
Programa - Comunicação Oral Curta - COC25.2 - Gestão do Trabalho: planejamento, dimensionamento e desertos técnicos
02 DE DEZEMBRO | TERÇA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
APOIO INSTITUCIONAL DA GESTÃO FEDERAL DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO DEPARTAMENTO DE GESTÃO INTERFEDERATIVA E PARTICIPATIVA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 Ministério da Saúde
Período de Realização
Desde 2016 o Ministério da Saúde instituiu o Apoio Institucional em suas Superintendências Estaduais
Objeto da experiência
Apoio Institucional da gestão federal do SUS enquanto tecnologia de cogestão que democratiza e fomenta relações interfederativas e participativas
Objetivos
O Apoio Institucional tem por finalidade fortalecer a gestão do SUS promovendo maior articulação entre os entes federados, facilitando a interlocução entre o Ministério da Saúde, as Secretarias e Conselhos Saúde, os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde e outros atores locais
Descrição da experiência
As equipes dos Serviços de Articulação Interfederativa e Participativa (Seinp), das Superintendências Estaduais do Ministério da Saúde (Sems), desenvolvem o Apoio Institucional no território a partir das orientações técnicas do MS, notadamente: a) no fortalecimento do planejamento ascendente e participativo; b) na organização do sistema de saúde em colaboração com os gestores; c) na qualificação dos processos de informação em saúde; d) no apoio à implementação das políticas públicas de saúde
Resultados
Como resultados do exercício do Apoio Institucional pelas equipes Seinp/Sems no território, destacam-se: apoio ao processo de planejamento e regionalização no SUS; contribuição na análise da situação de saúde; colaboração na organização da rede regionalizada do SUS; acompanhamento e qualificação dos instrumentos de planejamento; apoio à participação social e popular; produção de informações estratégicas para a gestão em saúde; e articulação para a implementação das políticas e programas de saúde
Aprendizado e análise crítica
A atuação dos apoiadores institucionais no território tem promovido o aprimoramento das relações interfederativas e participativas no SUS de forma cooperativa. Entretanto, permanece o desafio de buscar estratégias para equilibrar a distribuição por estado dos(as) trabalhadores(as) dos Seinp/Sems de forma mais equitativa, pois observa-se certa carência de pessoal em especial nos estados da região Norte do país, dificultando a atuação frente às muitas demandas e atribuições que lhes cabem
Conclusões e/ou Recomendações
O Apoio Institucional promove corresponsabilização na gestão em saúde, práticas coletivas e capacidade de intervenção sobre a realidade local, com foco na transversalidade das políticas e ruptura com a fragmentação na condução das ações em saúde no território. Recomendações: superar a desigualdade entre as equipes Seinp/Sems, fortalecer a educação permanente e aprimorar um fluxo de comunicação que promova integração com as áreas técnicas do MS
ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA E SUA PERCEPÇÃO SOBRE O TRABALHO EM EQUIPE INTERPROFISSIONAL NAS UNIDADES DE REFERÊNCIA À SAÚDE DO IDOSO
Comunicação Oral Curta
1 FSP-USP
Apresentação/Introdução
O trabalho interprofissional é fundamental na área de saúde diante da complexidade do envelhecimento. A Unidade de Referência à Saúde do Idoso (URSI), serviço de atenção secundária, compõe a Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa do município de São Paulo e pode contar com nutricionista na equipe interprofissional. Poucos estudos foram desenvolvidos sobre sua atuação profissional nessa equipe.
Objetivos
Objetiva-se identificar as competências do nutricionista em URSI de três regiões do município de São Paulo: Norte, Sul e Oeste e compreender a sua percepção sobre o trabalho em equipe interprofissional.
Metodologia
Estudo descritivo qualitativo com entrevistas semi-estruturadas e observação participante em três URSI, escolhidas por conveniência. As entrevistas face-a-face com nutricionistas foram conduzidas com o auxílio de um questionário semi-estruturado, sendo gravadas e transcritas. A observação participante com registro em diário de campo foi realizada com a finalidade de verificar in loco sua atuação. Os dados coletados foram analisados por meio da análise de discurso. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (CAAE 80768224.2.0000.5421) e da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (CAAE 80768224.2.3001.0086).
Resultados
Os discursos evidenciaram que o nutricionista na URSI desempenha competências específicas, conforme previsto nas normas e legislações vigentes: avaliação e diagnóstico nutricional, prescrição dietética e ações de educação alimentar e nutricional. Enfatizam o papel central da alimentação na prevenção de doenças e recuperação da saúde, destacando a importância do reconhecimento pela equipe sobre suas competências próprias. A atuação interprofissional ocorre tanto em reuniões de equipe, matriciamentos, grupos terapêuticos, consultas compartilhadas quanto em espaços informais relevantes, em que a construção compartilhada do cuidado integral ocorre de forma horizontal entre seus membros.
Conclusões/Considerações
A atenção à pessoa idosa é complexa e multifacetada, dada a heterogeneidade do envelhecimento. Exige uma abordagem interprofissional, considerando aspectos clínicos, nutricionais, psicossociais e ambientais. Identificou-se as competências próprias tanto nas entrevistas quanto na observação (avaliação, diagnóstico e educação alimentar e nutricional) e o trabalho em equipe é percebido como fundamental para a promoção da integralidade do cuidado.
CENÁRIO ESPERADO DA FORÇA DE TRABALHO EM REABILITAÇÃO EM 2030 NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
2 Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Apresentação/Introdução
Com a tendência de crescimento das doenças crônicas no Brasil e no mundo, a reabilitação é uma intervenção de saúde fundamental para pessoas que vivem com incapacidades. A Organização Mundial da Saúde recomenda entender sobre a evolução da disponibilidade de recursos humanos de reabilitação para suprir adequadamente as necessidades nos sistemas de saúde.
Objetivos
Analisar a tendência de evolução da força de trabalho em reabilitação no Sistema Único de Saúde no Brasil e projetar o cenário para 2030 nas atenções primária, especializada e hospitalar à saúde (APS, AES e AHS, respectivamente).
Metodologia
Estudo de característica ecológica de série temporal e projeção da taxa da força de trabalho em reabilitação de fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacional por 10.000 habitantes no Brasil a partir do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, com coleta de dados mensais de janeiro de 2010 a dezembro de 2023. A projeção das taxas foi realizada para cada categoria profissional para APS, AES e AHS mensalmente até 2030 por meio de Modelos SARIMA e calculada a diferença da média anual da projeção de 2010 a 2030.
Resultados
A fisioterapia apresentou destaque com aumento em 206,2% da taxa na APS entre 2010 e 2030 (2010=0,22; 2022=0,51; 2030=0,69 fisioterapeutas/10.000 habitantes), na AES o destaque foi para os psicólogos com aumento entre 2010 e 2030 de 170,13% (2010=0,42; 2022=0,75; 2030=1,13 psicólogos/10.000 habitantes) e na AHS os fisioterapeutas com aumento 247,19% entre 2010 e 2030 (2010=0,46; 2022=1,54; 2030=1,61 fisioterapeutas/10.000habitantes). Para fonoaudiologia e terapia ocupacional é estimada diminuição na APS de 2022 a 2030, -1,73% e -1,04%, respectivamente.
Conclusões/Considerações
Existe previsão de crescimento da força de trabalho em reabilitação no Sistema Único de Saúde no Brasil até 2030. Fisioterapeutas e psicólogos apresentaram maiores crescimentos de 2010 a 2022, e maior previsão até 2030.
DESERTOS TÉCNICOS: LEVANTAMENTO QUANTITATIVO DA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DE TÉCNICOS EM SAÚDE NO BRASIL
Comunicação Oral Curta
1 EPSJV/Fiocruz
2 Fiocruz
Apresentação/Introdução
A escassez de trabalhadores de saúde nas Américas é um problema de longa data. No Brasil, essa realidade é agravada por desigualdades locorregionais. Técnicas em Saúde, majoritariamente, negras, representam o maior contingente da força de trabalho nos serviços de saúde, onde desempenham funções primordiais em estratégias que ampliam a cobertura e reorientam a atenção.
Objetivos
O estudo objetivou sistematizar dados relativos à formação e atuação de técnicos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS). A sistematização pode contribuir à formulação de ações de dimensionamento das necessidades de técnicos em saúde.
Metodologia
A coleta de dados partiu das informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e do Censo Escolar (INEP). Posteriormente, realizou-se geocodificação e consolidação, vinculando os dados aos municípios e Unidades da Federação. Seguiu-se com a análise espacial para identificar os “desertos técnicos” - áreas com ausência ou escassez de profissionais. Por fim, elaboraram-se mapas temáticos e gráficos, com a sobreposição de indicadores como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), permitindo melhor visualização sobre a distribuição dos técnicos em saúde (em formação e em atuação profissional) nas diferentes regiões do país.
Resultados
A análise revelou padrões de desigualdades locorregionais na distribuição dos técnicos. Estados do Sudeste, como São Paulo e Minas Gerais, concentram a maioria dos trabalhadores. Territórios do Norte e do Nordeste apresentam, com maior frequência, "desertos técnicos". Municípios com maior IDH tendem a ter mais técnicos, sugerindo que o desenvolvimento socioeconômico influencia, diretamente, na capacidade de atração e retenção dessa força de trabalho. Como etapa seguinte, prevê-se a possibilidade de correlacionar estes achados com os dados relativos aos trabalhadores de nível superior, uma vez que a ausência de técnicos, ou a sua presença sem retaguarda, pode reduzir qualidade assistencial.
Conclusões/Considerações
O estudo recomenda: investimentos direcionados à formação técnica em áreas estratégicas e em regiões de "desertos técnicos"; implementação de programas de fixação e incentivos para atuação em áreas remotas; maior articulação entre a formação profissional e as necessidades do SUS; e, necessidade do planejamento estratégico da formação de técnicos incluindo itinerários de qualificação profissional posteriores à formação inicial.
DIMENSIONAMENTO DA FORÇA DE TRABALHO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NO SUS: EXPERIÊNCIA DA SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL (SES-DF).
Comunicação Oral Curta
1 SES-DF
Período de Realização
O manual foi construído e validado no período de janeiro de 2022 a março de 2025.
Objeto da produção
Manual de Parâmetros para o Dimensionamento da Força de Trabalho: Superintendências e Unidades de Referência Distritais (URD) da SES-DF, 3ª edição.
Objetivos
Fortalecer e subsidiar a gestão do trabalho na SES-DF por meio da definição de parâmetros técnicos para o dimensionamento da força de trabalho, alinhados às necessidades assistenciais, administrativas e gerenciais das Superintendências Regionais e Unidades de Referência Distritais.
Descrição da produção
O manual foi elaborado pela Gerência de Dimensionamento e Avaliação do Trabalho (GEDAT) da SES-DF, com a colaboração ativa de stakeholders, a partir de dados institucionais, visitas técnicas e reuniões. A metodologia incluiu etapas qualitativas, para análise de normativas, processos e estrutura, e quantitativas, voltadas à definição de parâmetros e dimensionamento. Foi aprovado por consenso na 1ª Reunião Ordinária do Colegiado de Gestão da SES-DF, em 13 de fevereiro de 2025.
Resultados
A atualização do Manual de Parâmetros da SES-DF aprimorou o mapeamento e a parametrização das áreas assistenciais e administrativas das Superintendências Regionais e URDs. O manual consolidou-se como ferramenta estratégica para planejamento, monitoramento e gestão da força de trabalho, subsidiando decisões da Subsecretaria de Gestão de Pessoas e demais gestores, com impacto positivo na governança institucional.
Análise crítica e impactos da produção
A SES-DF avançou na revisão do Manual de Parâmetros, atualizando a metodologia, ampliando o escopo dos serviços assistenciais e administrativos e aprimorando o dimensionamento da força de trabalho. A construção intersetorial e critérios técnicos garantem alinhamento à realidade dos serviços. Contudo, persistem desafios na parametrização da atenção secundária, exigindo aprofundamento técnico.
Considerações finais
A atualização do Manual de Parâmetros fortalece o planejamento e a gestão da força de trabalho na SES-DF, alinhando critérios técnicos à realidade dos serviços. A institucionalização do manual contribui para decisões mais fundamentadas e eficazes, evidenciando a importância da atualização contínua e do aprimoramento dos processos técnico-políticos para o fortalecimento da gestão em saúde.
EXPANSÃO DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NA APS BRASILEIRA: DESAFIOS À TRANSPARÊNCIA E À REGULAÇÃO DO TRABALHO EM SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 ENSP/FIOCRUZ
2 IAM/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
A gestão por Organizações Sociais (OS) na Atenção Primária à Saúde (APS) tem se expandido nos últimos anos, inclusive em municípios de pequeno porte. Este estudo busca compreender essa dinâmica e seus impactos na força de trabalho em saúde e na consolidação de políticas públicas com base em dados atualizados e acessíveis.
Objetivos
Analisar a expansão territorial das OS na gestão da APS no Brasil, a disponibilidade de legislações específicas e os desafios associados à transparência, regulação e proteção do trabalho em saúde.
Metodologia
Estudo descritivo, transversal e observacional com base em múltiplas fontes secundárias. Foram utilizados dados do IBGE/MUNIC, CNES, BDOSS, Portal das OS e pesquisas em sites institucionais. O levantamento da legislação foi feito por meio de buscas sistemáticas em fontes oficiais e não oficiais. Os dados foram organizados por UF e município, cruzados com códigos do IBGE e georreferenciados via QGis, com geração de mapas coropléticos. O estudo identificou a presença de OS em 419 municípios, a partir do IBGE/MUNIC e localizou legislações em 435, via outros métodos de busca. A análise abrange a distribuição por porte populacional e região, e as unidades de APS geridas por OS.
Resultados
Identificaram-se 970 UBS geridas por OS em todo o país, com concentração em SP, RJ e MG. A maioria dos municípios com OS possui mais de 50 mil habitantes, mas há presença significativa em cidades menores. Cerca de 35% dos municípios com OS não possuem legislação acessível, revelando fragilidade nos mecanismos de controle social e transparência. Os dados demonstram ausência de bases públicas unificadas e dificuldades para identificar contratos de gestão e a força de trabalho vinculada, apontando para uma crescente precarização laboral no SUS.
Conclusões/Considerações
O estudo evidencia a ampliação do modelo de OS na APS, marcada por baixa transparência e fragilidade normativa. Ressalta-se a urgência de um banco nacional de dados sobre contratos e trabalhadores, além do fortalecimento da regulação e fiscalização. Recomenda-se o debate sobre carreiras públicas na APS como resposta à precarização do trabalho.
GESTÃO DO TRABALHO EM SAÚDE NOS PLANOS ESTADUAIS: ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA O FORTALECIMENTO DO QUADRIÊNIO 2024-2027
Comunicação Oral Curta
1 AgSUS
Apresentação/Introdução
A gestão do trabalho em saúde constitui um dos pilares essenciais para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), pois organiza a valorização, qualificação e distribuição da força de trabalho. A análise dos Planos Estaduais de Saúde (PES) permite compreender como os estados incorporam essa dimensão estratégica, evidenciando avanços, lacunas e potencialidades para o fortalecimento do SUS.
Objetivos
Explorar as ações de gestão do trabalho em saúde previstas nos Planos Estaduais de Saúde (2024-2027), identificando a presença, abrangência e coerência das estratégias voltadas à regulação, valorização e planejamento da força de trabalho no SUS.
Metodologia
A metodologia adotada consistiu em uma pesquisa documental, de abordagem qualitativa, fundamentada em Gil (2002) e Sá-Silva et al. (2009). O objeto de análise foram os Planos Estaduais de Saúde (2024–2027). A coleta de dados ocorreu entre junho e agosto de 2024, por meio de levantamento online em sites oficiais das Secretarias Estaduais de Saúde. Foram incluídos 22 planos disponíveis em formato completo e aberto; cinco estados foram excluídos por não disponibilizarem o documento no período da coleta. Os dados foram organizados em planilha eletrônica e analisados com base em três categorias temáticas, utilizando a análise de conteúdo (Campos, 2004), com apoio de ferramentas computacionais.
Resultados
Nos Planos Estaduais de Saúde analisados, ações de regulação do trabalho, como planos de cargos e concursos públicos, aparecem em cerca de 45% dos estados. A valorização da força de trabalho, que inclui capacitação, planos de carreira e humanização, está presente em aproximadamente 20% dos planos. O planejamento da força de trabalho, abrangendo dimensionamento e formação, tem menor presença, com 15% dos estados. As regiões Norte e Nordeste concentram o predomínio das ações nos três eixos, enquanto Sul e Sudeste apresentam menos propostas. No geral, os estados apresentam iniciativas fragmentadas e insuficientes para abordar de forma integrada os três pilares da Gestão do Trabalho em Saúde.
Conclusões/Considerações
O estudo evidenciou a necessidade premente de fortalecer e consolidar o eixo de gestão do trabalho, já presente nos Planos Estaduais de Saúde. Apesar de avanços pontuais, predominam abordagens dispersas e desalinhadas às políticas nacionais e aos desafios contemporâneos. Esta pesquisa oferece contribuição inédita ao mapear o ciclo 2024-2027, apontando caminhos para qualificação, valorização e distribuição equitativa da força de trabalho no SUS.
CONTRATAÇÃO EMERGENCIAL DE PESSOAL NO GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO (GHC) DURANTE A CALAMIDADE PÚBLICA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EM 2024
Comunicação Oral Curta
1 GHC
Período de Realização
Início das inscrições 24 de maio e dia 29 de maio de 2024 os primeiros trabalhadores já estavam contratados
Objeto da experiência
Método eficiente de processo seletivo simplificado para contratar 890 vagas temporárias em prazo mínimo, garantindo atendimento contínuo ao SUS
Objetivos
Garantir a contratação emergencial rápida para suprir a demanda do GHC na calamidade pública. Reduzir o tempo entre inscrições e início do trabalho. Assegurar transparência e integridade no processo. Atender de forma eficiente às necessidades dos usuários do SUS
Metodologia
Realizou-se processo seletivo simplificado on-line, por meio do Software de BPM Workflow, construído, implementado e avaliado por trabalhadores do GHC. O fluxo contemplou inscrições, heteroidentificação, análise documental, interposição de recursos, contratações entre outras etapas. A iniciativa garantiu agilidade, transparência e rastreabilidade em todas as etapas, permitindo resposta eficiente à urgência provocada pela calamidade pública no RS em 2024
Resultados
A execução do método de contratação emergencial pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC) foi fundamental para garantir atendimento ininterrupto à população durante a calamidade pública ocasionada pelas fortes chuvas. Com 23.944 inscritos em apenas 8 dias, o processo demonstrou grande adesão. As primeiras contratações ocorreram em 5 dias, tempo três vezes menor que o habitual. A transparência e a agilidade do processo evidenciam sua efetividade servindo como modelo em situações críticas.
Análise Crítica
A experiência evidenciou a importância da inovação e da transformação tecnológica para enfrentar os desafios contemporâneos da força de trabalho no Sistema Único de Saúde. Destacou a necessidade de um plano de contingência ágil e transparente para contratações emergenciais, assegurando resposta eficaz em crises. Como aprendizado, o GHC incorporou em seus processos futuros concursos públicos com prazos reduzidos, preparados para demandas rápidas no trabalho em saúde durante calamidades.
Conclusões e/ou Recomendações
O método de contratação emergencial, quando bem planejado e executado, demonstrou ser uma ferramenta eficiente para responder a situações de crise, garantindo agilidade na reposição de pessoal e continuidade dos serviços públicos. Este estudo de caso reforça a relevância de processos inovadores e transparentes, que assegurem não apenas rapidez, mas também legitimidade e efetividade nas contratações emergenciais.
RECONHECIMENTO SOCIAL DA ENFERMAGEM NO BRASIL: ENTRAVES E PERSPECTIVAS PARA O FORTALECIMENTO PROFISSIONAL NO SISTEMA DE SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 FSP/USP
Apresentação/Introdução
O reconhecimento social influencia a escolha, a satisfação e a identidade profissional, sendo crucial em profissões predominantemente femininas como a Enfermagem, a maior força de trabalho na saúde. Apesar de avanços na valorização e na identidade da categoria, há uma lacuna na literatura quanto à análise específica do reconhecimento social da Enfermagem, tema ainda pouco explorado em pesquisas.
Objetivos
Mapear a literatura científica disponível sobre o reconhecimento social da enfermagem no Brasil, identificando abordagens teóricas, principais achados e lacunas na produção acadêmica.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de escopo, baseada na estratégia PCC (População: enfermagem; Conceito: reconhecimento social; Contexto: Brasil), conforme JBI e PRISMA-ScR. Registrada na OSF, incluiu artigos, teses, dissertações, editoriais, ensaios, reflexões e relatos de experiência. A busca foi feita nas bases PubMed, Scopus, Web of Science, SciELO, CINAHL, BVS e CAPES, sem recorte temporal. Incluíram-se estudos em português, inglês ou espanhol. Foram excluídos textos com dados incompletos, fora do contexto geográfico ou temático da pesquisa. A seleção foi realizada por pares e a análise foi conduzida para identificar fatores relacionados ao reconhecimento social da enfermagem.
Resultados
Foram selecionadas 58 publicações. Na última década demonstrou-se um crescente interesse pela temática. A pandemia da COVID-19 impulsionou as discussões sobre a importância da profissão e a necessidade de melhores condições de trabalho, rompendo com os aspectos da subalternidade, como a desvalorização, sobrecarrega de trabalho, desigualdade de gênero e baixa remuneração. Observou-se que os principais temas abordados dizem respeito à construção da identidade profissional e social da categoria, enfatizando, sobretudo, a representação e a visibilidade da profissão na sociedade, além da valorização, satisfação e autonomia profissional dos enfermeiros como essenciais aos sistemas de saúde.
Conclusões/Considerações
Historicamente, a enfermagem no Brasil tem sido marcada por uma luta contínua por reconhecimento profissional, enfrentando desafios relacionados à desvalorização social e à desigualdade de direitos. O reconhecimento da profissão como um campo essencial à saúde pública, com contribuição na redução das desigualdades no acesso aos serviços, é uma condição fundamental para a justiça social e para a dignidade dos profissionais que nela atuam.
RENDA DECLARADA DE MÉDICOS NO BRASIL (2012-2022)
Comunicação Oral Curta
1 USP
2
3 UFRJ
Apresentação/Introdução
O rendimento de médicos é relevante pelo papel e o volume de recursos que representam no sistema de saúde. O rendimento médio mensal foi de R$ 36,8 mil em 2022. Esse valor vem recuando gradualmente e varia segundo gênero, idade, local, atividade, especialização, tempo de formado, inserção pública ou privada, número de vínculos e número de horas semanais trabalhadas.
Objetivos
Revelar tendências no rendimento de médicos no Brasil, a partir de dados de declarações do IRPF, no período entre 2012 e 2022, para subsidiar estudos subsequentes sobre os fatores determinantes do nível de rendimento desta categoria profissional.
Metodologia
O estudo tem como base dados da Receita Federal, entre 2012 e 2022, processados no âmbito do estudo Demografia Médica. Os dados de rendimentos têm como fonte as declarações de todos os contribuintes cuja resposta foi “médico/médica” no campo “ocupação principal” do questionário da declaração anual.
O rendimento analisado no estudo equivale à soma de todas as fontes. Foi calculada a média mensal a partir da divisão do rendimento total declarado por todos os declarantes médicos, dividido pelo total de declarantes e pelos 12 meses do ano. Todos os valores estão apresentados em reais (R$), referentes a dezembro de 2022 e deflacionados segundo o IPCA.
Resultados
O rendimento mensal foi de R$ 36.818 em 2022, seguindo queda gradual ao longo de toda a série.
A renda das mulheres equivale a 63,7% do rendimento declarado por homens.
Médicos seguem entre os maiores rendimentos no país, atrás apenas de carreiras públicas bastante específicas, notadamente no Poder Judiciário.
Os maiores rendimentos estão em Roraima, Distrito Federal e Amapá, evidenciando a influência de múltiplos fatores, como escassez de profissionais e a renda per capita. Os menores são observados no Maranhão, na Bahia e na Paraíba.
Triplicou a diferença entre inscritos nos CRMs e declarantes do IRPF, evidenciando que a categoria está cada vez mais jovem devido ao influxo de recém-formados.
Conclusões/Considerações
Os resultados corroboram estudos sobre diferenciais de rendimento por gênero, especialidade, setor de atuação, carga horária e número de vínculos. Muitos países discutem os efeitos na qualidade e no desempenho dos serviços de saúde. Se esperamos mais de 1 milhão de profissionais no Brasil em 2035, o estudo da renda médica — praticada ou pretendida — será fundamental para o debate sobre o financiamento da saúde e a sustentabilidade do SUS.
TRANSFORMANDO PRÁTICAS: UM OLHAR SOBRE OS DESAFIOS DO TRABALHO EM EQUIPE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 Unicamp
Apresentação/Introdução
Este estudo adaptou o instrumento de avaliação Team clmate (TCI) para uma ferramenta de apoio. Pesquisas realizadas com este instrumento demosntram impactos positivos em ambientes mais democráticos. Neste estudo, uso do instrumento ajudou na reflexão sobre o modelo de gestão e permitiu que os profissionais contribuíssem para seu aprimoramento.
Objetivos
Adaptar um instrumento de análise do clima na equipe para o apoio à gestão, permitindo identificar entraves e potencialidades e aumentar a capacidade analítica e intervenção do grupo sobre seu próprio processo de trabalho e dinâmica grupal.
Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório com abordagem multimétodo, envolvendo métodos quantitativos e qualitativos. Foi aplicado o questionário Team Climate Inventory (TCI) entre os membros da equipe de Estratégia de Saúde da Família, seguido de uma oficina de discussão e reflexão sobre os resultados. O TCI avaliou dimensões como objetivos comuns, apoio à inovação e coesão interna. Na oficina, os participantes discutiram os pontos críticos apontados no questionário e propuseram soluções práticas. A integração entre os dados quantitativos e qualitativos permitiu uma análise profunda e contextualizada da dinâmica da equipe.
Resultados
A aplicação do TCI revelou variações nas percepções individuais sobre clareza de metas, viabilidade dos objetivos e coesão da equipe. A oficina proporcionou um espaço valioso de reflexão e diálogo, onde os profissionais puderam discutir desafios reais do cotidiano de trabalho e propor estratégias de melhoria. Os resultados indicaram a necessidade de maior alinhamento entre os membros da equipe e a importância de revisões constantes dos objetivos com base nas condições reais de trabalho. Além disso, os profissionais contribuíram com aprimoramento do instrumento de apoio desenvolvido na pesquisa.
Conclusões/Considerações
O estudo concluiu que o instrumento desenvolvido pode contribuir com a auto-análise de uma equipe de Atenção Primária. A oficina incentivou a reflexão coletiva e fortaleceu o sentimento de pertencimento. Sugere-se a utilização contínua dessas estratégias para promover ajustes dinâmicos nos objetivos e práticas da equipe, contribuindo para uma gestão mais eficaz e um cuidado mais humanizado e integrado no contexto da APS.

Realização: