISTA
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1 UFRGS
2 Fundação Oswaldo Cruz, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
3 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa investiga a migração internacional feminina no Brasil entre 2000 e 2024, com foco nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Boa Vista. Analisa os perfis das migrantes, suas condições de vida e os desafios enfrentados, considerando os contextos sociais, políticos e culturais que moldam suas experiências e trajetórias.
Objetivos
Analisar os perfis, condições de vida e desafios enfrentados por mulheres migrantes internacionais no Brasil entre 2000 e 2024, em três cidades com distintos contextos sociais.
Metodologia
A pesquisa utilizou microdados do Sistema de Registro Nacional Migratório (SISMIGRA), disponibilizados pelo Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), entre 2000 a 2024. Foram analisadas variáveis como sexo, faixa etária, estado civil, nacionalidade, unidade federativa de residência, tipo de registro migratório e profissão. Realizaram-se adaptações para manter a comparabilidade histórica dos dados, especialmente quanto à classificação regional e terminologia. A análise contemplou o país e três cidades polos — Porto Alegre, Rio de Janeiro e Boa Vista —, com organização em planilhas de valores absolutos e frequências relativas, destacando a presença feminina e especificidades regionais.
Resultados
Boa Vista teve a maior proporção de mulheres migrantes (76,2%), seguida pelo RJ (69,6%) e Porto Alegre (18,7%), que apresentou menor participação feminina. A faixa etária predominante foi de 25 a 39 anos no Rio e Porto Alegre, enquanto Boa Vista destacou-se pela presença significativa de crianças, refletindo fluxos familiares emergenciais. A maioria das mulheres era solteira, ultrapassando 87% em Boa Vista. Rio e Porto Alegre tiveram mais casadas. O Rio apresentou maior diversidade nacional, com 108 nacionalidades, e Boa Vista, 96,3% venezuelanas. Registros temporários foram predominantes, e as profissões mais comuns incluíram estudantes e trabalhadoras domésticas.
Conclusões/Considerações
A análise mostra predominância de migrantes jovens e solteiras. Boa Vista destaca-se pela concentração de venezuelanas e registros temporários, refletindo desafios diferentes do Rio e Porto Alegre, com mais residências definitivas. O olhar atento à interseccionalidade que atravessa a experiência das mulheres migrantes é fundamental para garantir o acesso a direitos, a promoção da equidade e a construção de estratégias eficazes de integração social.
PERSPECTIVA BRASILEIRA EM DIPLOMACIA DA SAÚDE E SAÚDE GLOBAL
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
A expansão do campo de estudos da Saúde Global e Diplomacia da Saúde é consequência de sua evolução paradigmática, e da necessidade de ações conjuntas entre os países para o enfrentamento das emergências em saúde, e seu campo teórico vem destacando as discussões sobre descolonização. Apesar de histórica atuação internacional, é recente a institucionalização da Diplomacia em Saúde no Brasil
Objetivos
Se teve como objetivo verificar a consolidação de perspectiva brasileira de Saúde Global nos campos epistemológico e político.
Metodologia
Metodologicamente de abordagem qualitativa, foi realizada pesquisa bibliográfica, com revisão narrativa de literatura, e análise de conteúdo em pesquisa documental.
Resultados
Como resultados, se foi verificado que confluência histórica da atuação do setor saúde e da chancelaria foi utilizada para garantia da segurança sanitária, na geração de autonomia, na proteção dos setores econômico e produtivo nacionais, na criação de organismos internacionais e na Cooperação Sul-Sul em saúde; além do mais, foi possível constatar que a atuação epistemológica e política brasileira compreende teorias de descolonização da saúde global, seguindo princípios éticos de justiça e equidade, e a práxis de abertura de espaços e de posições de poder para indivíduos de comunidades marginalizadas, como forma de inclusão nos processos de tomada de decisão que podem afetar sua saúde.
Conclusões/Considerações
Conclui-se que o Brasil logrou êxito ao criar espaço institucional para a sua Diplomacia da Saúde, dada a ampliação de discussão temática fora dos espaços tradicionalmente reservados para as discussões internacionais sobre saúde; ademais, a expansão de estudos sobre saúde global nos centros de pesquisa nacionais fortalece a consolidação de campo epistemológico e político de perspectiva do Sul Global, com princípios e práxis decoloniais.
PERFIL DE ÓBITOS E CAUSAS DA MORTALIDADE DE MIGRANTES INTERNACIONAIS NO BRASIL, 2011-2022
Pôster Eletrônico
1 Ministério da Saúde
2 UFRJ
3 UERJ
Apresentação/Introdução
A relação entre migrações internacionais e a saúde global tem conquistado interesse crescente da ciência, da mídia e da população. Atualmente o Brasil possui 1,6 milhão de migrantes internacionais residentes, mas a morbimortalidade dessa população é desconhecida, uma vez que há poucos dados sobre a saúde deles.
Objetivos
Descrever o perfil de óbitos e analisar as causas da mortalidade de migrantes internacionais residentes no Brasil.
Metodologia
Trata-se de um estudo ecológico com dados secundários. Foram analisados os perfis sociodemográficos dos óbitos ocorridos entre 2011 e 2022. Foram apresentadas as frequências absolutas, relativas e o coeficiente de mortalidade (CM) por 100 mil habitantes por país de nascimento, macrorregião e unidade da federação (UF) de residência. Também foram analisadas as causas da mortalidade.
Resultados
Foram registrados 173.807 óbitos de migrantes internacionais entre 2011 e 2022, a maioria em 2021, com perfil de óbitos predominante de homens, faixa etária ≥81 anos, raça/cor da pele branca e viúvos, sendo a maioria nascida em Portugal. Os maiores CM foram de migrantes nascidos na Lituânia. As macrorregiões Sudeste e Sul do Brasil concentraram a maioria dos óbitos. Em quase todos os anos a maioria dos óbitos ocorreram de forma mais frequente por “doenças do aparelho circulatório”, porém em 2021 esse perfil mudou para “algumas doenças infecciosas e parasitárias” aparecendo como capítulo da CID-10 mais frequente. Essa mudança no perfil de óbitos ocorreu devido à pandemia de COVID-19.
Conclusões/Considerações
Esta pesquisa inédita evidenciou a necessidade de ações de saúde direcionadas para migrantes internacionais, porém a invisibilidade dessa população nos indicadores de saúde pública de forma geral dificulta a implementação de estratégias eficazes. Políticas que garantam acesso equitativo a serviços de saúde, medicamentos e vacinas são essenciais para melhorar a saúde dessa população a longo prazo.
SISTEMATIZAÇÃO DO PROJETO CAMINHOS DA EQUIDADE: TRILHAS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO COMBINADA DO HIV/AIDS, QUILOMBO BOCA DA MATA, SALVATERRA, ILHA DO MARAJÓ - PA
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1 FIOCRUZ - BRASILIA
2 FIOCRUZ - BRASÍLIA
Apresentação/Introdução
A equidade, um dos princípios do SUS está relacionado com os conceitos de igualdade e justiça social. Ainda persistem desafios no que se refere a prática desse princípio no cotidiano de populações quilombolas. A pesquisa aponta a necessidade de aportar o conhecimento acadêmico a partir da interpretação das práticas do território onde mulheres quilombolas vivenciam iniquidades históricas.
Objetivos
O trabalho teve por objetivo sistematizar a experiência vivenciada pelas mulheres participantes das oficinas oferecidas no projeto Caminhos da Equidade: Trilhas para a Promoção da Saúde e Prevenção Combinada do HIV e aids.
Metodologia
Trata-se de uma abordagem qualitativa, incluindo o método de sistematização de experiência proposto por Oscar Jara Holliday. O público-alvo das ações do projeto foram 20 mulheres residentes no Quilombo Boca da Mata, na Ilha do Marajó/PA, no período de novembro de 2023 a dezembro de 2024. A concepção do projeto foi baseada numa abordagem teórica que combinou os elementos da educação popular e educação entre pares para potencializar a participação ativa dos sujeitos no processo de ensino-aprendizagem, criando um espaço educativo que valoriza a autonomia, o protagonismo e o saber coletivo.
Resultados
As ações promovidas pelo projeto, configurou-se enquanto uma experiência significativa as participantes, ao capacitá-las para atuarem como multiplicadoras de ações de promoção de saúde, ampliando a capacidade de resposta das lideranças quilombolas. De forma a considerar a cultura local, os fatores históricos e estruturais que influenciam as condições de vida e saúde daquela população. Ao iniciar a trilha do partilhamento dos saberes sobre promoção de saúde foi essencial para abordar demais temas como: prevenção combinada ao HIV/Aids e outras IST´s, enfrentamento a violência de gênero, a equidade em saúde, racismo institucional, direito ao acesso a saúde integral daqueles que mais precisam.
Conclusões/Considerações
O processo de sistematização do projeto evidenciou o quanto se trata de uma experiência potente, inovadora e emancipadora para o território. Possibilitou ampliar a compreensão da experiência vivenciada e favorecendo sua divulgação, contribuindo para fortalecer o campo da saúde coletiva, inspirando o desenvolvimento de outras experiências pautadas nos “Caminhos da Equidade”.
DETERMINANTES DE VULNERABILIDADE DE PESSOAS IDOSAS QUE MORAM SOZINHAS: ANÁLISE QUALITATIVA EM TRÊS MUNICÍPIOS PAULISTAS
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1 FMABC
2 FMABC e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
3 Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
4 Faculdade de Medicina de Jundiaí
Apresentação/Introdução
O aumento de pessoas idosas que moram sozinhas nas grandes cidades exige atenção das políticas públicas. Este estudo qualitativo escutou suas vivências em três municípios paulistas, buscando compreender vulnerabilidades sociais, afetivas e de acesso ao cuidado no processo do envelhecimento para contribuir com evidências para políticas públicas mais inclusivas.
Objetivos
Analisar os determinantes estruturais e intermediários de vulnerabilidade que impactam pessoas idosas que vivem sozinhas, reconhecendo trajetórias de vida, barreiras territoriais e domiciliares.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, transversal, baseada em entrevistas semiestruturadas com 39 pessoas idosas residentes em Jundiaí, Santo André e São Paulo que ocorreram entre maio e junho de 2024, nos municípios de Jundiaí, Santo André e São Paulo, Estado de São Paulo. A coleta foi realizada entre maio e junho de 2024, em locais escolhidos pelos próprios participantes. As entrevistas foram transcritas e analisadas com apoio do software MAXQDA. A seleção da amostra seguiu critérios de diversidade de gênero, cor/raça, idade e situação de vulnerabilidade social.
Resultados
Entre os diversos achados, destaca-se o impacto da solidão sobre a saúde mental das pessoas idosas que vivem sozinhas. Muitos relataram sentimentos frequentes de tristeza, abandono e falta de escuta qualificada nos serviços de saúde. Esse sofrimento psíquico aparece atravessado por desigualdades sociais e por uma ausência de políticas públicas sensíveis às especificidades desse grupo.
Conclusões/Considerações
A solidão relatada pelas pessoas idosas mostra-se socialmente construída e agravada por lacunas estruturais. A escuta qualificada revela a urgência de políticas intersetoriais que combatam o isolamento, promovam redes de apoio e acesso humanizado. O estudo evidencia que viver sozinho, sob vulnerabilidades, adoece e silencia, exigindo ações públicas baseadas em evidências e respeito às diversas velhices.
EXPERIÊNCIAS DE MIGRANTES E REFUGIADOS LGBTQIA+ NO CONTEXTO DA AMÉRICA LATINA: VIOLÊNCIAS, RISCOS À SAÚDE E VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Pôster Eletrônico
1 UNB
Apresentação/Introdução
No contexto atual, o processo mundial de migração se destaca por sua elevação e notória periculosidade, seja em função dos inúmeros riscos vinculados às redes de tráfico humano, às violências presentes no trajeto, os riscos à saúde e também as próprias políticas de migração, as quais muitas vezes colaboram para a vulnerabilização de migrantes e refugiados.
Objetivos
O presente artigo tem por objetivo analisar as experiências de migrantes e refugiados LGBTQIA+ na América Latina, visando compreender as violências, riscos à saúde e violações de direitos humanos.
Metodologia
O estudo utiliza um método misto de abordagem qualitativa, incluindo uma revisão integrativa de literatura e uma pesquisa descritivo-exploratória. No que tange à revisão, ela incluiu o contexto da América Latina e adotou as seguintes bases de dados: Pubmed, Scopus, Wiley, Sage e BVS. Após os procedimentos de busca e seleção, a amostra foi constituída por 61 artigos. A pesquisa de campo ocorreu no Brasil, com a participação de oito representantes de ONGs que acolhem refugiados e migrantes LGBTQIA+ em cinco estados. Os instrumentos de pesquisa incluíram entrevistas semiestruturadas, diários de campo e registros em áudio.
Resultados
Os resultados mostram que múltiplos fatores influenciam a decisão de migrar, incluindo condições econômicas e políticas adversas, baixa qualidade de vida, violações de direitos humanos (como LGBTfobia) e falta de segurança e apoio. Os desafios começam na infância e adolescência, quando crianças e adolescentes são dependentes de seus familiares e expostos a várias formas de violência física e psicológica em espaços públicos e familiares. A exposição à violência persiste durante a viagem e após a chegada ao destino, prejudicando a saúde física e mental. Além disso, os desafios continuam no pós-migração, devido à falta de acolhimento, de uma rede de apoio adequada e à exclusão do mercado de trabalho.
Conclusões/Considerações
Esses fatores, interseccionados ao status migratório, classe, raça e gênero, afetam profundamente a qualidade de vida dessa população, ampliando o sofrimento e as violações de direitos humanos.
ANÁLISE DA SÉRIE TEMPORAL DA MORTALIDADE INFANTIL POR COMPONENTE ETÁRIO E EVITABILIDADE EM RECIFE, 2014 A 2023
Pôster Eletrônico
1 IAM/FIOCRUZ PE
2 UFPE
3 SES-PE
4 UPE
Apresentação/Introdução
Os óbitos infantis por causas evitáveis são definidos como mortes que poderiam ser prevenidas mediante intervenções eficazes e oportunas. Em Recife, estudos apontam que a mortalidade infantil está intimamente ligada à precariedade urbana, violência estrutural e barreiras no acesso aos serviços de saúde.
Objetivos
Analisar a série temporal da mortalidade infantil por componente etário e evitabilidade no Recife entre 2014 e 2023
Metodologia
Estudo ecológico composto por todos os óbitos infantis registrados no sistema de informação sobre mortalidade. Para cálculo da taxa de mortalidade infantil, utilizou-se dados provenientes do sistema de informação sobre nascidos vivos. A estatística descritiva foi utilizada para cálculo das frequências relativas e absolutas das características maternas e dos óbitos infantis. O modelo de regressão Joinpoint foi utilizado para análise da tendência temporal da mortalidade infantil por componente etário e por grupo de evitabilidade
Resultados
Foram notificados 2.308 óbitos infantis. Crianças do sexo masculino, raça/cor da pele negra, que nasceram com extremo baixo peso antes da 28ª semana gestacional, filhos de mãe com idade entre 10 e 14 anos, que nunca frequentou a escola e que tiveram parto realizado por via vaginal apresentaram maior risco de morte. Os óbitos foram, em sua maioria, evitáveis por atenção à mulher na gestação, sendo a principal causa de óbito as afecções maternas. Os óbitos reduzíveis por ações de promoção vinculada às ações de saúde apresentaram, entre 2014 e 2024, uma tendência crescente. A taxa de mortalidade pós-neonatal apresentou uma tendência crescente entre 2021 a 2023.
Conclusões/Considerações
A mortalidade infantil no Recife manteve-se estacionária, mas com tendência crescente dos óbitos no período pós-neonatal, evidenciando a urgência de estratégias integradas que qualifiquem o cuidado materno-infantil.
ENTRE GRADES E SILÊNCIOS: A NECROPOLÍTICA PENAL E O COLAPSO DOS DIREITOS HUMANOS NO EL SALVADOR DE EXCEÇÃO
Pôster Eletrônico
1 Discente doutorando Universidade Federal do Ceará, UFC
2 Doscente Dra. Universidade Federal do Ceará, UFC
Apresentação/Introdução
Desde março de 2022, El Salvador vive sob um regime de exceção que, embora justificado como resposta a uma escalada de homicídios, tem institucionalizado uma forma extrema de autoritarismo penal. O governo de Nayib Bukele implementou medidas como detenções massivas sem garantias judiciais, confinamentos prolongados, suspensão de direitos constitucionais, e a construção de mega prisões como o CECOT.
Objetivos
Este estudo analisa como tais práticas reconfiguram o sistema penitenciário salvadorenho em um espaço de violência estrutural, afetando de maneira devastadora a saúde e a dignidade das pessoas privadas de liberdade.
Metodologia
Este estudo reflexivo, a partir de uma abordagem qualitativa e crítica, com base em fontes de organizações como Cristosal, Human Rights Watch e CIDH, além de relatos jornalísticos e dados oficiais, demonstramos que as prisões salvadorenhas tornaram-se centros de sofrimento institucionalizado. A suspensão de garantias como o direito ao devido processo legal e à defesa, bem como a restrição de comunicação com familiares e acesso à saúde, viola princípios fundamentais do Estado de Direito.
Resultados
O impacto do regime é cruel para populações vulneráveis. Jovens pobres, grávidas e doentes crônicos são encarceradas sem provas, expostas a torturas, negligência médica e condições insalubridade. 83.600 detenções, superlotação carcerária, mortes sob custódia, tuberculose, surtos de sarna, coinfecções por HIV, relatos de abusos sexuais sistemáticos. O contexto revela um processo de necropolítica institucionalizada, o Estado administra a vida e morte dos cidadãos marginalizados. A retórica oficial, centrada na eliminação das maras, promove um imaginário de segurança baseado na punição e no extermínio. A paz repressiva não ataca as causas estruturais da violência.
Conclusões/Considerações
A crise penitenciária é uma crise democrática. Ao desmantelar garantias jurídicas, normalizar a exceção, o regime fragiliza os pilares do Estado de Direito, transforma a justiça em instrumento de dominação. Propomos medidas de revisão judicial dos casos sem provas, o desencarceramento de vulneráveis, retomada da transparência institucional, a reconstrução de políticas penitenciárias com foco em saúde pública, direitos humanos e justiça restaurativa.
SOBRE MODOS DE ESTAR NA PESQUISA E NO CUIDADO EM SAÚDE: DAS (DES)APRENDÊNCIAS E NOMADISMOS COM ELZA EM NÓS.
Pôster Eletrônico
1 FACULDADE DE SAUDE PUBLICA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Apresentação/Introdução
Traremos neste relato uma pesquisa cartográfica, sobre a micropolítica do cotidiano e a produção da existência das Pessoas em Situação de Rua (PSR). Daremos visibilidade a certa amplitude de vida e potência de existir de Elza, uma das PSR que participaram ativamente da pesquisa de mestrado “(Des)aprendências nômades do povo de rua: sobre modos outros de estar na vida.”
Objetivos
Dar visibilidade a vivência e a vivente de rua Elza, reconhecendo que há uma produção micropolítica intensiva nos campos das políticas sociais e das existências.
Metodologia
Por intermédio de nossa inserção nas Redes Vivas de Cuidado, constituídas nas relações e contextos ao qual estivemos presentes, uma vez que nosso modo de produzir ciência requer um sujeito militante implicado, pudemos vivenciar diversas situações. Estivemos com a Equipe de Consultório na Rua, na Praça Chão de Giz (situada entre as avenidas Duque de Caxias e São João - São Paulo/SP), na Cracolândia, no Movimento da População de Rua, no Comitê de Saúde para População de Rua e em outros tantos lugares e calçadas da vida. Através desta inserção vivaz imergimos e desse mergulho emergimos trazendo diários de campo com as (Des)aprendências Nômades com o povo da rua.
Resultados
Nossa aproximação com os viv(entes) da rua, se deu com a pesquisa Rede de Avaliação Compartilhada (RAC) que acompanhou a formação das Redes Vivas de Cuidado dos usuários dos serviços de saúde na região sudeste de São Paulo. Neste campo de pesquisa conhecemos Elza, esta mulher-preta-abrigada, paciente da equipe de Consultório na Rua (CnR), vivia num Centro de acolhida para mulheres grávidas, nos permitiu acompanhá-la e defender sua vida e de seu bebê. Sua condição de alta vulnerabilidade social autorizou uma manobra do serviço social para não permitir que Elza saísse com seu bebê do hospital. A equipe do CnR se mobilizou e reverteu a manobra garantindo os direitos da mãe-mulher-preta.
Conclusões/Considerações
Esta experiência foi constituída por movimentações incessantes, experienciadas em nossos corpos à medida que a tessitura de uma cartografia acontece com o contínuo processo de colocar em análise. Concluimos que vários são os planos dentro das políticas públicas que necessitam ser constituídos e fortalecidos a fim de garantir os direitos, bem como a não violação dos mesmos em relação à PSR.
ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL NA SAÚDE GLOBAL: POSSIBILIDADES E LIMITES DE INFLUÊNCIA EM CONTEXTOS DE ASSIMETRIA DE PODER
Pôster Eletrônico
1 ISC/UFBA
Apresentação/Introdução
A governança global da saúde é marcada por desigualdades de poder que limitam a participação de organizações da sociedade civil de interesse público em processos decisórios. Este estudo analisa os mecanismos de influência dessas organizações, os desafios de representatividade e impactos de sua atuação na democratização da saúde global, considerando as barreiras estruturais e políticas existentes.
Objetivos
Analisar a atuação de organizações da sociedade civil de interesse público na saúde global, o seu papel frente a tomada de decisões de organismos multilaterais e implicações dessa atuação para a democratização da arena global sob a ótica gramsciana.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo com síntese narrativa, realizada por meio de buscas em bases de dados (Web of Science, PubMed, Scopus, SciELO) e na literatura cinza (Google Scholar, site da OMS), entre 15/12/2024 e 19/03/2025. A seleção dos estudos foi feita via Software Rayyan, com base na leitura de títulos, resumos e textos completos. Foram incluídas publicações de 1966 a 2025, em português, espanhol e inglês, que abordassem a atuação das organizações da sociedade civil de interesse público na saúde global e a atuação da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública. Os dados foram organizados em categorias temáticas, conforme sua relevância para a questão norteadora da pesquisa.
Resultados
A busca identificou 3.676 publicações, com 61 estudos incluídos, sendo 40 sobre a atuação de organizações da sociedade civil e 22 sobre a WFPHA. As evidências foram organizadas em sete temas: conceito de sociedade civil e saúde global; papel e contribuições; agendas defendidas; espaços de atuação; parcerias; obstáculos; e recomendações. Destacam-se assimetrias Norte-Sul, limites de participação, estratégias de advocacy e a produção do conhecimento. A crise do multilateralismo, o avanço de agendas nacionalistas e conflitos entre potências fragilizam a capacidade da ONU e da OMS em coordenar respostas coletivas. A perspectiva latino-americana propõe caminhos para uma governança mais inclusiva.
Conclusões/Considerações
As organizações da sociedade civil de interesse público atuam na resistência e proposição de alternativas equitativas na arena da saúde global. O desafio é ampliar influência na governança global, superando assimetrias de poder que marginalizam vozes. Isso exige reformas nas estruturas do multilateralismo e reflexão por parte das organizações sobre suas estratégias, alianças e projetos políticos.
POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL PARA REFUGIADOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Pôster Eletrônico
1 UFPI
2 UFMT
Apresentação/Introdução
Ondas migratórias sempre estiveram presentes na história humana e muitos foram os seus catalisadores. A questão dos refugiados tem tido destaque nos últimos anos pela expressiva dimensão de seus fluxos, pelo desrespeito à dignidade humana e pela crescente violência na sua contenção, além da sua condição de extrema vulnerabilidade.
Objetivos
O estudo tem como objetivo analisar na literatura científica as ações (Políticas e programas) voltadas para a saúde mental dos refugiados.
Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, tendo como questão norteadora: Quais as ações (políticas/programas) voltadas para Saúde mental de pessoas refugiadas? As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados: Bireme, Pubmed via Medline e Scopus. Foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde e Medical Subject Headings, a estratégia de busca determinou o uso do Booleno “AND”. A análise dos estudos foi estruturada em duas fases, sendo a pré-seleção por pares mediante aos critérios de inclusão e exclusão definidos e a análise dos dados, que levou em consideração as características, objetivos, metodologia e desfechos de cada estudo.
Resultados
Ao todo foram incluídos 14 estudos, que tinham como ênfase as principais desordens à saúde mental enfrentados pelos refugiados, intervenções de saúde mental dentro das políticas públicas e os desafios na sua implantação. Os achados da literatura sugerem que as políticas públicas de modo geral teriam a capacidade de responder apropriadamente a necessidade da comunidade de imigrantes, porém existem lacunas significativas quanto a resposta dos serviços a serem ofertados, e que é necessário mediar ainda, aspectos que envolve a sensibilização e as questões culturais no atendimento desta população, que em sua maioria apresentam o sentimento de não pertencimento, de exclusão e desigualdades.
Conclusões/Considerações
Diante do caráter incidental e transitório que marca a condição de um refugiado, torna-se evidente a urgência de ações e políticas que promovam sua plena adaptação ao país de acolhimento. Nesse sentido, é fundamental reforçar a implementação de estratégias voltadas à saúde mental, assegurando sua participação ativa no desenvolvimento de políticas públicas e que atendam de forma efetiva às necessidades específicas dessa população.
A ATUAÇÃO DO MEDIADOR INTERCULTURAL NO CUIDADO EM SAÚDE DA POPULAÇÃO MIGRANTE REFUGIADA E APÁTRIDAS (MRA) NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Pôster Eletrônico
1 UFRGS
Apresentação/Introdução
O fenômeno migratório cresceu nas últimas décadas, intensificando-se após a pandemia. No Brasil, especialmente no RS, migrantes enfrentam barreiras no acesso à saúde, apesar do direito garantido por lei. A atuação dos mediadores interculturais é crucial para assegurar o acesso à saúde à população migrante refugiada e apátrida , embora seja profissionais pouco reconhecidos e valorizados.
Objetivos
Conhecer as estratégias de trabalho desenvolvidas por mediadores interculturais para a garantia do acesso e qualidade do cuidado da população imigrante na cidade de Porto Alegre
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa qualitativa com observação participante durante no ano de 2023, no mês abril, acompanhando o trabalho dos mediadores interculturais (MI) na Clínica da Família Santa Marta. A pesquisa investigou rotinas,a atuação e interações MI entre os profissionais de saúde e os usuários migrantes .Houve também uma roda de conversa com foco em na origem dos MI , a sua inserção na APS, organização do trabalho e aprendizados. A SMSPA, em Porto Alegre/RS, conta com três MI (dois haitianos e um senegalês), vinculados à USF Santa Marta. Eles atuam em unidades e hospitais, com apoio logístico e tecnológico, atendendo migrantes por agendamento e demandas espontâneas.
Resultados
Foram acompanhados 9 atendimentos com 6 usuários, salientando que alguns usuários foram atendidos mais de uma vez, de migrantes das seguintes nacionalidades: haitianas, senegalesa e venezuelana. Também foram discutidos diferentes casos de usuários migrantes, na qual não foram acompanhados, por fim foi realizada uma roda de conversa no final da pesquisa do campo. A atuação desse profissional garante o acesso à saúde da população MRA na APS, garantindo o seguimento do cuidado, não se limitando ao atendimento pontual mas também produção de acolhida e criação de vínculo entre o profissional de saúde e o usuário migrante
Conclusões/Considerações
O mediador intercultural além de facilitar a comunicação entre o usuário migrante e profissionais de saúde brasileiros, contribui para a continuidade de cuidado em saúde do migrante. A inserção desse profissional na rede de atenção à saúde é fundamental para a garantia do direito à saúde e ao atendimento das necessidades de saúde de migrantes refugiados e apátridas no Brasil.
CONFLITO ARMADO, RISCO CLIMÁTICO E SAÚDE OBSTÉTRICA: CESÁREAS DE GESTANTES DE PAÍSES EM GUERRA E ATINGIDOS PELAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS ATENDIDAS PELO SUS NO BRASIL
Pôster Eletrônico
1 Universidade Cesumar
2 Universidade Estadual de Maringá
Apresentação/Introdução
O deslocamento forçado por conflitos armados ou por riscos climáticos expõe gestantes a riscos extremos, com impacto direto sobre desfechos obstétricos. No contexto brasileiro, migrantes destes países têm buscado atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), revelando vulnerabilidades específicas ainda pouco documentadas.
Objetivos
Analisar o perfil das cesáreas realizadas em gestantes oriundas de países em guerra atendidas pelo SUS no Brasil em 2024.
Metodologia
Estudo descritivo baseado em dados de cesarianas realizadas no SUS em 2024 entre gestantes estrangeiras. Os dados foram provenientes do Sistema de Informação Hospitalar, acessados e analisados por meio do software R. Cada paciente foi classificada segundo a situação de conflito armado de seu país de origem (sim/não) e ao nível de risco climático (baixo, médio ou alto), conforme indicadores internacionais recentes. com categorização das cesáreas em: convencional, com laqueadura e de alto risco. Calculouse então, para cada categoria de guerra e para cada nível de risco climático, o número absoluto e percentual de cesarianas convencionais, com laqueadura e de alto risco.
Resultados
Em relação à situação de guerra, 83 gestantes (1,9 %) provinham de países em conflito armado: desses, 42 (50,6 %) realizaram cesariana convencional, 1 (1,2 %) cesariana com laqueadura e 40 (48,2 %) cesariana de alto risco. Além disso, verificouse que na categoria houve proporção superior de cesariana de alto risco (48,2 % vs. 34,1 % em países em paz). Quanto ao risco climático, 152 gestantes (3,6 %) eram de países de alto risco climático, 204 (4,8 %) de países de baixo risco e 3 924 (91,6 %) de países de risco médio. Entre as mulheres de alto risco climático, 102 (67,1 %) realizaram cesariana convencional, 23 (15,1 %) cesariana com laqueadura e 27 (17,8 %) cesariana de alto risco.
Conclusões/Considerações
A elevada proporção de cesáreas de alto risco entre gestantes oriundas de países em guerra e de risco climático indica impactos negativos da migração forçada e do trauma sobre a saúde materna. O acolhimento qualificado e políticas sensíveis às experiências de violência e deslocamento são essenciais no atendimento obstétrico dessas populações.
GOVERNANÇA DA RESPOSTA À COVID-19 NOS PAÍSES DO BRICS: UMA REVISÃO DE ESCOPO
Pôster Eletrônico
1 ENSP/Fiocruz
2 UEL-PR
3 Université Paris Cité
Apresentação/Introdução
A pandemia de covid-19 impôs desafios aos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), demandando respostas governamentais que considerassem dimensões política, social, econômica e de saúde. Analisar a governança dessas respostas é essencial, diante das especificidades e desafios comuns desses países, como desigualdades sociais e desafios estruturais dos sistemas de saúde.
Objetivos
Este estudo teve como objetivo analisar as estratégias de governança e comunicação com a sociedade da resposta à covid-19 nos países do BRICS entre 2020 a 2024.
Metodologia
O estudo adota metodologia fundamentada na análise histórico-comparada em ciências sociais, com base no protocolo de revisão de escopo “Governança e respostas dos sistemas de saúde à COVID-19 nos países do BRICS”, registrado no Open Science Framework e Figshare e publicado na PLOS One. A seleção dos estudos seguiu diretrizes do protocolo PRISMA, contando com 2.633 registros, provenientes de seis bases de dados. Após remoção de duplicados e triagem, foram incluídos na revisão 341 estudos, publicados entre 2020 e 2024. Por fim, foi realizada uma análise categorial, distinguindo as respostas de cada país a partir das dimensões de governança: político-institucional, operacional e comunicacional.
Resultados
A análise no âmbito político-institucional evidenciou que a governança em situações de crise depende da capacidade dos governos em coordenar os diferentes níveis de gestão, construir confiança social e adaptar estratégias às realidades locais. Na governança operacional, as respostas dos países combinaram medidas sanitárias, uso de tecnologias para vigilância sanitária e estratégias de contenção. A comunicação se mostrou como um eixo central da resposta à pandemia, sendo usada tanto para promover a adesão às medidas sanitárias como para reforçar determinadas narrativas políticas e fortalecer projetos de governo, muitas vezes em detrimento da transparência e da participação social.
Conclusões/Considerações
Os diferentes tipos de governança nos países do BRICS durante a pandemia evidenciaram tensões entre interesses públicos e privados, desigualdades estruturais e desafios na coordenação entre níveis de governo. As estratégias adotadas refletiram os modelos políticos de cada país, destacando a necessidade de fortalecer sistemas públicos de saúde, a participação social e a articulação entre setores para enfrentar futuras crises sanitárias.
ANÁLISE DOS GASTOS EM SAÚDE COM A POPULAÇÃO PRIVADA DE LIBERDADE
Pôster Eletrônico
1 Ministério da Saúde
Apresentação/Introdução
A saúde da população privada de liberdade (PPL) é negligenciada apesar do contexto de vulnerabilidade e das normativas internacionais e nacionais que dispõem do direito à saúde e da necessidade de serviços de saúde. O acesso universal à saúde consta é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), no entanto, no Brasil, poucos estudos exploram os investimentos em saúde da PPL.
Objetivos
Este estudo analisa os recursos prisionais que são destinados a ações de saúde por unidade federativa publicados pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP).
Metodologia
Extraiu-se os dados do Levantamento de Informações Penitenciárias – SISDEPEN – de julho de 2020 a dezembro de 2024. Os dados são enviados ao MJSP pelas unidades federativas pelo tipo de despesa, conforme definido pela Resolução nº 6, de 29 de junho de 2012, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP). Focamos na variável: “Outras despesas: recursos para assistência à saúde”. Retiramos da análise os estados que tinham menos de 50% dos dados referentes à variável no banco de dados e o sistema penitenciário federal. Consideramos os dados preenchidos com zero como dado faltante e substituímos pela média do período de cada estado. A análise foi realizada em Power BI.
Resultados
Analisamos a despesa com saúde de 16 estados e encontramos uma grande variação entre eles. Em todo período analisado, Espirito Santo (222 milhões), Pernambuco (196 milhões), Bahia (118 milhões) tiveram maior despesa em saúde, já Mato Grosso do Sul (412 mil), Distrito Federal (1,4 milhões) e Piauí (2,3 milhões) menor despesa em saúde. A mediana da despesa em saúde per capita foi de 7,87/PPL (1º quartil = 2,58/PPL, 3º quartil = 24,64/PPL). Espírito Santo (117/PPL), Bahia (155/PPL) e Pernambuco (121/PPL) apresentaram maior despesa em saúde per capita, enquanto os estados da região Centro-Oeste do País a menor despesa em saúde (MS = 0,37/PPL, DF = 1,62/PPL e MT = 3,71/PPL).
Conclusões/Considerações
Há uma disparidade nos investimentos em saúde com as PPL entre as unidades federativas o que pode significar uma desigualdade de acesso a ações e serviços de saúde. Os dados evidenciam a necessidade de políticas públicas mais equitativas e eficazes, além da melhoria na qualidade e transparência dos dados, para garantir o direito à saúde no sistema prisional brasileiro.
PERFIL DAS CESÁREAS REALIZADAS EM GESTANTES ESTRANGEIRAS ATENDIDAS PELO SUS NO BRASIL EM 2024: UM ESTUDO DESCRITIVO BASEADO EM NACIONALIDADE
Pôster Eletrônico
1 Universidade Cesumar
2 Universidade Estadual de Maringá
Apresentação/Introdução
O aumento da migração internacional tem levado à presença crescente de gestantes estrangeiras no Sistema Único de Saúde (SUS). Os profissionais da saúde necessitam estar atentos sobre as demandas específicas dessa população no atendimento que envolve a gestão, parto e puerpério, para orientar políticas públicas sensíveis às desigualdades em saúde.
Objetivos
Descrever o perfil dos partos cesáreos realizados em gestantes estrangeiras atendidas pelo SUS em 2024, com foco em tipo de cesárea e nacionalidade.
Metodologia
Realizou-se um levantamento de todos os procedimentos de cesárea registrados em unidades hospitalares do SUS em 2024, exclusivamente em pacientes estrangeiras. Cada internação obstétrica foi classificada em uma das três modalidades de cesariana: convencional, com laqueadura e de alto risco, de acordo com o procedimento cirúrgico executado. Associou-se a cada registro o país de origem da gestante. As frequências absolutas e percentuais de cada modalidade de cesariana foram calculadas globalmente e dispostas por nacionalidade. Os dados foram coletados e analisados por meio do software R. Ficou dispensada apreciação ética devido a natureza secundária dos dado
Resultados
Entre as 45.621 gestantes estrangeiras submetidas a cesárea em 2024, a cesárea convencional foi a mais frequente, representando 55% (25.101) do total; seguiram-se as cesarianas com laqueadura (34%, 15.481) e as de alto risco (11%, 5.041). Em termos de nacionalidade, a Venezuela concentrou o maior número de atendimentos (39%, 17.781). A Bolívia e o Paraguai também se destacaram, com 700 (15%) e 408 (8,9%) cesáreas, respectivamente; o Haiti apresentou 328 cesarianas (7,2%). Argentina (133; 2,9%) e Colômbia (38; 0,8%) completaram o grupo de maiores contingentes. Os países Abissínia, Argélia e Arquipélago de Bismark corresponderam juntos a menos de 0,5% do total.
Conclusões/Considerações
As cesáreas em gestantes estrangeiras no SUS refletem desigualdades marcadas por fatores geopolíticos e ambientais. Esses achados evidenciam não apenas a heterogeneidade da origem das gestantes estrangeiras no Brasil, mas também diferenças marcantes na adoção de cada tipo de cesárea conforme a procedência, possivelmente refletindo fatores epidemiológicos, culturais e de acesso à saúde prévia.
EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS E PROMOÇÃO DA SAÚDE: SISTEMATIZAÇÃO DE OFICINAS EDUCATIVAS COM MULHERES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE NO DISTRITO FEDERAL
Pôster Eletrônico
1 Fiocruz - Brasília
Apresentação/Introdução
O trabalho sistematiza oficinas com mulheres em vulnerabilidade no Recanto das Emas (DF), entre outubro e novembro de 2024. A ação do Instituto EVA buscou promover saúde e direitos por meio de Círculos de Cultura, fortalecendo o empoderamento. Analisa-se sua contribuição à efetivação dos direitos humanos e à valorização das experiências vividas.
Objetivos
Expandir a compreensão das oficinas com mulheres em vulnerabilidade no Recanto das Emas (DF) sobre efetivação dos direitos humanos e saúde
Divulgar essa experiência e incentivar a criação de saberes teóricos a partir da prática vivenciada.
Metodologia
Estudo exploratório-qualitativo sistematizou oficinas educativas no Instituto EVA, Recanto das Emas, DF (out/nov 2024), com 15 mulheres em vulnerabilidade e vítimas de violência. A coleta documental e análise seguiram os 5 passos de Holliday (2006). O Ponto de Partida focou na contribuição do projeto Fiocruz para direitos/saúde. As Perguntas/Plano guiaram como oficinas via Círculos de Cultura promoveram direitos/saúde. A Recuperação do Vivido detalhou oficinas sobre direitos, violência e autoaceitação. As Reflexões abordaram Educação Popular e interseccionalidade. Os Pontos de Chegada trouxeram o balanço, desafios e soluções.
Resultados
A sistematização das oficinas, pelos 5 passos de Holliday, revelou a eficácia dos Círculos de Cultura de Paulo Freire na promoção de direitos e saúde das mulheres. O Ponto de Partida demonstrou a relevância do projeto para analisar o impacto educativo em mulheres vulneráveis. As Perguntas Iniciais focaram na contribuição para direitos humanos e saúde. A Recuperação do Vivido detalhou as transformações em oficinas sobre direitos violados, violência de gênero e autoaceitação, superando desafios como mobilização e receio. As Reflexões de Fundo destacaram a Educação Popular, interseccionalidade e o papel crucial das oficinas na efetivação de direitos, gerando conhecimento replicável.
Conclusões/Considerações
A sistematização das oficinas do Instituto EVA foi uma ferramenta valiosa para refletir sobre desafios de mulheres em vulnerabilidade, promovendo protagonismo e acesso à saúde via escuta ativa e metodologia participativa. Capacitou-se mulheres a buscar direitos e apoio. Recomenda-se ampliar ações educativas e fortalecer a articulação interinstitucional, exigindo políticas e recursos para garantir a continuidade e abrangência.
O RESPEITO AO DIREITO À SAÚDE NA PANDEMIA DA COVID-19 E AS VARIÁVEIS ENVOLVIDAS NO BRASIL E NA ARGENTINA: O ACESSO ÀS VACINAS
Pôster Eletrônico
1 UNLZ (Buenos Aires)
Apresentação/Introdução
O presente se configura em uma pesquisa de natureza qualitativa exploratória, abordando o respeito ao direito à saude durante a pandemia do covid-19 e as variáveis envolvidas no Brasil e na Argentina: o acesso às vacinas.
Buscando esclarecer todos os meandros intrinsecos ao direito à saude, ele foi inserto no título destinado à ordem social, cujo objetivo visa o bem-estar e a justiça social (Brasil, 2016).
Objetivos
Investigar, nos sistemas de leis de Brasil e Argentina, os dispositivos com base nos quais foram adotadas medidas em várias frentes, visando a garantia ao direito à saúde, para aquisição de vacinas
Metodologia
A elaboração do estudo terá por base uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa exploratória, no âmbito da qual serão consultadas obras e públicações técnicas de doutrinadores do Direito que se dedicam ao estudo do direito à saúde, complementada com a consulta de sites na Internet, focando especialmente nas decisões dos organismos internacionais sobre a covid-19, como forma de aprofundar conhecimentos a respeito dos procedimentos adotados por Brasil e Argentina na pandemia da covid-19, estreitamente ligados aos direitos humanos, focando em desvendar a eficácia das decisões adotadas pelas autoridades constituídas dos dois países.
Resultados
Com a pesquisa, buscaremos resposta às seguintes questões:
a) No âmbito brasileiro, o direito à saúde foi respeitado, no seu conteúdo e forma, nos termos da Constituição Federal de 1988, durante o período da pandemia do covid-19?;
b) No âmbito argentino, o direito à saúde foi respeitado, no seu conteúdo e forma, nos termos da Constituição, durante o período da pandemia do covid-19?;
c) Em relação à Argentina, as providências adotadas no combate aos efeitos da pandemia conseguiram ser efetivas em maior grau que no Brasil?
Conclusões/Considerações
O presente estudo trata do respeito ao direito à saúde na pandemia da covid-19 e as variáveis envolvidas no Brasil e na Argentina, com ênfase no acesso às vacinas. O direito à saúde é acolhido pelos ordenamentos jurídicos de Brasil e Argentina com tratamentos diferenciados, específicos para as realidades de cada país.
CUIDADO EM SAÚDE COMO DIREITO: BARREIRAS E DESAFIOS VIVENCIADOS POR MULHERES MIGRANTES NO SUS
Pôster Eletrônico
1 USP
Apresentação/Introdução
O cuidado em saúde é um direito universal, mas mulheres migrantes enfrentam múltiplas barreiras no acesso ao SUS. A pesquisa, com enfoque feminista interseccional, analisa como xenofobia, racismo e desigualdades estruturais comprometem a universalidade, equidade e integralidade do cuidado.
Objetivos
Analisar as experiências de mulheres migrantes no SUS, evidenciando desafios de acesso, discriminação e violências institucionais que violam o direito à saúde, propondo reflexões para políticas públicas mais inclusivas e interseccionais.
Metodologia
Pesquisa qualitativa com base feminista interseccional e escrita vivencial. Foram entrevistadas dez mulheres migrantes de diferentes nacionalidades, residentes em São Paulo e usuárias do SUS, entre 2020 e 2021. As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas de forma online, telefônica ou presencial durante a pandemia. A análise utilizou a interseccionalidade como chave para compreender como gênero, raça, classe, nacionalidade e orientação sexual impactam o cuidado em saúde. O estudo foi aprovado por comitê de ética e promoveu devolutivas e articulação com redes de apoio.
Resultados
Mulheres migrantes relataram vivências de racismo, xenofobia, barreiras linguísticas e violências institucionais no SUS. O cuidado é limitado por processos burocráticos e falta de políticas específicas. Muitas enfrentaram pobreza menstrual, restrição de mobilidade e preconceito nos atendimentos. O sentimento de “não-pertencimento” afeta a adesão aos serviços. Coletivos comunitários e o terceiro setor foram essenciais para mitigar exclusões, garantir direitos básicos e ampliar o cuidado, especialmente na pandemia.
Conclusões/Considerações
É urgente fortalecer a perspectiva de cuidado como direito universal e transnacional. Recomenda-se a criação de políticas públicas específicas para mulheres migrantes, formação continuada de profissionais do SUS com enfoque interseccional e antirracista, ampliação das práticas integrativas e garantia de acesso sem burocracias. O cuidado deve ser inclusivo, culturalmente sensível e livre de discriminações.
"TANTAS MORTES, A CADAG SEGUNDO, A CADA MOMENTO": EXPERIÊNCIAS DE SOFRIMENTO DE PACIENTES, FAMILIARES E TRABALHADORES DA SAÚDE DIANTE DAS MORTES NA PANDEMIA DE COVID-19
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Apresentação/Introdução
A crise global desencadeada pela pandemia de covid-19, expôs como a desinformação sobre uma nova doença, o medo da morte e a gestão do sofrimento, são moldados por dinâmicas sociais, culturais e institucionais. Produziu um dos mais intensos ciclos de morte coletiva da história recente, um evento crítico, que rompeu com a rotina, trazendo a necessidade de encontrar maneiras de gerir o sofrimento.
Objetivos
Compreender as experiências de sofrimento dos pacientes, seus familiares e trabalhadores da saúde durante a pandemia de covid-19.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória. A pesquisa foi realizada no Hospital Universitário da UFMA, tendo como fechamento amostral 26 trabalhadores da saúde, 12 pacientes vindos de Manaus e seus familiares (10). Dois instrumentos foram utilizados para a coleta de dados: questionário estruturado e um roteiro de entrevista semiestruturado, com questões relacionadas às experiências de cuidado e sofrimento. A análise das entrevistas foi feita com base nos conceitos fenomenológicos de sofrimento, emoção, tempo e silêncio trabalhados por Venna Das. A pesquisa foi aprovada pelo CEP do HU-UFMA e aos entrevistados foram atribuídos nomes fictícios.
Resultados
Dos pacientes entrevistados, seis eram homens e seis mulheres, todos residentes na zona urbana de Manaus. A maior parte dos familiares eram mulheres. 17 dos trabalhadores eram mulheres. A análise resultou na seguinte estruturação do artigo: “Tantas mortes a cada momento, a cada segundo, a cada minuto”: sofrimento e emoções; e “A gente vai seguir”: maneiras para continuar vivendo. O elevado número de mortes em Manaus, provocou emoções de medo e sofrimento vivenciadas por pacientes e familiares. Os trabalhadores, que a despeito de terem um treinamento para lidar com a morte, se sentiram despreparados. Estratégias coletivas reforçaram o valor do apoio mútuo e da memória compartilhada.
Conclusões/Considerações
Após cinco anos do início da pandemia de covid-19, as formas de controle impostas pelas instituições sociais não são mais na forma prescrita como os protocolos sanitários; mas na forma do silêncio. Lançar luz sobre uma dimensão da pandemia que insiste em ser esquecida, mas que permanece viva no corpo e na fala daqueles que tiveram experiências de sofrimento frente às mortes é compreender que as causas do sofrimento são coletivas e estruturais.
PERCEPÇÕES ACERCA DO CORPO, SAÚDE E ADOECIMENTO ENTRE MULHERES QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU:
Pôster Eletrônico
1 UFMA
Apresentação/Introdução
O contexto sociocultural das mulheres quebradeiras de coco babaçu constitui um elemento fundamental na conformação de suas percepções sobre o corpo e o processo saúde-doença, compreendido de maneira individual e coletiva. A atividade de extração do coco babaçu, além de representar uma prática cultural transmitida intergeracionalmente, é concebida como um legado.
Objetivos
Nesse sentido, a presente pesquisa teve como objetivo compreender as percepções das mulheres quebradeiras de coco sobre as inter-relações entre trabalho, corpo, saúde e adoecimento.
Metodologia
Trata-se de um estudo qualitativo desenvolvido entre junho de 2022 e fevereiro de 2023, com participantes vinculadas ao Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB). A coleta de dados foi realizada por meio de grupos focais (GF’s), com a aplicação de um questionário sociodemográfico e de um roteiro semiestruturado, cujos dados foram posteriormente submetidos à análise de conteúdo na modalidade temática. As entrevistas realizadas com 29 mulheres integrantes do MIQCB foram organizadas em duas categorias principais: Saúde tem a ver com o trabalho: dói, tudo dói. A vida de quebradeira de coco é sofrida” e “O saber tradicional nos cuidados com a saúde”
Resultados
A primeira categoria revelou o reconhecimento da importância de preservar a saúde para garantir a continuidade do trabalho e das atividades cotidianas. Na segunda categoria, emergiu a valorização e a mobilização de saberes tradicionais nos cuidados com a saúde, práticas que são transmitidas entre gerações e que configuram um importante componente cultural entre as quebradeiras de coco. Quanto à segunda categoria de análise, as quebradeiras manifestaram um conjunto de saberes que se constituem como formas alternativas de cuidado, diante das lacunas deixadas pela rede formal de assistência à saúde.
Conclusões/Considerações
Conclui-se, portanto, que as mulheres quebradeiras de coco articulam suas concepções de corpo, saúde e adoecimento de maneira intrinsecamente relacionada à sua atividade laboral. O corpo, constantemente exposto a esforços e agravos, é compreendido como instrumento central para o trabalho, e a saúde, embora essencial à subsistência, permanece marcada pela precariedade no acesso aos cuidados.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS MIGRANTES INTERNACIONAIS QUE REALIZARAM ASSISTÊNCIA AO PARTO NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL NO PERÍODO DE 2011-2022
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
2 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
Apresentação/Introdução
A migração internacional foi incluída como um dos temas prioritários para a saúde global pela Organização Mundial da Saúde. No estado de Mato Grosso do Sul (MS), identifica-se um aumento de registros de residência de migrantes internacionais. Na saúde, pesquisas nacionais têm identificado que a assistência pré-natal é uma das principais demandas de acesso ao sistema de saúde por grupos migrantes.
Objetivos
Mapear a distribuição geográfica de mulheres migrantes internacionais que realizaram assistência ao parto no estado de Mato Grosso do Sul no período de 2011-2022, identificando as nacionalidades predominantes.
Metodologia
Os dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) do estado de MS foram obtidos por meio de parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de MS. Utilizou-se os dados da variável “município de nascimento”, estratificados pela nacionalidade da mãe. A população do estudo envolveu 475.025 nascimentos, dos quais 8.537 eram de mães migrantes. Os dados foram plotados em dois mapas geográficos: (1) distribuição geográfica dos nascimentos de mães migrantes; (2) proporção de nascimentos de mães migrantes em relação ao total de nascimentos dos municípios. A análise dos resultados deu-se à luz de um levantamento bibliográfico previamente realizado.
Resultados
Os nascimentos de migrantes paraguaias (65,9%), bolivianas (19,9%), haitianas (5,9%) e venezuelanas (5,5), constituíram 97,2% de todos os nascimentos de mães migrantes no estado. Dos 79 munícipios, 62 (78,5%) apresentavam pelo menos um nascimento de mãe migrante, com destaque para Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, que tiveram mais de 1.000 nascimentos de mães migrantes ao longo da série histórica. A análise da proporção de nascimentos de mães migrantes em relação ao total revela que cidades de fronteira formam um cinturão, concentrando as maiores proporções de nascimentos de migrantes do estado: Mundo Novo (19,2%), Paranhos (15,0%), Porto Murtinho (14,8%), Bela Vista (14,1%).
Conclusões/Considerações
Estudos que atuem na identificação de municípios com maiores demandas de acesso à assistência pré-natal podem viabilizar informações que auxiliam a reorientar os serviços de saúde e as políticas públicas. Esses dados contribuem para uma análise situacional mais ampla do acesso à assistência pré-natal de migrantes no estado.
TUBERCULOSE EM POPULAÇÕES VULNERÁVEIS DO TOCANTINS: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA EM PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE, INDÍGENAS E POPULAÇÕES EM SITUAÇÃO DE RUA (2015-2025)
Pôster Eletrônico
1 Instituto de Doenças do Tórax /UFRJ e Policlínica Universitária Piquet Carneiro/UERJ
2 Hospital Geral de Palmas/TO
3 Secretaria Municipal de Saúde de Palmas/TO
4 Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas/FIOCRUZ
5 Coordenação Geral de Tuberculose , Micoses Endêmicas e Micobacteria Nao-Tuberculosa / Dathi / MS
Apresentação/Introdução
Populações vulneráveis, como pessoas privadas de liberdade (PPL), indígenas e população em situação de rua (PSR), apresentam alta carga de tuberculose. Este estudo analisa dados do SINAN (2015-2024) para essas populações no Tocantins, calculando incidência, risco relativo e fatores associados.
Objetivos
Analisar o perfil da tuberculose em populações vulneráveis do Tocantins entre 2015–2025, descrevendo características epidemiológicas, distribuição temporal e geográfica, fatores associados aos desfechos de tratamento e cuidado em enfermagem.
Metodologia
Estudo transversal analítico utilizando dados secundários do SINAN entre 2015-2024, incluindo PPL, indígenas e PSR. Foram calculados incidência específica, risco relativo e fatores associados por regressão logística. Dados foram coletados do SINAN, Boletim Epidemiológico TB 2025, literatura científica e documentos normativos. Análise descritiva das características epidemiológicas, comparação com dados nacionais e revisão de evidências sobre intervenções efetivas para populações vulneráveis.
Resultados
Total de 989 casos em populações vulneráveis vs 2.108 na população geral. PPL: 798 casos, incidência 1.289/100.000 (RR=86,5), cura 68,9%, interrupção 18,9%. Indígenas: 67 casos, incidência 70,4/100.000 (RR=4,7), cura 85,1%, interrupção 6,0%. PSR: 124 casos, incidência 2.341/100.000 (RR=152), cura 41,9%, interrupção 37,1%. Modelo multivariado: PSR OR=5,82, PPL OR=2,14 para desfechos desfavoráveis.
Conclusões/Considerações
Populações vulneráveis têm piores desfechos, exigindo estratégias específicas conforme Resolução CNS 709/2024, com protagonismo da enfermagem. A enfermagem emerge como profissão estratégica para alcançar estas populações, especialmente com ampliação de competências para TPT. Evidências internacionais demonstram efetividade de intervenções lideradas por enfermeiros em contextos de vulnerabilidade.
CUIDADOR E ASSISTENTE PESSOAL: ANÁLISE COMPARADA ENTRE A POLÍTICA DE CUIDADOS A PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL E O MODELO JAPONÊS
Pôster Eletrônico
1 Ministério da Saúde (MS)
Período de Realização
Outubro de 2024 a abril de 2025
Objeto da experiência
Vivência técnica no Japão sobre assistência pessoal a pessoas com deficiência e idosos, comparada à atuação do cuidador no contexto brasileiro.
Objetivos
Análise crítica entre o cuidador no Brasil, no contexto da criação da Política Nacional de Cuidados (PNC), e o assistente pessoal no Japão. Com base em vivência técnica, discute concepções de cuidado e autonomia e práticas japonesas aplicáveis ao Brasil.
Metodologia
Durante intercâmbio técnico no Japão, observei serviços de vida independente geridos por pessoas com deficiência, entrevistas com profissionais e acompanhamento das rotinas. Identificou-se um modelo que prioriza a autodeterminação, com assistentes pessoais contratados para atuar sob comando direto do usuário. No Brasil, o cuidador ainda está associado ao cuidado substitutivo. A experiência possibilitou refletir sobre avanços para a RCPD e a PNC.
Resultados
Observou-se que, no Japão, o assistente pessoal é elemento central para garantir autonomia e inclusão, ao passo que, no Brasil, o cuidador tende a exercer função protetiva e, por vezes, limitadora. A comparação evidenciou o impacto das políticas de cuidado sobre o protagonismo das pessoas com deficiência e indicou caminhos para a consolidação da PNC no SUS, com foco na vida independente e na superação do modelo assistencialista
Análise Crítica
A vivência evidenciou que a autodeterminação deve ser eixo do cuidado. O Japão promove práticas emancipadoras com base na autogestão e apoio entre pares, enquanto o Brasil ainda estrutura o cuidado informalmente. A experiência reforça a necessidade estratégica da inclusão, regulamentação, formação e financiamento público de assistentes pessoais no Brasil. Também aponta a urgência de alinhar as políticas nacionais à Convenção da ONU e à descolonização dos saberes.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se, e incorporar a figura do assistente pessoal à Política Nacional de Cuidados como direito das pessoas com deficiência, com regulamentação, formação e financiamento. Sugere-se a realização de pilotos intersetoriais em municípios para testar o modelo. O fortalecimento da RCPD exige investimento sustentável, participação ativa dos usuários e intercâmbio internacional para promoção de um cuidado emancipatório e anticapacitista.
REDE DE DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS E PROMOÇÃO DA SAÚDE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ
Período de Realização
Início em dezembro de 2021 com previsão até dezembro de 2026.
Objeto da experiência
Criação de um rede de defensores populares dos direitos humanos nos territórios de favelas e periferias do Estado do Rio de Janeiro.
Objetivos
Potencializar ações de defensores dos direitos humanos e identificar as iniquidades sociais em saúde relacionados as violações dos direitos humanos nos territórios de favelas e periferias no Estado do Rio de Janeiro.
Metodologia
Desde o início de 2022, 60 lideranças populares de diferentes territórios do estado do Rio de Janeiro, foram selecionadas em três editais públicos, após entrevistas nos territórios com a equipe multiprofissional. A partir do processo formativo das oficinas e em conjunto com essas lideranças, foram construídas três cartografias sociais em parceria com a FASE-RJ, mapeando as iniquidades sociais em saúde e casos de violações dos direitos naquelas localidades.
Resultados
Num universo de mais de 700 inscrições nos três processos seletivos dos editais públicos, 60 lideranças populares foram selecionadas para participar por 10 meses de uma sequência de oficinas sobre direitos humanos, coordenadas por uma equipe multidisciplinar. Além de receberem uma bolsa auxílio ao longo do período de formação, os defensores populares e suas redes receberam visitas em seus territórios para identificar e fortalecer as iniciativas ali realizadas.
Análise Crítica
As condições precárias de acesso aos direitos básicos nos territórios periféricos, aliados a prática rotineira de confrontos armados como principal política de segurança pública e o confronto entre os grupos criminosos que dominam grande parte desses territórios, condicionam os determinantes sociais em saúde da classe trabalhadora no Rio de Janeiro. O adoecimento psíquico de defensores populares são condicionados pelas especificidades e riscos de suas atuações.
Conclusões e/ou Recomendações
O projeto conseguiu conectar lideranças de diferentes municípios do Estado do Rio de Janeiro, estabelecendo uma rede de defensores populares engajados em distintas temáticas relacionadas aos Direitos Humanos. As atividades foram importantes para fortalecer a autonomia desses defensores em suas lutas, reduzindo a fragmentação das suas redes e ampliando suas capacidades de mobilização no enfrentamento às violações de direitos e na defesa do SUS.
FORMAÇÃO EM SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM MOÇAMBIQUE: COOPERAÇÃO SUL-SUL NA CONSTRUÇÃO DE UM PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO INTERSETORIAL
Pôster Eletrônico
1 FIOCRUZ-DF
Período de Realização
Iniciado em 2019, o projeto validou metas e o PPP até outubro de 2024.
Objeto da experiência
Desenvolver e validar formações em SAN voltadas à Soberania e Segurança Alimentar em Moçambique, via cooperação sul-sul.
Objetivos
Contribuir para a formação crítica em SAN em Moçambique, por meio da construção coletiva de ofertas formativas, alinhadas ao contexto local, que fortaleçam a soberania e a segurança alimentar, no marco da cooperação sul-sul entre instituições brasileiras e moçambicanas.
Descrição da experiência
Relato da construção coletiva de formações em SAN em Moçambique, fruto da cooperação Sul-Sul entre Fiocruz, ABC, ministérios do Brasil e Moçambique e instituições locais. A iniciativa propôs um PPP com matriz curricular crítica e intercultural, articulando saberes locais e globais. A experiência fortaleceu políticas públicas e o direito à alimentação, superando desafios como pandemia e instabilidade institucional.
Resultados
Os principais resultados incluem a construção coletiva de um plano formativo interdisciplinar e intercultural, definição de perfis de discentes e docentes, criação de um Comitê Gestor Binacional, desenho de estratégias pedagógicas e estruturação da matriz curricular de cursos em SAN, com foco em soberania alimentar, diversidade cultural, educação popular e cooperação sul-sul, superando desafios como pandemia e instabilidade institucional.
Aprendizado e análise crítica
O processo evidenciou que a construção de formações em SAN exige diálogo intercultural, respeito aos saberes locais e compromisso com a educação crítica. A cooperação sul-sul mostrou-se potente, mas enfrenta desafios estruturais, como instabilidade institucional e desigualdade tecnológica. Ainda assim, a experiência reafirma que a produção de conhecimento deve ser coletiva, situada e comprometida com a soberania alimentar e a justiça social.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência reforça a importância de processos formativos baseados na escuta, participação e valorização dos contextos locais. Recomenda-se o fortalecimento da cooperação sul-sul como estratégia de produção de conhecimento crítico e engajado, especialmente em temas estruturantes como a soberania e a segurança alimentar.
DIÁLOGOS INTERNACIONAIS PARA O ENGAJAMENTO COM POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS: EXPERIÊNCIA BRASIL-ESCÓCIA EM METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS
Pôster Eletrônico
1 Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio)
2 Dental Public Health and Social Psychology, School of Dentistry, University of Dundee
Período de Realização
Agosto a dezembro de 2024
Objeto da experiência
Formações entre Brasil e Escócia sobre abordagens reflexivas e metodologias participativas com a População em Situação de Rua.
Objetivos
Promover intercâmbio de saberes entre Brasil e Escócia sobre políticas públicas, práticas sociais e de saúde voltadas à população em situação de rua, com ênfase em metodologias participativas e estratégias de engajamento que fortaleçam a justiça social e os direitos humanos.
Metodologia
A experiência compreendeu dois encontros formativos. O primeiro, realizado no Brasil (09 e 10/08/2024) reuniu pesquisadores, profissionais e representantes da População em Situação de Rua para discutir práticas e políticas públicas. O segundo, na Escócia (10/12/2024), envolveu profissionais do NHS (National Health Service) vinculados ao Smile4Life e Mouth Matters. Ambos os encontros focaram em metodologias participativas, engajamento comunitário e produção colaborativa de conhecimento.
Resultados
Promoção de troca horizontal de experiências e reflexões críticas sobre saúde, desigualdades e práticas de cuidado. Identificação de semelhanças e contrastes nos contextos de atuação nos dois países. Lançamento do “Guia Prático de Metodologias Participativas para Engajamento Comunitário e Promoção da Saúde”, disponível em versão digital. Ampliação de redes de colaboração internacional e da visibilidade das populações em situação de rua.
Análise Crítica
A cooperação técnica revelou a potência do diálogo intercultural e do conhecimento situado na construção de práticas de saúde mais equitativas. Destacou-se a importância de metodologias que reconheçam saberes da População em Situação de Rua, rompendo com abordagens assistencialistas, tanto no Brasil quanto na Escócia. O processo explicitou desafios comuns, como a mercantilização da saúde, além de apontar caminhos para a construção de práticas descolonizadoras e fundamentadas na justiça social.
Conclusões e/ou Recomendações
Recomenda-se a continuidade de ações formativas binacionais e a expansão de redes que fortaleçam e disseminem práticas do Sul Global. A experiência reafirma a necessidade de políticas públicas pautadas no engajamento real com populações vulnerabilizadas, reconhecendo-as como sujeitos de direitos e de saberes. Destaca-se a relevância da produção conjunta de ferramentas formativas e do compromisso ético-político com a equidade na saúde.
ESTRATÉGIAS DE RESILIÊNCIA PARA PESSOAS PORTADORAS DE DOENÇA MENTAL GRAVE NA CONTEMPORANEIDADE
Pôster Eletrônico
1 UEFS
2 Instituto Dr. Vandick Ponte/Centro de Desenvolvimento Psicossocial;
Período de Realização
O trabalho vem sendo realizado desde março/25 com previsão de finalização em 31/03/2026.
Objeto da experiência
Identificar e valorizar estratégias e mecanismos de resiliência nas pessoas com transtorno mental grave, seja por iniciativa pessoal ou intrafamiliar.
Objetivos
Rastrear percepções e reações que funcionam como mecanismo de resiliência nas pessoas portadoras de transtorno mental grave; fomentar a compreensão dos mecanismos de resiliência operacionalizados individual e coletivamente. nas pessoas portadoras de transtorno mental grave e no seu entorno social.
Descrição da experiência
Pessoas com transtorno mental grave e seus familiares participam de oficinas e grupos de discussão temática coordenados por uma equipe multidisciplinar no Instituto Dr. Vandick Ponte semelhante às atividades que ocorrem no CAPS II, com os usuários em esquema semi-intensivo. O diferencial é que a equipe multiprofissional aplica questionários validados visando trazer para o nível de consciências as estratégias de resiliência que os portadores de transtorno mental grave já utilizam intuitivamente.
Resultados
Nos meses de abril e maio/2025, os usuários de dos serviços do Instituto Dr Vandick vêm ampliando a sua auto percepção e tomado consciência dos vários enfrentamentos no seu cotidiano, com diferentes intensidades de impacto, que foram manejados de forma intuitiva, fomentando expertise no seu processo de adaptação, revelando a resiliência em situações de desconforto e ou vulnerabilidade. Essas experiências são relatadas nos grupos temáticos e nas oficinas: efeito multiplicador das experiências.
Aprendizado e análise crítica
A ampliação do quantitativo de pessoas participando: de 30 para 50 usuários, sinal do efeito multiplicador; percebe-se mais desenvoltura em narrar as experiências pessoais; incremento das possibilidades de interlocuções; discreta redução de reações hostis entrepares e em relação às normas institucionais; amadurecimento da equipe quanto à escuta sensível; percepção dos avanços e limites de cada usuário no processo de autoconhecimento e estabilização entre a vulnerabilidade e a resiliência.
Conclusões e/ou Recomendações
Ainda não há conclusões a socializar. A metodologia empregada e a resposta dos usuários de o serviço e seus familiares têm sido positivas, o que justifica a continuação das atividades como foram implantadas desde o planejamento em março/25. É consenso da equipe multiprofissional que os grupos temáticos e oficinas funcionem com 10 usuários e 2 profissionais de formação diferente; e que haja um um espaço para interação coletiva dos usuários e familiares.
INTERCÂMBIO MÉDICO EM LUBANGO, ANGOLA: UMA IMERSÃO PRÁTICA EM CONTEXTOS DE SAÚDE DESAFIADORES
Pôster Eletrônico
1 UniEVANGÉLICA
Período de Realização
Maio de 2025
Objeto da experiência
Vivência prática e humanitária na assistência médica hospitalar, ambulatorial e educativa na cidade de Lubango, Angola.
Objetivos
Relatar experiência de intercâmbio em Angola, destacando a atuação prática em saúde, o impacto de contextos clínicos desafiadores e o desenvolvimento técnico, humano e cultural na formação médica, com foco no cuidado humanizado e na promoção da saúde.
Descrição da experiência
A experiência teve duração de um mês em Lubango, Angola, por meio de parceria entre a UniEVANGÉLICA e a ONG Criança Feliz. Na maternidade, foram acompanhados partos e realizada capacitação em assistência obstétrica. No hospital pediátrico, houve atuação em urgência e internação. Em escolas e orfanatos, realizaram-se cerca de 150 atendimentos. Acompanhou-se também cirurgias da ONG Smile Train. No Hospital CEML, participaram-se de diversos procedimentos e trocas com equipes internacionai.
Resultados
Foram realizados mais de 250 atendimentos nas áreas de pediatria, ginecologia, obstetrícia e cirurgia. Houve envolvimento em capacitações, atendimentos clínicos, cirurgias e ações educativas. A experiência evidenciou a importância da adaptação à escassez de recursos, da comunicação intercultural e da abordagem integral ao paciente. A troca com equipes locais e internacionais enriqueceu a formação profissional e humana dos participantes.
Aprendizado e análise crítica
A experiência favoreceu o desenvolvimento técnico e humano, confirmando aprendizados adquiridos na graduação, especialmente sobre determinação social da saúde. Reforçou os valores trabalhados no PET-Saúde Equidade da UniEVANGÉLICA, como a interseccionalidade e o compromisso com populações vulneráveis, ampliando a compreensão sobre saúde global e prática médica sensível às desigualdades.
Conclusões e/ou Recomendações
Vivências internacionais em saúde contribuem para uma formação médica mais completa, despertando senso crítico, empatia e compromisso social. Recomenda-se a expansão de parcerias que viabilizem experiências similares, incentivando o intercâmbio de saberes entre países e fortalecendo a atuação médica em contextos de vulnerabilidade.
INTEGRAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CUIDADO À POPULAÇÃO EM VULNERABILIDADE NO MUNICÍPIO DE JACAREI-SP
Pôster Eletrônico
1 Faculdade de Ciências Médicas - HUMANITAS
Período de Realização
Experiência realizada entre os meses de fevereiro e maio de 2025.
Objeto da experiência
Atuação intersetorial entre Consultório na Rua, Casa do Abraço, CAPS-AD, Centro-POP e Casa de Passagem em Jacareí-SP.
Objetivos
Relatar e analisar a experiência de integração entre dispositivos públicos de saúde assistência social no município de Jacareí-SP, destacando a articulação entre Consultório na Rua, Casa do Abraço, Centro-POP e Casa de passagem no enfrentamento das vulnerabilidades sociais e sanitárias.
Descrição da experiência
Entre fevereiro e maio de 2025, vivenciamos a atuação integrada de diferentes serviços públicos de Jacareí-SP no cuidado à população em vulnerabilidade social. O CAPS-AD oferece suporte em saúde mental e tratamento para dependência química. A Casa do Abraço realiza testagens e acompanhamento de ISTs, HIV e tuberculose, com acolhimento à população LGBTQIA+. O Consultório na Rua, o Centro-POP e a Casa de Passagem garantem acolhimento diário, terapias ocupacionais, higiene e pernoite segura.
Resultados
A atuação integrada permitiu ampliar o acesso da população em situação de rua e outros grupos vulneráveis a cuidados em saúde e assistência social. Observou-se maior adesão ao tratamento de dependência química e ISTs, melhora na identificação e acompanhamento de casos pelo Consultório na Rua, além da utilização efetiva de espaços como o Centro-POP e a Casa de Passagem, fortalecendo o vínculo com os serviços e reduzindo riscos sociais e sanitários no território.
Aprendizado e análise crítica
A experiência evidenciou que o fortalecimento de vínculos e a escuta qualificada são determinantes para a adesão da população vulnerável às propostas de cuidado. A integração entre os dispositivos mostrou-se essencial para a continuidade do acompanhamento e para evitar ações fragmentadas. Também se destacou o valor do trabalho em rede territorializado, com fluxos claros de encaminhamento e corresponsabilização entre os serviços envolvidos.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência mostrou que, diante de contextos de exclusão, é possível construir caminhos de cuidado baseados no acolhimento, na escuta e na articulação entre serviços. O modelo adotado em Jacareí tem se mostrado eficaz e merece reconhecimento como prática de referência. Reforça-se a importância de consolidar políticas públicas que mantenham e ampliem ações como essa, centradas nas pessoas e no território.
NÚCLEO DE SAÚDE DIGITAL DA UNIFESP: INOVAÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DO SUS COM FOCO EM VAZIOS ASSISTENCIAIS E POPULAÇÕES VULNERABILIZADAS
Pôster Eletrônico
1 UNIFESP
Período de Realização
a partir de outubro de 2023
Objeto da experiência
Implementação do Núcleo de Saúde Digital da Unifesp, no contexto do Programa SUS Digital
Objetivos
Apresentar a experiência de estruturação do Núcleo de Saúde Digital da Universidade Federal de São Paulo
Descrição da experiência
O Núcleo de Saúde Digital da Unifesp foi estruturado a partir da experiência de grupos da Universidade, orientados pelas diretrizes do Programa SUS Digital e pelos princípios da equidade, da atenção básica, das redes intersetoriais, das tecnologias digitais, da educação permanente e da integralidade do cuidado no Sistema Único de Saúde (SUS). Os campos de vazio assistencial e diagnósticos de municípios parceiros foram considerados para a definição dos serviços e planejamento das ações
Resultados
O Núcleo se estruturou para apoiar as ações assistenciais e de gestão no SUS nos seguintes eixos: Qualificação profissional de competências em Saúde Digital; Fortalecimento da Rede Alyne; Ampliação do Acesso à Atenção Psicossocial; Oferta de dispositivos de Tecnologia Assistiva como órteses e próteses com uso da tecnologia de impressão 3D, Cuidado da População LGBTQIAPN+ e o apoio ao Programa Mais Acesso a especialistas no campo da Oftalmologia
Aprendizado e análise crítica
A capacidade de organizar grupos da Universidade como resposta a problemas complexos no SUS, em articulação com parceiros interinstitucionais, possibilitou ações voltadas às necessidades da população em campos de vazios assistenciais e de vulnerabilidade social. Recursos provenientes de políticas indutoras puderam ser destinados para o fortalecimento das políticas públicas em curso, visando ampliação do acesso à saúde com equidade e contribuição com avanços para a transformação digital do SUS
Conclusões e/ou Recomendações
O Núcleo de Saúde Digital da Unifesp se estabelece como um ator relevante no SUS para responder aos vazios assistenciais, promovendo acesso e qualificação do cuidado na perspectiva da Saúde Digital
EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE PARA O FORTALECIMENTO DO CUIDADO À POPULAÇÃO CIGANA NO SUS
Pôster Eletrônico
1 UFU
2 Departamento de APS da Prefeitura Municipal de Araguari
Período de Realização
A formação realizada por um grupo do PET-Saúde Equidade ocorreu entre agosto e setembro de 2024.
Objeto da experiência
Formação de profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) sobre atenção integral à saúde da população cigana.
Objetivos
Desenvolver e realizar uma formação para profissionais da APS de uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) de um município de médio porte do Triângulo Mineiro sobre a população cigana, com foco na equidade, e de acordo com as demandas do povo cigano da região da UBSF.
Descrição da experiência
A formação teórico-prática foi realizada em três encontros, sendo o primeiro com os profissionais da UBSF, tendo como tema central a população cigana; o segundo com a população cigana local, por meio de visitas domiciliares realizadas pela equipe do PET-Saúde Equidade; e o terceiro novamente com os profissionais da UBSF, visando compartilhar informações e demandas da população cigana local, a fim de gerar reflexões e aprimorar o cuidado em saúde, com foco na equidade.
Resultados
Foi observado desconhecimento sobre a história, cultura e demandas em saúde da população cigana e até preconceitos de parte da equipe da UBSF no primeiro encontro. As visitas domiciliares foram essenciais para conhecer parte da realidade da população cigana local, bem como para coletar informações sobre suas principais necessidades. Ademais, as trocas entre as equipes PET/UBSF contribuíram para a sensibilização dos profissionais da unidade sobre as principais demandas da população cigana local.
Aprendizado e análise crítica
Evidenciou-se a fragilidade no cuidado em saúde da população cigana local, o que demonstra a necessidade de profissionais capacitados para garantir o cuidado integral dessa população. No entanto, foi observado que as ações contribuíram para o fortalecimento do vínculo entre UBSF e usuários ciganos, possibilitando o acolhimento e escuta sob uma ótica mais empática e humanizada, promovendo assim, a integralidade do cuidado, bem como a equidade.
Conclusões e/ou Recomendações
A efetivação de direitos dos povos ciganos esbarra na ausência do Estado, estigma e intolerância. A educação permanente em saúde é vital para sensibilizar profissionais, destacando o papel do PET-Saúde Equidade. No entanto, é preciso ir além e criar leis específicas para combater a necropolítica e o genocídio que atingem esses povos fundamentais à formação da nação brasileira.
ENCONTROS PARA CONSTRUIR OUTRAS NARRATIVAS DOS MODOS DE SE ESTAR NA PESQUISA: UM OLHAR AMPLIADO SOBRE AS DIVERSAS FORMAS DE EXISTÊNCIA DE VIVENTES DA RUA.
Pôster Eletrônico
1 USP
Período de Realização
A experiência iniciou em meados de 2023 e ainda encontra-se em desenvolvimento.
Objeto da experiência
Formação de um coletivo de pesquisadores vinculados à Faculdade de Saúde Pública (FSP-USP), que partilha de reflexões e vivências no campo de pesquisa.
Objetivos
Elaborar coletivamente os processos de construção do campo de pesquisa, das conexões e caminhos que estruturaram a experiência de pesquisadores, dando sentidos às narrativas construídas a partir de um olhar ampliado e implicado sobre as diversas formas de existência e de viventes da rua.
Descrição da experiência
O espaço de construções possíveis se dá a partir de encontros com pesquisadores da FSP-USP. Ao relatar cenas e narrativas construídas, buscamos compreender os modos de estar em campo e os desejos e acessos a eles na pesquisa. Compartilhamos percepções sobre as vivências através de mídias, desenhos e poemas na intenção de produzir sentido e olhares para as redes vivas que tivemos com a pesquisa, conectando assuntos frequentemente fragmentados e contribuindo para um entendimento outro da “saúde.”
Resultados
As trocas revelaram tensionamentos na produção de singularidades das pessoas em situação de rua. As reflexões a partir da observação atenta e imersiva, aliadas a reflexões sobre diferentes vivências outras, permitiu um olhar inicial analítico sobre a micropolítica dos elementos territoriais que atravessam os corpos das pessoas em situação de rua, como a violência, o racismo, barreiras e acesso às políticas sociais, potencialidades expressas a partir das vivências e formas de resistência das pessoas.
Aprendizado e análise crítica
As trocas do coletivo de pesquisa despertaram múltiplos caminhos e percepções que constituem a experiência. Ampliou o olhar das possibilidades de se estar nas ruas e os caminhos de conexões necessários para produzir este viver. O processo contribuiu para revirar o olhar disciplinado e rígido que alimenta intolerâncias na diversidade de existir, além da perspectiva da pesquisa em saúde, apreendendo a complexidade de se sustentar a participação das pessoas através do sustentar a vida no cotidiano.
Conclusões e/ou Recomendações
Essa experiência conectou e considerou novos ângulos e possibilidades na formulação de modos de existir, a necessidade de prolongar o contato pode ajudar a ampliar e cruzar experiências subjetivas com a materialidade do mundo, constituindo outros sentidos. Outros mundos e campos de possibilidades de produção, expressões e sentires dos desejos são ativados por uma rede que potencializa o que já existe e criativamente produz modos outros de se estar na vida.
BIOÉTICA E CUIDADO EMERGENCIAL: EXPERIÊNCIA DO PROJETO “SOS OBSTETRIZES” NAS ENCHENTES DO RIO GRANDE DO SUL
Pôster Eletrônico
1 EACH - USP
2 FSP - USP
Período de Realização
O projeto foi realizado nos meses de maio e junho de 2024.
Objeto da experiência
Executar projeto voluntário em saúde sexual e reprodutiva, guiado por princípios éticos, humanizados e sensíveis à dignidade durante crise climática.
Objetivos
Prestar cuidado ético nos esforços de reconstrução pós-enchente do RS, sem criar demandas adicionais ao Estado ou exposições desnecessárias das vítimas. Ofertar elementos por vezes esquecidos em estados de calamidade, como privacidade, preservação de imagem e garantir a continuidade do cuidado.
Descrição da experiência
Relatos das pacientes apontaram atendimentos sem registros ou continuidade, levando à repetição de procedimentos e insegurança no cuidado. Também foram percebidas exposições indevidas, como fotografias feitas sem consentimento ou necessidade clínica. Em resposta, o projeto SOS Obstetrizes criou um protocolo de conduta, orientando as voluntárias quanto à proteção da privacidade, respeito à dignidade e cuidados humanizados, sobretudo diante das limitações impostas pelo contexto de calamidade.
Resultados
A promoção da bioética contribuiu para um ambiente de confiança nos abrigos. As cadernetas de pré-natal distribuídas pelo projeto permitiram a retomada dos registros e a continuidade do cuidado. As orientações clínicas foram condizentes à realidade da calamidade, evitando condutas inviáveis de modo a promover um cuidado digno e seguro. A atuação cuidadosa fortaleceu o vínculo com as pacientes e gerou reconhecimento da comunidade local, inclusive pela Secretaria Municipal de Saúde.
Aprendizado e análise crítica
A crise evidenciou a importância de que ações voluntárias se aproximem da bioética crítica de inspiração feminista. Atendimentos de outras equipes voluntárias não compactuavam com o princípio da dignidade humana. O projeto mostrou que é possível cuidar sem expor, desde que se priorize o bem-estar do paciente como fim em si. Condutas adaptadas ao cenário de calamidade foram fundamentais e ter diretrizes claras ajudam a proteger quem mais precisa e dignifica a prática em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Projetos voluntários devem adotar protocolos de conduta claros e priorizar a dignidade dos atendidos. Situações de calamidade não justificam práticas invasivas e ações midiáticas. É essencial que as práticas estejam adequadas tanto ao contexto socioeconômico das vítimas, quanto às limitações trazidas pela crise. A presença de obstetrizes pautadas na bioética propiciou um cuidado sensível, estabeleceu relações de confiança e evitou revitimizações.
POSSIBILIDADES APÓS 10 ANOS DE REFORMA EM SAÚDE MENTAL NO PERU: EXPERIÊNCIAS ASSOCIATIVAS A PARTIR DA PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA E DA SAÚDE COLETIVA
Pôster Eletrônico
1 UNSA
Período de Realização
Reforma em saúde mental no Peru: associações e psicologia social comunitária e saúde coletiva
Objeto da experiência
Análise de vivências em saúde mental comunitária no Peru com foco em atores sociais, famílias e associações
Objetivos
Analisar as contribuições das associações no Peru na reforma em saúde mental. Identificar barreiras e potencialidades da participação social e propor ferramentas desde a psicologia social comunitária e a saúde coletiva para fortalecer o tecido associativo e sustentar políticas públicas.
Descrição da experiência
A proposta baseia-se em ações territoriais realizadas entre 2023 e 2025, com base em experiências anteriores desde 2018 em comunidades urbanas, rurais e andinas do Peru. Articula ações com o serviço SERUMS, oficinas vivenciais, redes de usuários e espaços formativos para profissionais. Propõe-se uma metodologia ideal de pesquisa-ação com abordagem mista: análise documental, entrevistas, grupos focais e sistematização de trajetórias sob os princípios da saúde coletiva e direitos latino-americanos.
Resultados
Identificam-se limites estruturais que dificultam a sustentabilidade de associações em saúde mental, como estigma, desarticulação entre níveis de atenção e novas formas de gestão comunitária na promoção da saúde, como os Conselhos Locais de Saúde e as prefeituras municipais. A experiência inclui formação de profissionais, ações psicoeducativas e envolvimento de famílias, lideranças e usuários. Apesar dos desafios, há potencialidades locais e comunitárias mais inclusivas
Aprendizado e análise crítica
A sustentabilidade da reforma em saúde mental exige participação social ativa, estruturada e com incidência política. A psicologia social comunitária, ausente em muitos espaços institucionais, contribui para vínculos afetivos, memória coletiva e recuperação com sentido cultural. A saúde coletiva permite analisar desigualdades de gênero, classe, etnia e território. Reformas clínicas e administrativas são limitadas sem associatividade e organização popular que democratizem o cuidado em saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
É urgente fortalecer os mecanismos de articulação entre Estado, sociedade civil e coletivos organizados para consolidar a saúde mental comunitária. É necessário institucionalizar a participação vinculante de usuários e familiares, reconhecer a associatividade como indicador de qualidade, formar em psicologia social comunitária e saúde coletiva com saberes andinos e amazônicos, com enfoque territorial, equidade e inclusão como base do cuidado coletivo.
ATENÇÃO À SAÚDE DOS INDIVÍDUOS PRIVADOS DE LIBERDADE: A (IN)VISIBILIDADE DOS DIREITOS À SAÚDE NO SISTEMA PRISIONAL
Pôster Eletrônico
1 UFCAT
Período de Realização
As ações do projeto de extensão foram desenvolvidas entre 01/01/2024 e 31/12/2024.
Objeto da experiência
O objeto de experiência é um projeto de extensão em saúde desenvolvido em um presídio goiano, com foco na promoção da saúde prisional.
Objetivos
0 objetivo do trabalho é relatar a experiência do projeto extensionista, onde foram realizadas ações em saúde para à população privada de liberdade de um presídio no Sudeste goiano.
Descrição da experiência
Os integrantes desenvolveram as seguintes atividades: testagem rápida das Infecções Sexualmente Transmissíveis em parceria com o Centro de Testagem e Aconselhamento Municipal, vacinação de Covid-19 e Influenza juntamente com Unidade Básica de Saúde do território. Ademais, a enfermaria da Unidade Prisional foi reorganizada, com a identificação dos medicamentos. Simultaneamente, um ciclo de palestras denominado “entre muros” foi desenvolvido quinzenalmente nas dependências da Universidade.
Resultados
Um total de 288 reeducandos participaram das testagens, resultando na realização de 1.152 testes rápidos e como resultados, dois foram positivos para o HIV, 33 resultados positivos para Sífilis e um resultado positivo para Hepatite C. Outrossim, foram aplicadas 287 vacinas nos participantes, das quais 251 indivíduos se vacinaram para ambas as vacinas, três vacinaram apenas para Covid-19 e 33 vacinaram somente para Influenza.
Aprendizado e análise crítica
A implementação da política representa um avanço significativo na assistência em saúde à população carcerária no Brasil. O projeto reafirma o compromisso com os princípios da política e do SUS, demonstrando a importância de ações voltadas a esse contexto. Os resultados evidenciam a necessidade urgente de assistência contínua e efetiva. Outrossim, a vivência reforça o reconhecimento da pessoa privada de liberdade como sujeito de direitos, com acesso integral e equânime à saúde.
Conclusões e/ou Recomendações
Em vista disso, os resultados encontrados são um indicativo positivo na intervenção de saúde em ambientes desafiadores, todavia, é importante salientar que essas iniciativas de ações não se restringem apenas a um projeto pontual, mas que torne parte de uma política de saúde contínua e integrada. Avançando nessa direção, estaremos não apenas cumprindo um dever ético e legal, mas também contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa.
PANFLETOS INFORMATIVOS PARA GESTANTES EM PORTUGUÊS E ESPANHOL
Pôster Eletrônico
1 USP
Período de Realização
O projeto iniciou em 01 de setembro de 2023 e encerramento em 01 de junho de 2024.
Objeto da experiência
Mulheres frequentadoras da UBS Zona Leste de São Paulo, com ênfase às mulheres imigrantes, principalmente bolivianas.
Objetivos
Desenvolver material educativo para as gestantes, visando proporcionar acesso à informação e consequentemente promoção de saúde por meio de escolhas informadas. Para maior inclusão e levando em conta o público de gestantes, os folhetos serão elaborados em duas versões: português e espanhol.
Descrição da experiência
O desenvolvimento do folheto informativo baseou-se na literatura científica atual bem como em cartilhas e manuais culturais com foco na cultura das mulheres bolivianas, principal público alvo dos panfletos na versão em
espanhol. Os folhetos serão desenvolvidos com conteúdo para o período gestacional e para o momento do parto, apresentando leis e direitos dessas mulheres, com informação acessível para tomada de decisões sobre o corpo e o processo de parto e nascimento de forma consciente
Resultados
A acessibilidade oferecida pelos panfletos em espanhol, não somente gerou inclusão no cuidado e poder de escolha com as mulher hispano-hablantes, como auxiliou na prevenção de violências obstétricas e aumentou a satisfação no cuidado. Os materiais também se demonstram eficazes por sua praticidade, tendo em vista a alta demanda da UBS e o curto tempo estipulado para cada consulta. Os estudos demonstraram a tamanha importância que a informação acessível tem na gestação, parto e pós-parto
Aprendizado e análise crítica
Evidencia-se a potência da educação em saúde na promoção da autonomia e principalmente na prevenção da violência obstétrica. Além de, reforçar a constante importância de capacitação dos profissionais e
atualizações quanto às informações oferecidas em seu atendimento, a língua materna em muitos atendimentos surge como uma barreira, no entanto, os panfletos atuaram para atenuar essas diferenças linguísticas e culturais.
Conclusões e/ou Recomendações
Os estudos permitem concluir e reforçar a tamanha importância que a informação tem na gestação, parto e pós-parto, e como é importante a acessibilidade de linguagem, como no caso estudado para mulheres
hispano-hablantes usuárias, para assim promover uma assistência qualificada, melhorando o direito à saúde e consequentemente diminuindo as violências que atingem essa população dando a elas a oportunidade de participar informadas com qualidade.
GRUPO TRAVESSIA: TRANSIÇÃO DO CUIDADO DE PESSOAS COM GASTROSTOMIA (GTT)
Pôster Eletrônico
1 UNICAMP E NGHSP/SES
2 NGHSP/SES
3 E NGHSP/SES
4 CRSSSUL
5 CRSUSL
6 HD Santo Amaro
7 HIDV
Período de Realização
De outubro de 2020 até o momento presente
Objeto da experiência
Transição do cuidado de pessoas com gastrostomia de hospital pediátrico para a rede de saúde da Região Sul de São Paulo ao atingirem maioridade
Objetivos
Garantir a transição do cuidado de pacientes com gastrostomia, assegurando continuidade do cuidado em serviços próximos às suas residências. Corresponsabilização e aproximação entre os diversos serviços da rede de saúde, através de espaços de cogestão e clínica ampliada entre os profissionais.
Descrição da experiência
Perante a dificuldade em garantir a continuidade do cuidado a pacientes com gastrostomia, após os 18 anos, o Hospital Darcy Vargas realizou levantamento dos pacientes que não possuíam mais perfil para atendimento no serviço. Paralelamente, na região Sul, já discutia um fluxo de atendimento. As articuladoras de humanização propuseram e promoveram reuniões periódicas para discussão, articulação e pactuação do cuidado entre equipes da rede e familiares dos usuários.
Resultados
Fortalecimento da rede: Maior articulação entre HIDV, UBSs e EMADs, com diminuição da invisibilidade desses pacientes. Garantindo a transição do cuidado de 100% dos casos discutidos
Mitigação das resistências de equipes e famílias com capacitação e pactuação progressiva.
Realização de atendimentos compartilhados e apoio matricial entre equipes
Destaque para a qualidade de vida dos pacientes, que passaram a receber atendimento integral, incluindo paliativos quando necessário.
Aprendizado e análise crítica
A cogestão e o diálogo contínuo, com uso de tecnologias leves, são essenciais para transpor barreiras institucionais. Além disso, o apoio da gestão e a abertura dos profissionais foram essenciais para o êxito dessa experiência. Contudo a falta de política pública nacional para gastrostomia, com orçamento específico dificulta que o cuidado seja garantido para todos os usuários que são residem na região sul da cidade de São Paulo.
Conclusões e/ou Recomendações
A experiência mostrou que a aproximação das equipes e articulação em rede podem garantir a continuidade do cuidado e o acesso a serviços de saúde. E evidencia a importância da criação de uma Política Pública que vise o cuidado integral de pessoas que fazem uso de gastrostomia.
ESTRATÉGIAS DA SECRETARIA DE SAÚDE MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE FRENTE AO CORTE DO FINANCIAMENTO INTERNACIONAL DE VERBAS PARA O COMBATE DO HIV/AIDS
Pôster Eletrônico
1 Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre
2 UFRGS
Período de Realização
Janeiro de 2025 a Abril de 2025
Objeto da experiência
Interrupção do Projeto “A Hora é Agora” em Porto Alegre devido ao corte de verbas do financiamento internacional para o combate ao HIV/AIDS.
Objetivos
Descrever as estratégias da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre para mitigar os impactos do corte de verbas do projeto “A Hora é Agora”, voltado ao diagnóstico precoce e tratamento do HIV/AIDS, destacando o fortalecimento da prevenção combinada com PEP, PrEP e testagem rápida para ISTs.
Descrição da experiência
A estratégia foi mantida via contrato com os Correios e aporte financeiro municipal. Houve chamamento de dois infectologistas para reforçar os serviços de atendimento localizados na região norte, onde estava a equipe mais antiga do projeto. Fortalecimento do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Santa Marta, com residentes para agilidade nos acolhimentos. Realização de busca ativa e vinculação na rede garantida, de forma que a mudança nos processos ocorresse de forma organizada.
Resultados
Durante o período, as equipes permaneceram alocadas nos SAEs, a fim de garantir a continuidade do cuidado e evitar desassistência. A equipe do projeto A Hora é Agora (AHA) seguiu atuando em atividades de capacitação, profilaxias e manejo clínico do HIV voltadas aos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS), em parceria com a SMS. O objetivo dessas ações foi de compartilhar a experiência do serviço e promover a qualificação do atendimento prestado pelos profissionais das Unidades de Saúde.
Aprendizado e análise crítica
Ao receber a parceria com a Fiocruz e a inserção do Projeto “A Hora é Agora” em Porto Alegre, a SMS buscou garantir que as ações fossem complementares à política pública de saúde, assegurando sua sustentabilidade nos serviços próprios. Destaca-se a necessidade de esforços para reduzir a dependência do cenário político e internacional na manutenção das ações e do financiamento das respostas do enfrentamento ao HIV/AIDS.
Conclusões e/ou Recomendações
A coordenação do projeto anunciou sua continuidade até setembro de 2025, quando será reavaliada sua sustentabilidade. A prioridade da SMS foi garantir segurança à população quanto ao acesso a insumos, medicamentos para HIV/AIDS e profilaxias. Reforça-se a necessidade de fortalecer os serviços existentes, com apoio complementar de projetos e parceiros.
A SOCIEDADE CIVIL FRENTE À CRISE HUMANITÁRIA GLOBAL: ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS EM SAÚDE GLOBAL A PARTIR DOS INFORMES CRIS/FIOCRUZ (2024)
Pôster Eletrônico
1 UFBA
Período de Realização
Janeiro a Dezembro de 2024.
Objeto da produção
Análise das manifestações e posicionamentos das organizações da sociedade civil sobre saúde global em contextos de crise.
Objetivos
Analisar como organizações da sociedade civil expressam posicionamentos políticos e práticas no campo da saúde global, especialmente frente a guerras, crise humanitárias e mudanças climáticas, com foco nas estratégias discursivas e de advocacy.
Descrição da produção
Trata-se de um estudo qualitativo baseado na análise de conteúdo de 26 informes quinzenais de 2024, produzidos pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil e publicados nos Cadernos CRIS/Fiocruz. Esses informes sintetizam manifestações de mais de 60 organizações atuantes na saúde global. A sistematização foi organizada em três eixos temáticos: (1)guerras e conflitos armados; (2)crise humanitária e deslocamentos forçados; (3)saúde e direitos humanos, com foco nas estratégias discursivas e práticas políticas.
Resultados
A análise revelou que a crise humanitária ocupa lugar central nas manifestações da sociedade civil, com forte crítica à seletividade das respostas globais. Observa-se a mobilização de estratégias diversas de advocacy, redes transnacionais e construção de narrativas contra-hegemônicas, que reafirmam a saúde como direito e denunciam práticas de securitização, omissões institucionais e desigualdades estruturais.
Análise crítica e impactos da produção
A sistematização das manifestações evidencia o papel ativo da sociedade civil na arena global da saúde, contribuindo para a formulação de agendas mais equitativas e denunciando os limites das respostas oficiais a crises. O estudo contribui para a compreensão do advocacy transnacional como forma de resistência política, articulando solidariedade global, defesa de direitos e produção de conhecimento crítico desde o Sul Global.
Considerações finais
O monitoramento das manifestações da sociedade civil revela sua capacidade de atuação crítica, colaborativa e estratégica na saúde global. Mesmo diante de assimetrias de poder, essas organizações contribuem para a construção de respostas mais inclusivas, sustentáveis e democráticas às crises contemporâneas, reafirmando a centralidade da saúde como bem público global.
DIAGNÓSTICO SOCIOTERRITORIAL EM TERRITÓRIOS PERIFÉRICOS: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ALINHADO À INTELIGÊNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Pôster Eletrônico
1 Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Brasília
Período de Realização
Março de 2025 a junho de 2025
Objeto da produção
Diagnóstico socioterritorial integrando dados demográficos, socioeconômicos e socioambientais, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Objetivos
Contribuir para a inteligência epidemiológica da Plataforma de Inteligência Cooperativa com Atenção Primária à Saúde (PICAPS) por meio de diagnóstico socioterritorial multissetorial; identificar determinantes sociais de saúde em territórios periféricos e apoiar ações nos projetos institucionais.
Descrição da produção
1 -Caracterização do território: delimitação territorial e coleta de dados histórico e demográficos.
2 -Tabulação de indicadores socioeconômicos: trabalho e renda, IDH, Gini, IVS e IBP.
3 - Mapeamento de políticas, infraestrutura e serviços via Sistema de Informações oficiais.
4 - Identificação de vulnerabilidades socioambientais: ocupação irregular, contaminações, desmatamentos, entre outros.
5 - Análise Integrada com ODS: fragilidades, riscos e determinantes sociais do território alinhados aos ODS.
Resultados
Foram produzidos 8 diagnósticos socioterritoriais, subsidiando plano de ação em 8 territórios, com estratégias sociotécnicas integradas para vigilância territorial.
- Diagnósticos integrados e multissetoriais com os principais determinantes da saúde em territórios periféricos e identificam áreas prioritárias para intervenção.
- Fortalecimento da cooperação intersetorial entre saúde, educação, assistência social e meio ambiente, subsidiando intervenções locais e mudanças institucionais no SUS.
Análise crítica e impactos da produção
O diagnóstico fornece um panorama abrangente e multidimensional dos territórios periféricos, integrando dados estruturados e não estruturados de saúde e aspectos sociodemográficos. Essa abordagem qualifica a tomada de decisões alinhadas à realidade local, fortalece a inteligência epidemiológica e subsidia ações intersetoriais, ampliando a capacidade dos territórios em enfrentar desigualdades e avançar nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, promovendo justiça social e equidade em saúde.
Considerações finais
O modelo demonstra aplicabilidade em diversos contextos de atuação, alinhando a análise dos Determinantes Sociais de Saúde e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Sua implementação potencializa a atuação nos territórios periféricos pois tem uma visão ampla e multisetorial da sociedade, servindo como norteador na definição de estratégias sociotécnicas locais e fortalece políticas territoriais de saúde.

Realização: