
Programa - Comunicação Oral Curta - COC25.3 - Gestão do Trabalho: modelos de gestão, teletrabalho, provimento de médicos, precarização dos vínculos.
03 DE DEZEMBRO | QUARTA-FEIRA
08:30 - 10:00
08:30 - 10:00
GESTÃO DO TELETRABALHO DOS AUDITORES DO SUS-MG – RESULTADOS ALCANÇADOS
Comunicação Oral Curta
1 Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
Período de Realização
Entre março de 2020 e dezembro de 2024, período de instituição do teletrabalho na SES-MG.
Objeto da experiência
Análise da gestão e resultados alcançados do teletrabalho dos auditores da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Objetivos
Apresentar os resultados da gestão dos trabalhos dos auditores da SES-MG submetidos ao regime de teletrabalho. A aferição foi realizada a partir de dados referentes aos trabalhos desenvolvidos pela Auditoria da SES-MG, comparando o período de teletrabalho com os anos anteriores à sua instituição.
Descrição da experiência
A Auditoria da SES-MG se organizou em março/2020 para manter as atividades sob o regime especial de teletrabalho imposto pelas recomendações de isolamento decorrentes da COVID. Posteriormente, com a instituição do regime definitivo de teletrabalho, foram padronizadas Rotinas, Atividades e Metas, em consonância com as normativas estaduais. O regime mostrou-se benéfico diante da lotação capilarizada dos auditores, divididos entre o nível central da SES-MG e as Unidades Reginais de Saúde (URS).
Resultados
Verificou-se tendência de queda no número de dias necessários para emissão de resposta às demandas de solicitação de auditoria, com média de 100 dias no período pré-teletrabalho (2016 a 2019) e 33 dias no período de teletrabalho (2020 a 2024). No período pré-teletrabalho foram realizadas um média de 2,15 auditorias por equipe de 4 auditores contra 3,27 na experiência do teletrabalho. Quanto às auditorias encerradas, a média entre 2016 e 2019 foi de 2,66 contra 4,37 entre 2020 e 2024.
Aprendizado e análise crítica
As interações rotineiras da auditoria ocorrem entre pessoas lotadas em unidades diferentes. Além disso, toda a produção é realizada a partir de sistemas informatizados. Logo, a adoção do teletrabalho foi desejável, pois permitiu uma melhor integração entre servidores localizados no nível central e em 14 URS da SES-MG. Foi possível verificar benefício aos trabalhos realizados, demonstrando a viabilidade da adoção desse regime no desenvolvimento das atribuições e competências da Auditoria.
Conclusões e/ou Recomendações
Os dados demonstram a efetividade do teletrabalho na rotina da auditoria. Os auditores atuaram inicialmente em 5 dias semanais de teletrabalho, sendo esse regime modificado em julho/2023, quando o estado limitou para 4 dias. A partir de janeiro/2025, a SES-MG limitou a no máximo 2 dias de teletrabalho para todos os seus servidores. Porém, diante dos resultados demonstrados, verifica-se a viabilidade de retorno ao regime mais amplo.
MODELOS ALTERNATIVOS À GESTÃO DIRETA DO ESTADO: UM DIAGNÓSTICO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO NO SUS
Comunicação Oral Curta
1 ENSP/FIOCRUZ
2 IAM/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução
Esta pesquisa investiga a multiplicidade de modelos de incorporação da força de trabalho no SUS, focando à identificação dos modelos; análise dos aspectos jurídicos institucionais; mapeamento nacional; levantamento estatístico sobre a força de trabalho; compartilhamento de informações sobre as modalidades de gestão.
Objetivos
Realizar um diagnóstico dos modelos alternativos à gestão direta no SUS, com ênfase na identificação e descrição dos modelos, avaliação dos aspectos jurídicos institucionais referentes às relações de trabalho e mapeamento de modalidades.
Metodologia
Estudo descritivo, transversal e observacional com base em múltiplas fontes secundárias. Utilizou-se neoinstitucionalismo como referencial teórico-metodológico. Além da revisão de literatura, foram utilizadas como fontes de dados as páginas oficiais de secretarias e prefeituras, IBGE/MUNIC, SCNES, BDOSS, Portal das OS e pesquisas em sites institucionais. Os dados foram organizados por UF e município, cruzados com códigos do IBGE e georreferenciados via QGis, com geração de mapas coropléticos.
Resultados
Foram selecionados os modelos OSS, OSCIP, FEDP, EBSERH, OSC, PPP, Credenciamento e Plataformização da Saúde. Foram identificados 419 municípios com estabelecimentos geridos por OSS, 20 FEDP, 45 EBSERH, 22.078 OSC na área de saúde (154 qualificadas como OS), 54 empresas de plataforma de consulta médica. Estão sendo analisadas 10 experiências de Credenciamento e 05 de plataformização do trabalho médico.
Conclusões/Considerações
Nota-se a expansão de modelos alternativos de gestão no SUS, com características e trajetórias diversas. O diagnóstico busca fortalecer a gestão do trabalho, qualificar ações alinhadas à SGTES e DEGERTS e promover o trabalho decente, além de indicar a necessidade de políticas que evitem a precarização e incentivem a formação de estudantes, trabalhadores e gestores sobre o mercado de trabalho em saúde.
O PAPEL DOS PROGRAMAS DE PROVIMENTO NA COMPOSIÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO MÉDICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO ESPÍRITO SANTO
Comunicação Oral Curta
1 UFES
Apresentação/Introdução
A escassez de médicos, dificuldade de fixação e insuficiente qualificação para atuação na atenção primária (APS) motivaram programas de provimento federal e estadual. No Espírito Santo, coexistem três iniciativas: Programa Mais Médicos (PMM), Médicos pelo Brasil (PMpB) e Qualifica-APS, sob gestão estadual. Com formatos variados, tais programas potencializam a força de trabalho na APS capixaba.
Objetivos
Analisar a participação dos programas de provimento (PMM, PMpB e Qualifica-APS) na composição da força de trabalho médica da Atenção Primária à Saúde do Espírito Santo.
Metodologia
Este estudo transversal analisou os 78 municípios capixabas. Os dados foram coletados em maio de 2024, com base no Histórico de Cobertura e-Gestor-APS e Painel de Monitoramento dos Programas de Provimento do Ministério da Saúde além de registros do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi)/SESA-ES. O desfecho foi a proporção de equipes com médicos dos programas de provimento (PMM, PMpB e Qualifica-APS), calculada pela razão entre médicos por programa e total de equipes de APS em cada município, expressa em percentual. Realizou-se análise descritiva geral e estratificada segundo tipologia dos municípios, de acordo com classificação do IBGE.
Resultados
No Espírito Santo, 90,5% das equipes de APS contam com médicos vinculados a programas de provimento. O Qualifica-APS responde por 48,8% das equipes, o Programa Mais Médicos por 38,1% e o Médicos pelo Brasil por 13,1%. Municípios urbanos apresentaram maior proporção de equipes com médicos de provimento (92,7%), seguidos por rurais (90,3%) e intermediários (81,7%). Em 36 municípios, a proporção foi igual ou superior a 100,0%, sugerindo atuação de mais de um médico por equipe. O Qualifica-APS esteve presente em 65 municípios (83,3%), o PMM em 63 (80,7%) e o PMpB em 42 (53,8%). Os programas somam 1.100 médicos em atuação. A proporção variou de 0,0% a 150,0% entre os municípios.
Conclusões/Considerações
Os programas de provimento têm desempenhado um papel crucial no acesso à atenção médica no SUS, apesar de ainda haver desigualdade na distribuição dos profissionais. O Qualifica-APS, como uma iniciativa estadual, se destaca como uma experiência bem-sucedida. No entanto, a ampla adoção dessas iniciativas pelos municípios requer atenção dos gestores e a formulação de estratégias estruturantes para consolidar a força de trabalho em saúde.
O RACISMO INSTITUCIONAL NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NA PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
Comunicação Oral Curta
1 Escola Paulista de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo
Apresentação/Introdução
A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) tem como marca o reconhecimento do racismo institucional no Sistema Único de Saúde (SUS). Visa reduzir as desigualdades étnico-raciais e combater o racismo nas instituições de saúde. A Enfermagem lidera a assistência em saúde da população por meio de vínculo e cuidado e são de grande relevância para a implementação da política.
Objetivos
Compreender as percepções e ações de profissionais de Enfermagem em relação ao racismo institucional no Sistema Único de Saúde.
Metodologia
Pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, realizada entre janeiro e abril de 2025 no município de São Paulo. A amostra do estudo foi realizada por conveniência, por meio de convite a informantes-chave. Foram entrevistadas nove profissionais de Enfermagem que compõem um fórum de implementação da PNSIPN, sendo seis pessoas pretas, duas pardas e uma branca. Foi utilizado um roteiro semiestruturado sobre o racismo institucional, utilizando raça como categoria analítica. As entrevistas foram transcritas e analisadas por meio da análise de conteúdo.
Resultados
Emergiram três categorias centrais: (1) Reconhecimento de iniquidades raciais, evidenciado pela percepção de que o racismo impacta diretamente as relações de cuidado e as relações de trabalho num território majoritariamente negro; (2) Estratégias de superação do racismo institucional, como fortalecimento de vínculo com o território, construção de espaços coletivos de formação, e valorização da identidade racial como componente do cuidado; (3) Barreiras para implementação, associadas à baixa autoconsciência racial de profissionais e usuários, à resistência de equipes em dialogar sobre o tema e à fragilidade da institucionalização das políticas de equidade racial no cotidiano dos serviços.
Conclusões/Considerações
As percepções das participantes evidenciam avanços na incorporação da PNSIPN, mas também revelam desafios. A Enfermagem tem papel estratégico na superação do racismo institucional, mas enfrenta barreiras culturais e formativas. Fortalecer a política exige investimento em formação antirracista que vise a promoção da autoconsciência racial de profissionais de saúde e da população usuária, e percepção do racismo como determinante social da saúde.
PANORAMA DO INDICADOR DE ATUAÇÃO SATISFATÓRIA DOS CEREST NO PLANO NACIONAL DE SAÚDE 2020–2023: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA NACIONAL DE MONITORAMENTO
Comunicação Oral Curta
1 MS
Período de Realização
2020 / 2023
Objeto da experiência
Análise crítica da evolução do indicador de atuação satisfatória dos CEREST no PNS 2020–2023, visando o fortalecimento da VISAT no SUS.
Objetivos
Analisar a trajetória e o desempenho do indicador de atuação satisfatória dos CEREST no âmbito do PNS 2020–2023, com ênfase nos avanços, desafios e contribuições para o fortalecimento da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (RENASTT).
Descrição da experiência
A experiência consistiu no monitoramento nacional do indicador pactuado no PNS, sob responsabilidade da CGSAT/MS, com base em dados documentais e registros institucionais. O processo incluiu análise de resultados, verificação de critérios técnicos, identificação de desigualdades regionais e proposição de estratégias para qualificação da VISAT no país.
Resultados
Entre 2020 e 2023, o percentual de CEREST com atuação satisfatória evoluiu conforme as metas anuais: 10% (2020), 20% (2021), 45% (2022) e 60% (2023). A progressão refletiu esforços de qualificação técnica e melhoria na articulação da rede. Apesar disso, persistem desigualdades estruturais e desafios operacionais em diversas regiões.
Aprendizado e análise crítica
O monitoramento do indicador demonstrou ser um instrumento valioso para induzir práticas qualificadas e dar visibilidade à VISAT no SUS. Ao mesmo tempo, evidenciou desigualdades na estruturação da rede, fragilidade institucional de parte dos CEREST e desafios para consolidar a política em alguns territórios, apontando a necessidade de aprimorar os critérios avaliativos para refletir melhor as realidades locais.
Conclusões e/ou Recomendações
O atingimento da meta de 60% de CEREST com atuação satisfatória representa um avanço institucional relevante. No entanto, é necessário investir na qualificação contínua das equipes, fortalecer a articulação interfederativa e rever os critérios de avaliação à luz das realidades locais. O indicador deve evoluir como ferramenta de apoio à gestão, capaz de orientar o planejamento, promover equidade e consolidar a VISAT como eixo estratégico do SUS.
POLÍTICAS DE GESTÃO DO TRABALHO E DE RECURSOS HUMANOS NO ÂMBITO DE UMA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 UNEMAT
2 UFMT
Apresentação/Introdução
A gestão do trabalho e dos recursos humanos em saúde constitui um dos pilares fundamentais para o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo determinante para a qualidade da atenção prestada à população e para a consolidação de políticas públicas comprometidas com os princípios da universalidade, integralidade e equidade.
Objetivos
Analisar a política de gestão do trabalho para subsidiar estratégias de fortalecimento das políticas de recursos humanos.
Metodologia
Estudo qualitativo, exploratório e descritivo, CAAE: 79299424.1.0000.5166 realizado em uma Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de um município mato-grossense. Participaram gestores da SMS, níveis estratégico e intermediário, e trabalhadores do setor de recursos humanos. Coleta de dados realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, guiadas por um roteiro contendo questões abertas relacionadas à gestão do trabalho, processos decisórios, valorização profissional e equidade nas relações laborais. Entrevistas foram presenciais, em 2025, com duração média de 40 minutos, após foram transcritas e organizadas em três categorias submetidas à discussão do referencial da gestão do trabalho.
Resultados
I) Inexistência de uma política formal efetiva de gestão do trabalho: que resulta em ações pontuais, dissociadas de diretrizes estratégicas claras, a implementação mostra prática reativa e operacional. II) Predominância de normas operacionais e estruturas desarticuladas dos princípios da valorização: voltada majoritariamente para o cumprimento de exigências legais e rotinas procedimentais, sem articulação com uma perspectiva de valorização do servidor. III) Desigualdades nas relações laborais entre concursado e contratado e fragmentação das políticas de RH: especialmente em relação a direitos, condições de progressão funcional e acesso a benefícios, reconhecem desmotivação coletiva.
Conclusões/Considerações
Embora a ampliação do quadro de colaboradores por meio de reformas administrativas represente um avanço quantitativo, a ausência de processos participativos e de mecanismos de valorização e equidade compromete a motivação, o pertencimento institucional e a continuidade das ações em saúde. É necessário avançar na construção de uma política de recursos humanos que seja democrática, equitativa e orientada pela valorização dos profissionais.
POSTOS DE TRABALHO DA ENFERMAGEM NOS NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO POR UNIDADE FEDERATIVA ENTRE 2017-2024
Comunicação Oral Curta
1 UFMG
2 UERJ
3 UFJF
Apresentação/Introdução
A distribuição equitativa da força de trabalho de enfermagem é determinante para a integralidade do cuidado nos diferentes níveis do SUS. Contudo, persistem assimetrias territoriais que comprometem o acesso e a resolutividade do Sistema. Examinar a evolução dos postos de trabalho nos níveis primário, secundário e terciário, de 2017-2024, permite aferir lacunas e orientar políticas de provisão profissional.
Objetivos
Descrever a distribuição dos postos de trabalho da enfermagem nos três níveis de atenção no Brasil, por unidade federativa ao longo do período de 2017 a 2022
Metodologia
Estudo quantitativo, transversal e descritivo (2017 - 2022), integrando o projeto “Demografia da Enfermagem” em realização pela UERJ enquanto estudo principal. Fonte de dados oriundas do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) via ElastiCNES. O ETL incluiu raspagem mensal por UF, padronização de chaves conforme os objetivos da pesquisa. Profissionais e estabelecimentos foram integrados em modelo dimensional no Power BI. Estimaram-se a variação percentual anual, estratificadas por estado e macrorregião. Estatísticas são descritivas e tabelas síntese foram geradas no Excel 2023.
Resultados
Entre 2017-2022, a força de trabalho de enfermagem cresceu em todos os níveis. Na atenção primária, o Sudeste passou de 80 489 para 106 545 postos (+26 056; +32 %), enquanto Nordeste (+24 235; +44 %) e Sul (+15 184; +45 %). Na atenção secundária, o Sudeste avançou de 78 445 para 111 605 vínculos (+33 160; +42 %), mas o Centro-Oeste registrou o maior salto relativo (+8 468; +63 %). No nível terciário, o Sudeste agregou 109 105 postos (328 442→437 547; +33 %), porém o Nordeste expandiu-se ainda mais (+71 476; +54 %). Norte e Centro-Oeste, apesar dos menores contingentes, registraram os maiores incrementos relativos, sinalizando a necessidade de esforço federativo contra desigualdades.
Conclusões/Considerações
Entre 2017-2022, os vínculos de enfermagem aumentaram 39% na atenção primária, 39% na secundária e 42% na terciária. O Sudeste ainda concentra quase metade dos postos especializados. Avanços proporcionais no Nordeste, Sul e Centro-Oeste sugerem desconcentração. Vazios persistem no Norte e interior do país. Consolidar carreira nacional, incentivos regionais e financiamento equilibrado são estratégias necessárias e recomendadas.
PRECARIZAÇÃO DOS VÍNCULOS DE TRABALHO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 EPSJV/FIOCRUZ
2 UFRJ
3 EPSJV/FIOCRUZ e UNIRIO
4 UFPB
5 PUCRS
6 UERJ
7 ENSP/Fiocruz
Apresentação/Introdução
A precarização do trabalho na Atenção Primária revela o avanço do capital sobre o trabalho na saúde. Para alcançar as medidas impostas ao setor saúde, o modelo de gestão pública passou a incorporar características gerenciais da lógica privada. Estratégias como terceirizações priorizam a redução de custos por meio da precarização dos vínculos e da redução de direitos dos trabalhadores.
Objetivos
Analisar o impacto da precarização dos vínculos de trabalho na Atenção Primária à Saúde, a partir da narrativa dos seus trabalhadores.
Metodologia
Pesquisa de natureza qualitativa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV)/Fiocruz. O trabalho de campo ocorreu no período de abril de 2023 a dezembro de 2024 em três municípios brasileiros: Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (PoA) e João Pessoa (JP). Foram conduzidas 73 entrevistas semiestruturadas com os trabalhadores da Saúde da Família, da equipe multiprofissional (eMulti) e da equipe de saúde bucal, sendo 28 entrevistas no RJ, 17 em PoA e 28 em JP. Os trabalhadores da APS foram selecionados pelo método da bola de neve, até atingir o critério de saturação. As entrevistas foram transcritas e categorizadas pela análise temática.
Resultados
A precarização dos vínculos de trabalho na APS impacta a produção do cuidado e vulnerabiliza os trabalhadores. As narrativas dos entrevistados nos 3 municípios apontam que as terceirizações pelas Organizações Sociais da Saúde ou outras formas de contratos com poucas garantias trabalhistas geram insegurança para os trabalhadores e acabam alimentando a cultura do medo da perda do emprego e o enfraquecimento da solidariedade de classe. Referem também que situações de assédios e sobrecargas de trabalho, com imposições de produtividade muitas vezes inalcançáveis, tendem a ser naturalizadas, sendo urgente recuperar os sentidos do trabalho na APS e a garantia dos direitos sociais dos trabalhadores.
Conclusões/Considerações
A defesa da APS abrangente ancorada nos princípios do Sistema Único de Saúde se contrapõe aos diversos tipos de precarização do trabalho. As terceirizações e os contratos temporários na APS geram instabilidade dos trabalhadores e o sentimento de ser descartável, impactando na gestão do trabalho. É urgente criar estratégias de luta e organização coletiva dos trabalhadores na defesa dos seus direitos e de melhores condições de vida e trabalho.
VIVÊNCIA ESTUDANTIL NA FORMAÇÃO EM INFORMAÇÃO E GESTÃO DO TRABALHO EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Comunicação Oral Curta
1 UFSM
2 EGF
Período de Realização
A vivência iniciou em dezembro de 2024 e se estenderá até novembro de 2025.
Objeto da experiência
Participação de estudantes de graduação no Curso de Formação de Assistente em Informação e Gestão do Trabalho em Saúde.
Objetivos
Relatar a experiência estudantil na organização, planejamento e execução do Curso de Formação de Assistente em Informação e Gestão do Trabalho em Saúde.
Apresentar a estrutura do Curso de Formação de Assistente em Informação e Gestão do Trabalho em Saúde e os principais aprendizados construídos
Descrição da experiência
A experiência se deu pelo Projeto Informação e Gestão do Trabalho em Saúde (INFOGETS), promovido pela UFSM e Fiocruz-Brasília, com apoio do Ministério da Saúde. A formação ocorreu de forma semipresencial, integrando módulos teóricos e práticos, com tempo-aula e tempo-comunidade. A proposta pedagógica baseou-se nos princípios da educação permanente em saúde. Os estudantes atuaram na organização, apoio técnico, logística de encontros e construção de materiais para a formação.
Resultados
A vivência proporcionou o fortalecimento da articulação entre teoria e prática, promovendo a compreensão crítica sobre os sistemas de informação em saúde. Enfrentando desafios como a adequação de tecnologias às particularidades do território e a necessidade de engajar os participantes nas atividades do projeto. O curso possibilitou a troca entre estudantes, docentes e profissionais, resultando em reflexões profundas sobre o papel fundamental da gestão do trabalho para o fortalecimento do SUS.
Aprendizado e análise crítica
A experiência contribuiu para ampliar a compreensão sobre a gestão do trabalho em saúde e o papel da informação qualificada nos processos decisórios. Destacou-se o aprendizado sobre educação permanente em saúde, ressaltando a importância da construção coletiva do conhecimento e do olhar para os territórios. Despertando, assim, o senso de corresponsabilidade na defesa do SUS e na produção de informações em saúde que impactarão na formulação de políticas públicas.
Conclusões e/ou Recomendações
A vivência reafirma a importância dos processos formativos baseados na realidade dos territórios e no diálogo entre saberes. Faz-se necessária a continuidade e a ampliação dessas experiências como estratégias para qualificar a gestão da informação em saúde e fortalecer o SUS, com maior envolvimento de estudantes em projetos que articulem ensino, pesquisa e extensão com impacto direto na gestão e no cuidado em saúde.
UTILIZAÇÃO DA ORIENTAÇÃO FUNDAMENTAL PARA RELAÇÕES INTERPESSOAIS - COMPORTAMENTO (FIRO-B®) PARA ABORDAGEM SOBRE PRODUTIVIDADE SEM SOBRECARGA COM TRABALHADORES DA SAÚDE
Comunicação Oral Curta
1 AgSUS
Período de Realização
Em 23/05/2025 na Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho e Assédio (SIPAT) da AgSUS.
Objeto da experiência
Oficina com trabalhadores da AgSUS utilizando os princípios do FIRO-B® como mediadores de diálogo sobre “Produtividade sem Sobrecarga” na SIPAT.
Objetivos
Contribuir com a reaplicação de espaços de promoção de saúde do trabalhador a partir das soluções encontradas em uma experiência local de reflexão sobre os domínios da ferramenta FIRO-B® para prevenção de acidentes e assédio no trabalho em saúde.
Descrição da experiência
O espaço aconteceu em formato híbrido na sede administrativa da AgSUS em Brasília com participação voluntária dos trabalhadores na modalidade remota, contemplando a distribuição geográfica de atuação da agência em todo território nacional. Os 59 participantes responderam a um questionário digital anônimo contemplando as dimensões de necessidades interpessoais de inclusão, controle e afeição do FIRO-B®. Elegeram-se falas espontâneas nas áreas críticas de maior relação com sofrimentos no trabalho.
Resultados
Os domínios inclusão e controle foram enunciados como desafios prioritários do grupo e subsidiaram a discussão coletiva sobre as implicações imediatas na produtividade e sobrecarga. A forma como as necessidades interpessoais são desejadas e expressadas foi explicitada em falas de contribuições sobre entrosamento, participação, reconhecimento, responsabilidade, influência, abertura, apoio, sensibilidade e autoridade. Os participantes ratificaram a pertinência e relevância da oficina proposta.
Aprendizado e análise crítica
Utilizar o FIRO-B® como ferramenta estruturada de intervenção durante a SIPAT permitiu uma síntese equilibrada das dimensões individuais e coletivas da expressão das necessidades interpessoais no trabalho em saúde evitando a fuga para o individualismo ou externalismo dos dilemas relacionados à sobrecarga. Anonimizar a resposta dos questionários incentivando a auto-reflexão e intervenções espontâneas contribuiu para um clima de colaboração propositiva e confiança.
Conclusões e/ou Recomendações
O engajamento institucional para a promoção da saúde dos trabalhadores deve valer-se de ferramentas que propiciem o reconhecimento ativo dos profissionais sobre os desafios que mobilizam os relacionamentos interpessoais no exercício laboral. O FIRO-B® mostrou-se aplicável e apropriado como mediador dessa reflexão. Os participantes recomendaram a oferta contínua de espaços nesse formato para repensar as práticas coletivas e o desempenho da equipe.
TRABALHO INTERPROFISSIONAL E COLABORATIVO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE À LUZ DA COMPLEXIDADE: ENSAIO TEÓRICO-REFLEXIVO
Comunicação Oral Curta
1
2 Renasf/UFPB
3 UFPB
4 UFRN
5 ESP/PB
Apresentação/Introdução
O Trabalho Interprofissional e Colaborativo (TIC) compreende um processo em que diferentes categorias profissionais da saúde atuam de forma integrada com o objetivo de qualificar o cuidado à saúde. Por sua vez, os pressupostos da Teoria da Complexidade (TC) consideram a multidimensionalidade e a complexidade do ser humano e do território, a obrigatoriedade da junção das partes com o todo.
Objetivos
O objetivo deste ensaio teórico-reflexivo é, portanto, compreender o TIC à luz da TC, a partir da discussão do conhecimento científico acerca dessas duas temáticas.
Metodologia
Para isso, foram revisadas e discutidas produções científicas nacionais e internacionais nos últimos 5 anos que buscavam compreender o TIC, como também aquelas que abordam os princípios da TC, de forma a refletir sobre o processo saúde-doença-cuidado e todas as suas desorganizações, organizações e enlaces, na perspectiva de reconhecer suas distintas complexidades, facetas, ramificações e inquietações, e produzir um cuidado interprofissional que seja potencialmente integral, efetivo e emancipatório para os usuários e profissionais.
Resultados
O complexo e dinâmico perfil epidemiológico atual da população impõe a superação da fragmentação do cuidado nos serviços, pois, conforme o princípio da recursividade da TC, o meio e o sujeito são inseparáveis, interdependentes, auto-organizados e autoproduzidos. O TIC é uma nova lógica orientadora da práxis do cuidado em saúde e está fortemente implicada com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e da integralidade. Na Atenção Primária à Saúde (APS), a importância do TIC está no paradigma da complexidade e dos princípios da dialogicidade, recursividade e holograma, que ratificam a necessidade de agregar saberes, considerar o todo e contemplar as particularidades que o circundam.
Conclusões/Considerações
A partir da abordagem da TC, propõe-se um olhar ampliado para o cuidado em saúde, compreendendo as múltiplas dimensões dos seres humanos e sua relação dialética e indissociável com o meio. O TIC é uma estratégia potente para reorientar o processo de trabalho na APS e dirimir o isolamento de profissões e a fragmentação do cuidado, coadunando-se com os princípios da TC em busca de uma atenção à saúde emancipatória, afetiva, resolutiva e integral.

Realização: